Um Novo Sentimento
Capítulo Um
Um horrível mundo. Sim, é um horrível mundo o qual eu vivo. Brigas, confusões, sangue e horror para todos os lados. São freqüentes as brigas entre os youkais e humanos, apesar das leis criadas. Também, quem se importa com as leis? Ninguém as cumpre mesmo. Por isso eu digo, esse mundo é horrível.
Existem duas raças: humanos e youkais. Ambos não se dão bem um com o outro, já que um quer ser mais forte do que o outro, e sempre acaba em briga. Essas duas raças convivem juntas, apesar dos conflitos. Porém, tudo é dividido. Em certos prédios moram apenas youkais, e em outros, apenas humanos. Em certas empresas, trabalham apenas youkais, e em certas empresas, apenas humanos.
Eu sou uma humana, e o meu nome é Rin. Rin Kawahara. Tenho vinte e dois anos, e sou uma mulher normal. Trabalho em um parque de diversões, para ajudar a minha família, apesar de eles não precisarem, e viverem dizendo que eu não preciso trabalhar. Mas eu gosto, sim, eu gosto de trabalhar. Gosto de ter o meu próprio dinheiro, e ser independente.
Mas eu tenho que dizer uma coisa, eu detesto preconceito contra youkais e contra humanos. Eu acho que ambos deveriam se respeitar, para que convivêssemos em harmonia. Isso pode parecer um pouco idiota, e também parecer que eu sou toda certinha. Mas não. Eu só não gosto do mundo em que eu vivo.
Eu não discrimino os youkais, apesar de ser uma humana. E é exatamente por isso, que eu sou discriminada. Por tratar youkais como eu trato humanos. Os meus pais vivem tentando me convencer de que youkais são criaturas malignas que só pensam em si próprio, mas isso não é verdade. Eu sei que não é. Pode ser que existam alguns, mas também existem alguns que não são.
Duas pessoas que concordam comigo, são as minhas irmãs: Kagome e Sango. Elas também não têm preconceito contra youkais, e é por isso que eu me dou muito bem com elas, apesar de todos os irmãos brigarem. Mas o que acontece, é que quando você cresce, percebe o quanto os irmãos são importantes na sua vida.
O meu melhor amigo, é o Takafumi Sugimoto. Ele é um humano comum, mas não gosta de youkais. Ele é alto, cabelos pretos e é bastante elegante. Sempre está no parque de diversões, e foi assim que nos conhecemos. Eu limpava uma mesa da lanchonete, quando eu acabei trombando com ele. E a partir daí, nossa amizade surgiu. É um cara bastante legal, e o que eu mais aprecio nele, é a sinceridade.
- O que está esperando Kawahara? - berrou Cyndi, a dona da lanchonete em que eu trabalho do parque de diversões. Na minha opinião, ela é uma chata. - Vá atender depressa a mesa quatro!
- Já estou indo! - respondi, com a minha bandeja na mão, e com os patins nos pés. - "Por que ela não pede para as outras garotas, que não estão fazendo nada?".
Eu passei pela Cyndi, para atender a mesa quatro, e ouvi ela cochichar algo com uma garçonete e as duas riram. Sim, era de mim. Eu pude escutar claramente o que elas diziam sobre mim. E pode apostar que eu não me magoei, porque era muito freqüente aquilo acontecer.
- A Kawahara está sofrendo para atender tudo sozinha! - disse a Cyndi, rindo.
- Sim, quem manda ela gostar de youkais? - respondeu Michelle, fazendo uma cara desprezível. - É o que merece!
É por isso que eu sou rejeitada, desprezada. Eu atendi a mesa quatro, e logo em seguida, deixei o pedido com o cozinheiro. Eu me virei para atender outra mesa, e vi o Takafumi entrar na lanchonete. Já era noite, e faltava apenas alguns minutos para que o expediente acabasse. Porém, logo em seguida, as garçonetes correram para atendê-lo. Era assim mesmo, quando entrava um cliente bonito, elas iam correndo atender. Quando era feio, ou quando era uma mulher feia, eu atendia. Mas eu não me importava.
Eu apenas sorri para o Takafumi, como um cumprimento, e fui atender a última mesa daquele dia. Uns vinte minutos depois, finalmente o expediente tinha acabado. Eu tirei o uniforme e os patins e coloquei as minhas botas. Peguei minha bolsa, e todos já haviam ido embora. Apenas o Takafumi estava me esperando, do lado de fora.
- Olá! - cumprimentei, fechando a lanchonete.
- Oi. - cumprimentou o Takafumi, me ajudando.
- Vamos, então? - eu perguntei, sorrindo.
- Sim. Espera só um pouco, que eu preciso comprar uma bala, já que eu apostei com um amigo uma besteira. - respondeu o Takafumi, indo na direção oposta.
- Tudo bem. - eu respondi, achando engraçada a careta que ele tinha feito. - Eu te espero no portão.
Então eu comecei a caminhar na direção oposta dele. A maioria das lojas estava fechada, e estava vazia aquela região. Eu estava virando uma esquina, quando acabei trombando com alguma coisa. Eu iria cair, mas a pessoa com quem eu trombei, segurou o meu braço direito, e graças a isso, eu não caí. Quando eu olhei para ver quem era o dono daquela mão fria, eu vi um youkai. Isso mesmo, um youkai.
Eu achei que estava delirando. Um youkai havia me segurado para não cair? Eu não sabia o motivo, mas senti o meu rosto queimar muito. Ele também era muito bonito. Os cabelos eram prateados e compridos, os olhos dourados e com um olhar muito frio, ombros largos, alto e... Simplesmente perfeito. Mas que ele era bonito, isso ele era.
- Me... Desculpe. - eu pedi, quando ele soltou o meu braço.
- Desculpe? - ele perguntou, arqueando uma sobrancelha. - É raro encontrar uma humana me pedindo desculpas.
- Sim, e é raro um youkai falar comigo. - eu disse, sorrindo simpaticamente. - Mas não é fácil.
- O que não é fácil? - o youkai perguntou, com um tom de voz frio, mas muito bonito.
- Você respeitar youkais. - respondi, abaixando os olhos. - Porque quem acaba sendo perseguida é você.
Ele ficou sem dizer nada. Apenas me encarava, e eu encarava aqueles belos olhos dourados. Ficamos por um momento assim, e eu senti meu rosto queimar novamente, e eu não sabia o por quê, mas meu coração começou a bater mais forte e rápido. Senti vontade de nunca mais sair daquela posição.
- Como você se chama? - eu resolvi perguntar, para quebrar o maldito silêncio.
- Sesshoumaru. - o youkai respondeu. - E você?
- Rin. - respondi, sorrindo. - Rin Kawahara.
Sabe, infelizmente eu me lembre de Takafumi, que ele estava me esperando no portão, e eu tinha que ir. Eu não podia me atrasar, então simplesmente o encarei novamente, dizendo:
- Eu tenho que ir agora... Até quem sabe um dia.
Então eu desviei dele, e fui caminhando lentamente, em direção ao portão. Eu pensava em Sesshoumaru. Ele parecia ser um youkai diferente dos outros... Apesar de ser frio, tinha algo especial. Algo que me chamava à atenção. Era um tanto... Diferente.
Eu estava distraída, e acabei tropeçando em algo, e caí no chão. Quando eu me levantei, vi que alguém tinha colocado o pé na minha frente, e atrás de mim, estavam dois homens, humanos. Eles me encaravam, com um sorriso no rosto que eu não gostei nenhum pouco.
- O que vocês querem? - eu perguntei, desconfiada.
- Nada. - respondeu um humano, se aproximando.
- Vimos que você mantém relação com youkais. - disse o outro, se aproximando também.
- Não. - eu respondi, sem medo. - Mas os respeito.
- Você é uma idiota. - disse um cara, me empurrando, e eu caí no chão novamente. - Youkais são seres idiotas.
- Sim, e você devia respeitar é humanos! - completou o outro, e enquanto eu me levantava, ele me empurrou.
- Me deixem em paz! - eu pedi, dessa vez conseguindo me levantar. Odiava quando isso acontecia.
- É melhor você sair daqui, se não quiser apanhar. - disse um, agora sério.
Eu saí o mais rápido que pude. É por isso que eu odeio o mundo em que eu vivo. Por causa do preconceito. Uma coisa tão idiota que não deveria existir. Quando eu cheguei até o portão, vi que o Takafumi ainda não estava lá. Naquela região, já havia mais gente, e estava mais movimentado.
Eu estava quieta, encostada no portão, quando vi um vulto passando do meu lado. Foi então que eu vi. Era um gato branco. E ele estava atravessando a rua. Isso parece ser algo normal, mas não era, porque bem na hora, estava vindo um enorme caminhão. Eu não pensei duas vezes, simplesmente saí correndo para tentar salvá-lo, mesmo correndo riscos. Eu consegui pegá-lo, mas era tarde demais. Dor. Foi o que eu senti. Mas foi uma dor muito forte. Tudo o que eu tive tempo de enxergar, foi sangue. Sim, meu sangue. E o meu último pensamento, foi "Eu fui atropelada...".
Eu não sabia o que tinha acontecido durante aquele tempo. E eu também não sei descrever exatamente o que eu senti. Eu não sentia mais dor... Ou sentia? Eu não conseguia enxergar nada... Ou conseguia? Enfim, eu não sentia nada... Ou sentia? Tudo foi muito confuso. Eu não conseguia pensar, falar, eu não conseguia fazer nada. Era como se eu não existisse mais...
Eu abri os meus olhos lentamente. Me assustei com o tanto de pessoas que estavam a minha volta, me olhando. Quando eu sentei no chão, já que antes eu estava deitada, todos exclamaram, e olharam indignados. E eu não estava entendendo nada. Minha cabeça doía, de tantas perguntas que soavam, e eu estava muito confusa. E fiquei mais ainda, quando vi o Sesshoumaru, guardando uma espada na bainha dele.
- O... O que está acontecendo? - eu perguntei, me levantando.
Apesar da dor de cabeça, eu não sentia mais nenhuma dor. Foi então que eu fui me lembrando aos poucos, do que tinha acontecido. Raciocinei um pouco, e vi que eu tinha sido atropelada pelo caminhão, quando eu tentei salvar o gatinho. Eu devia ter morrido. Mas então, o que eu estava fazendo lá? Se eu não tinha morrido, eu tinha desmaiado? Mas eu tinha sido atropelada! Um caminhão daqueles, provavelmente me mataria.
- Rin! - disse o Takafumi, enfrentando a multidão a minha volta. - Você está bem?
- Sim... Eu estou. - respondi. Foi então que me toquei que estava cheia, mais cheia de sangue. Minhas roupas, e até o meu rosto estava com sangue. Sabe, eu realmente odeio ver sangue, e aquilo me deu náuseas. - O que aconteceu?
- Você foi atropelada, mas um youkai cortou o ar, e de repente você acordou. Os próprios médicos disseram que você estava morta. Dizem que ele a ressuscitou. - respondeu Takafumi, puxando-me.
- Sesshoumaru... - eu murmurei, me lembrando dele. Só podia ser ele. Eu vi que ele tinha duas espadas, (nesse mundo, os youkais usam espadas para lutar). Quem sabe era uma dessas espadas que havia me ressuscitado? Ao pensar nisso, meu coração começou a bater mais rápido.
- Srta. Kawahara! Por favor, nos conte o que aconteceu! - pediu uma repórter se aproximando de mim, com vários caras filmando.
- Será que não dá para deixar ela em paz! - perguntou Takafumi, irritado. - Não vê que ela precisa de sossego?
- Como você se sentiu, ao ser salva por um youkai? - ela insistiu. Eu senti vontade de socar a cara dela. Aquilo realmente estava me deixando tonta.
Então Takafumi me puxou pelo braço e nós saímos correndo. Como é que a notícia havia se espalhado tão rapidamente? Também não é para menos. Eu fui revivida por um youkai. São duas raças que se odeiam completamente. Até eu mesma estava chocada com aquilo.
- Como era o youkai que me salvou? - eu perguntei, quando já estávamos longe daquele lugar.
- Hum... Alto, cabelos prateados e compridos, olhos dourados. - respondeu Takafumi, abrindo a porta do carro dele, para que eu entrasse.
- "É ele. Só pode ser ele". - eu pensei, quando o Takafumi entrou do outro lado do carro. - E onde ele foi?
- Eu não sei. - respondeu Takafumi, pisando no acelerador. - Ele era muito rápido. Você o conhecia?
- Eu havia falado antes com ele... - respondeu Rin, se lembrando. - E ele era diferente dos outros youkais...
Eu não entendi o por quê, mas o Takafumi pareceu meio irritado quando eu disse isso. Mas eu só pensava em Sesshoumaru... E o por quê dele ter me revivido...
- "Sesshoumaru...". - eu pensei, dando um longo suspiro.
N/A: Olá! Se alguém estiver lendo, eu queria dizer que eu sei que esse capítulo não está demais, mas espero que tenha gostado! Bom, próximo capítulo já está pronto, e eu provavelmente vou postar amanhã! Beijos!
