-O que faremos, querida? –Perguntou um homem alto de cabelos negros para uma linda mulher de cabelos prateados e olhos verdes que estava deitada em uma cama segurando um bebê.
O homem com um grande bigode estava sentado em uma cadeira vermelha e também segurava um bebê.
-Eu não faço idéia! –Respondeu ela olhando em dúvida para o bebê em seus braços. –De acordo com a lenda, o portador da Triforce do poder deveria nascer hoje, mas a lenda não falava nada sobre gêmeos!
-A lenda... –Disse o homem pensativo lembrando-se da lenda que seu avô havia lhe contado ainda quando criança.
-Eu tinha mais ou menos a sua idade naquela época. –Disse um senhor de idade que estava sentado em um sofá de veludo vermelho. – Uns quinze anos, mais ou menos. O pai do Rei atual ordenou que eu levasse uma mensagem para Atther, rei de Hyrule.
Um jovem escutava com atenção, sentado em um grandioso tapete na biblioteca do castelo.
-Já dentro do Reino de Hyrule, eu caí em um buraco e encontrei uma pedra. Nela havia as seguintes escrituras:
-Seiscentos anos após o incidente com o Reino de Sangue um novo mal ire surgir!
-Pelas Terras de Hyrule ele ire se alastrar, enquanto vestígios do Reino de Sangue ainda permanecem!
-As três Deusas entrarão em desequilíbrio e eu me separarei das outras duas!
-O Novo Deus Ganondorf estará novamente com sua alma corrompida!
-Os três enviados de Hyrule devem purificá-lo!
-São eles os irmão gêmeos Zelda e Link e o Kanenkai Kanahyor!
-Então as Deusas e os Deus poderão se reunir novamente na Terra das Deusas.
O jovem não parecia estar interessado, mas o velho não enxergava direito e parecia pensar que ele estava morrendo de ansiedade.
-Dês de então venho contando essa lenda para cada membro da família real kaneriana, seu pai queria ter lhe contado, mas eu fiz questão de fazer isso por mim mesmo, pois de acordo com a lenda, você será o pai do Enviado de Din.
Prestando pouco mais de atenção que antes, o jovem virou-se para seu avô e comentou algo sobre seus brinquedos.
-Você verá que eu imaginei como deveria ser o antigo enviado, Kanarakentu e coloquei um retrato dele na biblioteca.
O homem ainda nervoso virou-se para a esposa:
-Acho que não haverá como distinguirmos o Enviado agora. Deveremos arriscar e colocar o nome Kanahyor em algum dos dois, mais tarde compararemos os dois com o retrato da biblioteca.
Ele estava certo, as duas crianças eram praticamente iguais, sem cabelo e com a pele branca.
-Está bem. –Suspirou ela. –Chamaremos este de Kanahyor e o que você está segurando se chamará Kold Vinnician, espero estar fazendo a coisa certa.
Quase meio ano depois, no castelo de Hyrule o Rei Lower, a Rainha Mikujuo e a ama Stenka estavam celebrando o nascimento de dois gêmeos.
-Olha como são lindos! –Gritou a ama derrubando um vaso de flores.
-Tenha cuidado, Stenka! Vai acabar acordando a garota! –Murmurou a rainha loura.
O rei, também louro olhava para os dois bebês gêmeos, um menino e uma menina, que estavam em um berço próximo.
-Stenka, vá comunicar o acontecimento ao povo de Hyrule! –Ele esperou a ama sair para voltar a falar com a Rainha. –Que nome daremos a eles?
-Não tenho certeza, mas Stenka disse que achou em seu rancho uma escritura onde estava escrito: Princesa Zelda. Acho que é um bom nome!
-E que tal chamarmos o garoto de Lower Ondostróvel Júnior?
-Não queira o mal de nosso filho! Que tal um nome simples como Link?
-O Herói do Tempo? É uma boa idéia, já que foi ele e uma outra princesa que iniciaram essa linhagem, não tenho certeza do nome dela... Algo como Alfuza...
-Improvável... De qualquer modo, vá avisar à ama os nomes Zelda e Link, não se esqueça!
O rei saiu correndo atrás de Stenka, ela era descendente de uma sheikah e de um fazendeiro, herdara o Rancho Lon Lon e muitas habilidades, mas era muito desastrada. A Rainha achou melhor contratar mais alguém para cuidar dos bebês, mais tarde Stenka poderia ser sozinha a guardiã da Princesa Zelda.
Hyrule havia crescido nos últimos seiscentos anos, havia ganhado terras em guerras, acordos ou casamentos.
Cinco anos depois, tornara-se óbvio para o rei dos Kanenkais que havia errado na escolha de nomes, Kanahyor se tornava cada vez menos parecido com o retrato da biblioteca, que retratava um homem muito gordo, com cabelos azuis e espetados, com uma longa barba, olhos castanhos e pele nem tão branca, nem tão morena.
Em compensação, seu irmão estava cada vez mais parecido com o homem do retrato, faltava apenas engordar, criar barba e trocar seus cabelos negros por azuis.
Kanahyor tinha cabelos prateados e ralos, olhos verdes e pele muito branca, tinha a altura certa para sua idade, era magro e não muito forte. No dia estava vestindo uma roupa encardida que um dia fora branca.
Ele correu até a sala de jantar e abriu a porta, o Rei e a Rainha olharam para ele e o Rei deixou a raiva estampar seus rostos, os guardas viram a raiva do Rei e como Kanenkais ficaram agressivos e com raiva.
-O que está fazendo aqui, seu farsante? –Exclamou o Rei. –Já lhe disse que você não pode entrar aqui! Estamos tentando engordar seu irmão para que ele fique mais parecido com o Enviado de Din!
-Mas por causa disso não posso comer a três dias! –Replicou o garoto.
-Você já tem cinco anos! Vá tomar um banho e trocar de roupa, farsante! Você está imundo! Guardas! –Os guardas avançaram e chutaram o garoto para longe.
-Mas eu tive de dar todas as minhas roupas para ele, os guardas dizem que você não me deu permissão para entrar em qualquer aposento que meu irmão possa estar! –Gritou a criança.
-Você é muito burro, vá para a cidade, consiga um emprego e compre roupas, pague uma hospedaria, mas saia já daqui!
A porta se bateu, ele tentou abri-la novamente, mas não conseguiu abri-la, desceu uma longa escadaria e saiu do castelo.
-Espere, Kanahyor. -Disse a Rainha saindo de trás de um arbusto.
Ele olhou para trás e viu sua mãe lançando-lhe um olhar de pena:
-Quero lhe mostrar uma coisa.
A Rainha contornou o castelo e depois de caminharem meia hora para o Sul, eles chegaram a uma cabana de madeira e palha.
Eles entraram, havia apenas um cômodo, nele não havia nada mais do que um pedestal dourado, a Rainha colocou-se ao lado deste e virou-se para ele.
-Aproxime-se, meu filho. –Disse ela.
Ele obedeceu, e então viu algo sobre o pedestal dourado.
Observando com mais atenção, ele notou que era um retrato com bordas de ouro e sua imagem que parecia muito real revelava quatro pessoas.
Uma delas era um homem de cabelos negros e longos, vestindo um longo manto dourado com uma capa vermelha e uma coroa dourada enfeitada com pedras de rubi.
Outra era uma mulher que olhava com cara azeda, usava um longo vestido amarelo brilhoso tomara-que-caia e brincos de argolas brancos.
Uma outra mulher tinha grandes cabelos volumosos dourados e olhos azuis, era alta, magra e muito bela, usava um brinco de safiras e um vestido rosa e branco.
Outro homem que era pouco mais baixo do que o primeiro, seus cabelos penteados eram louros com olhos azuis, usava uma roupa branca e dourada e sapatos negros e elegantes.
-Esse retrato mostra o dia do casamento de nosso antepassado Kanarakentu. –Disse a Rainha. –Ele era o portador da Triforce do Poder. Irá notar que ele é mais parecido com seu irmão e você se parece com a esposa. Esses dois são a Rainha Zelda de Hyrule, última portadora da Triforce da Sabedoria e Link, o Herói do Tempo, enviado de Farore, ele carregava a Triforce da Coragem.
Ele olhou espantado para o retrato durante alguns segundos, então se voltou para a mãe:
-Se o antigo Enviado de Din é assim, por que meu pai tenta engordar meu irmão?
-Ele não conhece esse retrato. Como descendente da família real, prometi para meu pai que jamais contaria esse segredo a ninguém, nem mesmo para o nobre que morava com sua família no castelo e para seu avô que havia descoberto a lenda que se relacionava com esse retrato. Como você é descendente da Família Real, é meu dever me assegurar que você saiba disso. Seu pai acha que devemos venerar seu irmão por ele ser o Enviado de Din. Eu acho que ele está errado nós deveríamos venerar o Herói do Tempo! Agora saia dessa cabana! Se algum dia você se igualar ao Herói do Tempo terei orgulho de você.
-Princesa Zelda, Princesa Zelda! –Chamou um garotinho de cabelos marrons, olhos castanhos, com pele morena, usava uma roupa e uma touca azul.
A Princesa jogou seus longos cabelos louros para trás e olhou-o com seus olhos azuis, usava um vestido rosa-choque e branco, sapatos rosa e um brinco de ouro:
-O que você quer, Ralph?
-O seu irmão vai ganhar a primeira espada, vamos lá ver!
Os dois correram em disparada pelo corredor e desceram uma escadaria, atravessaram o salão e abriram as portas duplas que levavam para os jardins.
No meio do gramado, Stenka chorava emocionada com uma espada de quinze centímetros na mão, ela estava dentro de uma bainha de aço enfeitada com um círculo de prata.
A seus pés estava ajoelhado, um garoto impaciente de olhos azuis e curto cabelo loiro, era alto, magro e usava uma túnica verde.
-Stenka, sou eu que estou recebendo a espada, não precisa ficar tão emocionada.
A mulher alta, de cabelos brancos, com uma roupa roxa com um símbolo sheikah, olhos roxos e com um batom roxo fungou e respondeu:
-Eu serei sua professora! Não reclame Príncipe Link, pois se não eu posso me recusar a ensiná-lo.
-Não será preciso! –Cortou a Rainha Mikujuo que saia do castelo. –Já arranjamos outro professor para ele. Preferimos que você se dedique apenas a proteger Zelda e cuidar de seu Rancho.
-Agradeço, majestade. –Disse ela se afastando.
-Minha espada! –Gritou o Príncipe levantando-se.
A ama voltou correndo e entregou-lhe a espada, se afastando novamente.
