Um vale sem vida. Armas quebradas em qualquer lugar que se olhasse. O cheiro de sangue impregnava o ar. Em tal ambiente certamente seriam visíveis os pássaros carniceiros, mas por algum motivo nem mesmo eles sobreviveram ao que aconteceu naquele mórbido vale.
Era quase como se todos no nosso planeta tivessem sumido e o observador era a única pessoa viva, e se culpava por causa disso. Todas as mortes haviam sido por sua causa. Tudo aconteceu porquê fora um covarde e não conseguiu salvar a todos, o que normalmente geraria um forte sentimento de culpa que o corroeria até o final de sua vida, mas ele já estava tão perturbado que sequer derramou uma gota de lágrima para lamentar seus feitos.
Uma vez, se chamou de aliado da justiça. Um herói. Um símbolo do bem, alguém cujos ideais motivassem todos ao seu redor. Quando foi que ele se tornou tão "corrompido"? Quando foi que ele decidiu parar de se importar com aqueles ao seu redor? Por que ele se tornou um ser tão vazio?
– Fu fu fu... FWAHAAHHAHAHAHA – Até sua risada denunciava que já estava – Fique orgulhosa de mim! Não era isso que você queria que eu me tornasse? Um mago imbatível que não deixa seus sentimentos interferirem? Pois bem sensei, parece que você obteve sucesso! Consegui derrotar a tudo e a todos! Nem mesmo os deuses conseguiram me parar! Nem mesmo o Kiritsugu!
E então se deitou ao lado do cadáver. Um cadáver vestido com uma blusa de mangas compridas vermelhas, que usava uma mini-saia e uma meia ¾. O cadáver da pessoa que ele mais amou em vida, da única pessoa que jamais desistiu dele. De uma garota linda e talentosa, que gerava inveja em toda comunidade mágica. A garota que amou. A garota por quem daria sua vida sem pensar duas vezes. Tohsaka Rin.
E então acordei, ainda no meio da noite. Passando a mão por meu rosto para tentar espantar a preguiça, percebo que meu rosto assim como meu corpo, estava totalmente coberto por suor. Esse mesmo sonho vem se repetindo há cinco dias, e ele me assusta. Não sei o que faria da vida se Tohsaka estivesse morta, mas me acalmo ao olhar para ela ao meu lado na cama.
Um ano se passou desde A Guerra pelo Santo Graal, e vim para a Inglaterra com a Tohsaka para me tornar um mago, treinando na Torre do Relógio junto com outros aprendizes. Os dias passavam tranquilamente enquanto eu prestava mais atenção a Rin do que às aulas em si. Estávamos apaixonados, e o futuro parecia brilhante. Os outros magos da Torre me ridicularizavam por não ter uma linhagem de magos (algumas famílias tem mais de 15 gerações de herança mágica, então o conhecimento acumulado por eles era muito maior que o meu.), mas a Tohsaka sempre me protegeu.
Sinto-me envergonhado por depender tanto dela, até hoje.
Três anos depois de entrar para a classe da Torre, uma rebelião da Igreja surge. Com o passar do tempo, a Igreja perdeu influência e não aceitava que cada vez mais a magia se expandia, então resolve por um ponto final nessa história. A luta entre os Executores (assassinos profissionais da Igreja) e os magos durou cinco anos e ocorreu de forma indireta para não causar pânico nas pessoas normais. Eu participei da guerra, e devo dizer que deve ter sido por causa dela que no futuro virei um Espírito Heróico, e durante ela a Tohsaka engravidou. No final, o grupo dos Executores foi desfeito e o lado dos magos perdeu vários nomes importantes. Lutei com todas minhas forças até o fim para proteger minha nova família. No processo fui alvo de inúmeras "maldições" (equivalente a magia para a Igreja) e minha pele se escureceu e meu cabelo clareou. Fui um dos magos que mais tiveram destaque na guerra, junto com Waver Velvet (falo dele outra hora).
Rin – tive que começar a chamá-la assim – não pode voltar a estudar na Torre por conta do nosso filho, Arthur. Começaram a me tratar como herói assim que voltei, e toda zombaria se tornou admiração. Agora que era um dos melhores alunos, lecionava a Rin o que aprendia lá.
Agora, um ano depois, sou somente um jovem pai celebridade com um pesadelo que insiste em repetir. Mas como a noite continuava e eu precisava dormir para mais um dia cansativo, voltei a me deitar em minha cama. E foi então que o sonho mais estranho da minha vida começou.
O sonho se passa em um quarto totalmente branco, que me dava a impressão de estar em um hospital medonho muito limpo.
Uma pessoa, totalmente vestida de branco aparece na minha frente. Não era possível determinar se era um homem ou uma mulher, mas seu sorriso já denunciava sua natureza insana. O sorriso era tão grande que parecia até mesmo... Desumano e cruel.
- Fufufufu... Você está convidado para a guerra pelo verdadeiro Santo Graal!
