Bolhas de Sabão.
Capitulo 1. Presente
A pequena lâmpada no tecto era a única fonte de luz para toda uma imensa sala. Era um local bastante escuro e, um tanto ao quanto, mórbida, até mesmo para um escritório de um advogado.
- Pode repetir o que disse? É impossível… - Kagome lançou a mão aos cabelos negros, em desespero – não é possível - repetiu.
- É como lhe disse senhorita Fukuda – o advogado afirmou, movendo na mesa uns papéis, de maneira a que Kagura pudesse ler claramente o que lá estava escrito. - O testamento tem uma única, e exclusiva, herdeira, Takahashi Rin.
- Mas, e eu? Eu… ele, ele não pode… pode? Eu… - A mulher alta e de curvas perfeitas, vestida elegantemente, sentou-se e pegou no copo com água que o advogado lhe dera previamente. – O meu pai já não estava bem, nestes últimos meses, ele já não estava bem… – Kagura fez uma pausa - antes de morrer nós tivemos uma pequena briga, sabe? – Deu um sorriso sem graça, uma pequena lágrima dava sinal no canto do seu olho direito – Mas eu e meu padrasto nós dávamo-nos muito bem, e eu sempre o vi como um pai para mim… um pai… um pai de verdade… Esta situação toda é… é incrível… é impossível…
- Sinto muito, senhorita Fukuda. – O advogado levantou-se da cadeira e Kagura repetiu o acto, seguindo ele até a porta de saída.
- Uma última pergunta – disse – A minha irmã, quero dizer, a Takahashi Rin, é menor de idade, tem apenas 16 anos, não pode usufruir ainda do dinheiro da herança, não é assim?
- Até ela fazer 18 anos a herança estará a cargo de um tutor. Esse tutor será o parente mais próximo da menina. Ele terá de ficar encarregado dela, tomar conta dela, morar com ela…
- E vocês já sabem quem será o tutor?
- Sim… já tivemos a confirmar o parentesco da menina, agora só falta entrar em contacto com a pessoa em questão…
- Nem pensar! É impossível! – O homem de 24 anos, desviou ligeiramente os óculos da face, para dar atenção à madrasta, furiosa, parada à frente da sua secretária.
- Sesshoumaru, hoje é dia 24! São 15 horas e ainda estás aí, com a cabeça enterrada nesse entulho de papéis. Foste dormir hoje a casa por acaso – fez uma pausa – Oh! É claro que não foste! Ficaste aqui neste escritório a noite inteira!
Sesshoumaru não se deu ao trabalho de responder à madrasta, colocou os óculos novamente na face e voltou a dar atenção aos seus papéis. Era um homem de poucas palavras, defendia o "pouco mas eficaz", e para que é que ele iria responder, se a madrasta á partida já sabia a resposta? Não fazia sentido.
- Sesshoumaru! Ouviste o que eu disse? Tens que sair desta empresa! Vai para casa, toma um banho bem quentinho, e depois vens festejar a noite de natal com a tua família! Não vou permitir que passes o natal aqui como no ano passado!
O empresário não desviou o olhar dos papéis. Izayoi suspirou, não havia maneira de demover Sesshoumaru dos seus afazeres. Admirava que ele fosse tão aplicado e conseguisse se abstrair do mundo que o rodeava. No entanto, como mãe sentia que tinha falhado. Ele sempre fora um solitário, preferia livros a fazer castelos de areia, preferia estudar a sair com os colegas, e de á uns tempos para cá passara a preferir o trabalho à família.
- Sesshoumaru, filho, eu vou embora. Mas fica em aberto o convite para o jantar. Aparece sim? E…se não apareceres… – Izayoi colocou uma pequena caixa perfeitamente embrulhada com um papel de cor prata e um laço dourado. - Feliz Natal.
- Feliz Natal. – Disse secamente. Estas duas palavras serviam como uma afirmação: ele não iria à festa.
Izayoi voltou a suspirar e saiu do escritório.
Ayame, secretária de Sesshoumaru, bateu à porta do escritório do patrão. Rapidamente Sesshoumaru deu permissão para que a ruiva entrasse, e ela assim o fez.
- Pedi para não ser incomodado, Ayame. – disse rispidamente Sesshoumaru, não se preocupando sequer em olhar a secretária.
-Peço imensa desculpa, senhor Taisho. Mas… são 19 horas e… hoje é dia 24…. e a minha família…. Bem, no natal há sempre um jantar…
Sesshoumaru não entendia porque todas as pessoas ficavam tão agitadas quando o calendário marcava dia 25 de Dezembro. O trabalho não parava, o país não parava, o mundo não parava, então porque todos tendiam a ignorar o trabalho que havia para fazer… por causa de um dia que intitulavam ridiculamente de natal.
Queriam todos festejar o nascimento de Jesus? Santa paciência! Jesus nem sequer havia nascido no dia 25 de Dezembro! E nos dias que correm, poucos são os que acreditam em deus! Então porque comemorar essa data? Ridículo.
Finalmente Sesshoumaru levantou a cabeça, para olhar para a secretaria que estava completamente assustada.
- Pode-se retirar – ordenou ele friamente.
- Mas senhor Taisho… eu não queria que me interpretasse mal, eu… peço imensas desculpas!
- Não me pediu para ir comemorar o natal com a sua família! Então faça o favor de desaparecer… amanhã também pode ficar em casa…
- Mas…
- Volte daqui a dois dias… considere isso umas mini férias antecipadas.
Alguns minutos depois…
O barulho ensurdecedor do telefone a tocar desviou a atenção de Sesshoumaru do trabalho.
Rapidamente olhou enfurecido para o objecto… como é que era possível que sempre que ele estava começando a concentra-se no trabalho havia sempre algo para o distrair! Odiava quando isto acontecia! Mas que raio! Será que o mundo podia parar de estar contra ele? Se sim, obrigado.
Decidiu ignorar o telefonema, seja quem fosse podia mais era ir se #censurado#… enfim…
Porém a porcaria do telefone não parava de tocar… e tocava e tocava e tocava… a cabeça de Sesshoumaru já estava a ponto de explodir!
Se fosse Izayou chateando-o mais uma vez acerca da #Censurado# do jantar… então ela podia bem ir-se #Censurado#
- Empresa Taisho, boa noite. – Respondeu ao telefonema, irritado, e com a voz mais assustadora e fria possível – Oh! – Mudou de tom rapidamente - Sim, Sesshoumaru, o próprio. Sim? Takahashi? Faleceu? Sim…. Hm… sim sim entendo. Herança? Filha?
…
…
…
- SOU O TUTOR DE QUEM?
Continua….
