Criaturas encapuzadas sobrevoavam a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Procuravam incessantemente o prisioneiro de Azkaban. Não desistiriam facilmente. Harry estava no dormitório da Grifinória tentando fazer o trabalho que o professor Snape passara, mas não tirava os pensamentos dos dementadores que vigiavam a Escola. De repente Harry ouviu um ruído e assustou-se ao ver um cão preto saindo de baixo da cama de Neville Longbottom.
- Sirius! O que está fazendo aqui? É perigoso demais – disse Harry visivelmente aflito.
E antes que cão pudesse se transformar em bruxo, alguém bateu na porta. Harry virou-se imediatamente para entrada do dormitório. Se fosse um aluno não bateria, entraria de uma vez. Seriam os dementadores? "Mas eles não batem em portas" – pensou Harry extremamente ofegante, como se tivesse acabado de correr atrás de um pomo de ouro. "Ou batem até arrebentá-las? É possível." – concluiu o garoto
- Sirius você precisa sair daqui agora. Por favor. Não quero que volte a Azkaban.
Mas o barulho aumentava cada vez mais. Alguém estava esmurrando a porta. O baque era muito alto. Um estrondo. Thum.. thum.. thum...
- Acorda moleque! – gritou tio Valter entrando no quarto de Harry.
O garoto ergueu-se num pulo. Estava suado e sua respiração acelerada. Tudo não passara de um sonho. Estava na casa dos tios, na Rua dos Alfeneiros nº 4.
Harry levantou-se. Eram seis horas da manhã. Lavou o rosto, escovou os dentes e penteou os cabelos (inutilmente, porque os cabelos do menino insistiam em ficar desajeitados). Depois desceu as escadas rumo à cozinha para preparar o café da família Dursley.
- Cadê as panquecas garoto? A cada dia você fica mais inútil. – disse Tio Valter já sentado na mesa.
- Já estou levando – respondeu Harry completamente apático.
- Não se esqueça dos ovos fritos do Dudinha – alertou Tia Petúnia beliscando levemente as bochechas gordas do filho – meu Dudoca tem que comer bem pra ficar forte e saudável igualzinho ao pai.
Petúnia sentia-se completamente orgulhosa do filho. Não via nele defeito algum. O Dudoca era o melhor filho do mundo. Mas Petúnia não sabia que Duda batia em crianças menores, pichava paredes, matava aulas e burlava provas e trabalhos da escola.
Depois que todos estavam servidos e satisfeitos, Harry preparou seu café, um pão com leite bastariam. Era 30 de julho e o dia seria exatamente igual aos vividos anteriormente por Harry na casa dos Dursley. Depois de preparar o café, o menino arrumou a casa junto com tia Petúnia, aparou a grama, cuidou do jardim, lavou o carro de tio Valter. Já no final da tarde, estava liberado para fazer o que queria. Mas na maioria das vezes estava tão cansado que nem animava sair. – "Mas sair para onde?" – pensava Harry – "nem tenho amigos trouxas para sair."
As férias de verão eram a pior época do ano para Harry. Ele nem podia fazer seus deveres da Escola. Tio Valter fizera questão de guardar todo material de Hogwarts no porão. O que deixava as férias mais suportáveis eram as cartas de Rony e Hermione que chegavam para ele. Mas apesar de estar novamente na casa dos Dursley, Harry sentia-se um pouco melhor do que o ano anterior (e tinha fortes motivos para isso). Ele terminara o terceiro ano com grandes conquistas. Conheceu o professor (e lobisomem) R. que se tornou um grande amigo, aprendeu a executar perfeitamente o feitiço do patrono, pilotou um hipogrifo com precisão, ganhou o mapa do maroto e o melhor de tudo, Harry descobriu que tinha um padrinho. E iria morar com ele, se Pedro Pettigrew não tivesse escapado. Assim, Sirius Black tornou-se um fugitivo. Não conseguiu provar sua inocência perante o ministério da magia.
Agora Harry recordava tudo isso debruçado sobre a janela do quarto, olhando para o céu de Londres. O vento atrapalhava ainda mais os seus cabelos pretos e seus olhos pareciam estar mais verdes do que o normal. Já era noite e o frio intenso. O garoto pensava nos amigos, na Escola, no quadribol e em Sirius Black. Como desejou morar com ele. Teria dado tudo por isso.
Harry respirou profundamente. Sentiu seu peito doer. Talvez fosse o frio intenso, mas o menino permaneceu imóvel na janela, como se esperasse alguém ou a chegada de alguma coisa (talvez uma coruja). Em uma das mãos, ele segurava com força um pedaço de pergaminho. Nem percebeu que o apertava com tanta intensidade que estava prestes a rasgá-lo. Edwiges, sua coruja alvíssima, deu um longo pio (como se pudesse sentir que Harry não estava bem) e fez com que o menino se despertasse dos seus pensamentos e afrouxasse a mão.
- O que foi Edwiges? Me deixe paz! – retrucou o menino com olhar de reprovação para a coruja.
Harry olhou para o chão e depois fixou o olhar na mão direita. Abriu o pergaminho e leu novamente a carta. Já tinha lido umas nove vezes somente naquela noite.
Caro Harry,
Como você está? Os Dursley estão te tratado bem? Minha situação por enquanto é a mesma, mas não se preocupe, estou bem. Em breve nos encontraremos. Tenha certeza disso.
Sirius.
- "Em breve nos encontraremos?" – gritou Harry repetindo as palavras do padrinho - Mentira! Já faz três semanas e nada.
A raiva era tanta que o menino começou a cortar em pedaços o pergaminho. Estava agitado, sua cabeça doía e estavas prestes a quebrar o abajur, o porta-retrato, a cadeira e tudo que viesse pela frente. Mas os Dursley acordariam e Harry não estava disposto a sofrer um duro castigo no dia seguinte.
Olhou para o chão, os pedaços de pergaminho espalhados por todo lado. Virou-se mais uma vez para a janela que rugia tamanha a intensidade do vento. Não se importou com o frio que já lhe cortava os lábios. Ficou observado o céu tentando não pensar nas palavras do padrinho. Harry ficou assim por horas. Depois sentou-se no chão, encostado na cama. Apesar de toda raiva que sentia, olhava para o pergaminho cortado com tristeza. Não deveria ter destruído a ultima coisa que ganhara de Sirius.
O relógio na escrivaninha marcava meia-noite e doze. Harry nem lembrava que já era seu aniversário. Edwiges deu mais um longo pio.
- O que foi dessa vez Edwiges? Quer acordar os meus tios? É isso? Que atitude nobre a sua. Obrigado.
Mas a coruja insistiu e a cada pio que dava olhava desesperadamente para a janela.
- EDWIGES! – gritou Harry levantado-se para castigar a coruja.
Mas uma voz que veio do lado de fora do quarto fez o menino se virar imediatamente para a janela. Poderia reconhecer aquela voz em qualquer lugar do mundo
- Harry, Harry. Acorda!
Harry correu até a janela e viu um homem de cabelos pretos e volumosos na altura dos ombros pilotando uma vassoura. Seus olhos refletiam total preocupação. Ele olhava de um lado para outro, como se alguém estivesse seguindo-o e pudesse capturá-lo a qualquer momento. Mas ao ver o menino na janela, toda preocupação foi dissipada em questão de segundos e um largo sorriso iluminou seu rosto.
- Olá Tiago. Pegue sua vassoura. Não temos muito tempo. – disse Sirius Black
N/A: Olá leitores queridos! Espero que apreciem esta aventura que acaba de se iniciar. Preparem-se! Muitas surpresas estão por vir. Aceito sugestões, opiniões, críticas, desabafos... Fiquem a vontade! Bjim... Gin!
