Fic escrita para o Challenge TG. Bom, espero que gostem! E comentem!
Ela sempre havia sido uma garota normal. Ela ria, brincava, sonhava, ouvia...
Ela ainda fazia tudo isso, mas em uma intensidade diferente. Ouvir.
O sino era pontual; todo dia, logo às seis horas, ele tocava. E ela ouvia.
O mesmo dom-dom de sempre. Ela sabia que mais um dia estava começando. Ela não gostava disso, de ter que começar tudo de novo. Sempre fora de encarar as coisas, mas estava se tornando uma garota medrosa.
Ele vinha visitá-la quando o sino dava sua badalada de fim de dia. Ela não gostava. Era o fim de um ritual, o começo de outro.
Livros, roupas, cadernos, canetas, diário... Estavam sempre fora de ordem! Ela sabia que isso era culpa dele, quem mais gostava de observar seu sofrimento?
Ela não era insana, apenas gostava de colocar as coisas em seu devido lugar. Os livros eram separados por cor e assunto, as canetas alinhadas milimetricamente e o diário... ela sabia que o propósito dele havia se perdido a muito... ele o lia, conhecia seus segredos.
Ele era cruel.
Fora ele quem convencera seus pais de que deveriam colocá-la naquele lugar horrível.
Hospício.
Ela não era Luca, não e não. Só não gostava das coisas fora de ordem, de coisas sujas.
Tudo era muito sujo. Sujo demais. Ela tinha que manter-se limpa.
As mãos eram lavadas com a freqüência de um cirurgião, os dentes escovados com a precisão de um dentista, e seu corpo limpo como de uma pecadora.
Pecado. Até isso era controlado com a freqüência dos sinos.
Ela sempre aprecia na badalada de fim de tarde.
Dizia amá-la, desejá-la. Mas ele não amava ninguém. Ele apenas queria ter. E ela era dele. Esmo que quisesse dizer não, não conseguia impedir que ele tocasse seu corpo.
Tirasse suas roupas.
Abrisse suas pernas.
Entrasse o mais profundamente em si.
Mas depois ela se lavava, porque estava suja. Ele a sujava, a tirava da rotina da limpeza; talvez apenas a inserisse em uma nova.
Pois ela era pontual. Assim que os sinos batiam, sua rotina começava.
Arrumar, limpar, verificar...
Ele também era pontual. Assim que os sinos batiam, ele chegava.
Tom Riddle era, de um jeito estranho e perverso, a única pessoa que a entendia.
