Atenção: Essa fic foi feita em conjunto com a Uhura.

Deu muito trabalho pra gente violar a correspondência de nossos personagens favoritos e copiar essas cartas que lhes mostraremos a seguir, uma por capítulo. Invadir Hogwarts com a cara, a coragem e um cantil de polissuco não é pra qualquer um não! Mas o risco valeu à pena porque o que compartilharemos aqui com vocês é um material muito raro, coisa que não se encontra nem gastando todos seus galeões na Travessa do Tranco.

Então apreciaríamos muitíssimo alguns reviews de reconhecimento pelo esforço, ok?

Sem mais por hora, acho que já podemos começar.

As cartas que nunca enviei.

Hogwarts, 04 de novembro de 1971

Meu amigo,

Já faz 2 dias, 17 horas, 42 minutos e 23... 24... 25 segundos... Eu tinha um presente a entregar. Uma pequena surpresa. Porém no fim quem teve a surpresa fui eu. Não ao entrar sorrateiramente no escritório da professora de Transfigurações enquanto ela não estava, tampouco ao violar seu armário trancado para depositar meu pacote, mas ao bater os olhos em uma pequena caixa que parecia ter sido guardada às pressas antes dela sair para resolver algum tipo de confusão causada pelos jovens James e Sirius, da Grifinória.

A caixa não era grande, nem particularmente chamativa, muito menos ricamente decorada. Era tão somente um caixa. Simples assim. O que atraiu a minha atenção, no entanto, não foi a caixa em si, e sim um nome anotado à pena. Assim como se faz para distinguir uma caixa em especial, quando se tem várias iguais, guardadas todas juntas. Esta estava sozinha, mas talvez houvesse outras, rotuladas de outros modos, como "Mãe", "Pai", "Escola", "1952", etc. Todos estes rótulos à pena, na inconfundível caligrafia desenhada com a qual eu lia então "Albus" na caixa à minha frente. Parte de mim tentou me conter, me impedir de invadir a privacidade da mais severa das professoras de Hogwarts. Feliz ou infelizmente, a curiosidade foi maior. Eu coloquei de lado o meu pacote. Me abaixei. Puxei a caixa para mais perto. E sem nem me lembrar de testar contra feitiços anti-violação, abri. Abri para ficar assim, por uns instantes, como que me esquecendo de respirar. Isso porque a caixa continha uma série de pequenos objetos, alguns pergaminhos, retratos, pequenos vidrinhos de lembranças... Tomando cuidado para não mudar as coisas de lugar, peguei primeiro uma figurinha de Sapos de Chocolate. A despeito de estar no mais perfeito estado de conservação, era antiga, o que eu pude facilmente constatar não só pelo retrato, cuja imagem era ainda simpaticamente ruiva, como também pelo que trazia escrito no verso:

"Albus Dumbledore, atualmente professor de Transfigurações da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Um dos grandes nomes da bruxaria moderna. Desenvolveu um importante trabalho alquímico em parceria com Nicolas Flamel, e desvendou os Doze Usos do Sangue de Dragão, o que lhe rendeu o título de Grande Feiticeiro e, mais recentemente, uma cadeira na Confederação Internacional dos Bruxos. O professor Dumbledore gosta de música de câmara e boliche."

Como você (creio) bem sabe, somente em 1934 as figurinhas começaram a ser encantadas com o que chamam de feitiço de atualização. Não sendo, até onde eu saiba, a professora Minerva McGonagall uma colecionadora de figurinhas raras, este pequeno item só poderia ter um significado especial. Acredito que eu não precise dizer que tive minha curiosidade ainda mais instigada. Devolvi a figurinha à caixa, com cuidado, e tomei nas mãos uma minúscula agulha prateada, oxidada pelo tempo. Seria a primeira a ter transfigurado, quando ainda tinha 11 anos? Com os olhos brilhando, devolvi a agulha e peguei um lenço lilás, muito delicado, com as iniciais A.D. bordadas em finos fios dourados. Certamente tinha sido oferecido certa vez, há muitos e muitos anos, a enxugar lágrimas raras, e tinha acabado por ficar de lembrança. Lembrança. A caixa estava abarrotada de lembranças, não só dentro dos pequenos frascos translúcidos, nos quais não cheguei a tocar, mas em cada objeto. Uma florzinha do campo encantada para não murchar jamais, uma peça de Xadrez, um anel perdido há muitos anos, um par de meias de lã que tinham sido presente de Natal certa vez... uma latinha com drops de limão... Eu sorri largamente a tudo isso. Lembranças carinhosas de amigos, não? Amigos íntimos, amigos de tantos anos... é claro que não fazia ideia de que ela pudesse guardar nada disso, mas nada, nada, nada se comparou à surpresa que tive ao tomar em mãos uma série de pergaminhos cronologicamente ordenados, atados frouxamente por uma rubra fita de cetim. Eram cartas. Cartas jamais enviadas. Das quais, constranjo-me ao admitir, me atrevi a tirar cópias com um feitiço simples. Envio-lhe as transcrições de algumas delas.

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