Notas da historia

Titulo: Relação delicada

Autor: Mayra LAbbate

Beta: Adrieli Machado

Disclaimer: Twilight e todos os personagens não me pertencem. Roteiro original.

Sumário: Isabella Swan, jovem gerente de marketing publicitário, recebe o desafio de criar uma propaganda que foge a suas regras e ética.

Edward Cullen, jovem recluso de fala mansa e muitos mistérios, terá o desafio de descobrir as facetas de sua mais nova colaboradora prometendo ao casal que se forma uma relação explosiva e cheia de descobertas.

Cap. 1

Acordar cedo nunca foi algo realmente complicado para mim. Meu dia começava às cinco da manhã, com uma corrida forte na esteira em minha sala e então um banho, seguido por um café da manhã leve e nutritivo. Gostava de cuidar do meu corpo, não por estética como via muitas mulheres ao meu redor fazendo, eu não me importava em usar um manequim 40 e ter um corpo saudável e com curvas onde realmente me agradavam, os sonhos tolos pelo tamanho 36 eram coisas banalizadas por mim. Que homem gostaria de ter em sua cama uma mulher com corpo de criança e fixação por remédios de controle de ansiedade? Muitos. Eu sei, eu também vejo isso por todos os lados e me sinto muito segura em dizer, que este não e o tipo de homem que procuro ou o tipo de mulher que quero ser.

O metrô, normalmente caótico funcionava bem e rapidamente cheguei ao prédio da HKPlay, uma pequena empresa de publicidade, vinda da índia com grandes possibilidades de expansão na Inglaterra devido a sua forma de atuação e cultura. Minha vaga foi conseguida após uma formação com méritos em Cambridge e uma carta de recomendação do meu professor de mestrado, foram anos me dedicando a diversas linhas de arte para chegar ao ponto que eu realmente almejava na minha carreira. A propaganda era a alma da minha essência e eu a via como algo verdadeiro, não queria passar a imagem errada de algum produto às pessoas, queria apenas passar de forma correta, os valores de uma ideia e foi isso que esta empresa me proporcionou.

Estava há dois anos me dedicando a propagandas voltadas ao mercado infantil e agora minha equipe havia recebido uma oportunidade única em uma área lucrativa. Teríamos a possibilidade de criar algo inovador para uma marca de cerveja e teríamos ao nosso lado o cliente vindo da América do norte para nos guiar. O tempo de criação não poderia passar de dois meses e hoje toda minha equipe conheceria o cliente e suas exigências. O clima frio me ajudava a lidar com tudo de uma forma mais branda, era possível pensar enquanto meu corpo congelava devido aos cinco graus abaixo de zero.

- Clara, nossa sala está pronta?

Minha secretaria já me aguardava com uma xicara de café em mãos, ser a gerente de contas estrangeiras poderia dar dor de cabeça a muitos, mas com o tempo aprendi a lidar com inconvenientes de fuso, cultura e personalidades. Minha equipe se tornou eclética e muito competente.

-Sim, todos estão presentes e prontos para a apresentação.

-Quero você na reunião conosco.

Ela se mostrou confusa no início, eu não costumava a usar em apresentações a novos clientes. O que ela não sabia e que vinha observando suas ações ao longo de seis meses e estava pronta a promovê-la como júnior em nosso setor, seu trabalho final de faculdade foi impressionante. Ela não ousou me questionar e acredito nem imaginar que estava sendo observada, eu apenas não deixava alguns aspectos de meus colegas de trabalho passar despercebidamente.

-Bom dia senhores, senhoras.

Chamei a atenção de todos e iniciamos nossa reunião semanal antes da chegada do cliente, alguns pontos foram fechados e logo teríamos finalizado mais um produto.

As 10h uma batida leve na porta, anunciou a chegada de nosso cliente e mesmo sem a necessidade, todos apresentaram rostos ansiosos. Tentei tranquiliza-los com um leve sorriso e segui para receber nosso convidado.

-Sr. Willians!

O dono da empresa, um indiano com meia nacionalidade americana, adentrou a sala em seu terno de alfaiataria e cabelos bem penteados cumprimentando a todos, enquanto ao seu lado um rapaz alto e de pele clara observava a tudo calado.

-Sr. Cullen, esta é Isabella Swan, nossa gerente e sua companheira direta de trabalho. Ela lhe apresentará a todos e também as dependências do local.

-Tenham um bom dia.

Dito isto ele saiu, não nos permitindo nenhuma palavra ou questionamento seguinte. Percebendo o desconforto do rapaz de aparência jovem, iniciei a apresentação da equipe e dos sistemas que teríamos disponíveis para criação de arte e fotografia. Ele parecia interessado e empolgado com a equipe que recebia seu projeto. Ao final, iniciamos uma conversa solta sobre suas ideias e a essência do que ele queria para iniciarmos os trabalhos.

Toda a equipe retesou quando percebemos a linha de seu pensamento, sua marca teria como foco jovens americanos, incluindo a faixa sul e com isso seus pensamentos estavam voltados a festas, mulheres e corpos desnudos. Nós esperávamos algo maduro, voltado ao público apaixonado pela bebida e ao notarmos o foco pejorativo, tivemos opiniões divergentes e troca de olhares significativos. Eu me encontrava entre a espada e a lança.

Tivemos um momento de lucidez quando o telefone do cliente tocou e ele não deixou de atendê-lo. Rapidamente mostrei a equipe o que poderíamos fazer hoje e alertei que buscaria refinar o foco, sem perder a conta. Estava irritada por não ter sido informada, mas não iria dar o gostinho do medo ao meu chefe, ele jogou o desafio e com isso estava testando minha capacidade, decidi jogar junto.

Com o horário do almoço se aproximando, segui para meu refúgio no prédio acompanhada de meu Marlboro e um bloco de desenho.

A área externa das escadas de incêndio do prédio, era o único local que me permitiria fumar sem ser pega pelos alertas de incêndio internos. Se fosse pega, provavelmente seria demitida por justa causa e me arriscava diariamente por amor ao vício. Normalmente eu usava o tempo para desenhar, desta vez não, a criatividade me fugiu depois desta manhã e me peguei observando as ruas recobertas pela neve branca e uma ou outra pessoa caminhando em direção ao centro.

-Pensei que fumar neste edifício era proibido.

Me assustei com a voz rouca e firme que surgiu atrás de mim, meu corpo tencionou por não reconhecer a voz dentre as pessoas de minha equipe que sabiam do meu esconderijo e lentamente me virei esperando pelo pior. O Sr. Cullen, ou Edward, me observava sentado em um dos degraus com seu cigarro entre os dedos, ele tragava de forma profunda, soltando a fumaça enquanto seus olhos varriam meu corpo sem pudor. Ele provavelmente analisava minhas roupas, visto que as grossas camadas sobre a pele cobriam qualquer vestígio de curvas que eu pudesse demonstrar ter.

-Edward!

Seu nome saiu por meus lábios como uma forma de aliviar o estresse causado pelo susto e ele pareceu feliz em não ser mencionado de forma formal.

-Posso ficar com você?

As palavras pareciam ter duplo sentido e rapidamente ignorei o pensamento sem fundamento, lhe permitindo terminar seu cigarro, enquanto eu me voltava ao bloco de papel vazio.

-Apenas não conte sobre este local a ninguém. Clara lhe indicou o caminho?

-Eu observei enquanto você saia de sua sala, ninguém me viu passando pela porta. Seu chefe me liberou para o almoço e como não conheço nada por aqui, resolvi seguir seus passos e pedir algumas dicas sobre restaurantes locais.

Ele parecia tão casual, suas roupas destacavam este lado. Ele vestia uma calça jeans de lavagem escura e corte reto, uma camisa escura, blusa de algodão e um grosso casaco que ia até os joelhos. Informal e ao mesmo tempo elegante, os cabelos displicentes tinham um tom avermelhado típico de ruivos, mas o loiro predominava. O mesmo tom era visto em sua barba e cílios, a pele branca mantinha um tom rosado, proveniente do tempo frio desta época do ano e os olhos pareciam penetrar em minha alma, um azul tão claro que diria ser transparente se a luz não refletisse seu brilho.

-Uso este local como refúgio, a arquitetura do prédio e as árvores encobrem as escadas e posso ficar tranquila por alguns minutos, enquanto elaboro alguma coisa. Sua campanha será um desafio.

-Sim, eu lhe escolhi por este motivo!

Ele parecia divertido. Seu cigarro chegava ao fim e o meu já não passava de uma pilha de cinzas sobre uma base. Enquanto conversávamos, me esqueci do mal hábito e acabei o jogando fora após duas tragadas.

-Devo perguntar?

Ele se levantou pegando meu bloco de desenhos do chão folheando algumas páginas. Os desenhos eram uma mistura da paisagem local com temas de campanhas passadas e figuras livres. Eu gostava das técnicas de desenho mais básicas e meus primeiros esboços eram sempre a lápis ou carvão, deixava para os estagiários o trabalho de informatizar as artes. Não conseguia ser criativa com uma caneta digital.

-Acompanho seu trabalho há um ano e quando me deram o projeto para esta campanha aceitei na hora, com a única condição de ter sua equipe do meu lado. Eu na verdade deixei em suas mãos toda a minha vida profissional, minha empresa me enviou para sua filial aqui na Inglaterra e se eu falhar estarei desempregado.

-Não sei se me sinto honrada ou se te chamo de ignorante!

-Honrada seria melhor.

Acabamos rindo ao perceber que a situação seria engraçada se nosso profissional não dependesse totalmente um do outro.