NA: Fic escrita para o Amigo Oculto - oculto MESMO, até de mim - do chat do 6V. Só fiquei sabendo, a princípio, que deveria escrever uma angst JL, e, só umas duas semanas depois foi que me contaram para quem era. E foi ótimo descobrir que foi pra minha querida amorinha Lih, que foi em quem eu pensei enquanto escrevia isso mesmo sem saber que era pra ela.


Depois do Começo

Lily, leve Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso...

Ela olhou para o marido, dividida entre ficar e lutar e ouvir seu instinto maternal. Talvez ainda tivesse tempo de fugir, mas algo insistia para que ela ficasse. Havia enfrentado aquele homem antes, por que deveria fugir agora?

Seus olhos e os de James se encontraram. Por trás dos óculos, ele suplicava que ela o ouvisse, pelo menos uma vez na vida.

James queria gritar para ela deixar de ser tão teimosa e tão nobre, mesmo que aquilo tenha sido o que o fez amá-la no começo. Queria lhe dizer que estava disposto a morrer para que ela tivesse uma chance de viver mais vinte, trinta, cem anos, e que não ia se entregar sem lutar, para que ela tivesse tempo de escapar.

Mas todas as palavras ficaram presas em sua garganta. Por sorte, ela pareceu entender, e desapareceu da sala, na direção do quarto, onde seu bebê dormia tranqüilamente no berço.

No último ano, haviam conseguido fingir que tudo estava bem, mas agora Harry parecia sentir que havia algo de errado com sua mãe.

O clarão verde denunciou que ela não tinha mais tempo. E ela sentiu um balde de água fria cair sobre suas esperanças.

James estava morto e, se não conseguisse escapar a tempo, ela também estaria.

Harry não, Harry não, por favor, Harry não!

Não entendia ao certo o que a fazia suplicar pela vida de seu bebê, porque era claro que era Harry que Voldemort queria. E, quando Voldemort queria uma vida, quando Voldemort em pessoa saía para buscá-la, ele sempre a conseguia.

Mas ela não conseguia suportar a idéia de viver num mundo em que ela não tinha nem seu marido nem seu bebê. Não conseguia suportar saber que não tinha feito nada para proteger nenhum dos dois.

Afaste-se, sua tola... afaste-se agora...

Não ia se entregar sem lutar. Não admitiria simplesmente dar um passo para o lado e ver Harry ser morto sem sequer tentar impedir. Ele não conseguia ver como era cruel tentar matar um bebê na frente da mãe? O quanto era cruel tentar matar uma criança, ponto?

Harry não, por favor, não, me leve, me mate no lugar dele...

Harry não! Por favor… tenha piedade… tenha piedade…

Ela tentou, em vão, implorar para que ele fosse capaz de ter misericórdia. Devia saber que ele não tinha sentimentos. Já tinha ouvido falar de psicopatas, e sabia que ele seria classificado como um se não fosse bruxo.

Quando ele riu de suas súplicas, ela entendeu que, por mais difícil que fosse admitir isso, aquela era uma causa perdida.

Mas não se moveu nem um centímetro. Continuou ali, entre Voldemort e o berço. Sabia que tinha acabado de assinar sua sentença de morte, mas isso não importava. Preferia não viver num mundo em que não havia nada que provasse que, um dia, Lily Evans tinha, sim, saído com James Potter, e que depois eles se casaram e tentaram ter uma família, apesar de tudo.

Um clarão verde.

E tudo estava acabado.


Amorinha, espero que você tenha gostado. Fiz com todo o meu carinho pra você.