Disclaimer: o universo pertence a J.k. Rowling.
Penseira Perdida
Ano 1971-72
São Valentim
Era dia de São Valentim.
O salão principal estava de acordo com o romantismo da data - as colunas ornadas de tecidos de seda rosa e vermelho, as mesas estavam regadas de pétalas e continham arranjos de flores sorridentes que balbuciavam uma balada romântica. Pequenos querubins sobrevoavam as mesas das quatro casas empilhadas de alunos, que conversavam e jantavam animados. O teto enfeitiçado mostrava um céu perfeitamente azul e estrelado. Volta e meia, um envelope flutuava por ele como uma estrela cadente, aterrissando no colo do seu destino.
Sirius Black tentava, inutilmente, prestar a atenção na sua sopa de cenoura, porém, o máximo que conseguia era dar duas colheradas sem que fosse interrompido por uma carta voadora de amor. James Potter, ao seu lado, também ostentava a sua própria coleção. Remo Lupin se divertia lendo as cartas dos colegas e Pedro tentava silenciar um vaso de flores cantantes que estava bem em sua cara.
"Que diabos!" Ele amaldiçoou, lançando um feitiço fracassado de silenciamento que fez a delicada melodia se transformar em algo parecido com o choro de uma mandrágora com cólicas renais que chamou a atenção do salão inteiro. Os alunos tamparam os ouvidos imediatamente, tentando protegê-los do lamento agudo. Pedro olhava em pânico para os colegas que também colocavam as mãos na cabeça - Sirius isolando cada orelha com um pão. Um segundo depois, o vaso de flores diabólicas desapareceu. Os alunos soltaram suas orelhas lentamente, de modo a terem certeza de que o som macabro tivesse cessado.
O professor Dumbledore guardava a varinha quando disse "Voltem a jantar!" um pouco com humor, um pouco com autoridade.
Minutos depois, o incidente transformou-se em motivo de riso, animando ainda mais o jantar e a mesa da Grifinória. Pedro sentia-se orgulhoso em ser o centro das atenções. James e Sirius imitavam a sua expressão atormentada, fazendo todos a sua volta cair na gargalhada.
Próximo a ali, as meninas do primeiro ano conversavam sobre suas experiências com magia antes que tivessem recebido a carta de Hogwarts. Celestia Leach era mestiça, seu pai trabalhava no escritório internacional de direito em magia do Ministério e nunca havia contado à senhora Leach que era um bruxo.
"Papai tinha medo de que o rejeitasse, já que ela é muito católica. Fui criada como uma nascida-trouxa e fiquei tão surpresa quando recebi a carta quanto mamãe... só que não precisei ser levada para o hospital, é claro..."
Dorcas Lufkin era filha de bruxos, por isso os Lufkin não ficavam surpresos quando sua pequena filha fazia a lareira se acender de repente ou que, quase diariamente, o gato do seu irmão - que ela detestava – aparecia no galho mais alto da figueira do seu quintal.
Lily Evans era, de fato, a única aluna nascida-trouxa do primeiro ano. Mas como Celestia, ela não teve a surpresa quando recebeu sua carta de admissão.
"Severo, que foi para a Sonserina, também é mestiço e me contou que eu era uma bruxa quando me viu fazendo magia num parque." A ruiva disse, apontando para a mesa oposta, onde um menino franzino a observava. Ele corou e depois acenou timidamente quando percebeu que era o assunto da conversa. Dorcas e Celestia não pareceram tão encantadas com aquele garoto quanto Lily, afinal era um sonserino. A rivalidade Grifinória versus Sonserina era muito levada a sério pelos primeiristas.
"Que magia você fazia, Lily?" Celestia perguntou, voltando o foco para a mesa da grifinória.
Lily sorriu, puxando a sua varinha e, para a surpresa das meninas, depositou-a em cima da mesa. Ela fechou os olhos por alguns instantes, mas nada aconteceu. De repente, os alunos em volta pareciam interessados. Até mesmo Potter e Black pararam de rir para ver o que todo mundo estava espiando.
Lily respirou fundo, seu cachos ruivos começaram a flutuar como se uma brisa leve estivesse rodopiando em volta de seu pescoço lentamente. As pétalas sobre a mesa começaram a flutuar, segundos depois, juntaram-se a brisa como se atraídas por ela. Uma aura de pétalas rodopiaram sobre a ruiva durante uns trinta segundos e depois aterrissaram sobre o chão delicadamente.
Quando Lily abriu os olhos, viu que a mesa toda estava em silêncio, olhando para ela. Uma salva de palmas solitária chamou a atenção do salão para a mesa dos professores. O professor Dumbledore estava de pé, sorrindo com admiração em direção à ruiva. "Muito bonito!" Ele elogiou.
De repente, os alunos da grifinória e alguns das outras casas também começaram a bater palmas, fazendo Lily corar.
Lily sorriu timidamente, procurando com o olhar o outro lado do salão, onde Severo era o único sonserino que a aplaudia e sorria com orgulho. Ele não era o único. Três assentos ao lado da ruiva, James a olhava maravilhado com um brilho estranho nos olhos.
"Uau! Isso foi muito legal, Evans..." Sirius falou dando um tapinha no ombro da ruiva, botando inveja em algumas das garotinhas apaixonadas em sua volta.
James sorriu. "Vou ter que me lembrar disso quando estiver te azarando e você estiver desarmada." Ele falou acreditando ser engraçado, tirando o sorriso do rosto de Lily. Ela lançou um muxoxo de desinteresse e voltou a atenção às amigas, deixando James sentindo-se estúpido.
"O que há de errado com ela?" Ele perguntou tentando fingir desinteresse.
"Acho que as garotas de hoje não apreciam serem azaradas como as de antigamente, James." Remo falou bem-humorado, mordendo uma batata.
"Hm, certo..." James balbuciou emburrado, jogando os pães que estavam nas orelhas de Sirius no prato de Pedro, sem que ele percebesse...
Notas:
Escrevi umas histórias picadas já faz um bom tempo. Esperava colocá-las em uma história mais desenvolvida. Como eu não tive tempo nem criatividade, resolvi postá-las em forma de lembranças de uma penseira perdida. Espero que gostem. Teimosa.
