Part ONE: JENSEN

A água está fria. Meus músculos se tencionam e relaxam e impulsionam meu corpo mais para frente na raia da piscina.

Esse é meu lugar de descanso. A melhor parte do sábado é poder vir até esse clube e esquecer pelo menos por algumas horas os meus problemas e frustrações.

Atravesso a piscina e volto rápido. Meu corpo já está acostumado com esses movimentos, agem quase que automaticamente quando entro na água.

A melhor coisa que meu pai me obrigou a fazer foi aprender a nadar quando eu era criança e odiava. Engoli muita água até finalmente me dar por vencido e pelo menos tentar fazer o que a professora de natação da minha escola dizia para eu fazer.

Sempre bati de frente com Roger, agora vejo que pensávamos mais igual do que eu imaginava, na adolescência. Talvez o fato de ele ter morrido no ano passado tenha feito eu abrir mais minha cabeça em relação a ele, afinal o velho só queria o meu bem.

Quando subo para a superfície, tiro meus óculos de natação e olho para cima. Um cara gigante está me olhando sorrindo simpático e com as mãos nos próprios óculos na cabeça.

O cabelo dele é comprido até abaixo das orelhas e seu corpo é bem definido. Ombros largos e uma sunga preta que torneia o volume na frente.

– Podemos dividir? – Ele pergunta sorrindo e sua voz é grave. Não foi realmente uma pergunta, a raia não é só minha, mas ele só se joga na água quando eu concordo com a cabeça.

Meus olhos acompanham seu corpo através da água e ele se move por ela graciosamente. Seu corpo é comprido e ele chega ao outro lado da piscina em tempo recorde. Em todos os meses que tenho vindo a esse clube, nunca o tinha visto por aqui. Deve ser novo.

Saio da água e vou para a ducha em frente a piscina, puxando a corda e deixando a água escorrer pelo meu corpo para tirar o cloro excessivo que me irrita a pele. Fecho os olhos e ouço passos atrás de mim enquanto termino de me enxaguar.

– A água está fria. – O cara comenta com os braços cruzados no peito quando eu me viro e saio de baixo da ducha para dar lugar a ele.

– É toda sua. – Ignoro o comentário e vou para o vestiário buscar minhas roupas secas e minha toalha. Me seco e me visto rápido, coloco a mochila em um só ombro e saio do vestiário assim que vejo o cara chegando.

Ele sorri rapidamente para mim quando nossos olhares se cruzam no meio do caminho e eu continuo andando até o banco de pedra do lado de fora do clube. Os carros passam apressados e eu pego meu celular para checar os e-mails.

Depois de alguns minutos, quando estou prestes a me levantar para ir para casa, o mesmo cara moreno e alto sai pela porta e se senta ao meu lado. Perto demais. Guardo o celular no bolso e o olho de canto.

– É... oi. – Ele cumprimenta e eu continuo o olhando sem responder, talvez um pouco rude. Seu cabelo ainda está molhado e a água escorre pelo pescoço, molhando a camiseta. – Me desculpe. – O moreno diz depois de alguns segundos sem resposta minha e se levanta, indo embora pela calçada. Rapidamente o perco de vistas dentre as pessoas andando rápido com seus ternos e maletas de couro caros.

Rio e chacoalho a cabeça, me levanto e pego minha bicicleta no apoio do meu lado. Atravesso a rua e pedalo rápido até o meu apartamento a poucas quadras dali.

Quando abro a porta, Harley pula em cima de mim e quase me derruba para trás enquanto me lambe eu rio divertido.

– Hey garoto, já sentiu saudade? – Pergunto afagando o pelo dele e coloco a mochila em cima da mesinha ao lado da porta.

– Não mais que eu. – Tom sai do banheiro enrolado apenas em uma toalha e sorri para mim enquanto nos aproximamos e eu o beijo nos lábios rapidamente.

O prenso na parede e beijo seu pescoço, apertando a cintura dele e mordendo seu ombro.

– Jen... eu vou me atrasar... – Ele fala e me eu me afasto um pouco para olha-lo nos olhos. – Não dá tempo nem pra uma rapidinha. Já acordei tarde.

Bufo e o solto.

– Precisa mesmo ir trabalhar hoje? É sábado!

Argumento como se fosse a coisa mais absurda do mundo. Tom era advogado, não deveria ter que trabalhar no sábado. O escritório era dele, afinal.

– O caso foi antecipado. Mark vai ser julgado na terça e eu ainda preciso organizar alguns papéis da defesa dele. Eu prometo compensar hoje à noite. – Seu sorriso era malicioso e eu o beijo mais uma vez.

– Ok. Eu vou cobrar, hein. – Rio e dou um tapa na bunda dele quando ele se vira para ir para o nosso quarto.

– Eu estou contando com isso. – Ouço a voz dele abafada pela parede que divide o quarto da cozinha e sala.

Meu apartamento não é dos maiores, mas por enquanto é o que eu posso pagar. Eu e Tom não moramos oficialmente juntos, mas tem muitas cuecas dele na minha gaveta e muitas minhas na gaveta do armário do quarto na casa dele.

Acho que ainda não estou pronto para essa coisa de morar definitivamente junto. Tom se chateia com isso, diz que praticamente moramos juntos, mas em duas casas diferentes e que só estamos gastando dinheiro com duas casas atoa. Eu tento pensar que é melhor assim. É meu segundo namoro mais sério e eu estou tentando não ferrar com tudo surtando com o meu problema em manter contato direto com as pessoas em um relacionamento por muito tempo, como fiz com o último.

Já está para completar três anos que estamos juntos e isso é quase um recorde para mim e para os meus outros trinta casos de um mês apenas, no passado.

Entro no quarto e o abraço por trás quando ele está terminando de fazer o nó da gravata.

Olho nossa imagem no espelho e sorrio. Não podia pedir mais nada na vida. Tenho um bom emprego, um teto e um namorado lindo e gostoso. Mesmo que não me dê tão bem assim com minha família, desde a morte de Roger as coisas têm sido mais leves. Acho que grande parte da tensão nos finais de semana em que passava na casa deles era o fato dele não aceitar completamente minha sexualidade.

– Vou ficar com saudade. – Digo baixo na orelha dele e vejo seus pelos se eriçarem. Beijo a nuca dele e ele solta um gemidinho.

– Eu tô sentindo a espada de São Jorge me cutucando. Sai pra lá, seu tarado. E além do mais você tá suado. – Ele comenta primeiro fingindo uma cara de aborrecimento e depois rindo e eu rio junto.

– É o que você faz comigo. Não tenho culpa se meu namorado é tão gostoso desse jeito. E eu estou suado por que tenho uma rotina saudável que inclui pedalar e nadar. Já você...

Me sento na cama e tiro os meus tênis enquanto ele se vira e me olha, colocando a mão no peito e fingindo indignação.

– Como pode me acusar de ter uma vida sedentária? – Ele me olha se segurando ao máximo para não rir. Tom odeia qualquer tipo de atividade física. Não vai até a esquina a pé e eu não entendo como ele mantém o corpo que tem.

– É só a verdade, baby. Quando foi a última vez que fez algum esforço físico que não envolvesse eu e a cama?

Arqueio a sobrancelha sarcástico e ele coloca a mão na têmpora, pensando em alguma resposta.

– À três anos e meio, quando eu fiz um esforço físico com o Tahmoh e a cama dele.

Ele cai na gargalhada e eu faço uma cara feia. Ele percebe e vem até mim, parando na minha frente e segurando meu rosto com as mãos.

– Não se preocupe, você faz uma atividade física bem melhor do que ele.

Sorrio e ele me dá um selinho antes de sair pela porta gritando um "Até logo" e depois batendo a porta da frente.

Me jogo para trás na cama e olho o teto branco que precisa de uma nova mão de tinta. Tom sempre me incentiva a pintar isso logo se eu me incomodo tanto a pintura do antigo dono. Mas eu sempre adio e deixo para depois. Afinal, não me incomoda tanto assim e isso pode ficar para depois.

Levanto e vou até o banheiro. Tomo um banho rápido e vou até a cozinha para preparar um café e fazer umas torradas para o café.

Passo o dia em casa e a noite, Tom não me compensa como tinha prometido. Eu não insisto muito, sei que ele está sobrecarregado de trabalho, então simplesmente me viro e durmo quando vejo que ele não está a fim.

A semana passa rápido, com a mesma rotina de sempre.

No sábado, vou ao clube de natação e vejo o rapaz moreno de novo na mesma raia da piscina.

A minha raia. Tecnicamente não é só minha, mas eu meio que sempre nado nela então espero ele sair para então eu me jogar na água.

Fico mais tempo dessa vez. Mergulho um pouco e depois só fico na borda, relaxando.

O rapaz é bem falante e tenta puxar assunto umas duas ou três vezes, mas eu sempre o corto. Quando estou aqui eu quero só relaxar e não falar com ninguém. Além do mais, minha semana já foi estressante o suficiente.

Part TWO: JARED

Acordo bem cedo e Chad está com o braço em cima da minha cintura. Ele ainda está pelado da noite anterior e eu também. Olho a bagunça que o nosso quarto está e sorrio de canto. Acho que até os vizinhos nos escutaram, seria vergonhoso se não tivesse sido tão incrível.

Arrumo as coisas da natação na minha mochila e vou para o clube. Fico lá meia hora antes do mesmo cara da semana passada chegar e quando eu tento puxar assunto de novo ele novamente me responde monossilabicamente. Desisto e vou para o vestiário, me vestindo e voltando para casa.

Tomo um banho rápido e tiro as roupas molhadas da natação da mochila e coloco o meu uniforme dentro, meu turno começa às oito, mas eu gosto de chegar no Robert's mais cedo para arrumar minhas coisas. É só um bico para ajudar a pagar as contas enquanto o Chad está sem emprego, mas eu gosto do lugar. Os colegas de trabalho são animados e tão falantes quanto eu e não se importam nem um pouco por eu ser gay. Já tive problemas para conseguir emprego por isso, mas isso foi no Texas. Dou graças a Deus por sair daquela cidadezinha preconceituosa e machista. Só volto lá por causa da minha mãe e do meu pai, porque ainda não consegui os convencer de se mudar de lá para uma cidade melhor.

Pego um metrô até a lanchonete que trabalho e quando chego lá, ainda faltam vinte e cinco minutos pro meu turno começar.

Guardo minha mochila no armário com o meu nome e pego meu celular. Entro rapidamente no Twitter e olho alguns tweets das pessoas que eu sigo, incluindo um do Olly Murs, se assumindo bissexual.

Abro e fecho a boca espantado, não era muita novidade para mim, já que ele tem fotos pela internet beijando alguns caras, mas assumir publicamente é outra história.

Quem me apresentou as músicas dele foi o Justin, um dos meus colegas de trabalho no Robert's e essa é a primeira coisa que falo com ele quando ele chega. Ele pega o celular e confirma a informação dando pulinhos de alegria e sacudindo as mãos histericamente.

– Ai meu Deus! Ai meu Deus! Ai meu Deus! Eu não acredito! Agora eu posso ter chance com ele definitivamente.

Eu gargalho da empolgação e da histeria dele. O cara é viciado nesse cantor. Eu acho ele até bonito, mas para o Justin é quase um Deus.

– Eu vou no show dele no mês que vem, e provavelmente vou voltar de lá com a bunda doendo, se eu der sorte. – Ele diz rindo e eu rio mais ainda.

– Acho que está exagerando.

– Exagerando? Ele falou publicamente! É só uma questão de tempo até ele assumir o romance que eu e ele temos.

– Ele sabe que esse romance existe?

– Você já viu a foto que eu tirei com ele? É claro que já! Eu já te mostrei várias vezes. – Justin continuava falando tudo rápido e abrindo a carteira para tirar uma versão miniatura da foto que ele tirou com o cantor. – Está vendo esse olhar? Significa amor.

Eu arqueio a sobrancelha perante os argumentos dele enquanto ele aponta para a foto e gesticula sem parar.

– Ele só está sorrindo, Justin.

– Ele só está sorrindo, Justin. Fale o que quiser, eu sei que ele me ama. – Justin afina a voz para fazer uma paródia da minha e repete o que eu disse, saindo logo em seguida e entrando na lanchonete.

Chacoalho a cabeça e amarro o avental na minha cintura, entrando logo atrás dele, já que faltavam apenas cinco minutos para o meu turno começar.

A manhã foi movimentada, os sábados sempre eram. Atendi o máximo de mesas que consegui e na hora do almoço, já estava com as pernas doloridas de tanto ficar em pé andando de um lado para o outro e atendendo pessoas o tempo todo.

Mal olhei para o cara sentado na mesa em que fui atender e já estava com o bloquinho de papel em uma mão e a caneta na outra.

– Bom dia – Digo animado. – O que o senhor vai querer?

Levanto o olhar e franzo a testa ao se lembrar que era o mesmo cara que vi na semana passada e hoje no Rotary, o meu novo clube de natação.

Ele não parece se lembrar de mim, então deixo isso de lado e só anoto as coisas que ele me pede para comer.

– Alguma bebida?

Ele me olha atentamente, por um tempo até demais.

– Eu não conheço você? – O loiro me pergunta e eu sorrio de canto. – Acho que... da natação, estou certo? Não te reconheci com toda essa roupa.

Eu coro as bochechas e desvio o olhar.

– Isso mesmo. Acho que nos encontramos por lá umas duas vezes.

Me lembro de o cara ter me ignorado completamente quando eu tentei puxar assunto com ele.

Ele continua me encarando sem dizer nada e não diz se quer alguma bebida ou não.

– Senhor? – O chamo pacientemente. – O que vai querer para beber? – Sorrio aberto ainda segurando a caneta.

O homem demora dois segundos para assimilar as palavras então responde.

– Me chame de Jensen. Não sou tão mais velho assim que você. – Jensen sorri e eu o acompanho.

– Certo, eu sou Jared. – Aponto para a plaquinha no meu peito e sorrio. – Mas isso você já sabe. – Brinco. – E então... o que vai querer beber, Jensen?

– Ah, sim. Uma cerveja, por favor.

Ele finalmente diz e eu pego o cardápio que ele me estende.

Sorrio de canto para ele e vou para a cozinha levar o pedido dele.

Me inclino na bancada e entrego o papel a outro funcionário da cozinha. Pego a cerveja na geladeira vermelha da Budweiser e volto até a mesa com um copo tipo tulipa.

Sirvo a cerveja e o olho.

– Precisa de mais alguma coisa, Jensen? – Falo solícito.

– Não, eu estou bem, Jared.

– Tudo bem. Qualquer coisa é só me chamar.

Pisco com um olho para ele e me viro enquanto ando até atrás do balcão. Mesmo sem poder ver, sinto o olhar dele sobre a minha bunda.

Levo alguns pratos até outras mesas e vez ou outra, passo pela de Jensen. Quando o pedido dele fica pronto eu vou pegar, mas Justin se enfia na minha frente e pega primeiro.

– Aí! Eu não posso perder a chance de ver aquele loiro gostoso mais de perto. – Justin diz excessivamente empolgado e eu dou risadas.

– Você não tem jeito mesmo, hein?

Fico um pouco decepcionado por não poder eu mesmo levar o prato dele, mas logo outras pessoas chegam e eu os atendo.

Quando o relógio marca duas da tarde eu finalmente paro e suspiro. Meu turno tinha acabado e eu podia almoçar junto com os outros funcionários da lanchonete, na cozinha.

Justin fica o tempo todo falando o quanto aquele loiro é gostoso, e forte, e lindo e as garotas dão risadas. Não posso discordar dele, Jensen era realmente muito bonito.

Quando termino meu almoço, Justin me convida para ir até a casa dele jogar The Last Of Us, mas eu recuso. Mesmo sendo o meu jogo favorito, eu estava cansado e precisava de algumas horas de sono a mais.

– Você está é com medo de perder no Mortal Kombat, isso sim. – Justin diz com um sorrisinho irônico enquanto esperamos o metrô juntos.

Eu o olho e rio nasalado.

– Quem foi que perdeu sete vezes seguidas da última vez? – Zombo e ele fecha a cara.

– Eu estava gripado. Deveria se envergonhar de humilhar um doente, Jay.

– Aham, gripado.

Rio e me despeço quando a minha linha chega.

– Nos vemos na terça então?

– Sim. E não se esquece de passar me pegar no meu apê, hein. Sabe que eu não faço a mínima ideia de onde é a casa do Jason. Ah, e o Chad vai também. Sem problemas, né?

Justin faz uma cara maliciosa.

– Não desgruda daquela bunda preguiçosa que não arruma um emprego, não é? – Justin zomba. Fazem alguns meses que o Chad não consegue um emprego, mas isso é por conta da crise. Ninguém está contratando, mas Justin não perde a chance de tirar onda com a minha cara.

– Até terça, Justin.

Rio e entro no metrô, chegando em casa e percebendo que Chad não está. Provavelmente foi atrás de algum emprego. Eu também não aguento mais ver ele parado enquanto eu trabalho em dobro. O trabalho na lanchonete do Robert era para ele, mas ele disse que não "sabe" ser garçom. Como se eu soubesse.

Meu emprego na Marchall é no TI, mas isso não significa que é de todo ruim.

Às vezes ele pega pesado nas brincadeiras sobre meu trabalho. Pode não ser o mesmo nível de um gerente financeiro, como ele era antes, mas pelo menos eu tenho um emprego. Diferente dele, agora.

Desde que começamos a morar juntos, a um ano atrás, as coisas na nossa relação mudaram um pouco. O Chad não se preocupa mais tanto em me surpreender ou fazer algo diferente, como ele fazia quando morávamos separados. Acho que ele se acomodou, mas acabo não reclamando.

Tomo um banho demorado e relaxante e me jogo na cama, lembrando da cara de bobo do loiro que agora eu sei que se chama Jensen na lanchonete. Ele me parecia um tanto grosseiro da primeira vez que o vi, nas piscinas, mas acho que ele só não estava num bom dia.

Ligo a TV e zapeio os canais, não encontrando nada que despertasse meu interesse.

Me aconchego na cama e acabo dormindo, vencido pelo cansaço da semana toda de trabalho e mais o bico na lanchonete.

Quando acordo, não sei quanto tempo se passou. Chad está beijando meu pescoço e eu me arrepio com o toque.

– Acorda, dorminhoco.

Eu afundo o rosto no travesseiro e me encolho.

– Nãooo. – Falo arrastado, manhoso. – Me deixa dormir mais.

– Hã hã. Tenho outros planos para você agora.

Quando sinto a mão dele percorrer meu short curto de dormir e adentrar, tocando minha bunda, sei o que ele quer. Também preciso disso para relaxar, e acho que deve ser a melhor forma.

Me viro e o beijo lento, invertendo as posições e o prendendo na cama.

– Quem dita as regras aqui sou eu. – Falo autoritário e sorrio malicioso, passando a tirar a camiseta dele.

Depois que transamos, o Chad dorme logo em seguida e eu fico emburrado pensando que ele poderia pelo menos ficar um pouco acordado para conversarmos.

Ele tem feito isso sempre, e como sempre, eu não reclamo. Não gosto de reclamar das coisas. Tudo uma hora se resolve como tem que ser, é o que minha mãe sempre me disse.

Me levanto e tomo outra ducha rápida e quando saio do banho, Chad ainda está dormindo.

Suspiro e visto meus tênis de corrida, coloco meu fone de ouvido e uma música no meu iPod, indo até parque do centro da cidade, a poucos quarteirões do meu prédio.

Corro ao redor do lago distraído e quando em dou conta, já estou cruzando o caminho de uma bicicleta que me acerta em cheio.

Caio um pouco desnorteado e o ciclista cai para o outro lado, de bruços na grama, só quando ele se levanta e vem até mim que consigo ver quem é.

– Jensen? – Franzo a testa. Só pode ser brincadeira.

– Jared?! Meu Deus! Me desculpa. Você está bem? – A voz dele tem preocupação.

Avalio meu próprio corpo e percebo que estou bem, a não ser por um pequeno corte na minha panturrilha esquerda.

– Sim, estou. E me desculpe eu por ter atravessado sua pista.

Me sento na calçada e ele me ajuda a levantar.

– Acho que ambos estávamos distraídos. – Ele comenta sorrindo e eu devolvo o sorriso.

– Acho que vou abandonar meus fones de ouvido.

Comento e rio baixo acompanhado de Jensen.

– Acho que é uma boa ideia e eu tenho que prestar mais atenção no caminho. Sou muito distraído.

– Sua bike está bem?

Só então ele se lembra da bicicleta e vai pegá-la, avaliando seu estado.

– Ela vai sobreviver.

Rimos juntos e andamos lado a lado, com a bicicleta nos distanciando e falando sobre trivialidades, sem nos aprofundar muito em nada.

– Bom, acho que nos vemos no sábado, no clube, então.

– Acho que sim.

– Até mais.

– Até mais.

Nos despedimos e eu volto para casa andando. O sangue que escorreu da minha perna já está seco e eu nem mesmo o sinto mais.

Quando entro no apartamento, Chad parece preocupado.

– Hei, o que houve?

– Nada eu só... fiquei preocupado. Quando eu acordei você não estava mais em casa... sei lá. – Ele diz um pouco constrangido.

– Eu só fui correr. Não precisava ter se preocupado. – Dou de ombros. – Você dormiu depois que a gente transou, então eu resolvi ir fazer alguma coisa. – Minha voz saiu com um quê de mágoa quando disse sobre ele ter dormido, mas ele parece não ter percebido ou só não se importou mesmo, pois simplesmente concordou e saiu para a cozinha.

Suspiro e vou para o nosso quarto. Me livro das minhas roupas e Chad entra no quarto bem nessa hora.

Ele chega perto de mim e insinua algo, mas eu o afasto.

– Eu tô cansado, Chad. Agora não.

Ele solta uma arfada de ar e sai do quarto pisando duro e eu me pergunto quando ele passou a ser babaca desse jeito.

Continua...