Continuação de Harry Potter e o Ressurgimento da Fênix. Após passar um ano muito difícil, repleto de dificuldades, sofrimento e perdas, Harry, agora com dezessete anos e praticamente um bruxo formado, vai encarar seu último ano em Hogwarts como um homem adulto e os desafios que vierem. Conflitos, descobertas, surpresas, reencontros, despedidas, um confronto decisivo com Voldemort e o final de algo que Harry Potter sequer imaginava fazer parte lhe aguardam nesse ano. Será o "menino que sobreviveu" capaz de "sobreviver" a mais essa aventura?

Disclaimer: Alguns personagens, lugares e citações pertencem a J.K. Rowling. Essa estória não possui fins lucrativos.

Agradecimentos: Eu gostaria de dedicar essa fic à minha família e incluo com isso minha mãe, tia, irmãos e sobrinhos. Mas quero dedicar sobretudo a todos aqueles que de certa forma (seja mandando e-mail, resenhas, pelo ICQ...) me apoiaram, praticamente me encorajando a continuar com o trabalho, e aos meus amigos. Faço questão de destacar a Má (Pichi) e a Mile, que são as sobrinhas adotivas mais "tilidas" que uma tia pode ter, sobretudo amigas de verdade, mesmo sendo amizade virtual pois a distância não influi na amizade. Má, obrigadinha pela betagem, "alfagem" e pelas capas lindas. Mile, obrigada pela capa da minha fic pós-Hoggy. Não posso deixar de acrescentar um super beijo especial para as duas pelo trabalho de me "aturarem" sempre. Além disso um grande beijos aos amigos nada virtuais, Nini, Dani e Gigi. Como eu costumo dizer amigos são os irmãos que a gente escolhe e quero dedicar principalmente a eles. Amo muito vocês mesmo. Não imagino a vida sem vocês.

Capítulo Um - O Desejo de Aniversário

"O que é provável não é uma certeza. E mesmo o mais sábio dos homens seria um tolo se não conservasse dentro de si uma boa dose de esperança..."

Sonhava novamente com as palavras de Dumbledore quando um choro forte e agudo cortou o silêncio da noite. Abriu os olhos, resignado. Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Aliás, tinha sido assim desde o primeiro dia. Virou para o lado esquerdo da cama e tateou a mesinha de cabeceira, encontrando seus óculos. Esfregou os olhos e bocejou antes de ajustá-los no rosto. Sentou na beira da cama e espreguiçou, colocando os pés descalços no chão frio. O choro se intensificou, protestando a demora do socorro. Suspirou e deu um sorriso conformado.

- Já vou Lili. Já vou - levantou e se encaminhou para o quarto de hóspedes, agora transformado em um aconchegante quarto de bebê. As paredes foram pintadas de um azul clarinho e nuvens passeavam magicamente por elas, como se fosse um céu de verão. - Pronto pequena. Aqui está o seu irmão, ou o que resta dele - disse Harry, debruçando sobre o berço branco da menina.

Ela parou instantaneamente de chorar, na mesma hora; encarando-o com espertos e vivos olhos azuis turquesa. "Olhos de Sirius", Harry pensava cada vez que olhava dentro deles.

A pequena Lílian estava brincando com o irmão, pelo menos do seu ponto de vista, acordando-o de hora em hora, apenas para olhar para ele. Mesmo quando tinha que mamar só se acalmava se ele estivesse presente. Era como esconde-esconde. Ela chorava, Harry aparecia e tudo ficava bem.

- Você não é fácil, não é? - ele sorriu, cansado, para a menina, que ficou ainda alguns minutos agitando os bracinhos e as perninhas freneticamente. Por fim, adormeceu.

Pelo visto seria assim as férias inteiras. Harry só esperava que os hábitos da irmã melhorassem antes que recomeçassem as aulas. Ele se aconchegou na poltrona do quarto, para se poupar do trabalho de vir do seu até lá novamente. Foi nessa hora que Allana entrou. Verificou a filha, que dormia tranqüilamente, cobrindo-a. Encontrou Harry encolhido de mal jeito na poltrona. Sorriu. Abaixou e falou baixinho no ouvido dele.

- Vai deitar na sua cama filho - disse, dando-lhe um beijo na testa e afagando os cabelos pretos bagunçados do afilhado. Ele resmungou, semiconsciente.

- Ai! Está bem mãe.

Allana se assustou. Harry nunca a havia chamado assim e talvez o tivesse feito por estar sonhando com Lílian. Ele se levantou, cambaleante, e ela o guiou de volta ao quarto. Deitou na cama murmurando palavras sem sentido. Ela sorriu e o cobriu com o cobertor, da mesma forma que fizera com a filha. Olhou o relógio. Era meia-noite em ponto.

- Feliz aniversário Harry Potter - disse, encostando a porta do quarto.

Talvez por ser seu aniversário a irmãzinha resolvera dar uma trégua e foi a primeira noite que dormiu direto. Allana ainda acordou duas vezes para checar se a filha estava respirando, numa paranóia que Arabella classificava como perfeitamente normal em mães de primeira viagem, mas a menina dormiu tranqüilamente.

Harry acordou quase na hora do almoço. Na realidade foi acordado, porque Gina entrou de fininho no quarto e despertou o namorado dando pulos na cama.

- Hey! - ele disse, segurando Gina pelas pernas, derrubando-a deitada na cama. - Você quer me matar de susto moça? - ela ria enquanto ele a segurava, mantendo-a naquela posição.

- Não é todo dia que a gente faz dezessete anos Harry - ela tentava abafar as risadas e parecer séria. - Você merecia um despertar especial - ele sorriu maliciosamente.

- Merecia é? - ela arregalou os olhos. Sabia que alguma ele ia aprontar. - E você mocinha? Merece sabe o que pela travessura? - ela riu mais ainda enquanto ele a segurava mais firme, deitando por cima dela agora.

- Não Harry. Não! Rony e Mione estão lá embaixo, esperando - ele olhou para a porta, verificando que ela tinha cometido o erro de deixar fechada.

- Tsc, tsc - disse, balançando a cabeça negativamente.

Ela acompanhou o olhar dele, reparando também na porta fechada. Os olhos verdes faiscaram para ela.

- Essa porta é muito boa sabia? Abafa os sons, gritos, risos... - enfatizou a última palavra, rindo.

- Harry Potter, não se atreva - disse, tentando parecer convincente.

Mas era tarde demais. Ele já tinha começado a lhe fazer cócegas. Gina ria e se contorcia debaixo dele, debatendo-se. A princípio ele riu também mas, de repente aquilo não pareceu mais tão engraçado. Ele parou de fazer cócegas. As mãos agora apenas deslizavam devagar sobre a pele dela. Mesmo assim Gina continuava arrepiada.

- Harry, não devíamos... - ela disse baixinho, antes de ele encostar os seus lábios nos dela.

Tinham sido quase dois meses sem se ver. Era natural que estivessem sentindo muita saudade. Bastou o primeiro toque para os dois relembrarem o quanto eram feitos um para o outro. Harry agora a estava beijando com calma, devagar, roçando a sua língua de leve na dela. Sabia que quando fazia isso deixava a garota enlouquecida.

- Harry... - ela sussurrou.

Ele deslizou a mão por dentro da blusa dela, alisando a sua barriga. A menina não protestou. Puxou a camiseta dele para cima, interrompendo o beijo apenas para que passasse pela cabeça dele.

- Isso é loucura... - ela disse, sem conseguir parar.

Harry agora a estava beijando no pescoço e a sensação de tê-lo sem camisa encima de si era maravilhosa. Ela alisava-lhe as costas, abraçando-o e sentindo o calor do corpo dele. E o garoto já estava começando a perder o controle da situação.

- Gina... - disse, consultando-a, a voz falhando.

Ela suspirou fundo, encarando os olhos verdes e ansiosos dele.

- Alguém pode subir... - respondeu, trazendo-o de volta para a realidade.

Ele passou a mão pelos cabelos e rolou para o lado, virando-se para ela.

- Tem razão... - disse, expirando o ar com força, apertando os olhos, frustrado. Ela sorriu desconcertada para ele.

- Desculpe - respondeu, passando a mão no rosto dele. Ele sacudiu a cabeça sem entender.

- Desculpe pelo quê? - perguntou, retribuindo o carinho dela, enrolando uma mecha dos cabelos ruivos com o dedo. Gina abaixou os olhos.

- Por deixar você... Assim... Insatisfeito... - ele ficou vermelho e riu.

- Tudo bem... Nada que um bom banho gelado não cure - ela riu dessa vez.

- Então eu vou descer e te esperar lá embaixo - disse, levantando bruscamente mas ele lhe reteve a mão.

- Espera! Eu te amo sabia? Você me surpreendeu de uma forma encantadora hoje - ela olhou para ele e, dando um beijo de leve em seus lábios, respondeu.

- Eu também te amo. É a sua mágica, você sabe... - disse, soltando-se da mão dele.

Gina desceu as escadas ainda com as bochechas vermelhas e os cabelos um pouco bagunçados. Rony fez uma careta e Hermione cutucou o namorado.

- Nossa! Harry deve ter um sono muito pesado... Demorou para você acordá-lo... - disse em tom debochado. Gina olhou séria para ele.

- Não, não demorou nada. É que eu estava lá em cima me agarrando com ele esse tempo todo - Rony se levantou do sofá indignado.

- Virgínia Weasley! - disse, escandalizado. A menina deu uma gargalhada. - Isso são modos?

- Olha quem fala! Pelo menos eu não demoli a casa do Hagrid como passatempo. Não é Mione? - perguntou, piscando para Hermione. O irmão ficou vermelho como um pimentão.

- Gina, acho bom você parar! Eu não quero ouvir nada disso - respondeu, tapando os ouvidos. Sabia que a irmã conhecia o segredo mas nunca havia falado nisso abertamente. Mione ria agora.

- Quem fala o que quer ouve o que não quer Roniquinho. E você mereceu - disse, apertando as bochechas rubras do irmão. Ele sacudiu a cabeça.

- Preferia quando você corava ao mencionarmos o Harry - ela riu maliciosamente para ele.

- Eu não. Gosto mais desse jeito - ele acabou rindo, dando-se por vencido.

Harry desceu as escadas. Tinha tomado um banho e estava com os cabelos ainda molhados.

- Finalmente, o homem do dia - disse Mione rindo.

- Jeito de quê, Gina? - Harry perguntou, curioso, passando a toalha de qualquer jeito na cabeça. Ela riu para o irmão.

- De a gente se agarrar - Harry engoliu em seco e arregalou os olhos, olhando de Gina para Rony. - Brincadeira, Harry - disse em tom casual. - Vamos lá, meu amor, o que vamos fazer para comemorar o seu aniversário e o aniversário de namoro desses dois aí? - completou, apontando Rony e Mione. Harry deu de ombros.

- Não sei. Allana pode precisar de mim. E tem a Lílian também - Rony suspirou.

Era verdade. Ele agora era o homem da casa e a madrinha ainda estava muito frágil.

- E, falando nisso, cadê ela? Vocês precisam ver a minha irmãzinha. Ela está cada vez mais parecida com Sirius - deixou escapar essa frase, comovendo os amigos. Gina o abraçou. - Ele teria muito orgulho dela... - acrescentou, melancólico. Rony cortou o clima pesado.

- Ela deixou um recado para você, dizendo que tinha ido com a Arabella e Lili no Ministério. Então eu acho que poderemos fazer alguma coisa para o dia não passar em branco - disse, tentando animar o amigo.

- Está certo. Alguma idéia? - perguntou para Hermione.

- Bem, eu estava pensando em ir ao parque. Nós podemos fazer um piquenique e colocar os assuntos em dia - Harry concordou.

Juntaram alguns sanduíches e doces da Dedosdemel, colocaram em uma cesta magicamente transfigurada para caber mais coisas e pesar menos e foram ao parque.

Estava um dia muito bonito e ensolarado. Estenderam a toalha no gramado e lancharam calmamente. Gina havia levado um pequeno bolo de nozes e frutas confeitado, com dezessete velhinhas, cantaram um singelo "parabéns a voc" para Harry antes de cortá-lo.

- Faça um pedido Harry - Rony disse após ele soprar as velinhas, antes de o amigo cortar o primeiro pedaço do bolo.

Harry forçou um sorriso e fechou os olhos, fazendo o pedido. Gina sorriu enquanto servia a todos com fatias generosas do bolo.

- O que você pediu Harry? - perguntou, curiosa, enquanto Rony mastigava a especialidade dela, com vontade. Harry ia responder mas Hermione o interrompeu.

- Você não pode contar para ninguém Harry. Ou o pedido não irá se realizar - Harry sacudiu a cabeça mas Rony protestou, ainda de boca cheia.

- Lá vem você Mione... Você não acredita mesmo nisso, não é? - disse em tom divertido. A menina amarrou a cara para o namorado.

- Não sei se você sabe mas esse é o princípio dos pedidos de aniversário, Ronald Weasley - o garoto fez uma expressão desgostosa.

Gina os apontou com os olhos e a cabeça, disfarçadamente indicando a Harry que eles começariam mais uma calorosa discussão. Harry rolou os olhos para cima e, com um gesto, convidou Gina para dar uma volta. Ela levantou, aceitando a mão estendida. Enquanto caminhavam de mãos dadas ainda ouviram Rony dizer em tom doce.

- Você fica linda braba Mione - pelo menos as brigas agora duravam menos tempo, pensou Gina, divertida.

- É inútil - Harry disse, quebrando o silêncio. Gina olhou séria para ele.

- O que Harry?

- A discussão dos dois - ela sorriu.

- Ah! Eles sempre fazem isso...

- Não! - Harry sacudiu a cabeça negativamente. - Você entendeu errado. É inútil discutirem sobre eu contar ou não o pedido. E irrelevante também - Gina franziu a testa.

- Por quê?

- Porque não importa que eu diga ou não o que eu pedi. Não vai acontecer mesmo - concluiu, desanimado, abaixando a cabeça.

Gina parou e ergueu seu queixo, encontrando os olhos verdes marejados. Ele se virou, soltando-se dela e sacudindo restos de areia e grama da calça jeans.

- Harry? - ela o chamou com carinho. Ele ainda estava de costas, caminhando devagar.

Ele se voltou, os olhos vermelhos, e esticou a mão para ela, que a entrelaçou à sua. Caminhou em um silêncio incômodo até a área do parque em que crianças brincavam em balanços, escorregadores e gangorras. Eles ouviam os gritnhos e risos animados. Gina não resistiu.

- O que você pediu Harry? - disse com doçura, do mesmo modo que se fala com uma criança. Ele deu um sorriso triste para ela.

- Sirius - respondeu com simplicidade. - Eu pedi Sirius de volta - ela baixou os olhos, triste por ele. Harry respirou fundo e ergueu o olhar dela, indicando as crianças que brincavam. - Eu sei que é um pedido estúpido e infantil. E, acima de tudo, inútil. Eu perdi a conta das vezes que pedi os meus pais de volta quando ainda vivia com os Dursley. Depois apenas desejava partir, ter outra casa. O que na realidade acabou acontecendo quando fui para Hogwarts - Gina ouvia atenta enquanto ele caminhava devagar, de um lado para o outro. Ele parou, de costas para ela.

- Harry... -  disse abraçando-o por trás, encostando a barriga nas costas dele. Ele colocou os próprios braços por cima dos dela. - Você vai ficar bem... - continuou, mais para si mesma do que para ele. O garoto então a puxou para si, colocando-a à sua frente. Apertou-a forte, colando o seu rosto no dela.

- Não se preocupe. Foi idiota meu pedido. Mas eu queria isso para Lílian - indicou um pai que balançava a filha no balanço.

- Mais alto papai - a garotinha ria. Gina sorriu.

- Não é um pedido idiota. Parece muito divertido - disse de um modo quase infantil. Ele sorriu. - Hey! Você mesmo pode fazer isso por ela - completou e o puxou pela mão. - Vem! - disse, conduzindo-o até o balanço. - Vamos treinar um pouco.

Ele foi para trás dela enquanto Gina se sentava no balanço. Ele sorriu desconcertado e ela se virou para ele.

- Vamos lá mocinho. Eu não sou tão pesada assim, sou? - ele riu e deu o primeiro impulso. Gina gargalhava como uma menininha. Os cabelos soltos, balançando ao sabor do vento.

- Rony! - ela gritou para o irmão, que agora estava deitado preguiçosamente no colo de Mione. - Você tem que experimentar isso.

Mione deu um sorriso e os dois foram correndo até os amigos. Logo os quatro se divertiam, cada um em um balanço, competindo para ver quem ia mais alto. Pareciam crianças.

Quando se cansaram beberam uma grande quantidade de suco de abóbora gelado e se deitaram na grama, para recuperar o fôlego.

- Minha nossa! Digo e repito: os trouxas sabem mesmo se divertir - todos riram.

Assim que descansaram começaram a arrumar as coisas de volta na cesta, para voltar para casa. Já tinham juntado a maior parte das coisas quando a coruja branca de Harry esvoaçou no meio deles, pousando em seu ombro direito.

- Edwiges? - disse, espantado.

Harry retirou a carta da patinha dela e a coruja lhe bicou carinhosamente a orelha, planando até a toalha ainda estendida em busca de migalhas do lanche. Harry leu a carta em voz alta.

"Harry,

Venha para casa assim que puder. Você precisa ver a surpresa que ganhou de aniversário.

Beijos,

Allana."

Ele arregalou os olhos. Só faltava a madrinha ter feito alguma loucura e comprado algo caro. Rony sorriu.

- Aposto que é um carro. Ia ser ótimo para a gente passear nessas férias - Harry sorriu mas não achava que era isso. Afinal ainda nem sabia dirigir.

Depois de arrumarem o que faltava foram andando o mais rápido que puderam para casa. Estavam tão curiosos quanto Harry para saber qual era a surpresa. Assim que chegaram o garoto subiu correndo as escadas, procurando a madrinha. Mas Allana não tinha voltado ainda. Achou estranho ela não estar em casa mas imaginou que entregaria a surpresa, o que quer que fosse, pessoalmente quando chegasse.

Ficou em seu quarto, "perdendo" algumas partidas de Xadrez Bruxo para Rony enquanto Hermione ensinava a Gina alguns feitiços cosméticos que tinha aprendido na revista "A Jovem Bruxa Moderna". Rony achava que era a leitura mais inútil mas pelo menos era algo diferente de livros e deveres de casa.

- Cuticullus Rubrus! - Mione disse, apontando a varinha para as mãos de Gina.

Pequenas faíscas cobriram as unhas delicadas por alguns segundos e ficaram perfeitamente pintadas de um tom intenso de vermelho. Ela riu, mostrando as unhas para Harry e o irmão, que tinha se virado para ver o resultado do feitiço. Os dois sorriram e Rony fez uma careta de impaciência quando se voltou para o jogo.

- Espero que seja só uma fase - disse baixinho, divertindo Harry com o comentário. - Mione testou o feitiço das unhas duas vezes em mim lá n'A Toca, antes de vimos para cá. Ainda bem que Fred e Jorge já tinham aparatado para a loja. Já pensou o que eles diriam? - Harry riu com vontade. - Você está rindo porque a Gina ainda não aprendeu esses feitiços. Deixa só ela aprender... - Harry arregalou os olhos, preocupado, parando de rir na mesma hora. - É inevitável Harry. Namorados sofrem – ele olhou discretamente para as duas meninas.

Agora Mione tinha testado em Gina um feitiço para pintar os cabelos. A garota gargalhava, mostrando para ele os cabelos completamente pretos. Harry sorriu, desconcertado. Logo os dois seriam as cobaias. Lançou um olhar a Rony, que deu de ombros.

- Eu nem quero ver o que elas estão inventando agora - disse, compenetrado no jogo.

Rony finalmente deu um xeque-mate em Harry e ficaram um bom tempo rindo das experiências cosméticas das meninas até que escutaram um barulho no andar de baixo.

- Allana! - Harry disse, sobressaltado.

Os quatro desceram as escadas, ansiosos e curiosos. Quando chegaram no andar de baixo encontraram Allana, com Lílian dormindo tranqüilamente em seus braços, e Arabella. As duas tinham sorrisos enigmáticos nos rostos. Harry franziu a testa. Afinal, qual era a surpresa? Ele olhou em direção à porta, que estava aberta para trás, e foi olhar lá fora. Será que Rony estava certo e ele ganharia um carro? Deu um passo à frente, destacando-se do resto do grupo. Porém, antes sequer de ele alcançar a porta, ela bateu violentamente. Os quatro garotos se assustaram. Allana deu uma gostosa gargalhada, passando Lílian para o colo da mãe. Harry olhou desconcertado para a madrinha, há meses não a via rindo daquele jeito. Ela disse, divertida.

- Harry, a surpresa já está aqui dentro - ele ergueu as sobrancelhas e olhou em volta.

- Onde? - perguntou, sem graça. Será que teria que procurar? Rony interrompeu o amigo.

- É, Allana, onde está? Estamos morrendo aqui já - disse sob um olhar protestante de Hermione, que embora estivesse tão curiosa quanto ele sabia ser educada.

As duas mulheres se entreolharam, rindo. Harry olhou para os amigos, totalmente desanimado.

- Já chega! - disse Allana, sorrindo e esticando a mão para o vazio, tateando à sua frente.

Harry acompanhou o movimento da madrinha e levou o maior susto da sua vida quando ela puxou uma capa de invisibilidade, descobrindo uma pessoa no meio da sala. Mione e Gina abafaram gritinhos. Até mesmo Rony ficou com as pernas bambas. Harry estava atônito, não podia acreditar.

- Meu Deus! Que brincadeira é essa? - ele disse, quase perdendo a voz. O homem sorriu para ele e disse, divertido.

- Qual é garoto, está se achando muito adulto agora para dar um abraço no seu padrinho? - Harry olhou para o homem, desconfiado, que sorriu para ele, olhando dentro dos olhos verdes confusos do garoto. Ele já havia se enganado uma vez, no quarto ano com o falso Moody, não queria sofrer isso de novo.

- Si-Sirius? - gaguejou, ainda ressabiado.

O padrinho foi em uma fração de segundos à forma de cão negro e de volta a homem, provando que era o próprio. Harry arregalou os olhos, em choque. Ele puxou o garoto pela nuca, para um forte abraço.

- Que é isso Harry? Eu volto dos mortos especialmente para o seu aniversário e você me recebe com essa animação? - disse em tom jocoso mas com carinho.

Harry correspondeu ao abraço e os dois fingiram não estar chorando como dois garotinhos. Gina e Hermione tinham os olhos cheios de lágrimas, Rony também estava se contendo para segurar a emoção.

Sirius afrouxou o abraço e esticou a mão para Allana, que já estava com a pequena Lílian de volta no colo. Ela se aproximou dos dois e abriram espaço entre eles para as duas. Allana passou a mão pelo rosto de Harry. As lágrimas escorriam dos olhos dela. Ela deu um beijo apaixonado em Sirius, que também não conseguia mais manter a pose de durão. Então ele e Harry abaixaram e depositaram, um de cada lado, um beijo terno nas bochechas coradas de Lílian. A pequenina ressonou, satisfeita. Sirius levantou o rosto, orgulhoso da filha. Encontrou os outros com lágrimas nos olhos. Sorriu, fingindo que não estava com os olhos vermelhos.

- O que é isso pessoal? Vamos lá, hoje é dia de festa. É aniversário do Harry, animação. Estou de volta. Finalmente essa família está completa - disse, satisfeito.

De fato, pensou Harry, a família estava completa. Mas o que tinha acontecido com Sirius para que estivesse de volta, tornando aquilo possível, ainda era um mistério. Ainda conversariam sobre isso mas depois. Naquele momento estavam muito felizes, perdidos em muita alegria, para isso. Gina veio correndo até Harry e o abraçou forte enquanto ele se encostava no braço do sofá. Ele sorriu para ela enquanto Allana colocava Lílian no colo do pai e os outros se amontoavam em volta dos dois. Ele a apertou pela cintura e começou a beijá-la devagar, dando pequenos beijinhos nos seus lábios.

- Harry! - ela disse, baixinho, enquanto ele brincava de morder, de levinho, o lábio inferior dela.

- O quê? - perguntou, rindo. - Estou muito ocupado agora - completou, fazendo uma falsa expressão compenetrada. Ela olhou nos olhos dele.

- Vamos ter que dar a razão ao Rony - respondeu, rindo. Ele franziu a testa, sem entender. - Seu pedido. Você me contou. E ele se realizou assim mesmo - Harry a abraçou e deu uma gargalhada. Tinha esquecido completamente. Os outros desviaram a atenção e olharam para Harry e Gina, ele recostado no braço do sofá com ela abraçada a ele. Trocaram sorrisos e Harry sussurrou baixinho no ouvido dela.

- Ainda bem que Rony estava certo - disse sério, depois mudou para um tom malicioso. - Se bem que eu também desejei outra coisa hoje... - continuou, beijando a orelha dela. Gina corou, verificando que os outros estavam mesmo entretidos com Sirius e Lílian.

- Desejou é? - perguntou, tentando se afastar. Ele a puxou de volta. Gina deu um sorriso maroto. - Desejou? Ou deseja? - completou em seu ouvido, provocando-lhe arrepios, e saiu de perto, indo na direção dos outros.

Harry sacudiu a cabeça, olhou de esguelha para Gina. Ela sabia que não deixaria barato a provocação mas faria isso em outro momento. Com certeza.