Material Girls

The Filthy Rich

Capitulo Um

Me chame de fútil, mas honestamente, quem poderia negar que diamantes são os melhores amigos das mulheres? Afinal, homens não são confiáveis e mulheres, encaremos, são movidas a inveja. Então, diamantes.

Cresci em Nova York, e é claro, Upper East Side. Até que fui arrastada de volta a Tóquio por minha querida mãe e mais novo padrasto, parece que o quatro é seu número da sorte, que esse é finalmente o cara. Não me considero mimada, apenas não gosto e não estou acostumada a ter as coisas diferente do modo como as quero. Mas se isso somente me torna mimada aos olhos do mundo, que seja, pelo menos em meu mundo, as coisas acontecem como eu quero.

Você deve estar curioso sobre porque mencionei diamantes, bom, ontem fui a apresentada ao meu tão, como posso dizer, interessante irmão postiço, Inuyasha. Digamos que seu físico é realmente interessante e se não fosse o incrível mau humor e prepotência não ficaria tão triste assim de cometer um pequeno incesto, afinal, nunca o considerarei meu irmão mesmo. Falando em irmãos, ele não é o único que tenho que suportar, tenho um irmão de onze anos chamado Souta, fruto do terceiro casamento de minha mãe, uma irmã gêmea Kikyou, que quando mamãe decidiu mudar para Nova York foi morar com nosso pai e assim permaneceu em Tóquio e minha incrível maninha Sango, e não dessa vez não estou sendo irônica. Sango e eu realmente nos damos bem, ela é um ano mais velha e temos pais diferentes ela é do primeiro casamento de mamãe mas somos grandes amigas o que ajuda muito quando mudamos de volta para um país onde eu não coloco os pés há dois anos, pois apesar de ter crescido nos arredores do Central Park minha mãe nos trouxera para Tóquio quatro anos atrás e ali permanecemos por dois anos até ela decidir que não há lugar como Nova York, honestamente não era preciso dois anos para se perceber isso. Então ganhei diamantes para "me alegrar nesse período de tão drásticas mudanças" como diz minha mãe, em outras palavras apenas para que ela não se sentisse tão culpada por arruinar minha vida. Mas admito depois de uma grande mudança como essa, nada melhor do que brincos de diamante para melhorar meu humor.

Agora em frente à entrada do colégio nada me dá mais prazer do que respirar fundo antes de me misturar à tão seletiva elite de Tóquio. Quem não ama colégios particulares? Sexo, bebidas, drogas, tudo é permitido quando se é o topo da cadeia social, contanto que você não seja pega em um escândalo obviamente. E que lugar melhor para tudo isso do que o colegial? Nós adolescentes somos tão volúveis e ainda assim tão previsíveis. Ao entrar percebo os olhares dirigidos a mim, nada inesperado considerando que sou a novata para alguns e o fantasma de Kagome Higurashi para outros. Agora sim estou de volta. Agora sim, Kagome Higurashi chegou.

- Kagome, não sabia que estava de volta. – Diz alguém de quem não me lembro e não faço questão de me lembrar enquanto ando em direção a minha sala.

- É claro que você não sabia, não tem bola de cristal, tem? – Replico com um sorriso irônico ao achar minha carteira.

- Ka, pelo jeito o Upper East Side não foi o bastante pra você. – Diz Maya ao me ver. Maya é uma de minhas, por assim dizer "amigas" de antes da mudança para Nova York. Somos um grupo bastante seletivo e incrivelmente respeitado por aqui, estando nele eu, Sango, Maya, Miura, Kikyou e Kagura.

- E algum lugar algum dia será o bastante para minha irmãzinha?

- Sa, bom ver você também. – Maya sorri a Sango que se sentou ao meu lado.

- O mesmo para você Maya. Nos conta algo novo?

- Se quer saber sobre o que aconteceu no colégio desde que vocês saíram não há nada de interessante.

- E é claro que vocês sabem que a notícia da chegada das Higurashi's já chegou no último ano, né? – Comentou Miura adentrando nossa sala e nos cumprimentando. – Sintam-se lisonjeadas, afinal, não é todo dia que uma noticia corre tão rápido aqui no colégio desde o rompimento do Inuyasha com a Kikyou.

- Bom, não é exatamente culpa nossa se ninguém nesse colégio tem algo interessante para fazer da vida, é? – Respondi revirando os olhos com talvez até um pouco de desdém.

- Talvez tecnicamente. Mas admita Kagome, você que na maioria das vezes quem trazia o drama e a empolgação para esse colégio era você.

- Ah, esse colégio não é nada sem mim. – Suspirei, colocando a mão na testa e rimos da brincadeira. Não era tão ruim estar de volta. Era quase... agradável.

Ao final das aulas voltei para casa a pé, não queria barulho ou perturbação o que era quase sinônimo de estar em um carro com meus irmãos. Além de que eu não deixaria passar uma chance de ficar menos tempo ao lado de Inuyasha. Ele simplesmente não perde uma seguer chance para me tirar do sério, Sango diz que isso é devido a minha semelhança com Kikyou pois Kikyou e Inuyasha namoram e terminam constantemente desde que eu posso me lembrar. Segundo Maya eles terminaram novamente mês passado após passarem dois meses juntos. Há apostas correndo pela escola sobre o dia que voltarão e as mais longínquas se dão para daqui a duas semanas. E apesar disso eu nunca havia me dado ao trabalho de me apresentar a Inuyasha antes. Como gêmeas, as pessoas esperam que eu e Kikyou sejamos melhores amigas e que dividimos nossos maiores segredos, sonhos e medos uma com a outra o que está longe de acontecer. Kikyou e eu nunca fomos exatamente próximas, acho que os oito meses e duas semanas dividindo o mesmo útero foi proximidade o bastante para nós duas e que dividir o mesmo código genético é o máximo que iremos dividir nessa vida já que nem o dia de nascimento dividimos, Kikyou nasceu as 23h59 e eu as 00h03 do dia seguinte.

Nada contra minha querida gêmea apenas não somos íntimas ou conversamos tanto quanto se espera que irmãs, especialmente gêmeas fossem. Mas também, nem morar na mesma casa moramos. Mamãe tem falado sobre a possibilidade de Kikyou voltar a morar conosco em nossa cobertura (de três andares devo acrescentar! Ta, só dois. O terceiro é o terraço) e deixar a de papai mas acho que eles estão preocupados com Kikyou e Inuyasha sobre o mesmo teto. Não só pela questão de proximidade dos quartos mas também porque acho que o seguro não cobriria as brigas dos dois que com certeza fariam estragos na casa.

Ok, tenho consciência de que estou especialmente afiada hoje.

A chegada em casa foi estranha, ao entrar na sala principal tudo estava silencioso o normal seria dar de cara com Sango correndo atrás de Souta que deveria ter pego algo dela enquanto a música saindo do quarto de Inuyasha fosse alta o bastante para não se ouvir nem mesmo uma bomba nuclear caindo no jardim do prédio. Então andei lentamente em direção a escada em direção ao meu quarto sem fazer barulho, o que quer que estivesse acontecendo ali eu que não queria atrapalhar, já no corredor do segundo andar resolvi entrar no quarto de Sango ao invés do meu, a porta estava aberta mas a do seu banheiro estava fechada provavelmente trancada, não me incomodei de verificar pois era possível ouvir o chuveiro ligado o que indicava que ela estava no banho. O quarto de Sango era o segundo a direita do corredor do terceiro andar, ficava em frente ao de Souta que ficava ao lado do de Inuyasha e em frente ao dele o meu. Conveniente, não? Ao lado do quarto de Inuyasha ficava o de Sesshoumaru, seu meio-irmão. Sesshoumaru estava no primeiro ano da faculdade então apenas voltava nas férias ou feriados por isso ainda não o conheci, em frente ao quarto dele e ao lado do meu ficava um quarto de hóspedes. Segui o corredor até uma pequena varanda com vista ao jardim na parte de trás do prédio e me sentei no pequeno balanço de madeira que havia lá, daqueles que possuem uma almofada. Joguei a bolsa com meus livros escolares no chão após pegar meu iphone e fiquei por lá o resto da tarde ouvindo música. Não fazia algo assim há muito tempo, foi um alivio. Como recarregar as baterias depois da correria dos últimos dias.

Agora são dez pra sete e devo descer para jantar. O jantar é servido religiosamente as sete e todos dêem estar presentes sem atrasos não importa a circunstancia. Desço correndo e percebo que ainda estou usando o uniforme. Droga. Agora vou ter que agüentar minha mãe reclamando que não estou adequada para o jantar. Cinco pra sete e não vai dar tempo de me trocar. Pense, Kagome. Pense. Corro para o elevador que dá acesso a nossa casa, não acho que ninguém chegou a notar minha presença na casa ainda então tenho chances se falar que acabei de chegar. Ouço todos indo para a sala de jantar. Abro a porta após o corredor do elevador entrando novamente e a bato. Assim todos saberão que acabei de entrar. Minha bolsa está lá em cima. Droga. Corro como não corria em muito tempo até a varanda passando por Souta.

- Vai se atrasar. – comenta ele.

- Não, eu não vou! E se me atrasar digo que foi praga sua! – Grito passando por ele sem parar.

Nunca havia reparado como essa casa é grande e inconveniente antes. Pego a bolsa e jogo dentro do meu quarto. Seis e cinqüenta e nove. Corro até o final das escadas e de lá finjo que havia andado calmamente por todo o percurso. O que eu não faço por uma boa mentira? Chegando na sala o relógio principal começa a tocar avisando que são sete horas, me sento.

- Kagome, o que você está fazendo ainda de uniforme? O que fez a tarde toda? É pedir demais que você esteja ao menos apropriadamente vestida para o jantar? – Reclama mamãe enquanto a empregada serve seu prato.

- Desculpe, mamãe, acabei de chegar.

- Está bem, dessa vez será relevado. Pelo menos não se atrasou.- Quando ela volta a comer faço uma careta vitoriosa para Souta que contorce o rosto como se tivesse comido algo azedo e não consigo evitar de rir.

- E então, Kagome, onde esteve a tarde toda? – Como ele estava sentado a minha frente não pude evitar de chutá-lo a canela. Em minha defesa, puro reflexo. Eu acho. Ele guincha.

- Não acho que é exatamente de sua conta, Inuyasha. – Sinto que mamãe iria insistir na pergunta e preciso mudar o foco do assunto rápido. - Mas agradeço a preocupação. É bom ver que meu novo irmão se preocupa comigo. – Digo com um certo tom de desdém que passa despercebido por todos menos ele.

- Realmente, muito bom ver que vocês dois estão finalmente se dando bem. Não entendo o porquê de tanta animosidade entre vocês. – Diz o Sr.Taisho. É claro que ele só diz isso porque não é obrigado a conviver com o próprio filho e passa mais da metade do dia fora de casa. Aqui é assim, durante a tarde em casa há somente eu, Sango, Souta, Inuyasha e os empregados. Mamãe passa quase que o dia inteiro fazendo compras e só Deus sabe mais o que enquanto Sr.Taisho trabalha em sua firma e apenas chega em casa depois das seis.

Após o jantar peço licença para me levantar e sigo até a sala de televisão. Imagine minha surpresa ao sentir a mão de Inuyasha me puxando ao entrar no cômodo.

- Sei que esteve em casa esse tempo todo. A vi na varanda essa tarde.

- Anda me espionando, maninho? Saiba que não preciso de babá e não sou sua querida Kikyou para que você fique vigiando.

- Que ótimo senso de humor você tem, estava apenas passando por lá quando...

- Como já disse, não sou a Kikyou logo você não me deve satisfações, se é que você ainda não notou Inuyasha. – fico de frente a ele, sua respiração em minha nuca estava começando a me dar arrepios, afinal, sou humana e ele... bom, se não fosse pela atitude, podia jurar ser algum tipo de Deus grego com aqueles penetrantes olhos cor de mel, sabe? Aqueles que estão me encarando no momento. Tão próximos. Droga.

- Bom saber, maninha. – geralmente não estranharia o modo como ele ironizou o "maninha", mas há algo mais no modo como ele falou que eu simplesmente não sei o que é. Ele me puxou para mais perto, ele sabe que está brincando comigo. Não serei a idiota a cair nessa.

- Algo mais que você queira aqui, Inuyasha? – entro no jogo dele e aproximo ainda mais nossos corpos.

- Sim, Kagome. O controle da televisão. – e simples assim ele se joga no sofá da sala e após encontrar seu tão querido controle remoto liga a TV e começa a folhear os canais.

- Se é assim, estarei no meu quarto. – Digo deixando o cômodo sorrindo.

Entrando no quarto encontro Sango jogada em minha cama folheando uma revisa que presumo ser a ultima edição da Teen Vogue.

- Algo que queira me contar, K.? – diz ela sem olhar para mim.

- Não, acho que estou bem, obrigada. – brinco.

- Ah, qual é? – ela joga uma almofada em minha direção. – Onde você esteve? Passei a tarde toda aqui sem fazer nada, atoa, entediada, sem minha querida e mais incrível irmã. – dramatiza ela.

- Ai, Meu Deus! Já pensou em fazer teste pra entrar na Broadway? – jogo de volta a almofada rindo. – Estive em casa o dia todo, sua tonta, fiquei na varanda e perdi noção do tempo, como não estava a fim de agüentar mais um sermão da mamãe sobre minha falta de responsabilidade, fingi que tinha acabado de chegar.

- Nossa, graças! Não queria ter que ficar a ouvindo falar durante todo o jantar sobre como nossa educação pode ser tão ruim apesar de todo o esforço dela, e de eu não saber que diabos de esforço foi esse, para nos colocar nas melhores escolar particulares do mundo.

- Incrível como ela liga mais pra esse estúpido jantar familiar dela do que por onde eu estive nas ultimas horas.

- Você sabe como é, K. – sorriu ela – enquanto não há escândalo não é importante.

- É, eu sei.

- O que deu em você hoje?

- Nada. Vou tomar banho.

- Isso me lembra, Maya ligou. A festa da piscina anual dela é esse sábado.

- Ok.

- E, K. se anime. Nós mudamos de cidade, não morremos.

- Não, S.

- Hã?

- Nós não mudamos de cidade, nós mudamos de país, continente, placa tectônica e bloco econômico, não de cidade. – Com isso adentrei meu banheiro – Tecnicamente mudamos até de família - e tranquei a porta.

Saí do banheiro enrolada na toalha e com o cabelo molhado. Não devia ter molhado a essa hora da noite. Acho que meus neurônios ainda não se adaptaram ao novo fuso horário porque é incrível o número de besteiras não pensadas que ando fazendo atualmente. Atravesso o quarto indo até meu armário quando a maldita porta se abre.

- Imbecil. Não sabe bater?

- Sua mãe quer você lá embaixo. – Disse ele me analisando.

- Quer uma foto?

- Não seja tão metida, não há nada aí que eu queira.

- Por isso que você ainda está aqui, certo? – Disse o empurrando para trás e fechando a porta. Acabei trancando a porta, não queria ele entrando lá novamente. Preciso de chocolate. Suspirei.

Encontro minha mãe na cozinha dando instruções à empregada. Passo o dedo na cobertura de chocolate em cima da mesa da cozinha e o experimento. Ai, meu Deus! Quem precisa de homem mesmo?

- Queria algo comigo, mãe?

- Kikyou virá almoçar aqui no domingo. Sei que você e Sango irão a uma festa no sábado e peço que estejam aqui antes do meio dia, sim? E tente ser gentil, Kagome. Não é tão difícil como você pensa. – olha quem fala, a rainha/criadora do termo passivo-agressivo. Não é exatamente culpa minha se herdei os genes bons.

- Sim, mamãe. – é tudo que me darei ao trabalho de responder. Coisa que eu mais odeio é ter que agüentar sermão, honestamente, é pior até do que quando a Barneys fecha durante a semana. É, eu sei, isso soou tão superficial. Mas simplesmente andar pela Barneys era tão relaxante quando eu morava em Nova York. Talvez eu devesse começar a ajudar os pobres ou sei lá. Os pobres! Isso. Agüentar sermão é quase pior do que ser pobre. Tá, admitam, agora melhorou.

Sábado de manhã e enquanto me durmo tenho que agüentar as incessantes batidas do Inuyasha na minha porta.

- Já acordou? Temos que ir logo!

- Não, eu ainda não acordei! Vá embora! – me viro na cama e jogo o cobertor por cima da minha cabeça na tentativa desesperada de abafar o barulho.

- Kagome, sai dessa maldita cama, droga!

- Aham... – murmuro sonolenta.

- Anda logo, Kagome! Não tenho o dia todo!

- Já levantei! Que mal-humor!

- Ka-go-me! – silibou ele voltando a bater agressivamente na porta.

- Estou indo! Credo. – Gritei de dentro do quarto. Ele realmente não está nervoso atoa, devo admitir, estamos quase uma hora atrasados para festa da Maya e eu ainda estava me arrumando. Ele já estava nervoso porque Sango saiu mais cedo para a festa com o motorista então mamãe o obrigou a me levar para festa já que ele ia para o mesmo lugar.

- Que demora! Não é como se você conseguisse melhorar alguma coisa gastando tanto tempo.

- Há há. Continue assim e demorarei ainda mais.

- Porra, Kagome! É pra hoje!

- Estressado. – Suspirei abrindo a porta. Usava um biquíni azul-turquesa que havia comprado na Bendel's antes de nos mudarmos, o biquíni realçava o azul dos meus olhos e uma saia preta de seda que marcava meu quadril. Estava perfeito. Se não conhecesse o Inuyasha diria até que ele esboçou um sorriso ao me ver. Vai ver era só gases.

- Finalmente. – disse ele.

Corri de volta para o quarto e peguei minha blusa sobre a cama. Era da mesma cor do biquíni com um pequeno decote vantajoso mas ainda assim possuía um ar desleixado. A vesti e me voltei a Inuyasha.

- Vamos?

- Não, pretendo passar o resto do dia a sua porta!

- Seu sarcasmo me comove.

No elevador o silencio não podia ter sido maior o que para mim e Inuyasha é algo realmente estranho, há essa hora já deveríamos estar trocando insultos novamente.

Fiquei ainda mais surpresa quando ele abriu a porta do carro para mim.

- Podemos nos odiar mas ainda tenho boa educação. – bufou ele.

Dei um sorriso doce, realmente havia sido algo gentil mesmo que ele não admitisse.

- Obrigada.

Estávamos há quase 100 km/h em pleno centro de Tóquio, que devo ouso dizer ser realmente bem parecido com o de Nova York. Grandes aglomerações de pessoas, lojas e outdoors. Adoro andar em alta velocidade principalmente no Saab prateado de Inuyasha. Ah, como amo esse carro. Ele abriu o teto solar.

- Se contar para nossos pais que corri, nego completamente.

- Não se preocupe, adorarei usar isso contra você algum dia então não pretendo contar a eles tão cedo.

Ele trocou a marcha e pude notar que ele estava usando um anel de prata em formato de cobra no polegar. Se ele não fosse o Inuyasha, acharia aquilo terrivelmente sexy.

Já estávamos na estrada quando o maldito pneu furou, a casa de campo de Maya onde estava sendo a festa ficava à uma hora da cidade.

- Não acredito, era só o que me falta! – esbravejou ele.

- Você fica uma graça estressado, Inuyasha. –Ironizei.

- Cala a boca, Kagome. Não to com humor pra você hoje. – gritou ele já trocando o pneu.

- Me surpreende saber que tem dias em que você está. – murmurei encostada no carro olhando minhas unhas.

- Você sabe muito bem que ouvi isso! – gritou ele novamente.

- Você sabe muito bem que foi a minha intenção. – murmurei em resposta.

- Então quer parar de murmurar? – gritou impaciente. Para alguém que namorou Kikyou ele realmente é muito esquentadinho.

- É para ver se assim você para de gritar. – continuei

Ele se levantou mostrando que havia terminado, foi em minha direção com uma cara nada amigável e segurou meus braços com suas mão, tão grandes, fortes, um pouco sujas com graxa. Já estava encostada no carro antes mas com sua força sobre mim me senti quase prensada, sem ação.

- Kagome, pare de brincar comigo. Você é o que estou menos precisando no momento.

- Não sei, Inuyasha. Talvez eu seja exatamente o que você está precisando. – respondi tentando não demonstrar o quanto aquele toque e aquela proximidade me abalavam. Ele soltou um de meus braços e passou a mão em meu rosto tirando um fio de cabelo que ali havia caído senti meu corpo se estremecer e podia jurar ter visto desejo em seus olhos o que causou um pequeno arrepio em meu corpo. Ah, como eu queria saber o que se passava pela cabeça dele, passava o tempo todo sendo tão rude e grosso que só podia estar querendo brincar comigo. Mexer com minha cabeça para usar isso contra mim eventualmente. Sua mão estava fria e quando a depositou sobre a maçã de meu rosto por alguns segundos a segurei com a minha quase que por reflexo, ele estava mexendo com meu equilíbrio, meu coração palpitava desesperadamente enquanto ele aproximava ainda mais seu rosto do meu e com as pernas quase bambas tinha a certeza de que se não estivesse tendo o apoio do carro atrás de mim já estaria no chão. A mão que ele segurava meu outro braço começou a percorrer por minha cintura lentamente, os carros que anteriormente passavam rapidamente na estrada a centímetros de nós pareciam ter desaparecido subitamente e logo estávamos em uma dimensão onde só nossa. Não me recordava de alguma vez ter experimentado emoções similares e temia o que aconteceria em seguida o que justifica o alivio que senti quando um carro passou buzinando nos despertando daquele nosso universo paralelo. Afastamos-nos tão rápido que quando percebi já estava dentro do carro. Senti seu olhar sobre mim mas continuei a olhar para baixo, encarando minhas próprias pernas, não queria encontrar seu olhar naquele momento e acredito não precisar dizer o quanto o resto da viagem foi silenciosa.

Quando chegamos, Inuyasha parou o carro a alguns metros da casa por o local já estava lotado do mesmo. Ele saiu do carro e deu a volta nesse logo abrindo a porta para mim. Saí e ele, fortemente, bateu a porta demonstrando sua frustração sem ao menos dizer uma só palavra enquanto eu caminhava para dentro da casa onde a porta já estava aberta e o som ensurdecedor, logo ele estava atrás de mim novamente, por muito pouco tempo, segundos depois pude vê-lo seguir em direção ao um garoto moreno de olhos escuros, foi quando me toquei que não conhecia nem mesmo os amigos de Inuyasha, talvez não conheça nem mesmo o Inuyasha. Ah, eu preciso beber alguma coisa! Forte de preferência.

- Kagome! Finalmente! Pensei que havia morrido na cama.

- Como você ousou me deixar em casa com ele? – Perguntei irritada apontando para Inuyasha do outro lado do cômodo.

- Ah K. eu tinha mais o que fazer do que esperar você acordar, né maninha. – suspirou Sango.

- Ridículo! E você ainda se diz minha irmã. – revirei os olhos em desdém.

- Oh, minha rainha do drama! – disse Maya me abraçando.

- Bela festa.

- Não ainda. – sorriu Maya, maliciosamente.

- O que você está aprontando? – indaguei.

- Ok, a aposta é a seguinte: se você pegar Kouga, o Naraku terá que pegar a Kikyou na frente do Inuyasha e caso isso aconteça o Miroku terá que ficar apenas com a Sango pelo resto do dia...

- E como você conseguiu isso? – perguntou Sango, afinal a fama de Miroku era de ser um mulherengo instável convicto.

- Calma, tem mais.

- Pelo amor de Deus, eu já não consigo nem lembrar quem eu deveria pegar quanto mais o resto de sua aposta absurda. – reclamei.

- Continuando – ela me ignorou. – logo se o Miroku conseguir ficar apenas com a Sango até mais ou menos 19h eu terei que pegar o Houjo, o que você sabe muito bem que não estou a fim de fazer, mas se a aposta não der certo o Bankotsu e seus amigos ganham mil ienes. Fora o resto do pessoal que a esse ponto já está fazendo seus próprios bolões de aposta.

- Então se eu pegar o Kouga a gente ganha mil ienes?

- É claro que o resto da aposta tem que correr corretamente para ganharmos mas basicamente isso é tudo que você tem que fazer.

- Você tinha bebido quantas quando fez essa maldita aposta? Olha quanta coisa tem que dar certo para ganharmos!

- Mas tem uma pegadinha nisso também. – acrescentou Maya.

- Vocês estão me dando dor de cabeça. – reclamou Sango com a mão nas têmporas.

- Bom, para que Bankotsu ganhe o dinheiro ele também precisa fazer com que o Inuyasha aceite pegar você, ou seja, estamos feitas! Vocês dois se odeiam, não é?

- Sim, mas...

- Sem "mas" Kagome, desde quando você foge de uma aposta?

- Não fujo, mas que fique claro que isso é totalmente sem sentido.

- Mas é claro que é sem sentido, ela está bêbada desde as 9h da manhã! – bufou Sango.

- Agora vá Kagome, não tenho o dia todo.

- Na verdade você tem sim. – suspirei. – E primeiro eu tenho que ir até o bar. – Segui até o bar improvisado na casa da piscina sendo seguida pelas duas. Pareci levar meia hora para chegar ao bar com todas aquelas pessoas me cumprimentando no caminho. Esse é o lado ruim de se chegar tarde em uma festa, todos já estão lá e você é obrigada a cumprimentá-los juntos.

- Tequila, por favor.

- Dose? – perguntou o garçom atrás do bar, um homem mais velho, nada atraente.

- Não, a garrafa. – ele me olhou desconfiado procurando algum tom de ironia em minha voz e quando não o achou finalmente me deu a garrafa.

- Obrigada. – disse logo bebendo o líquido. Segundos depois e a garrafa na metade a abandonei em cima do balcão do bar e simplesmente andei em direção a Kouga que estava de costas para mim, coloquei a mão sobre seu ombro e ele logo virou para me cumprimentar, lacei meus braços envolta de seu pescoço e antes que ele pudesse falar alguma coisa, o beijei. Após alguns segundos Kouga começou a retribuir e logo me beijava intensamente em meio a tantas pessoas.

- Arrumem um quarto. – alguém que passou por nós gritou.

- Bom, depois nos falamos. – falei ao nos desvencilharmos e segui até onde as meninas estavam não deixando de notar Naraku sair do canto esquerdo em direção a Kikyou que conversava com Kagura perto de Inuyasha com cara de poucos amigos e o moreno com quem ele ainda conversava.

- Vocês são más. – sussurrei apoiando os braços no balcão de costas a esse para poder apreciar a bagunça que iríamos causar.

- Aprendemos com você. – rebateram as duas em uníssono.

De repente Naraku estava puxando Kikyou pelo braço para longe de Kagura que veio em nossa direção. Os dois conversavam quando Kagura parou ao meu lado.

- O que vocês fizeram?

- Por que presume que fizemos algo? – retruquei.

- Porque você é Kagome Higurashi e porque não consegue tirar esse sorriso de criança quando apronta do rosto.

- Ah, mas eu não fiz nada dessa vez, apenas dei uma pequena contribuição.

- O que ela quer dizer? – perguntou Kagura voltando sua atenção a Sango e Maya.

- Assista, Kagura. – respondeu Sango.

Naraku passava a mão em volta da cintura de Kikyou e a aproximava dele enquanto Inuyasha não parecia nada feliz ao lado. Ah, como Tóquio é divertida!

Droga. Agora Kouga estava na minha frente falando vai Deus saber o que comigo enquanto eu simplesmente assentia e de tempos em tempos dava uma risadinha. Naraku já beijava Kikyou e Inuyasha passou por nós batendo no ombro de Kouga ao passar.

- Olha por onde anda!

- Se enxerga, lobinho.

- O que disse? – retrucou Kouga dando um leve empurrão em Inuyasha, o que foi o bastante para que Inuyasha respondesse com um soco no rosto de Kouga. Se não fosse trágico seria tão hilário! Inuyasha deixou o local e fui atrás dele o puxando pelo braço.

- O que foi aquilo? – perguntei, afinal, ele não tinha o direito de bater no Kouga independente do quão chateado estivesse com Kikyou e Naraku, mas ele não me respondeu me olhando irritado e seguiu. Voltei para casa da piscina rapidamente e me abaixei ao lado de Kouga que ainda se levantava do chão.

- É melhor entrarmos na casa, sua boca está sangrando. – falemos a verdade, a esse ponto eu já não dava a mínima pra aposta, aquilo era simplesmente tão divertido.

- Não precisa, eu estou bem.

- Então vem comigo, o guiei até um dos banheiros da casa principal e umedeci uma toalha para limpar o sangue do corte no canto de sua boca.

- Obrigada, Kagome. – sorri em resposta realmente encabulada.

- E então, como está indo a aposta?

- Bem. Sango está na piscina com Miroku mas ainda não ficaram, acho que a Sango está tentando enrolar ele um pouco. Você perdeu! Ele tentou apalpar ela e levou um tapão no rosto! Deu estralo e tudo. – comentou entre risos uma bêbada Maya.

- Imagino. – comecei a rir imaginando a situação. – Mas afinal, quantas horas são? Os dois têm que ficar juntos até às 19h não, é?

- São 17h e alguma coisa. Sinto que estarei com a enxaqueca do século quando acordar amanhã.

- Normal. – Dei de ombros. – Para mim será pior, terei que agüentar a hostilidade de um almoço com minha querida "família" e Kikyou.

- Kikyou também não seria parte de sua família?

- Você entendeu o que eu quis dizer!

- Não grita, merda!

- Ta, desculpa. – revirei os olhos. – Já que estamos falando da Kikyou, como está ela e Inuyasha? – perguntei jogando verde.

- O que está fazendo? – Ok, é oficial, isso já é assédio! Kouga abraçava minha cintura e Maya fazia uma cara de "você não está vendo que estamos conversando?" e kouga respondia com um olhar de "não dou a mínima para seu mal humor" e eu lá tipo... Puts, que diabos eu to falando? Ta, vamos voltar ao mundo real onde eu não fico interpretando caras e olhares para variar!

- Conversando com a Maya, Kouga.

- Por que não vem conversar comigo lá dentro? – pediu ele fazendo Maya fuzilá-lo com um olhar.

- Não posso agora, eu... eu tenho que levar uma garrafa de... rum! – disse pegando a garrafa da bandeja do garçom que acabara de passar ao nosso lado. – para a Sango. – completei.

- Ok, mas quero você lá daqui a pouco, hein. – pisquei em resposta saindo em direção à piscina. Ai que vontade de vomitar! Bebi logo um pouco do conteúdo da garrafa antes que aquilo passasse de ser apenas uma ânsia, quando passei pela piscina pude notar que o moreno que havia visto com Inuyasha mais cedo era na verdade Miroku, ele estava mais alto, forte e por isso não o havia reconhecido. Estava bonito.

Com a garrafa na mão quase corri até a casa da piscina que estava definitivamente mais vazia, a maioria das pessoas estavam na casa jogando uma espécie de "verdade ou desafio" mais ousado, se você me entende. Sabe, quando se tem tudo é muito mais fácil ficar entediado. Adentrei o banheiro da pequena casa, era de mármore branco possuia uma banheira para quase sete pessoas e um pequeno sofá estilo colonial, algumas plantas e aquelas coisas de sempre. Fechei a porta e suspirei sentando no sofá bege para logo ver a porta sendo aberta rapidamente e logo trancada. Ele veio em minha direção como se tivesse certeza daquilo, como se precisasse fazer aquilo.

- Inuyasha... – Eu realmente preciso aprender a trancar portas e ele a bater.

Continua.

Obs: Não tive tempo de revisar então me perdoem por qualquer coisa. Obrigada aqueles que leram até aqui.