A Capa Mágica

― Pai... pai...

Harry abriu os olhos. Dois olhinhos chorosos, da mesma cor dos seus, o encaravam. O homem sentou-se na cama e colocou os óculos que estavam na cabeceira.

― O que foi, Albus? ― perguntou Harry baixinho para não acordar Ginny, que dormia tranquila ao seu lado.

― Eu tô com medo... Eu não queo domi sozinho, pai! ― exclamou ele, em um sussurro desesperado.

― Medo do quê? Não tem porque ter medo de nada ― disse Harry.

― Mas eu tenho medo... de tasgos e aclomântulas e bicho-papões...

― Ei, vamos lá no seu quarto ― interrompeu Harry, levantando-se e conduzindo o menino pelos ombros. ― Senão vamos acabar acordando a mamãe.

Chegando então no quarto do garoto, Harry sentou-se na cama do filho e o menino fez o mesmo.

― Olha, Al, eu nunca contei isso para ninguém. Eu só vou contar para você. Mas eu quero que prometa que vai manter segredo ― começou Harry, sério.

― Eu pometo. O que você vai me contar, pai? ― perguntou Albus, curioso.

― Sabe, quando eu tinha mais ou menos a sua idade, uns cinco ou seis anos, apareceu uma criatura estranha no meu quarto.

― Um monsto?

― Não, ele era bonzinho. Eu não sei o que ele era, mas ele me deu um presente.

Pesente?

― É, o melhor presente que eu poderia ganhar! ― contou Harry. ― Ele me deu uma capa mágica.

Albus arregalou os olhos.

― É aquela capa sua de imbisibilidade, pai? ― perguntou ele.

― Ah, não. É uma outra capa diferente. É uma capa que protege a gente de tudo. Quem a usa, não pode ser machucado por trasgos, nem acromântulas, nem qualquer outra coisa ― contou Harry.

― Uau!

Albus olhava para o pai admirado.

― E sabe, filho, acho que agora está na hora de dar ela para você.

Albus arregalou os olhos para o pai, surpreso. Harry sorriu.

― Mas... você não pecisa dela?

― Ah, eu acho que você precisa dela mais do que eu. Você quer? ― perguntou ele.

Queo!

O garotinho sorriu, os olhos iluminados.

― Então eu vou dar ela para você. Mas olha, ela é invisível. Você não sente que está com ela também. Mas você não tem ideia do quanto ela é poderosa...

Harry fez então um movimento com as mãos, como se desamarrasse um nó invisível. Passou em volta do pescoço do filho, que olhava para tudo concentrado, e a amarrou de volta.

― Pronto.

Obigado, pai ― agradeceu o menino abraçando Harry. Ele deu uns tapinhas carinhosos nas costas do filho e disse:

― Agora, Al, pra a cama.

O menino deitou e puxou as cobertas até o pescoço.

― Quer que eu fique aqui até você dormir? ― perguntou Harry.

― Não pecisa, papai, eu já to potegido ― falou ele, batendo de leve sobre o peito para mostrar a capa.

― Então... boa noite ― desejou Harry se dirigindo à porta do quarto. ― Posso apagar a luz também?

Albus pareceu meio apreensivo.

Ato melhor deixar acesa, sabe... ― disse o pequeno. ― Pala caso apaeça um bicho-papão, eu posso, é, sabe...

― Tudo bem ― riu Harry. ― Boa noite, filho.

E Harry saiu do quarto, se recostando na parede do corredor para sorrir por um momento. Era tudo mentira, é claro. Mas ele sabia que se Albus acreditasse, a capa seria real. E o protegeria se ele precisasse.


N.A.: Não deixem de comentar! ^^