- Historia sem fins lucrativos.
- Créditos da capa:
- Personagens e seus respectivos direitos autorais pertencem a fox.
- Infelizmente glee não me pertence pois do contrario teriamos visto a sex tape Brittana.

Smooth Criminal

Bruna S. Caldas

#Prólogo – Parte 1: '' Morto pelo amor ''

''As he came into the window
It was the sound of a crescendo
He came into her apartment
He left the bloodstains on the carpet''

O céu enegrecido cuspia feixes de luz com violência sobre a planície deserta, o vento uivava ferozmente por entre as colinas mais distantes batendo com uma tonicidade quase ensurdecedora sobre as pedras encharcadas pela chuva que desaguava torrencialmente. Os raios solares ainda não havia se atrevido a tentar vencer o sufoco gerado pelas pesadas nuvens que tomavam o céu, o fim da madrugada estava próximo, mas a nebulosa tempestade não mostrava o menor indicio de que acabaria tão cedo. Toda aquela ferocidade que tomava a atmosfera naquele momento recaia em diversos pontos do estado de Ohio. Em principio parecia apenas mais uma chuva de final de inverno que sempre alagavam as manhas de janeiro, porém nesta madrugada em especial o céu parecia mais selvagem, indomável, como se a natureza estivesse alertando sobre o perigo que inundava as vielas da cidade de Lima naquele amanhecer.

Em meio à densa escuridão das lamacentas estradas ao redor da cidade um carro solitário em alta velocidade cortava as gotas caídas do céu com uma ferocidade maior do que a tempestade conseguia transpassar em toda sua cólera, a silhueta de um casal podia ser distinguida à medida que o brilho vindo dos relâmpagos iluminava precariamente partes do interior do veiculo. A placa que marcava os limites de entrada na cidade podia ser observada por entre os arbustos displicentes que se agitavam intensamente com o forte vento, os dizeres ''Sejam bem vindos'' pareciam demasiadamente irônicos se fossem analisadas a cercar das circunstâncias que traziam à misteriosa dupla a cidade sob tamanho temporal.

Um homem de traços latinos se encontrava ao volante, as marcas em seu rosto deixavam evidentes as horas de sono perdidas da mesma forma que seu corpo levemente trêmulo denunciava o excesso de cafeína em sua corrente sanguínea. Mas inexplicavelmente apesar do cansaço seus músculos tencionavam cada vez mais conforme seus instintos lhe alertavam sobre o embate eminente, uma constante corrente de adrenalina tornava esse fato possível visto que estar alerta naquele momento era o que garantia a estabilidade da frágil linha entre a vida e a morte. Seus olhos negros pareciam não ter dificuldade em visualizar em meio à escuridão submersa nas gotas de chuva, pois mesmo que os para-brisas trabalhassem em seu ritmo máximo tentando expulsar a água apenas imagens distorcidas apareciam por entre o vidro encharcado. O homem que os fintava com astucia não parecia nem um pouco temeroso mesmo sendo capaz de enxergar o perigo que os perseguia de forma tão insaciável.

A mulher ao seu lado também permanecia sob alerta constante mesmo que suas feições pálidas entregassem que ela havia perdido bastante sangue nas horas anteriores. Um som de choro abafado pode ser ouvido pelo casal que simplesmente não pode deixar de trocar um sorriso displicente mesmo que as circunstâncias não permitissem brechas para tais atos. Havia uma terceira passageira no banco de trás que ate o momento se encontrava em um sono profundo mesmo que os nítidos trovões do lado de fora produzissem ruídos assustadores.

A mulher no banco do passageiro agarrou o pequeno corpo por entre suas mãos o trazendo para o aconchego de seus braços, o recém-nascido agora lhe fintava com aqueles enormes e belos olhos negros tão exageradamente idênticos aos do homem ao seu lado. A pequena criança parou de chorar quase de forma instantânea no momento em que pode distinguir aquele cheiro familiar proveniente da pessoa que havia lhe trazido ao mundo.

A aliança que trazia em sua mão esquerda pareceu brilhar com mais afinco quando sentiu o toque preciso de seu companheiro a segurando por entre seus dedos agora entrelaçados. Seu ritmo cardíaco desacelerou assim como sua respiração destacando claramente o efeito calmante que um toque tão simples como aquele conseguia surtir sobre seu corpo. A chama da esperança reacendeu em seu peito no momento em que conseguiu visualizar que o seu destino estava cada vez mais próximo, estavam perto de um lugar o qual os manteria seguros tempo suficiente para que ela pudesse pensar em uma forma de consertar tamanha bagunça onde haviam sido envolvidos. Mas da mesma forma que o calor da esperança a envolveu o baque violento que se propagou quando o tão conhecido barulho de tiro preencheu o ar fez com que o medo a envenenasse por completo.

Seus olhos castanhos rapidamente procuraram o conforto do par ao seu lado de forma quase desesperada, pois sabia o fim que aquela perseguição resultaria, porém o homem ao seu lado fez questão de destacar quando conseguiu tomar o controle do carro novamente que jamais se renderiam sem uma ultima luta.

O metal da roda traseira exposta se arrastava contra o asfalto, que mesmo molhado não evitava que faíscas se acendessem devido ao atrito, um dos pneus traseiros havia sido atingido pelo impacto da bala vinda do carro negro que agora os seguia de uma distancia perigosamente curta. Com uma enorme dificuldade o veiculo conseguiu completar a curva seguinte antes que outro tiro pudesse ser escutado em meio aos fortes trovões, por pouco o outro pneu não ficou avariado visto que felizmente o tiro acabou acertando o muro no fim da rua.

A chuva não havia diminuído de intensidade em momento algum e isso finalmente começou a ser tornar algo favorável para o casal, não houve mais disparos uma vez que rapidamente o homem conseguiu despistar seus perseguidores com uma manobra inteligente entrando em uma curva fechada de mão dupla. Menos de dez minutos depois eles finalmente conseguiram passar pela ultima ruela próxima a um beco que os levaria diretamente a área onde poderiam obter algum abrigo, porém o movimento seguinte sobre eles não pode ser evitado.

O veiculo onde o casal estava ainda tentou inutilmente seguir caminho contrario assim que avistou a eminente armadilha que haviam caído. Mas já era tarde, estavam completamente cercados por três carros de modelo baixo e vidros efetivamente brindados.

'' Por deus Juan, o que faremos?'' Geralmente sua voz era determinada, carregada de rouquidão graças ao seu sotaque hispânico acompanhado de um tom inegavelmente sexual, mas naquele momento o mais simples sussurro necessitava de um esforço praticamente sobre-humano para conseguir romper de sua garganta obstruída pelo medo. Todo o seu treinamento de elite para resistir as mais hostis situações não a haviam preparado para o momento que veria as duas únicas pessoas que realmente amava diante da morte iminente.

''Estamos encurralados! Mas eu sei que ainda existe uma saída, sempre existe uma!'' Seu rosto se encontrava impassível, como se ele estivesse batalhando contra seus próprios princípios para manter os objetivos que o tinha movido ate ali sobre prioridade. Seus traços refletiam a certeza de um confronto do qual não poderiam fugir, mas sem nenhum momento deixar de ser acolhedor aos olhos da mulher ao seu lado, aquelas íris castanhas repletas de amor conseguiam arrancar qualquer duvida remanescente em seu coração sobre as medidas insanas que tomaria a seguir. A menina em seu colo também lhe fintava curiosamente quase que de forma julgadora de maneira tão centrada ao qual chegava a parecer que a recém-nascida sabia bem a ação que se sucederia por sua parte. Mas não havia nada a ser feito para impedir sua decisão, estava claro que aquele homem faria o impossível se necessário para protegê-las não importando se para isso teria de sacrificar sua própria vida.

'' Eu apenas quero que saiba o quanto eu te amo, desde o primeiro minuto que te vi, mesmo que ele tenha sido com você apontando uma arma para minha cabeça. '' Ela lhe fintou incrédula assim que sentiu o peso de suas palavras formando claramente uma despedida, doía saber por quais motivos ele as estavam proclamando, mas de forma alguma conseguiu conter o tímido sorrido que cintilou em seus lábios cobertos de pesar.

'' Não, eu sei o que você quer fazer, eu não posso deixar você se entregar! É puro suicídio!''

'' Você sabe que as consequências serão piores se descobrirem que você ainda esta viva, ainda temos essa chance de não só completar a missão como também salvar vocês duas. ''

'' Eu não consigo fazer isso sem você, somos um time, ainda podemos lutar! '' Suas palavras não conseguiram surtir o efeito esperado visto que o homem já tinha tomado sua decisão final, ele a fintou com ternura tentando sobressaltar que não se importava com seu fim com tanto que elas permanecessem vivas. Sua mão agarrou a da Latina no banco ao seu lado deixando o medalhão dourado sobre seus dedos trêmulos. Naquele momento foi impossível não notar qual o principal motivo que a fez se apaixonar de forma tão insana por aquele doutor maluco que tanto já a tinha irritado, pois sua maior qualidade era justamente aquela coragem indomável que conseguia domina-la de forma tão impetuosa.

'' Nós devemos proteger a chave a qualquer custo. Eu serei sua distração, assim que eles baixarem a guarda faça o que deve ser feito! '' Uniram seus lábios com um desespero gritante apimentado pela adrenalina, quando se separaram o amargo gosto da despedida ficou marcado em suas bocas. Tentou segurá-lo uma ultima vez tentando prolongar por mais alguns segundos aquele momento, mas foi completamente inútil, a única coisa que permaneceu sobre suas mãos trêmulas foi à criança recém-nascida e o medalhão que ate segundos atrás se encontrava inseparavelmente no pescoço de seu marido. Ele nunca havia tirado aquele cordão sob nenhuma hipótese ate o presente momento.

Assistiu por entre os retrovisores embaçados o momento em que meia dúzia de homens armados belicamente ate o céu de suas bocas seguiram para o cerco que se formava em volta de seu esposo que saiu para a noite chuvosa com as mãos ao alto em sinal de rendição. Com isso o carro que bloqueava a saída frontal da rua se encontrava desprotegido da forma como Juan havia previsto, mas ela teria de ser rápida se quisesse aproveitar aquela oportunidade.

Colocou o bebê ao qual se encontrava em seus braços no pequeno cesto que ate momentos atrás a pequena dormia tranquilamente e com uma agilidade assustadora para alguém com a aparência atual tão frágil ela tomou o lugar do motorista onde então poderia assumir a direção do veiculo. O volante sobre seus dedos fizeram uma volta completa em seu próprio eixo antes que o motor acelerasse em direção a sua ultima chance de sobrevivência. Jogou o carro para a direita com destreza em um movimento impressionantemente rápido no qual aproveitou a desprotegida lacuna entre os dois prédios laterais que separavam aquele espaço da avenida principal da cidade.

Os homens encapuzados que deveriam estar impedido a sua fuga tinham sido convocados para fechar o cerco em volta do homem rendido sobre a mira de meia dúzia de pistolas de tiro a distancia. Não pode evitar que a lataria do carro que pilotava fosse chocada com ao veiculo que lhe servia de obstáculo, arrancando com voracidade o retrovisor do mesmo com o impacto. Seus reflexos apurados de anos de treinamento militar foram cruciais para o sucesso daquela fuga mortal, conseguiu escapar antes mesmo que qualquer um dos homens do lado de fora pudesse reagir devidamente conseguindo aproveitar segundos preciosos que lhe proporcionaram chegar ao fim da rua antes que o calor dos tiros pudesse atingi-la.

Uma lagrima solitária escorregou com seus traços finos, mas não deixou que a mesma traçasse seu curso natural limpando-a com agressividade com a costa de sua mão esquerda. Não poderia se deixar quebrar naquele momento, ainda tinha a esperança de que eles poupassem a vida de Juan já que ele era um cientista tão magnificamente brilhante o qual poderia muito bem ser submetido aos planos da corporação em troca de sua vida. Mas sabia que isso jamais aconteceria, eles o matariam quando soubessem que era dentro daquele carro que estava à chave, teria de correr contra o desfavorável tempo, pois do contrario jamais se perdoaria por seu esposo ter se sacrificando daquela maneira em vão.

'' Eu te amo Maribel. '' Aquelas foram as ultimas silabas que pode ver sair dos lábios frigidos do homem algemado contra o piso molhado, era uma sentença muda que conseguiu ecoar a todos os extremos de sua alma antes que o veiculo onde estava se perdesse na escuridão propiciada pela parede do prédio o qual ela agradeceu aos deuses por ser capaz de cobrir os seus rastros com eficácia.

Sabia que seus perseguidores não demorariam em ligar as peças que entregaria que o tão funesto alvo que ludicamente achavam ter sido capazes de eliminar na realidade ainda permanecia vivo e o mesmo no presente momento ainda fosse o portador do controle da tão preciosa chave pela qual tantas pessoas precisaram pagar com suas vidas para ser mantida a salvo. Mas estar ciente de que aquele preço também seria pago por Juan apenas aumentava aquela dor excruciante que esmagava seu peito.

Nenhuma tortura física poderia se igualar com a sensação de ter o coração sendo quebrado daquela forma tão brutal como foi feita no momento em que aquele som tão familiar daquela voz rouca uivando de dor entrecortou o ar que entrava em seus pulmões. Apartir daquele instante não houve mais duvidas de que precisaria tomar decisões drásticas se não quisesse por tudo a perder em definido, pois há muito tempo havia deixado de ser apenas uma missão nível A para se tornar seu pesadelo pessoal.

Ela olhou para o cesto da recém-nascida por entre as lagrimas tórridas que não foi mais capaz de evitar que queimassem sua pele, seu peito parecia estar em carne viva enquanto suas mãos tremiam com uma vivacidade sôfrega. A pequena não fazia ideia do mundo em que teve o desprazer de se encontrar naquele momento e sem sobra de duvidas estaria correndo perigo constante enquanto estivesse sobre sua tutela.

Suas ações sucessíveis após aquela dura decisão a fez agir praticamente em seu modo automático, pois se tivessem portando suas faculdades mentais sobre condições normais jamais se permitiria fazer aquela que seria sem sombra de duvidas a ordem mais cruel que já foi submetida a cumprir por seu subconsciente: Teria de desistir de Santana.