Disclaimer: Lost e seus personagens pertencem à JJ Abrams e à ABC, esta fanfiction é totalmente sem fins lucrativos.
Categoria: Ficção científica/ Suspense.
Censura: T ( M para violência e situações sexuais).
Sinopse: Ano de 2014, a humanidade foi assolada por um vírus criado em laboratório que destruiu a sociedade humana e impossibilitou a propagação da espécie. O Dr. Jack Shephard é um dos poucos sobreviventes que ainda vivem nas cidades norte-americanas tentando desesperadamente descobrir a cura para o vírus e salvar o pouco que restou antes que o tempo dos humanos na Terra se esgote. JATE/ SANA.
Nota: Esta fanfiction é baseada na obra homônima do escritor Richard Mattheson e no filme "Eu sou a Lenda".
Time Zero
Capítulo 1
Sobrevivendo
- Jack, não podemos ir sem você, por favor, vem com a gente!- gritou Sarah, aos prantos agarrada à filha de dois anos, implorando para que seu marido, o médico e cientista Dr. Jack Shephard mudasse de ideia e entrasse junto com ela no jatinho particular do presidente dos Estados Unidos que levaria os chefes de Estado e alguns familiares de pessoas importantes para um local a salvo da epidemia viral que assolava o mundo há quase três semanas.
- Não Sarah, eu tenho que ficar.- replicou ele. Você deve ir, baby, nos veremos logo.- ele beijou o cabelinho castanho de sua pequena filha e deu um longo beijo em Sarah, despedindo-se. –Nos veremos em breve, eu prometo. O Vincent vai cuidar de mim.- ele tentou descontrair, falando do cachorro da família.
Sarah assentiu e entrou no avião ainda chorando, sentindo que não veria seu marido nunca mais.
- Jack!- gritou.
Ele acenou para ela e a porta do avião se fechou.
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Nova York
Jack acordou com uma forte dor de cabeç as manhãs eram assim, mas pelo menos estava vivo. Tateou com cuidado no escuro procurando o relógio de pulso. Sete e meia da manhã, muito cedo ainda.
Sentou-se na cama esfregando as têmporas. Vincent que estava deitado aos pés dele, latiu e Jack levou o dedo indicador à boca pedindo silêncio para o cachorro. Em seguida olhou para o corpinho pequeno e roliço que dormia em total abandono ao seu lado. Sorriu e ligou a luminária do quarto. Brandy esfregou os olhinhos, mas não os abriu, mudando de posição na cama.
Jack acariciou-lhe os cabelos castanhos e levantou-se da cama finalmente, chamando Vincent com um estalar dos dedos para a cozinha. O cão o seguiu obediente. No caminho para a cozinha, Jack foi abrindo todas as janelas para deixar o sol entrar e a casa foi ganhando um aspecto mais agradável. Apesar de ser tão cedo, o sol já estava a pino. Ele serviu em uma vasilha ração e carne enlatada para o cachorro.
Preparou para si mesmo um café bem forte e ligou a televisão junto com o dvd. Na tela apareceram cenas antigas do telejornal da manhã. Assistir aquele programa, mesmo sendo sobre notícias que ocorreram há muito tempo ajudava Jack a manter a normalidade em seu lar.
Alguns minutos depois, Brandy entrou saltitante na cozinha, de pijamas, segurando Daphne, sua Barbie preferida.
- Papai, estou com fome!
- Bom dia pra você também, mocinha!- respondeu Jack, pondo a caneca de café de lado.
A menina pulou no colo dele.
- Eu quero panquecas, bacon, ovos e cheeseburger.
- Tudo isso cabe aqui dentro?- perguntou Jack acariciando a barriga da filha.
- Aham!- respondeu ela.
- Certo, então o papai vai preparar para você.
Ele a levantou delicadamente de seu colo e pôs-se a procurar uma frigideira no armário.
- Papai?
- Sim, querida.
- Pode me levar ao parquinho hoje? Faz tempo que você não me leva lá.
- Não faz tanto tempo assim.- respondeu Jack encontrando a frigideira.
- È que não gosto de ficar aqui sozinha.- insistiu a criança com voz de tolice.
- Querida, você sabe que o papai precisa sair algumas vezes para trazer comida para nós, pro Vincent. Mas não é seguro você vir com o papai, é melhor que fique aqui comportadinha até eu voltar.
A menina choramingou:
- Mas eu queria brincar no balanço, por favor, papai!
- Eu vou pensar.- ele respondeu pegando ovos em pó na geladeira. Mas sabia que não era uma boa ideia levar Brandy ao centro com ele, mesmo à luz do dia.
- Papai...- a menina choramingou um pouco mais e Jack não agüentou ver aqueles olhinhos pidonhos. Com certeza sua menina precisava de um pouco de luz do sol e ele seria cuidadoso como sempre.
- Está bem, eu a levarei ao parquinho hoje, mas não iremos demorar.
Brandy sorriu feliz da vida e começou a pular na cozinha.
- Oba! Oba! Oba!
Jack sorriu, pelo menos sua filha conseguia viver naquele mundo terrível como se nada estivesse acontecendo. Preparou todo o café da manhã de Brandy e depois fez mais um risco no calendário apocalíptico que montara.
- Mais um dia, contagem regressiva para o fim...- murmurou.
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Rodovia 105-Sul, 120 km de Nova York
- And I Will always love you!...- cantarolava James Sawyer com o som do carro ligado no último volume. – Tá ouvindo isso, Louis querida, te amarei para sempre afinal somos só nós nessa porcaria de planeta.- disse ele batendo de leve no braço de plástico da manequim loira ao seu lado no banco do carro. –Pelo menos você é uma tremenda gata!- Sawyer sorriu, voltando sua atenção para a enorme placa na estrada.
"Nova York, 120 km."
- Eu sempre quis ir à Nova York, Louis. Acho que agora pintou a oportunidade.- ele parou o carro, desligou o som e desceu, olhando a rodovia totalmente deserta ao seu redor. E pensar que um dia aquela fora uma das rodovias mais movimentadas dos Estados Unidos. Olhou para o sol, alto no céu, e começou a pensar se venceria os 120 km sem problemas até chegar a um lugar seguro onde pudesse esperar o dia amanhecer novamente. – Será que a gente consegue, Louis?- indagou ao manequim. – È, você sempre acha que alguma coisa vai dar errado, ora, estou tentando ser prático aqui, se você pelo menos tivesse aprendido a dirigir, garota tagarela!
Entrou no carro e batendo de leve no ombro plástico do manequim, disse:
- Nova York, aí vamos nós!- ligou o som do carro de novo e pôs no início de "I Will always Love you". –Cante, Whitney!
Checou o tanque de gasolina do carro e viu que tinha o suficiente para cobrir os 120 km. Então, sem perder mais tempo, Sawyer ligou o carro e saiu estrada afora, cantando pneus.
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Ilha de Manhathan
Katherine Austen estava faminta. A refeição composta de três saquinhos de castanha que encontrara em uma loja de conveniência abandonada no dia anterior não tinham servido para nada, embora ela se lembrasse de que vira uma vez na televisão que comer uma castanha era o equivalente à uma refeição devido ao seu alto teor calórico.
Mesmo que isso fosse verdade, seu estômago não concordava, e roncava de forma assustadora naquele momento. Que saudade das refeições quentinhas que a mãe preparava no restaurante de sua família em Talahassee. Tudo era tão diferente naquela época, antes da epidemia. Kate não gostava nem de se lembrar do que acontecera com sua família e amigos. Há dois anos vagava pelas cidades desertas, apenas sobrevivendo sozinha dia após dia.
Uma vez, quando chegara a Nova Jersey, encontrou um sobrevivente. Um homem idoso que não tinha um braço, o perdera tentando fugir quando a epidemia chegou à sua cidade. Ficaram amigos e Kate muito contente de ter alguém com quem conversar. Porém um dia, sem nenhuma explicação o velho senhor amanheceu morto e Kate não teve outro remédio senão seguir seu caminho.
Já estivera em muitas cidades durantes aqueles dois anos, e tudo o que encontrava era destruição. Vagava durante o dia, em busca de alimentos e em busca de sobreviventes que pudessem se juntar à ela em sua vida de andarilha e durante a noite procurava se esconder em lugares onde as almas perdidas jamais pudessem encontrá-la e chorava quando escutava seus uivos medonhos na escuridão.
Caminhou por mais de meia hora atrás de algo decente para comer até que avistou um supermercado. Sorriu feliz, o lugar parecia em bom estado, talvez pudesse encontrar muitas coisas úteis lá dentro além de alimentos.
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Rodovia 105-Sul 80 km de Nova York
Ana-Lucia Cortez arrumou os óculos escuros sobre o rosto e mirou seu próprio reflexo no espelho retrovisor da moto enquanto arrumava a pistola no coldre preso à perna direita e o punhal cuidadosamente afiado que ajeitou no cós da saia jeans curta e cobriu com a camiseta marrom. Também tinha uma faca que ela levava na bota, sempre preparada para o que viesse. Do jeito que o mundo estava era bom não facilitar.
As ruas desertas mascaravam o mal que se escondia nos cantos escuros, onde a luz não podia alcançar. Um mal terrível para o qual a humanidade não estava preparada e sucumbiu. Mas Ana não tinha medo da epidemia, tinha medo era da solidão. Dois anos desde que vira sua mãe, seu marido e seu bebê de poucos meses serem levados por aquela moléstia incurável e ela nunca mais encontrara ninguém na face da terra.
Vagava de cidade em cidade desde que fugira do México, indo parar nos Estados Unidos e a solidão a perseguia. Não existia mais nenhuma alma viva, ela sabia, ela sentia. Mas não morreria assassinada pelas mãos frias dos cadáveres ambulantes que dominavam à noite. Lutaria até o fim.
Sua próxima parada seria em Nova York, pretendia ir à Manhatan, havia uma possibilidade remota lá de haver um sobrevivente. Há cinco dias escutara no rádio que acoplara à moto uma transmissão de um homem chamado Jack Shephard, um cientista que dizia viver em Nova York, em Manhatan e oferecia abrigo, alimento e companhia. Ana-Lucia estava mesmo precisando disso, necessitava muito conversar com alguém, tocar outro ser humano, saber que não estava sozinha.
Foi com esse pensamento que deu partida em sua moto, ajustando os retrovisores. Precisava sair da estrada antes que escurecesse, porque quando isso acontecia a possibilidade de sobrevivência era mínima.
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O riso de Brandy enchia os ouvidos de Jack enquanto ele a balançava no parquinho. As pernas curtinhas da menina balançavam de um lado para o outro. Quando a menina finalmente se cansou, Jack a colocou sentada no capô do carro enquanto observava atentamente o porto de Manhatan, esperançoso de encontrar sobreviventes. Vicent corria aos pés dele e Brandy o chamava, alegre.
Jack ligou o rádio de longa distância do carro e mais uma vez lançou sua mensagem:
"Aqui é Jack Shephard, sou um cientista, sobrevivente da epidemia, vivo em Manhatan com a minha filha pequena e o meu cachorro. Ofereço abrigo, alimento e companhia a quem quiser. Qualquer pessoa, de qualquer idade, homem ou mulher. Se você está perdido, vagando pelas cidades sem rumo venha me encontrar. Estou todos os dias no píer principal do porto de Manhatan em Nova York ao meio-dia."
Depois de passar sua mensagem e esperar por quase duas horas, sem sinal de ninguém, Jack resolveu ir embora. Colocou Brandy e Vincent no carro.
- Papai, onde vamos agora?- indagou a pequena.
- Vamos até a locadora. Quer assistir ao Bob Esponja?
- Quero!- exclamou a menina, contente.
Jack dirigiu pelas ruas desertas, topando vez por outra com um animal selvagem correndo pelo asfalto como uma manada de cervos ou até mesmo de girafas, aos poucos a floresta invadia a cidade e o mundo voltava a ser selvagem novamente. Brandy se divertia ao ver os bichos, adorava quando seu pai a tirava de casa.
Ele parou o carro uma rua antes da locadora, no supermercado, lembrando-se de que o leite acabara. Por mais que houvesse a possibilidade de levar quase todo o estoque de leite do supermercado para casa, Jack gostava de fazer compras. Era mais uma coisa que o fazia acreditar que levava uma vida normal.
Desceu do carro com Brandy no colo e Vincent o seguiu, obediente. Entrou no supermercado e colocou a menina no chão. Brandy começou a brincar, dançando e rodando, dando voltas ao redor de si mesma quando viu uma porta bater levemente. Curiosa, a criança caminhou até a porta, abriu-a e espiou dentro.
Jack pegou nas prateleiras alguns pacotes de biscoito, leite e um barbeador também, estava ficando desleixado. Viu várias bonecas em outra prateleira e chamou pela filha:
- Brandy! Quer uma boneca?
Mas a menina sumira da vista dele, viu apenas Vincent. Seu coração acelerou de pânico.
- Brandy! Brandy!
Começou a correr pelo supermercado vazio e Vincent latiu, mostrando a porta aonde a menina tinha sumido, Jack olhou para aquela porta e exclamou:
- Oh Deus, não!- ele sabia que lá dentro deveria estar escuro, e também sabia o que a escuridão escondia. –Brandy!- gritou se aproximando da porta com cautela, iria adentrar aquele lugar e trazer de volta sua garotinha.
Continua...
