A noite tomava o ambiente sombrio. A sombra das árvores formavam figuras no chão. Corri e corri o mais rápido que eu pude, não podia deixar que nada acontecesse a ela. Ele prometeu que não iria machuca-la. Ele prometeu. Então porque essa sensação ruim?

A quem eu quero enganar? O Lorde das Trevas não se importa com ninguém, quais garantias eu tenho?

Porque eu deixei isso acontecer?

Talvez não fosse tarde...

Ao virar a rua da sua casa. Parei suspirando pelo cansaço da corrida, mas não é isso que me fez ficar imóvel no lugar e sim a porta da casa arremessada para longe.

Não, não pode ser.

Voltei a correr como se minha vida dependesse disso. Ao entrar na casa me deparei com uma cena que fez meu coração perder uma batida, não por ser Tiago Potter estar morto no chão, não era como se eu estivesse preocupada com ele. O que me preocupava era não encontrar Lílian segura.

Olhei em volta prestando atenção no pequeno espaço que serviu de campo de batalha. Os móveis todos destroçados.

Minha atenção foi imediatamente para as escadas. O choro de uma criança soou alto no andar de cima. Esse choro só podia ser de Harry.

Se Harry ainda estava vivo então quer dizer que não é tarde.

Saquei minha varinha e com paços cuidadosos subi a escada observando atentamente qualquer movimento suspeito para agir no momento certo, mas nada. Um silêncio total se não fosse pelo choro do bebê.

Alcancei o topo da escada e senti meu coração disparar. Minhas mãos suavam de nervoso. Uma luz branca vinha da porta direita mais a frente. Eu senti medo pelo silêncio e pelo que eu podia encontrar ali, no entanto não hesitaria em lutar com o Lorde das Trevas para salvar minha irmã.

Parei ao lado de fora da e suspirei adquirindo forças para entrar no quarto. Virei com tudo e apontei minha varinha, mas então o que vi a seguir foi a pior sensação que já tive na vida.

Caída ao lado do berço. Lílian se encontrava sem vida.

Minhas pernas fraquejaram e eu cai sem aguentar a força do meu corpo.

Meus olhos se encheram de lágrima, não me importei de chorar depois de tantos anos. Pela primeira vez me sentia incapaz de qualquer ação.

Rastejei até o corpo dela e a peguei nos meus braços. Seu corpo estava mole.

- Lílian. – Chamei-a tirando os cabelos dos seus olhos na falsa crença de que os mesmos abriria e me diria que está tudo bem.

Só que nada disso não aconteceu. Ela não abriu os olhos.

Então as lágrimas vieram.

Gritei sufocada pela dor.

- Minha querida irmã. O que foi que eu fiz? – Eu disse entre soluços.

Apertei-a contra meu corpo como fazia quando éramos criança. Sempre nos dias de chuvas quando começavam as trovoadas. Lílian corria para meu quarto e se agarrava a mim com medo do som estrondoso.

Aquele pequeno choro no cômodo chamou novamente minha atenção. Ergui a cabeça e me deparei com o pequeno bebê com os olhos igualmente idênticos da minha irmã.

Funguei olhando a cicatriz na testa dele e arregalei os olhos ao me dar conta do que era.

Abaixei a cabeça voltando a encarar minha irmã.

- Você conseguiu? – Perguntei perplexa.

E então me assustando. Lílian abre os olhos e segura minha mão apertando-a dolorosamente.

Sua cara estava estampada pela raiva e ódio que sentia.

- Foi você Bella. – Ela disse me fitando intensamente. – Você fez isso.

Abri os olhos e me sentei na cama suando frio. O meu coração disparado parecia preencher todo o quarto.

Olhei em volta e meus olhos pararam no relógio que marcava pontualmente 3 horas da manhã.

- Foi só mais um pesadelo. – Sussurrei para mim mesma.

Olhei com amargura a poção sem sonho intacta no hack ao lado da cama. Eu peguei no sono antes de toma-la. Sempre os pesadelos vinham quando eu não tomava a poção.

Espremi os lábios em desgosto.

Eu não conseguiria voltar a dormir agora. Como em todas as outras vezes.

Decidi por fim tomar um copo de whisky torcendo para pelo menos esquecer o passado que me assombrava. Calcei os chinelos ao lado da cama e vesti meu robe antes de descer.

A casa era enorme e a sala estava um breu. Caminhei sem tropeçar até onde continha à bebida. Era fácil decorar o caminho depois de vir sempre aqui.

Agachei para assoprar a vela ao lado e esse simples gesto a fez pegar fogo. Assim pude me servi de um pequeno gole. Sem gelo. Era só o que eu precisava.

O gole que dei foi o suficiente para acabar com a bebida do meu copo. Me servi mais uma vez. Eu precisava de outra dose. A minha mente pedia por isso. O copo alcançou meus lábios quando a batida na porta soa por todo o espaço.

Meus olhos se estreitaram.

Quem poderia ser a essa hora da noite? Olhei em direção a porta. Se eu deveria atender ou não, pouco me importava. Seja lá quem fosse eu o despacharia imediatamente. Quem teria coragem de me incomodar nessa hora da noite?

Levei o copo comigo e caminhei a passos silenciosos. Eu não era estupida para alguém aparecer aqui agora sem estar preparada. Provavelmente coisa boa não era.

Com um simples estalar de dedos a varinha apareceu na minha mão. Ao chegar à porta segurei na maçaneta com o copo, e por breve segundo hesitei. Se fosse alguém que viesse para me matar com certeza não estaria tocando a campainha de casa. Balancei a cabeça e abri a porta.

E o arrependimento veio assim que avistei a figura reconhecível do homem de costas para mim.

Seus trajes e o cabelo branco sempre foram os mesmos visuais e constatei assim que virou para mim que a enorme barba também era a mesma que eu me lembrava.

- Pelo visto não mudou nada nos últimos anos. – Ironizei.

- Posso dizer o mesmo para você, Bella. – Ele disse com toda aquela calma que eu odiava.

Meu maxilar travou, apenas sua presença que me irritava.

- O que você quer?

- Eu preciso da sua ajuda.

Gargalhei alto e finalmente levei o outro gole de whisky garganta adentro. Pus o copo na mesinha de vidro ao lado da porta assim que terminei e voltei a encarar o velho na minha frente. O seu olhar, foi isso que me fez sentir raiva. Seu olhar de pena se direcionava a mim.

- E o que faz pensar que eu vou ajudar?

Ele ficou ali me observando um tempo sem dizer nenhuma palavra. Quando decidi manda-lo embora. Ele abriu a boca para dizer.

- Harry acabou de fazer 11 anos.

Arregalei os olhos antes de voltar a encarar com fúria o velho.

- Você só pode estar brincando. Ele não pode voltar, você sabe bem. – Me exaltei diante da possibilidade. Isso não podia estar acontecendo.

- Não é como se eu pudesse evitar Bella. Você também sabe muito bem que ao atingir essa idade ele terá que frequentar a escola de magia.

- E por que eu? Não pode ser outro.

- Não e você também sabe muito bem disso. – Seus olhos caíram direto para meu pulso onde estava exposta a tatuagem da cobra em baixo do crânio.

Aquela tatuagem era minha condenação.

Eu não queria me envolver. Eu não podia, mas era o Harry. O pesadelo que tive hoje veio na minha mente e aquele bebê com os olhos iguais da minha irmã me fez ver o que era necessário. Foi a última vez que eu o vi. Esse pensamento me fez tomar a decisão. Afinal, ele era meu sobrinho.

Encarei-o sem vacilar.

- Acho que precisamos conversar, Dumbledore. – Dito isso dei espaço para que ele entrasse.

Ele sorriu para mim e olhou em volta a rua deserta.

- É o que eu mais quero. – Dizendo isso. Dumbledore entrou na mansão.

Fechei a porta atrás de mim preparada que a partir daquele momento minha vida mudaria.