"Querida Evans,

Sei que por sete anos tenho sido parte essencial do seu inferno pessoal. Sei também que causo aflição àquele seu ex-amigo Ranhoso por quem tinha grande apreço no passado, e isso a faz me odiar, ligeiramente. Mas venho por meio desta expressar meus sentimentos. – Já que de outras maneiras acabaria com alguns membros a menos.

Eu sou um idiota. Admito. Por todo esse tempo estive agindo como uma criança mimada – por vezes cruel – para chamar sua atenção. Eu, sinceramente, te amo. Como nunca amei ninguém e gostaria que você acreditasse em mim. Eu casaria com você sem pensar duas vezes, e teríamos filhos lindos e temperamentais.

Não vou te pedir pra sair comigo e prometo, não vou enfeitiçar mais nenhuma de suas amigas pra te convencer disso. Só queria deixar isso claro, porque parece que você ainda leva tudo como brincadeira.

Eu te amo, Lily Evans. E tenho certeza de que é pra sempre.

James Potter."

Sirius terminou de ler a carta em voz alta, ao que James ainda estava preso à sua camisa, tentando impedi-lo de fazê-lo.

O maroto de óculos soltou o outro, uma vez que já não tinha mais jeito, e coçou a nuca, envergonhado.

– Er... Está muito ridículo? – perguntou receoso aos amigos que o encaravam. Era a primeira vez na sua vida que escrevia algo parecido com aquilo.

– ESTÁ. – responderam em uníssono, sobressaltando James.

– Mas parece que realmente tem seus sentimentos. – Remus sorriu, encorajando-o.

– Concordo plenamente sobre você ser um idiota, Prongs. – Peter disse ao que ajeitava seus bolos de caldeirão e outros docinhos, decidindo qual comeria primeiro. Os outros assentiram com a cabeça.

– MEU MERLIN! JAMES POTTER PENSANDO EM CASAR E TER FILHOS!

– Fala mais alto, Sirius. A Lily ainda não conseguiu te ouvir, lá do dormitório feminino. – repreendeu James, franzindo o cenho.

– Acho que deveria entregar para ela, cara.

– É isso aí.

– Também acho.

– Mas ela não vai me achar um idiota? – James estava realmente com medo. Sentimento que ele raramente sentia, vale ressaltar.

– Com certeza.

– Não há dúvidas!

– Ainda pergunta? – responderam os amigos sem pensar. O maroto deixou que a cabeça caísse, decepcionado com sua primeira carta de amor.

– Porém, isso vai realmente amolecer o coração dela. Sabe, essa sua sinceridade. – Remus fechou o livro, colocando-o na mesa de cabeceira.

– Sua idiotice.

– Eu já acho que o vai amolecer o coração da monitora é um grande-...

– Sinceramente, ninguém quer que você complete essa frase, Pads. –Sirius cruzou os braços, parecendo pensativo.

– Okay, vamos entregar isso de uma vez!

– O QUE? – berrou James, pulando da cama em direção ao amigo que caminhava decidido para a porta do dormitório. – Não, não, não! Eu faço isso quando tiver coragem!

– Pff... Até parece.

– Duvido.

– Qual é, gente. Vamos parar de tirar com a cara do Prongs, já basta a carta ridícula que-... – Lupin, parou subitamente de falar, levando uma das mãos à boca.

– Quer saber? Não vou entregar mais nada pra Evans! – arrancou a carta da mão de Sirius, amassando e arremessando-a longe.

– AH! PRONGS! POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?

– É um idiota mesmo.

– Na verdade, ele é um pouco carente, não devíamos ter sido tão sinceros.

James cruzou os braços, e voltou pra sua própria cama, fechando a cortina no dossel numa atitude totalmente infantil.

Que amigos eram aqueles que só o criticavam enquanto ele tentava fazer algo legal?

– Carta estúpida... – praguejou, recolhendo o papel amassado do chão. O encarou por alguns minutos e por fim, o guardou debaixo do travesseiro.

Entregaria à Evans. Algum dia.