Certamente mi chica iria gostar desse presente. Agora saber como ela receberia, esse era o problema. Ou não, já que eu sou conhecido do porteiro. "Hehehe", ri mentalmente. O par de botas de couro que ela queria há tempos estava embrulhado em uma caixa listrada branca e lilás, com um laço roxo de enfeite. É, eu devo muito aquela vendedora prestativa.
O por quê do presente? Simples! Eu estava planejando dar de aniversário, mas o humor dela anda meio estranho, estressada o tempo todo e inclusive enquanto dançamos. Não me levem a mal, mas nem consigo falar direito com ela quando está irritada. Achei melhor fazer esse agrado, porque né, o Dance Central Tournament está chegando, precisamos ensaiar, e só vai ficar mais tenso quando estivermos na competição.
Miss Aubrey havia viajado com Emilia, não sei para onde, ela me disse algo como "Nada que seja do seu interesse, Angel". E aproveitando a deixa, vou deixar o presente na casa dela, evitando todo e qualquer contato com uma possível assassina. Será que são problemas exclusivos de mulheres? Tremi teatralmente, terminando de fazer o pequeno bilhete para o presente.
Levantei-me da cadeira da enorme cozinha, e pus o pequeno papel dentro da caixa com cuidado. Sorri, bobo. As botas eram bonitas, e iriam ficar perfeitas naquelas pernas claras. "Wow, keep calm, bro.", Pensei comigo mesmo ao imaginar minha parceira de equipe usando meu presente.
Fui tomar um banho, já que a malhação foi pesada. Comi tanto sorvete nesses dias, que já me sinto fraco. Haha, okay, sorvete é sorvet única coisa boa o suficiente para me manter calmo. Aubrey riria se descobrisse meu ponto fraco, tanto quanto qualquer outra garota na face da terra, mas eu transformaria em algo sexy, haha.
Terminei o banho, indo me trocar logo. Vesti a tradicional boxer preta, junto com minha bermuda cinza. Peguei a primeira regata que encontrei, acabando por vestir uma branca e azul. Coloquei o visor, e catei a carteira, as chaves e o celular em cima do criado mudo, saindo do quarto. Segurei o presente com uma mão e abri a porta do apartamento com a outra, fechando em seguida.
Eu não sabia quando ela iria voltar de viagem, mas esperava que não fosse hoje. Não hoje. Uh.
Entrei no elevador, imaginando o que ela foi fazer, aparentemente, fora da cidade. Não imaginei que houvessem razões tão fortes para tirarem Aubs da sua cidade, e de livre e espontânea vontade. Talvez o pai tivesse tirado a mesada dela, ou então a mãe tivesse comprado roupas novas de Paris... Mas então ela não levaria Emilia... Hm. Não havia muito o que pensar, embora a pequena viagem me deixasse com uma sensação estranha.
Peguei as chaves do carro e o destravei, entrando logo após. O carro não era necessariamente meu, mas como Miss não sabia dirigir, então, sim, era meu. Fato que me deixou bem alegre por sinal. Do meu apartamento até o de Aubrey, eram uns 15 minutos, com trânsito bom. A sorte estava do meu lado, então. Cheguei em 10 sem nenhum problema.
Rodney era um cara bem legal, principalmente para um porteiro. Dei graças a Deus que ele me reconheceu e me deixou subir sem falar nada, e mesmo que não deixasse, eu ligaria para a "patroa" que faria um escândalo e provavelmente os processaria por qualquer coisa. Sorri educado e me dirigi a cobertura.
Comecei a examinar o elevador, já dentro dele. Era um hábito que eu não conseguia me livrar, deixando claro o tempo que passava com minha parceira de equipe. Logo, cheguei na cobertura que era todo o apartamento de Aubrey. Alguns achavam exagero, e eu era um desses, mas se Aubrey se sentia bem, eu estava bem. Haha, que clichê.
Tirei as chaves do bolso, e depois de várias tentativas, achei a chave de Aubrey. Você se pergunta por quê eu tenho essa preciosa chave, e eu lhe respondo que nem eu sei. Miss Aubrey simplesmente me deu, fazendo com que eu desse uma cópia da minha para ela. Confesso que ainda espero uma visita noturna, mas ambos sabemos que essa é somente uma fantasia minha.
Destranquei o santuário da ruiva, entrando curioso. Nunca havia passado da sala, que já era grande, e agora imaginava como era o quarto dela. Me parecia alguma coisa bem... Sexy, haha. Veria com meus próprios olhos em um segundo. Andei devagar pela casa, quase que esperando que ela me assustasse e me mandasse embora aos gritos. Nem um milhão de presentes a fariam me aceitar de volta se isso acontecesse.
Passei pela cozinha, que era um lugar estranho pois não parecia uma cozinha, embora tivesse geladeira, fogão e essas coisas. Sinceramente, não conseguia ver Miss Aubrey cozinhando ou sequer fazendo qualquer coisa em um lugar como aquele. Passei pelo banheiro da casa dela, e logo imaginei que ela tivesse uma suíte. O banheiro parecia intocado, o que me deixou um pouco triste. É, eu esperava algo mais elaborado, ou algum segredo sombrio que eu adoraria saber. Não foi dessa vez, pensei comigo mesmo.
Bem, depois de dar a volta na casa, faltavam somente 2 cômodos, que eu imaginei serem o quarto de hóspedes e o quarto dela. O primeiro, ao lado do banheiro, estava trancado, como pude perceber. Não tentei muitas vezes, mas parecia mesmo trancado. Por dentro.
Certo, isso me chamou atenção, mas logo me veio o pensamento de que o outro quarto poderia ser o de Aubrey. Um sorriso esperto surgiu em minha boca quando girei na ponta dos pés na direção contrária. A caixa começava a escorregar de minhas mãos pelo papel de presente da caixa. A tampa quase caiu quando a arrumei melhor embaixo do braço esquerdo.
- Isso tudo é para conhecer o quarto da chica? Uhuhuhu. - Murmurei rindo baixo. Fechei os olhos e toquei a maçaneta.
Um paraíso rosa bebê veio em minha mente, com camas king-size com dorsel dourado e nuvens no teto. Era ridículo que Aubrey tivesse uma decoração tão infantil no quarto, mas era só o que eu conseguia pensar, em contraste ao quarto escuro com camas com cabeceiras de ferro e algemas fortes e grossas. Outra idéia ridícula, mas que era mais atrativa do que a versão bebê. Eu ri novamente, mais alto.
Pronto para abrir a porta, comecei a girar lentamente a maçaneta, rindo de nervosismo, quando uma voz aguda perguntou ultrajada atrás de mim:
- Quem é você? E o que está fazendo aqui? - Me virei e vi uma criança de uns 8 anos, de braços cruzados, e expressão carrancuda com um celular na mão.
Imediatamente reconheci a capa azul cheia de brilhos em um L elegante. O iPhone de Aubrey, pensei, olhando para os lados, à procura da bela ruiva. Permaneci com a caixa apertada contra meu peito, encostando-me na parede azul clara, e tenho certeza que a menina achava que eu era um maníaco.
- Ande, responda! - Exigiu a pequena, dando um passo para trás, colocando o celular no teclado numérico, como pude perceber. Ela iria ligar para a polícia, aparentemente. Acho que seria uma uma boa idéia responder agora, Angel.
Agora que olhei para aquela criança novamente, o choque atravessou meu rosto quando vi os cabelos cor de fogo em cachos longos e as pequenas sardas em seu rosto. Poderia passar facilmente por uma miniatura de Aubrey, e isso com certeza não era um bom sinal.
- Err, hola, me llamo Angel, yo soy ún... - Me enrolei ao tentar explicar, e consequentemente meu espanhol saiu como um jato - Oi, hm, me chamo Angel, eu sou um...
Tentei novamente, e ela levantou a palminha, mandando-me parar.
- Já sei quem é você. Ouvi falar de você, bastante por sinal. - Surpreendentemente, ela se expressava muito bem para alguém de seu tamanho - Isso é para mim?
Seus olhinhos entreitaram-se ao observar a caixa em minhas mãos, e pude perceber que ela tinha a mesma expressão facial de Aubrey quando estava curiosa.
- Ouviu falar de mim? Mas como...? - Ela não me escutou, apenas veio em minha direção com os braços abertos.
Como um reflexo, levantei a caixa, impedindo que ela pegasse. Suas narinas inflaram, e ela começou a ficar vermelha de raiva, olhando para mim... Comecei a me explicar.
- Não, não é para você, é para uma pessoa especial. Aliás, minha vez de perguntar quem é você e o que está fazendo aqui. - Disse abaixando a caixa, mas não deixando que ela pegasse.
Ela simplesmente revirou os olhos, dando um passo para trás, colocando as mãos na cintura.
- É da sua conta, por acaso? - Ela pegou o iPhone novamente, colocando em alguma coisa colorida que se mexia rapidamente. Jogo.
Percebi um pouco tarde que ela tinha uma espécie de sotaque francês. Tão nova já de sotaque. Havia algo muito estranho aqui.
- Opa, - Exclamei, levantando a mão direita como ela havia feito à pouco - Educação aqui, niña. Eu respondi quem sou, sua vez agora.
Propus, vendo ela pausar o jogo contra a vontade.
X.x.x.x.x.x.x
N/A: Tive essa idéia do nada, então, voilà. Como dá para perceber, ficou enorme, então dividi em 4 capítulos desse mesmo tamanho. Todo e qualquer idioma falado, sem ser português, foi feito com a ajuda do Google Tradutor. Perdão pelos erros. Please, R&R! Particularmente, eu adorei a Beatrice, minha OC.
