Satânica – A Hidra

No bosque

Um sorriso maléfico percorreu-lhe os lábios. Era um sorriso que completava, cabalmente, o olhar enlouquecido do jovem postado entre as árvores daquele lugar solitário, únicas testemunhas dos atos de insanidade que ele cometera.

Odiava aquele garoto moribundo à sua frente. Odiava ainda mais aquele ar pomposo e cheio de afetação que ele tinha ao falar, sempre olhando para todos do alto de sua arrogância. Ele merecia o que lhe ocorrera. Sim, ele merecia ser aviltado como fora. Mas será que merecia a morte?

Estava nu jogado ao chão sobre as folhas úmidas do bosque. Corpo esguio e bonito de rapaz pronto para entrar na vida adulta. Estava pálido, muito mais pálido do que de costume. Hematomas por toda parte, mãos amarradas firmemente. Seus olhos acinzentados, agora fechados, denunciavam sua total rendição ao coma violento.

O corpo de Draco Malfoy estava em frangalhos. Seus belos lábios maltratados por violência sem limites, estavam entreabertos deixando passar apenas um fio grosso de sangue. Não tinha consciência do estado em que estava seu rosto, seu corpo e sua dignidade depois do acesso de fúria luxuriosa de seu colega.

Mágoa e ódio eram o que se podia ver nas profundezas dos olhos vitrificados do agressor. Costas e peito arranhados pela luta com seu colega-inimigo, uma luta em vão já que Draco era mais fraco que seu oponente grifinorio. O perfume da violência espalhava-se por aquele bosque.

Virando com esforço o corpo inerte, mas ainda vivo de Malfoy, o agressor, em estocadas firmes, violenta pela segunda vez o jovem sonserino cuja respiração não é mais que um cicio.

Ele força seu quadril contra o corpo de Draco uma, duas, várias vezes, e o faz com raiva, até que num grito de prazer incontido, lança seu rosto aos céus limpos de uma noite de Lua-Nova erguendo os braços e fechando os olhos num êxtase maligno.

O agressor deita-se sobre o rapaz, ele também está nu. Suspira quando sente seus mamilos encostarem sobre a pele morna de Draco. Estremece pelo prazer que o toque proporcionara; há muito tempo queria sentir aquilo. Aquele ódio e rancor guardado desde a primeira vez em que se viram misturado ao tesão que sentia ao ver Draco ali deitado. Não pensava em outra coisa a não ser tocá-lo intimamente. Dominá-lo, maltratá-lo e acariciá-lo como estava fazendo agora.

Introduzia dos dedos de sua mão esquerda no ânus de Draco, enquanto vagarosamente acariciava com a mão direita os cabelos loiros cheios de terra e folhas do sonserino.

Como era bom ter Malfoy assim, tão indefeso, angelical, respirando com dificuldade sob ele. Sentir suas coxas tocando as dele enquanto relembrava as palavras desagradáveis que Malfoy dissera há poucos minutos atrás. Como era maravilhoso sentir-se dono daquela situação.

O sangue de Draco tinha um gosto bom, tomou-o enquanto o beijava longamente, lambendo-lhe o rosto com vontade feroz, como um animal. Ele queria tudo o que o sonserino pudesse lhe dar. Absolutamente tudo! Seu cheiro, seu gosto, a textura de sua pele, sua alma se fosse possível.

E em troca deixaria sua "marca" no corpo dele. Deixaria seu sêmen e seu odor, suas lembranças e seu ódio marcados no corpo daquele bastardo. E ninguém a não ser eles e aquele bosque maldito, vazio e cheio de perigos, saberiam do seu segredo. Do nosso segredo, não é Draquinho?

De pé o agressor lambe os lábios perversamente depois de já ter gozado fartamente sobre o colega inconsciente, e cuspindo sobre o corpo imóvel com desdém sorri de lado uma última vez. Levanta-se, veste-se vagarosamente saboreando o momento de vingança, e assoviando uma antiga canção de ninar, ele se vai com as mãos no bolso como se nada tivesse acontecido.

Naquela mesma noite a Senhora da Sombra, montada sobre uma brisa suave, passou por aquele lugar, carregando consigo a alma angustiada de Draco Malfoy.

Personas

Está se sentindo culpado, seu covarde? Está mesmo com peninha daquele imbecil do Malfoy, não é? Ele recebeu uma lição bem dada, meu caro. Você o ensinou a nunca mais mexer com você!

Agora ele está lá, agonizando, sentindo-se imundo e sem orgulho, um autêntico Malfoy servindo como putinha para um grifinorio. Deve estar se contorcendo de vergonha agora, se remoendo de raiva por dentro por você ter dado uma boa lição a ele.

Mas o garoto vai sobreviver, vai se levantar, sacudir a poeira e não dirá nada, ele é orgulhoso demais para isso. O máximo que pode dizer é que se envolveu numa briga, e só.

Pensando bem, nós o largamos sozinho na floresta, talvez fosse mais sensato voltarmos lá, só para ver como ele está, só para ter certeza de que não passamos dos limites com ele? Afinal ele é seu... colega, não? Seria desagradável se ele por acaso...

Ah, que bosta! Para com isso, sua bichinha. Não seja mole com um Malfoy!

Nem morto que você vai voltar lá! Eu não permitiria que você fizesse tal imbecilidade conosco, ta me ouvindo? Ele que se dane! Afinal de contas não se deve voltar à cena do... "crime". Se é que se pode dizer isso. Não, maltratar um Malfoy nunca será crime, é diversão, ouviu bem? Não têm do que se envergonhar.

Além do mais, fui eu quem fez tudo. Você apenas assistiu a "coisa" toda acontecer. Apenas sentiu o prazer, e nada mais. Nós bem sabemos que você é frouxo e certinho demais pra isso. Eu vivo aqui dentro com você desde o sete anos e ainda não consigo me conformar com esse seu jeito lerdo de ser.

Eu vou sempre estar aqui pra te proteger. Pra te dar apoio nas horas difíceis. Eu te amo de verdade e não aquele idiota do Potter. É a mim que você deve eterna lealdade e obediência sempre, me ouviu?

E em troca vai receber recompensas maravilhosas como as de hoje. Quero que você jamais se esqueça do que participou e viu hoje, está bem? E isso é uma ordem e não um pedido. Quero que se sinta forte e superior em relação a todos, porque essa é a realidade, meu caro. Porque o que eu fiz hoje foi por você e não por mim. Eu juro! Foi para melhorar a nossa qualidade de vida e te dar uma coisa que há muito sonhava, não é.

Vamos não seja tímido, esqueceu que dividimos o mesmo espaço, meu caro? Esqueceu que somos tudo um para o outro, somos faces de um mostro só, como a Hidra da história Muggle?

Vamos não chore! Não tenha medo de nada, porque ninguém vai descobrir qualquer fato que nos comprometa, meu amado. Afinal eu cuidei de tudo.

Ah, aquele corpinho firme e delicioso fez valer a pena todo o tempo de espera e planejamento. Aquele traseiro macio dele, quem diria, é de arrasar. E os gemidos que ele dava me deixavam com mais vontade de bater nele, como se fosse minha "menina", minha "bonequinha". Aquela pele sedosa e bem tratada, que será que ele passa nela, hein? Seja lá o que for têm um cheiro gostoso...

Bom mesmo foi ver a cara de medo que ele fez quando comecei a amarrar suas mãos sem uso de magia, você não acha? Eu queria sentir a angústia nos olhos dele, queria sentir o cheiro do medo, e consegui. Aquele odor maravilhoso ficou impregnado em minha mente e acho que não sai mais.

Você gostou também, não foi? Claro que gostou, eu vi sua cara de pervertido enquanto o torturava, e chego mesmo a ter dúvidas se não foi você quem desferiu aquele golpe certeiro que quebro o nariz dele. Aquele golpe que o fez cambalear feito criança. Eu não me lembro de tê-lo dado, e os outros dois juram de pés juntos que não foram eles.

Se lembra quando comecei a tirar a roupa dele devagar? Ele tremia como se estivesse com frio, e talvez estivesse mesmo. Tirei a blusa, depois as calças e por último, mais não menos importante, a sua roupa de baixo que fiz questão de arrancar com muita, mas muita violência. Arranhei as pernas dele durante o processo tirando-lhe um grito de dor. Foi engraçado! Não deu pra conter o riso, não foi? Eu até gargalhei na cara dele e o infeliz me devolveu uma expressão de raiva e xingamentos típicos.

Você se lembra o que eu fiz, hein? Se lembra? Respondi com um soco bem dado no estômago dele fazendo-o tossir e vomitar como se estivesse bêbado, cara. Eu gostei de ver aquilo. Gostei ainda mais de ouvir suas palavras, tão belas e cheias de raiva e angústia, e eu tinha acabado de começar a torturá-lo:

"O que pensa que está fazendo... não, cara! Não faça isso...".

Ele se engasgou quando disse "não faça isso", estava chorando como uma garotinha medrosa por eu estar apertando o pescoço dele, sufocando-o e depois deixando-o respirar em golfadas profundas em busca de ar. Foi hilário!

Devo admitir que tive pena quando ele me pediu "por favor... por favor... pare, pare...". Mas logo mudei de idéia quando o ouvi falar baixinho bem submisso e desesperado, do jeito que nós gostamos "... eu faço tudo o que você quiser... tudo... tudo o que quiser... se você parar... agora... tudo...".

Confesso que quis quebrá-lo ao meio quando disse isso, e tenho certeza que você sentiu a mesma coisa, não foi mesmo. Eu queria traspassá-lo, rasgá-lo completamente com meu membro. Uma fúria e uma satisfação tomaram conta de mim. Draco era finalmente meu menino, meu garotinho indefeso, justo um Malfoy. Todos se orgulhariam de mim, se orgulhariam de nós.

Todos me aplaudiriam finalmente, e então conseguiríamos a atenção que merecemos. Os rapazes e as garotas deixariam de olhar apenas para o imbecil do Potter, e só enxergariam você e de certa maneira, eu. Está bem, eu não quis chamá-lo de imbecil, mas é o que ele é por desperdiçar alguém tão bom e gostoso como você.

Aquela bichinha do Malfoy implorou pela própria dignidade! Implorou para que eu não arrombasse seu "anelzinho" apertadinho com muita força. E como implorou, cara! Mas eu não parei, "comi" ele todinho até não sobrar mais nada, até ficar no "osso".

Caprichava nas estocas violentamente, e cheguei a pensar que de fato eu teria "esgarçado" o garoto puro-sangue, mas ele suportou estoicamente.

Gostei do "gran finale", a escarrada que dei sobre o Draquinho violentado, gozado e arrombado. Foi um toque de crueldade, eu admito, mas você também quis participar. Também quis colocar a "cereja" sobre o bolo, eu bem que vi.

E depois de todo prazer que nós sentimos hoje pela madrugada, você quer que eu te leve até lá pra ver se o cretino do Malfoy está vivo. Nem por mil demônios dos infernos eu voltaria lá. Já fizemos o que deveríamos e queríamos fazer. Se ele morreu ou ficou muito mal não é problema seu. Não deve se preocupar com nada, meu amor. Deixa que eu me responsabilizo por tudo. Se ele não resistiu, paciência. Que se vá para os quintos dos infernos e queime como deve ser queimada toda bichinha enrustida como ele.

No entanto, eu lhe garanto que ele deve estar bem, e vai superar legal o ocorrido... eu acho. No final das contas vai ser bom pra ele. Digamos que seja um tipo de "lição" que há muito ele deveria aprender.

Você deveria confiar mais em mim. Quando foi que eu te decepcionei? Se me deixasse cuidar do Potter, talvez vocês já estivessem namorando. Mas não, você é um cabeça-dura teimoso, tímido e desengonçado. Se não fosse eu sua vida já teria ido parar definitivamente na latrina.

Se lembra aquela vez no vestiário? Quando você flagrou em segredo o Potter se masturbando como um doido? Friccionava aquela coisinha que ele chama de pau como se daquele ato dependesse a sua própria vida. Estava tão concentrado que não percebeu você chegar, de mansinho e ficar espionando-o, em segredo. Eu mandei você cair de boca, literalmente, mas não, você ficou cheio de pudores e medos; estava todo inseguro. Mesmo depois do infeliz do Potter ter falado seu nome enquanto gozava – e que gozo enorme, quase lavou metade de vestiário – você não se aproximou. Antes ficou lá, tocando bronha, escondido atrás do armário. Atrás do armário... emblemático isso, não acha seu covarde?

E é por isso que eu estou aqui, pra deixar sua vida menos insignificante. E mesmo assim você ousa duvidar de minha capacidade com acessos de sentimentalismos babacas. Sem piedade, lembre-se sempre disso. Sem piedade!

Você e esse seu coração mole! Só pelo bem que fizemos a Hogwarts e a Grifinoria deveríamos ganhar uns cinqüenta pontos e um busto no salão comunal da Casa.

Depois do que fizemos, meu caro Rony Weasley, todos irão nos temer e adorar. Se irão...