Nome: És o meu segredo

Anime: Saint Seiya

Tipo: UA, mistério, sedução e intriga

Casais: Todos!

Autor: Yuki Saiko

Esta fic não tem quaisquer fins lucrativos, apenas escrevo por diversão alguma palavra que não percebam provavelmente esta no final da fic, está fic está em português de Portugal pois como sou portuguesa não consigo escrever muito bem em português oriundo do Brasil.

Saint Seiya não me pertence e sim ao tio Kuramada, esse homem que alem de ter feito lindas personagens, enganou-se num momento de total estupidez e fez o Seiya e a Saori, momentos assim acontece com qualquer um, espero estar morta nesse momento da minha vida. Se Saint Seiya fosse meu Camus e Milo seriam os protagonistas, teria que levar muitas bolinas vermelhas xD para poder ser visto.

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És o meu segredo

" Numa sociedade em que tudo era permitido, onde um mundo talvez pudesse ser perfeito, mas sempre existirá um vácuo entre a perfeição e a realidade."

Toda a casa despertava pela alvorada, uma casa refinada decorada pelos melhores desse ramo, faziam as delícias dos inquilinos, empregados, motorista e amigos de festas.

Uma mesa farta em comida de todos os tipos, um ser sentado com um requinte inigualável se colocando no lugar da senhora da casa, no exacto lugar esquerdo depois do chefe da mesa.

- Bom dia querido – diz um homem bem vestido de terno desenhado por John Galliano, passando a mão pelo rosto de um outro homem lhe dando um beijo rápido nos lábios finos e delicados do companheiro, um ser mais delicado de semblante passivo.

- Bom dia Saga – um leve sorriso se desenhou no seu rosto pálido depois do beijo que recebeu, limpou com o seu guardanapo os cantos da boca para beber o seu suco de morango enquanto o outro se sentava no seu respectivo lugar.

- Logo à noite vou… bem… vamos dar uma festa em nome da empresa aos novos aficionados da nossa companhia.

- Mas Saga…

- Não me interrompas enquanto estou a falar – diz o chefe da casa olhando friamente para o seu companheiro, sorrindo em seguida vendo o rosto angelical do outro um tanto ao quanto assustado. Observando a sua própria atitude acaricia uma mecha do cabelo avermelhado do outro num toque delicado e carinhoso.

- Perdão – culpa-se o ser mais delicado ficando sério, olhando penetrantemente nos olhos do amado.

- Bem continuando… nós vamos dar uma festa, encarregaste de todos os preparativos para uma festa bem extravagante assim como deslumbrante – acaba de beber o seu café limpando a boca – aproveitas e divertes-te já que não tens muito o que fazer. - Puxa-o para mais um beijo rápido – o jantar será às vinte horas, seremos por volta de dezoito pessoas.

- Não achas um pouco em cima da hora para me avisares, não? – Diz com um ar frio olhando de canto dos olhos ainda com o copo de suco na boca depois de dois pequenos goles.

- Cada um com os seus cargos, Camus – veste um sobretudo preto que estava no final do corredor perto da porta de saída – até mais logo, vou trabalhar.

- Sim claro – o amante sai da casa com a sua normal mala branca e seu notebook – como sempre – suspira um pouco chamando logo em seguida o mordomo e mais duas empregadas da sua máxima confiança, já que teria de fazer algo tão extravagante coisa que não era nada o seu género, precisaria de ajuda.

Todos os preparativos da festa começaram-se a fazer, a empresa e os pedidos foram feitos com máxima urgência, a popularidade das pessoas que a iriam fazer era tanta que Camus não teve assim tanta dificuldade em arranjar tudo em última hora.

Não se podia dizer que aquela festa teria a potencialidade das anteriores, mas afinal eles estavam lá para falar de negócios e não para dançar ou algo do género, no fundo a vida de empresário era sempre chata… se bem que as mulheres ou homens dos acompanhantes deveriam de precisar de se divertir um pouco assim como ele que vivia na angústia de se ver a ele mesmo todos os dias sendo excluído da sociedade, se afundar no seu próprio barco de sentimentos e solidão.

Saga era umas das pessoas mais importantes no que se poderia chamar da antiga Europa tinha agora o nome de Sparten, uma ditadura implantada na sociedade dividida em vários pólos, influências passadas, o mercado negro aumentando a cada minuto, o desequilibro económico entre as pessoas era cada vez maior, não existindo mais classe média. Os pobres eram os revoltados com a nova politica, os ricos o que a tinham criado ganhando dinheiro desumanamente por comer, negócios e empreendimentos legais ou não.

Estava muito em moda a venda de contratos de pessoas para "animais de estimação", a sociedade era sem princípios morais, Saga foi um dos maiores dirigentes, ficando com Sparten central em seu total poder... sendo a sua palavra uma lei, sua vontade um ordem… seus desejos…simples obrigações… esse era Saga, "The bigboss" de cognome dado por aqueles que queriam viver, não apenas sobreviver…

A noite foi chegando, lampiões no jardim iluminando toda a entrada na mansão convidando inconscientemente todas as pessoas que por ali passavam.

O jardim não só iluminado da entrada rústica da casa, relembrando as escadas do paraíso. Toda a relva bem arranjada e cuidada com o aroma primaveril flutuando pelas narinas, música de violinos era ouvida dando um ar mais clássico perto da piscina que se encontrava nas traseiras da casa escondida para os convidados… juntamente com um pequeno bufee.

A orquestra tocava alegremente enquanto os barmen extremamente vestidos com uma pequena saia pela coxa, caligae e um pequeno papilon exibindo e facilitando o acesso a mãos mais atrevidas pelo corpo pulsante de juventude e luxúria, todavia nada chamava a atenção do ruivo, a banalidade do encontro com as pessoas mesquinhas em seu redor lhe causavam náuseas.

Um rapaz de cabelos castanhos-claros, não tão claros como os seus olhos que brilhavam com o reflexo do belo luar que se fazia sentir naquela noite. Vinha com um grupo de jovens empresários uns já conhecidos outros apenas caras de novas atenções da Max-media, mas não deixava de se realçar o facto daqueles olhos intensos, um azul que penetrava na alma, fez o corpo de Camus arrepiar-se assim que o cumprimentou e deixou seus próprios olhos caírem na visão do outro.

Saga não deixou mais nenhum contacto, mas também que maior contacto que aquele olhar? O dono da casa cumprimentou os seus mais ilustres convidados, agradecendo a todos por terem vindo, dando espaço para poderem entrar, valorizando a pontualidade de todos. Saga era demasiado exigente com qualquer pessoa se marcava uma hora essa pessoa não poderia chegar nem adiantada e muito menos atrasada quisessem ou não o relógio que marcava as horas era o dele e ninguém ousaria refutar.

Porém a magnitude daquela pessoa de alta sociedade não era apenas demonstrado pela postura, pessoas de vestuário, mas pela altiva casa e seu recheio, os convidados foram assim admirando e sonhando um dia poder sonhar em pisar novamente naquele lugar onda muitas das maravilhas do mundo estavam estagnadas. Era com orgulho que quadros eram apreciados, esculturas exibidas, Camus se afasta indo tratar das bebidas e aperitivos no salão principal.

Andando assim pelo caminha percorrido, orgulhava-se das obras que tinha em casa, mas não era tão exibicionista quanto Saga se bem que ele achava que as obras de arte devem ser apreciadas, com estes pensamentos observou um homem parado e estupefacto a olhar para uma fotografia mundialmente conhecida "Steve McCurry" seus olhos se compenetravam com os da imagem, com a expressão daquele olhar de angustia, medo, perplexo... o loiro sentiu que uma lágrima poderia escorrer a qualquer momento, mas seria injusto perante uma imagem daquelas, seria simplesmente injusto.

- Impressiona essa fotografia não?

Tirando de seus pensamentos o convidado que se direccionou para o outro que passava.

- Sim deveras, conheci a história desta fotografia e sem dúvida é marcante, o exacto momento, nem um segundo a mais nem a menos…

- … "Tudo vale a pena se a alma não é pequena"…quer dizer não for…

- Fernando Pessoa? – O olhando como se não estivesse assim tão certo de ser ele e ter cometido uma grande gafe.

- Esse mesmo, vejo que não é apenas de bolsa e boa aparência que vives rapaz – finalmente um leve sorriso se forma nos lábios do ruivo de pele pálida ali presente – Camus de Lioncourt – estende a mão, num sinal claro de respeito e cumplicidade que foi prontamente aceito e correspondido.

- "Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura". Milo Scorpiu muito prazer e eu apenas gosto de coisas que me interessam existem vários campos que não acho o mínimo valor.

- Existem coisas que nem todos podemos dar o mesmo valor, senhor Milo quer me ajudar e teremos uma conversa sobre o assunto?

- Conhecendo alguns de nosso convidados querido? – Uma voz conhecida fez despertar a atenção dos dois que corresponderam com um sorriso.

- Apenas comentando a fotografia da nossa colecção – responde o outro fazendo um sinal com a cabeça – me retiro por momentos, com vossa licença.

- Bem passamos para a sala, estamos mais à vontade sem dúvida. – Dizia Saga apontado o caminho deixando os convidados passarem na sua frente.

Passaram para uma sala com estilo naturalista, com uma lareira ao centro da grande parede de fundo, esculpida em pedra com desenhos de duas gargólas inglesas numa posição de sono. Em cima da lareira um retrato do dono da casa. Um tapete de pele de urso paralelo há lareira sofás avermelhados e rústicos com madeira trabalhada em adornos, um gigantesco castiçal de cristal reluzente com mais de vinte lâmpadas em formato de velas, se encontrava no meio da sala onde sobre si estava a mesa de madeira poderosa a um nível excêntrico com as cadeiras em sua volta da mesma maneira imperial, Milo sentira-se na era medieval comendo na mesa de um rei inteiramente absorvido em seu poder.

Sucederam-se horas com as pessoas sentadas em volta de uma mesa, comendo os mais diversos e variáveis aperitivos de quase todos os países, nem parecia que aquela mesa teria sido preparada apenas naquele dia, mas sim demorado semanas para tantos pormenores, exagerados, na opinião de Milo.

Era a terceira taça de alguma bebida que andava a desfilar na bandeja do garçon que Milo vertia pela garganta, suspirava aborrecido, colocando a mão cabeça apoiada na palma da mão que se encontrava virada para cima, apoiando o cotovelo no braço do sofá. Camus estava quase na mesma situação, apenas não podia dizer para todos que se calassem, que odiava bolsa, empresas, etc., relacionadas ao trabalho.

Camus levanta-se do seu lugar ao lado de Saga indo em direcção à cozinha, desfilando pela sala que muito dos mais velhos e recentes seguiam o seu ritual de deslizar sobre os pés atentamente. O senhor dá um sorrisinho de superioridade possuído o deus do local, Milo olha a janela logo após ter rodado os olhos, balançando com a cabeça num gesto de uma notória acção de repulsa por aquela estupidez. Odiava cães a babarem-se pela comida apetitosa que apenas o dono da matilha tem direito, frustrados, era a única palavra que lhe vinha à mente.

O tempo passou exaustivamente e o relógio apenas tinha andado simplesmente mais duas casas de cinco minutos. O que se ausentou, regressa com uma vete branca que lhe tocava nas coxas levemente, as mangas compridas, um alinhavo dourado as costas levemente visíveis na zona da nuca… um quimono de gueixa caro, um ar angelical numa face pálida, os olhos de chamas assim como o seu cabelo faziam a autentica linha entre o céu e o inferno.

- Convido-vos a se aproximarem da sala de jantar – Camus dá um ligeiro sorriso afastando-se um pouco como se tivesse a orientar a direcção do próximo local.

- Claro. Por favor senhores acompanhem-me – Saga sorriu correspondendo ao do namorado, passou uma mão pelos fios de cabelo até à nuca acariciando-lhe esta.

Aproxima os lábios, roubando um beijo devasso e rápido que Camus não apreciou assim tanto como o activo gostaria, esperando este sair com a "turminha" de desolados por não passar a mão onde podiam, para sair no final de todos.

- Belo quimono senhor Camus, vamos ter uma secção nipónica?

- Muito obrigado, talvez, porquê não é do seu agrado? – Fazendo Milo o seguir até à zona que pretendia.

- Bastante do meu agrado até… – sorrindo observando a sala de jantar.

Abriram a porta deparando com todos os outros os esperando, o que fez Camus e Milo sorrirem em simultâneo parecendo que toda aquela festa apenas fosse sua. Cores da tonalidade do castanho-escuro do chão e no rodapé davam à sala um ar de sofisticação e soberania. Uma grande mesa onde anteriormente tinha sido servido o pequeno-almoço. Uma televisão plasma de 109 cm na parede branca centrada entre duas portas espelhadas com pequenos vidros na madeira mais clara das portas. Plantas de vasos estavam espelhados pelos quatro cantas do compartimento. As grandes folhas davam um ar harmonioso assim como os dois quadros na zona norte e Sul, na zona oposta à Televisão plasma uma grande janela que dava para a paisagem de uma das partes mais recatadas do jardim da casa.

Milo olhava questionando-se o porquê de tantas coisas naquela mesa, realmente não entendia como comer poderia ser tão "estranho", eram tão bom saborear a comida, comer descansado, mas parecia que aquela gente era chique demais. Pareciam pinguins a segurar nos talheres brilhantes como se fossem as próprias mãos, só faltavam brincar com elas como as crianças.

Estava perdido, não sabia como agir naquela mesa enorme, tentava não comer, mas sua barriga alertava-o que se não colocasse algo na boca nos próximos tempos, ela o ia deixar envergonhado, nisso um salvador lhe faz sinal.

A pessoa que estava sentada ao lado do dono da casa, Camus, estava a tentar lhe chamar a atenção fazendo sinais apontando os talheres de fora, depois levantando o dedo indicador dando as indicações, logo em seguida levanta o guardanapo abrindo-o ligeiramente mais alto para que Milo pudesse ter uma melhor visão do que fazer, fazendo-o correctamente o que agradou bastante Camus, a ponto de o fazer dar um sorriso de canto.

Camus achou aquela situação muito caricata, fazendo todos os movimentos para tentar ensinar o pobre coitado que se via a rir de si mesmo. Parava para poder ver Camus executando primeiramente e repetindo, aproveitando para conversar e não parecer tão atrapalhado com a situação em si.

Chega entretanto o camarão Milo muito orgulhoso de si mesmo, dando um largo sorriso para Camus demonstrando que aquilo sim ele sabia comer, mal o prato começou a ser comido, Milo tira as mão para colocar no prato e segurar a comida.

Camus ao ver aquilo horrorizado se levanta com o copo de vinho tinto francês de uma das melhores colheitas nos últimos vinte e cinco anos de vinho:

- Vamos brindar… – falava Camus já de pé, fazendo todos os membros da mesa prestarem atenção à sua pessoa.

- Estás muito entusiasmado hoje – sorrindo parando a conversa que estava a ter, levantasse assim como todas as pessoas que estava em torno da mesa.

- À empresa e ao chefe da mesma – olhando Milo discretamente quando fez a questão de observar todos com um sorriso falso nos lábios, que o outro correspondendo com um aceno agradecendo.

E o jantar continuou como estava previsto, depois do brinde Milo prestou ainda mais atenção a tudo o que o outro fazia, mas logo desistiu de comer o camarão, pois para além de se sujar bastante – graças a Buda que ele tinha o guardanapo no lugar certo à hora exacta - tinha também tido um acidente com um copo quase entornando o liquido que lá se encontrava, nessa altura foi salvo pela sobremesa, mais uma vez salvo, os dois cúmplices apenas se perguntavam por quanto tempo a sorte daquele desgraçado poderia durar.

O tempo passou e todos acabaram de comer, se dirigindo para uma divisão superior, uma espécie de biblioteca para agora falar mais de negócios, fazendo Milo suspirar e Camus rebolar os olhos, adorava festas porém aquela mania insólita do seu marido querer sempre fazer uma indigestão de negócios lhe dava uma azia no estômago.

Passado um tempo, quando não lhe interessava mais o assunto, leia-se quando o saquinho do Milo ficou demasiado cheio para ouvir, falar, comentar algo mais que fosse do trabalho, observou uma janela que dava passagem para uma varanda com um bom espaço, um bom local sorridente pensando que aquela seria sua escapatória por alguns momentos.

Aproxima-se da varanda, o ar fresco da noite juntamente com um vento cantante, baloiçavam os cabelos, suspirava observando o belo jardim com bastantes luzes iluminando o caminho para a grande e robusta porta de entrada, no lado mais interior estava uma piscina bastante grande com o mesmo tipo de iluminação baixa, dando assim uma aparência mística ao local.

- Estavas a achar a conversa aborrecida demais para o teu gosto? – Camus já estava ao seu lado, o seu andar sorrateiro e desapercebido como uma raposa a tentar persuadir a sua presa.

- Bastante, mas não te preocupes, gosto de ver as estrelas – afasta-se um pouco dando uma pequena passagem para o outro – queres ficar um pouco ou o teu aborrecimento é mais controlado?

- Sabes que nem sempre devemos dizer aquilo que pensamos? – Olhando para ele de uma maneira enigmática, tentando entender um pouco da psicologia do outro.

- Sei, mas isso é apenas fiável para as pessoas que são prisioneiras delas mesmo. – Continuando a ver as arvores a dançar com o vento com o fundo de um céu bastante estrelado.

- Estás a tentar dizer que eu sou prisioneiro de mim mesmo? … Eu? … Não me faças rir – dando um pequeno sorriso falso colocando-se de costas apoiando o pé na parede da varanda.

- Muito obrigado por aquilo do jantar – sorrindo ternamente se virando para ele – realmente teria passado uma grande vergonha se não fosses tu.

- De nada, mas isso foi uma tentativa de fugir à minha pergunta? – Olhando-o com um semblante menos amigável, um tanto talvez provocativo.

- Existem perguntas e pensamentos que não devemos de responder, mesmo quando são verdades – pisca o olho, o que fez o outro se voltar novamente.

- Eu quero saber a sua opinião, já que falou prossiga ou também é prisioneiro de si mesmo?

- Os que estão presos apenas têm duas opções: primeira, estão porque querem estar; segunda, estão porque são demasiado cegos para observar aquilo que o Sol lhe tenta esconder.

- Eu sou muito melhor do que aquilo que insinuas, sou um ser autónomo, com opiniões próprias e vida própria… não sou complacente como dizes! – Tentando não demonstrar o seu grau de insatisfação com aquilo, a sua ousadia realmente era grande para um simples empregado de bolsa.

- Nós não somos melhores nem piores que ninguém, somos nós mesmos... vivemos para mostrar o nosso valor a alguém - sua voz saía pesada, olhava as luzes do farol que serviam de guia para os marinheiros com o olhar um pouco perdido na magnitude do oceano cristalino na sua frente - ai sim podemos ser chamados de Humanos... Isso será… um sonho. - Vira-se finalmente contra a zona suporte da varanda deixando o vento levantar os seus cabelos castanhos-claros.

- Mas a realidade é crua e não se pode viver na fantasia dos sonhos - tira uma mecha dos seus próprios cabelos da frente do seu rosto, vendo o outro de afastar calmamente parando ao seu lado deixando-me sentir novamente o seu gostoso perfume.

- Então porque vivemos, se não podemos acreditar nos sonhos? - Acaba murmurando depois de parar breves segundo, caminhando novamente para a festa que se seguia na sala.

Camus não soube o que dizer, ele tinha razão, sorriu ao se lembrar que acreditava naquela filosofia quando era mais pequeno, na realidade esse " eu criança" já não existia á muito tempo, deixou-se ficar mais um pouco na varanda a pensar naquela conversa... era interessante como um adulto conseguia acreditar naquele tipo de sonhos. Sorriu, tinha gostado dele a sua pessoa e os seus pensamentos era de uma simplicidade que parecia que realmente podia ser assim. Uma criança sonhadora num corpo de adulto... Milo.

Os convidados passado pouco tempo começam a ir embora, pois amanha lhe aguardavam mais um dia de trabalho, mais conversas banais ou de negócios preencheram o resto da noite, assim como bebidas pela piscina com o acompanhamento de uma música mais clássica.

- Poderia ser o meu par, amor? -Levanta-se Saga esticando a mão gentilmente para o amante numa vénia cordial para dançar uma valsa.

- Sabes que não gosto de dançar – disse Camus baixo numa maneira delicada, que foi prontamente respondido por uma força persuasão de Saga devido á sua expressão com o rosto.

Uma música calma e melódica começa a ser tocada pela banda, uma valsa começou a ser dançada pelos anfitriões da festa, com a delicadeza que era esperada, por aqueles dois homens de alta sociedade e importância.

Camus que fazia inveja a qualquer mulher pela inexplicável elegância, graciosidade assim como a maneira que era guiado por Saga.

Não se sentia bem com todas aquelas pessoas a olharem para ele, uma estrela no céu distante, uma onda na praia deserta… qualquer coisas menos olhares gulosos e tentando apontar por ventura qualquer erro sobre ele e a pessoa que amava. Por isso que odiava dançar, nunca sentiu a mística, simplesmente era uma acção em que um domina e o outro é dominado, subjugado por um ser mais forte.

Camus fechou os olhos e deixou-se, assim como o esperado, Saga conduzia-o com orgulho, precisão e intuitivamente mandando na situação, começou a deslizar por toda a zona de convidados que continuavam a olhar, seus olhos tentavam fixar um ponto que lhe chama-se a atenção. Olhos… um olhar… o olhar daquele que á pouco estivera, volta rapidamente os olhos num intuito defensivo acabando por não ver um sorriso tímido desenhado nos lábios delicados do outro. Rapidamente acabaram majestosamente no meio da piscina, num lugar com cimento rodeado por luzes de chão dando aquela finalização, um impetuoso final.

Todos batem palmas alegremente e entusiasticamente com a belíssima exibição, dois seres se balançando daquela maneira não podia ser bem real. Mais uma rodada em nome do casal e negócios, assim foi, os humores bem altos pelas três da manha que começou a ser a hora definitiva, começaram-se a despedir dos donos da casa cordialmente.

O ser estranho que tinha levado Camus a pensar na sua própria infância, sonhos, que tinha prendido sua concentração apenas com um olhar extraordinariamente terno, aproxima-se dele despedindo-se cordialmente com uma pequeno aperto de mão, inclinando-se até à zona do seu ouvido sussurrando:

- Uma óptima dança, um mau par, uma boa coreografia, porém com esses sentimentos e receios apenas corrói a beleza de qualquer movimento de liberdade.

Afasta-se caminhando como se aquilo não tivesse sido mais do que um pequeno desequilíbrio, não deixando o outro responder simplesmente pensar no que queria dizer com os sentimentos e receios, ele não podia ter o descoberto tanto da sua personalidade com uma simples dança, aquilo era loucura, uma estupidez…um golpe de sorte…numa mente que estava em dúvida, era isso que Camus pensava ou que gostaria de pensar.

Milo seguia pela penumbra da noite, um nevoeiro começa-se a formar e o casal fica sozinho na mansão, finalmente. Saga abraça Camus por trás, afastando-lhe os cabelos longos ruivos da zona da nuca e pescoço, beijando-lhe o local com luxúria e solicitação dos próximos passos que queria dar.

O aquariano dá um leve sorriso tendo afastado por momentos as interrogações que apertavam o seu coração com pequenas palpitações de desordem, as mãos mais morenas deslizavam pela pele suave do outro abrindo a sua camisa clara, justa ao peito delineando o corpo que parecia de rapazinho de quinze anos em fase de desenvolvimento.

Camus vira-se um pouco para poder também participar naquele joguete de sedução. Passa a mão fria pela nuca de Saga o obrigando a afastar os lábios que foram tomados com vontade, o beijo continuou assim como um caminhar pela casa os levando para um lugar mais íntimo. As unhas de Saga passam pelas costas de Camus retirando completamente a camisa, uma das mãos fica atrás espalmando o mais inferior no corpo do outro, chupando o seu pescoço coisa que excitava demais o seu companheiro que prontamente colocou o pescoço de lado dando mais espaço. Enquanto a outra mão se ocupava do mamilo já erecto, Camus tentava conter gemidos, distribuindo carícias delicadas.

Começam a subir as escadas onde Saga foi deitado, felinamente sua camisa foi desabotoada com os dentes não lhe aleijando, os olhos maliciosos sempre em contacto, os beijos saltaram dos mamilos de Saga que já se contorcia em baixo de Camus. Chegando aos abdominais definidos demonstrando a força e porte atlético do outro. Camus olha-o novamente para assim começar a retirar a fivela do cinto das calças do terno, pisca os olhos rapidamente ao deparar-se que os cabelos do seu amado de do outro eram da mesma cor.

Num intuito de acariciar deixou as carícias tocando no cabelo do outro com um sorriso um tanto ao quanto estranho que Saga torceu o nariz reprovando a atitude.

- O que estás a fazer? – Protesta depois de um gemido desaprovador.

- Ahum? – Camus finalmente acorda do seu devaneio, juntando os sobrolhos – nada, podemos continuar? – Fala friamente, com um pequeno sabor a desilusão, lhe baralhando um pouco a mente.

- Então de que estás à espera? – Responde arrogante, o puxando para si.

Não respondeu apenas continuou o seu trabalho, baixou as calças dele com cuidado, lambendo as coxas, mordendo de leve elas, não fazendo nenhum chupão pois Saga o tinha proibido terminantemente de o fazer. As nádegas eram acariciadas com as mãos geladas, gemidos roucos eram expulsos pela garganta do outro, Camus sorria com aquilo adorava dar prazer ao outro, mostrar o seu amor.

Retira a cueca também azul da mesma cor do terno vendo a erecção de Saga bem erguida lambendo os lábios como se fosse provar algo realmente gostoso e foi com esse sentimento que a abocanhou. Os cabelos azuis de Saga, foram lançados para trás ao sentir aquela boca tão quente em torno do seu ponto mais sensível. Arranhando as laterais tentando achar os seus pontos mais que sensíveis nessas zonas, uma tentativa nada impossível para Camus, mordidas leves nas virilhas faziam o seu trabalho tortuoso até mesmo para ele.

Assim a boca foi novamente para o seu presente saboroso, subindo e descendo devagar, dando beijos e pequenos chupões, sem deixar marca evidentemente, por ele…lambendo que nem um gatinho… se divertindo mesmo com aquela acção.

- Camus ande com isso! Preciso gozar, logo... seu puto! - Falou rude e com a voz cheia de tesão, puxando pelos cabelos ruivos do outro com força – anda logo… rápido – empurrando para o sitio que ele estava anteriormente.

Camus se sentiu como se mundo tivesse caído, o seu coração apertou forte, uma cara de espanto surgiu antes de uma de desilusão, baixando o rosto com os cabelos na frente dos olhos onde se podia ser mais do que o sofrimento que corria pelas veias e mente do seu dono.

Feridas que uma pessoa usada por quem amava não conseguiria apagar tão facilmente, o corpo tremia não por simples desejo como a pouco tempo atrás, mas sim com medo que isto tudo não fosse um mau sonho, que Saga prontamente lhe ia dizer que o amava!

Continuou com aquilo, engoliu o seu membro todo de uma vez fazendo movimentos mais acelerados para o amante não reclamar, ou até para não o tratar pior que aquilo, seu receio… o que seria? Não ser amado? Ou ser usado?... Os movimentos continuaram até sentir o seu corpo ser velozmente puxado para a zona superior da mansão.

Beijos escaldantes de tesão, pura voluptuosidade de sentimentos as suas calças foram arrancadas do corpo assim como as boxers de Lycra preta que usava. Seu corpo foi empurrado contra a porta que Saga abriu em seguida com mais mordidas no pescoço do outro.

E finalmente os seus corpos juntamente com o de Camus são deitados na cama, suas roupas arrancadas pelo desejo contido de Saga por aquele ser que sempre lhe despertou o seu lado mais animal, os desejos mais profundos… o pecado mais destruidor e mundano… Luxúria.

A cama macia já ressentia o peso dos dois corpos encavalgados, um em cima do outro, roupas tiradas como se o relógio pudesse acabar com todo o momento, pois o fim do mundo estaria perto demais.

Saga abriu as pernas delicadas, porém definidas de Camus, se ajeitando no meio delas com o seu corpo mais possante para ter o seu devido espaço no físico do outro marcado, a sua boca descia depois de beijos intensos e fortes dados na boca macia com fome colossal deixando o redor dos delicados lábios completamente vermelhos. Arranhões e chupões, mordidas e leves porem escassas carícias sofridas.

Os corpos começam a ditar a sentença, o corpo mais subtil, delgado era marcado com uma possessividade chocante, onde o outro era amado com dedicação uma reviravolta que Saga sempre gostará. Por mais martírios que lhe desse o aquariano sempre lhe respondia com amor e ternura nunca com violência… dando origem a uma carência de toques.

O activo passa as mãos para marcar o território, amor poderia ser aquilo chamado? Paixão? Um cão a marcar a rua isso sim… beijos e mordidas nos mamilos do outro até ficarem bem rijos mordendo mais um pouco para umas pequenas gotas vermelhas escorrerem, Camus mal gemia de prazer, começava a ser uma tortura tentar fazer amor com Saga, mas o seu corpo se adaptara com o passar dos anos ao jeito egoísta dele. Camus na realidade sabia que as pessoas num acto tão carnal podiam se tornar egoístas, pelo menos era isso que queria acreditar.

Camus na realidade sabia que as pessoas num acto tão carnal podiam se tornar egoístas, pelo menos era isso que queria acreditar. Não queria duvidar do amor do outro, de quando era deixado e encontrava cheiros estranhos nas suas roupas... seus pensamentos foram desviados com a invasão sem aviso ou preparação. Todo o corpo retesou de encontro ao sofrimento... contudo o que fazer? Saga nunca o preparava mesmo, dizia que sempre sentia mais prazer quando Camus se fechava para ele.

Os corpos se movimentavam com um ritmo estabelecido aumentando com a intensidade do ritmo cardíaco e desejo que se sentia naquele quarto, o ruivo beijava os ombro, pescoço, tórax do outro como a consentir o acto, enquanto o seu era segurado pela cintura com força deixando a penetração muito mais funda e rápida... e foi ai onde as sensações e sentimentos de esvaziaram da mente que atingiram um posto mais elevado... o paraíso.

- Camus? - Fala sonolento o corpo quase adormecido sobre o peito do outro, arrastando-se para o lado – vai tomar banho...

- ... Mas Saga… estou cansado, faço isso amanhã - beija delicadamente os lábios do outro demonstrando ternura e amor sorrindo ao ver o outro se aproximar do seu ouvido e por a mão na nuca.

- Eu disse banho, não te quero assim do meu lado... já devias de saber e fazer disso habito - aperta mais um pouco os cabelos dele o largando, dando mais um selinho.

-... Ahm, sim… claro – se levanta com dificuldade, o seu corpo doía quase tanto como a sua alma, sabia que aquilo não podia continuar, que ele não devia de ser submeter assim perante ninguém, Dependente... sim era dependente do dinheiro e "poder" do outro sobre ele e o povo da cidade... e por incrível que pareça ele o amava... amava o seu jeito de demonstrar amor, ele se não tomasse banho poderia apanhar uma gripe já que dormia descoberto.

Doces ilusões de um amor correspondido, amargura, desilusão, lágrimas rolaram num banho demorado e quente. Os músculos a relaxarem para apenas um órgão de sentimentos bater mais apertado e entre as gotas do banho se misturavam as lágrimas, soluços abafados pela água, pernas que não aguentavam mais a peso do corpo. Encosta-se na parede da box escorregando até ao chão sentindo o frio nos joelhos brancos, mãos no rosto e cabelo... queria acabar com aquela dor, estava insano, aguentaria qualquer dor no corpo, mas era fraco de coração.

Saio finalmente do banho cambaleando, procurando alguma coisa pelas gavetas retornando ao lugar onde a água caía. A lâmina estava bastante trémula pelos nervosismos da dor, usado como uma prostituta era apenas isso que lhe passava pela cabeça. Agora não tinha mais honra isto fazia uns anos que se sentia mal quando fazia amor com Saga, mas hoje o seu corpo foi usado e não amado, sua única esperança era sua alma ser amada porem o tratamento de Saga escurecia o sol das tarde de Havana.

A pele sentiu-se rasgada com o passar da lâmina por ela fazendo o sangue a escorrer pelo seu corpo assim como pela box, seus lábios já machucados fechavam-se com força assim como os olhos, sentia-se bem a dor física estava a ser maior naquele momento do que a psicológica então tudo estava bem, tudo iria passar não iria sofrer mais daquilo... e tudo o que estava a acontecer era um pesadelo, que ao acordar estaria nos braços de Saga aquecido pelos seus fortes braços dizendo que o amava.

- Saga... – murmura quando um frase sai dos seus lábios tão automaticamente como respirar –..."nós não somos melhores nem piores que ninguém, somos nós mesmo... vivemos para mostrar o nosso valor a alguém... ai sim podemos ser chamados de Humanos... isso serão os sonhos!" - aquela frase, aquela filosofia, aquele sentir era tão maravilhoso... mas a realidade é cruel e não se pode viver na fantasia dos sonhos, tinha sido o que lhe respondera, mas como gostava de ter acreditado que realmente pudesse ser assim.

No dia seguinte o sol raiva e não era por isso que o senhor da casa passava desapercebido pelos grandes corredores, rodeado pelo modernismo do século XXI.

Um terno preto foi arrumado no corpo indicado para ele, seus sapatos pretos baços assim como sua gravata colocada por cima da camisa cor de champanhe faziam o visual de um homem de negócios da época.

Seu notebook com as notícias da bolsa encontrava-se ao lado do seu café da manhã na grande mesa. Uma variedade de comida de vários países não apenas da Europa como dos países tropicais faziam inveja a alguém com um grande apetite e café refinado.

Camus aproxima-se do amado com apenas uma toalha a cobrir o corpo, fazendo Saga olhar de lado prestando uma atenção jovial no computador que se encontrava na sua frente.

- Onde vais assim vestido? Desfilar para os empregados? – diz num tom de voz enciumado e frio, afastando a cadeira da mesa puxando a toalha para baixo e o corpo delicado para o seu colo demonstrando uns calções de banho.

- Nadar, porque algum incómodo? – Fita-o com um olhar passional – hoje estou com apetite de para me divertir.

- Porque a noite de ontem não foi o suficiente? – Acariciando os cabelos do ruivo, com um olhar guloso e possessivo.

Camus não sobe expressar o que sentiu com aquela pergunta, bastou olhar para os seus pulsos, a dor calejada encontrava-se lá para demonstrar toda a sua insanidade. Porem nem todos pensavam assim Saga sorria com a confusão no olhar do outro, eram demasiado excitante ver um ser que outrora era frio e seco agora delicado e submisso, uma pantera domada era assim que Camus era visto nos olhos daquele que tanto o deseja como prato principal das suas noite de gula.

- Foi mais que o suficiente – passa a mão com o pulso machucado pelos cabelos de Saga arranhando a nuca se levantando logo após um chupão firme perto da orelha, que fez o outro responder com um sorriso safado nos lábios. Segura com o pulso esquerdo, o ferido, no de Saga vendo as horas no relógio de platina que combinava com a toilette do mesmo. – Não tens horas para ir trabalhar, querido? – Murmura já em pé.

Um aceno afirmativo foi rapidamente providenciado, Camus afasta-se depois de um beijo estalado do amante, como o outro podia ser tão desatento consigo. Não sabia o motivo, mas queria mostrar ao outro o que tinha feito, a vergonha era muito de facto, porem a sua dor era grande…queria uma carícia fora de hora, uma frase romântica no meio do nada… um presente num dia comum… um amor numa fracção de segundos. Contudo nunca nada vinha, nunca seria uma palavra demasiado forte todavia era assim que se sentia, não iria falar com o outro notaria se quisesse, poderia ir para o fundo do poço, mas iria dignamente, com a dignidade que lhe fora roubada a muito tempo atrás.

E assim se passou a semana, o mais velho avisa Camus que teria um almoço com um dos seus mais promissores sócios para o novo projecto da empresa com a Grécia, já que o outro era um poliglota para além de um empresário com visão futurista.

Os preparativos para um almoço social foi preparados, todos os cuidados a ter para um almoço de negócios, a mesa devidamente arrumada para três pessoas, tudo foi feito e preparado sem nem ao menos saber qual a pessoa que Saga tanto falava. Um ciúme percorreu o corpo dele, mas nada como sempre seria demonstrado na frente do outro, passava horas no celular com ele, no MSN e mesmo num chat de bolsa. Não acreditava que poderia ficar com ciúme de alguém que foi lá a pouco tempo, não tinha visto ninguém realmente interessante para o fazer estar sempre com ele.

- E pior… como ele ousa o trazer novamente para a nossa casa, para almoçar alegremente comigo aqui, se ele me queria trair que fosse bem longe dali e que eu não conseguisse saber…olhos que não vêem coração não sente…ah mèrde o que eu estou a pensar?

Uma batida se ouviu na porta e o mordomo a fazer o seu trabalho, os típicos cabelos esvoaçaram pela porta, o senhor da casa não acreditava quem era. Vestido com uma calça de linho direita branca delineando o seu porte físico juntamente com uma camisola justa azul clara que condizia com os seus olhos, abriram-se lentamente depois da rajada de vento na entrada fitando os olhos albinos do outro. Um tímido sorriso de desenha nos dois rostos, não sabia qual o motivo mas neste momento Camus sentia-se muito mais aliviado, um alívio significativo.

- Boa tarde, entra, queres uma bebida? – Estica o braço o encaminhando para a sala que tinha sido o átrio da festa.

- Bem mais calma esta sala hoje – diz Milo se aproximando mais do outro adentrando na sala observando mais uma vez o local espaçoso – bebo aquilo que beberes não tenho preferências nesse tipo de coisas.

- Devo então supor que não gostas de bebidas – servindo em dois copos Martini tinto com gelo e limão entregando-lhe.

- Obrigado, sim é verdade, eu não gosto de beber – observa a bebida levando-as aos lábios, seguido do outro que o observava, tentando adivinhar o que ele estaria a pensar naquele momento.

- Não se preocupe Saga não se deve demorar. – Remexe a bebida olhando para a janela, inclinando a cabeça para fitar o outro.

- Eu não me importo, estou bem acompanhado não estou? E afinal hoje estou de folga por isso, tenho todo o tempo do mundo para estar aqui (1) – diz cantarolando um pouco a última parte, se espreguiçando subtilmente apoiando o braço na cabeceira do sofá que estava sentado.

Camus na sua frente de pé, encostado na parede perto da lareira de pedra estava boquiaberto com uma pessoa tão estranha quando aquela. Era incompreensível como aquela pessoa realmente fosse o individuo que Saga estaria á espera… ele era tão…tão …despreocupado com tudo, relaxado e criança.

O individuo estava sentado a observar o que estaria a acontecer com o outro, porque razão o olhava daquela maneira tão atenta, ia para falar, mas foi interrompido por mais uma presença na sala…sim era aquele por quem esperavam… Saga.

- Desculpem o atraso, mas o trânsito estava horrível – aproxima-se de Camus dando-lhe um pequeno selinho estalado e rápido nos lábios agora carnudos da bebida do outro, enquanto Milo se levantava.

- Sem problema algum, eu não tenho nada para fazer mesmo.

- Sorte a sua meu caro, sorte a sua – pega na bebida do amado bebendo o restante do líquido que se encontrava no fundo do copo. – Queiram-se dirigir então para o nosso almoço? – segura a mão de Camus para ir acompanhado, afinal qual é o dono que não gosta que o seu animal de estimação seja obediente?

O loiro segui-os para a mesa como era de esperar impecável, aquilo que lhe deu um nó na garganta, comprovar a abundância de toda aquela comida mesmo sabendo que as pessoas do local mesmo que fosse distribuída por empregador, jardineiros, motoristas e cães da casa ainda sobraria… um ultraje… mas quem se importaria com isso?

O desenvolvimento do almoço foi bastante agradável Milo ficou a conhecer ainda melhor a empresa de Saga, o que era pretendido de si, onde iria trabalhar, quando iria receber. Entre vários copos, animações, piadas, um momento descontraído pois desde do grande sucesso que foi a festa, todos tinham realmente gostado desta e contratos com grandes sucessos começaram a ocorrer e a surgir grandes mentes para a empresa de Saga.

Este andava incrivelmente satisfeito por isso, saía ainda mais cedo, voltando ainda mais tarde, seria incompreensível, pois mesmo quando chegava passava oras ao celular a falar com um homem, sempre com uma boa disposição inexplicável e foi exactamente por mais um telefonema que fez Saga se levantar e sair daquela mesa, pedindo perdão a Milo.

- Camus cuida de tudo, não quero que o nosso convidado se sinta menosprezado por este ocorrido tão a contra gosto mesmo.

- Mas ele é teu convidado e não meu Saga – o olhando seriamente, não gostando nem um pouco da atitude do outro, mas logo essa ideia foi mudado por um pensamento um pouco mais inteligente quando Camus sentiu umas unhas a cravarem levemente a sua nuca enquanto um beijo cinicamente atencioso era colocado nos seus lábios. – Sem qualquer problema meu amor, como sempre a razão permanece do teu lado. - Sorrindo, os olhos de Milo ao verem a ceninha apenas reviram-se nojentos e enfadonhamente.

- Não se preocupe também tenho coisas a fazer, não me poderia alargar muito mais na vossa tão encantadora companhia – diz Milo finalmente acabando de beber o líquido vermelho que tinha no copo de uma vez, limpando os cantos da boca, Saga olhava para o relógio sentindo o celular vibrar no seu bolso o apreçando cada vez mais, ficando com um nervoso miudinho a crescer.

- Camus resolverá isso – aproxima-se da mesa colocando o mesmo casado que tinha usado nas mesmas circunstâncias e saiu depois de cumprimentar Milo.

- Quer mais alguma coisa para comer ou beber Milo? – Suspirando calmamente um pouco irritado com a atitude do outro, mas não podia fazer nada a respeito.

- Sim, quero que me acompanhe neste dia, tenho de ir no hypermercado fazer compras e a seguir a um local muito especial que acho que talvez venhas a gostar.

- Isso é uma proposta interessante, mas acho que terei de recusar, Saga não irá gostar que eu saí de… - mas Milo interrompe.

- Primeiro ele disse para tu fazeres o que eu pedir, segundo, achas mesmo que ele notaria a tua falta, pois parece-me que o trabalho absorve-o mais a atenção do que qualquer outra coisa. – Sorrindo carinhosamente tirando o semblante serio e profissional que tinha na presença de Saga, isso fazia confusão em Camus, Milo uma hora era um homem serio como em seguida uma inocente criança cheia de truques e manhas.

- Muito bem sou todo seu, mas apenas pela tarde, combinado? – Chamando os empregados – e não quero nada no lixo certifiquem-se que isto é reciclado e colocado nos respectivos contentores, estamos entendidos? – O ruivo levanta-se depois da ordem há governanta, saindo do local, a revolta de Milo ainda aumentou mais, mas Camus iria aprender umas lições.

Assim saíram no carro de Milo, um Seat Leon preto, foram até ao centro comercial onde encontraram vários tipos de pessoas a fazer todo o tipo de coisas, o rústico da casa fora preenchido por um espaço moderno e futurista, mas isso nem importava Milo, estava apresado não tinha o tempo todo que desejava dois carros cheios já estavam com eles, se dirigiram há caixa para pagar, entraram em mais duas ou três lojas de decorações e presentes para crianças o que fez Camus estranhar imediatamente, passando-se assim longas horas.

Entraram numa rua comercial para comerem finalmente algo, era já bastante tarde para o lanche, decidiram então entrar numa padaria com um ar bastante apresentável, limpa e arejada. Sentaram-se finalmente numa mesa perto da porta de saída do estabelecimento, numa zona mais interior e discreta.

- O queres pedir? – Camus segura no cardápio como forma de cliché finalmente o olhando.

- O básico – observando indignado – não costumas sair muito, pois não?

- Claro que sim oras, mas como pensas comer pizas e hambúrgueres às 18 horas?

– Levantando o sobrolho como se fosse perguntar o que seria o básico para ele, onde ele respondeu com uma gargalhada um pouco sonora.

- O que os senhores desejam? – O empregado da mesa aproxima-se com uma bandeja de alumínio, vestindo uma roupa do dia-a-dia que impressiona Camus pelos trajes do pessoal.

- Uma tosta mista, um sumo natural de laranja com bastante açúcar e no final uma bica curta – cruza as pernas o observando como se esperasse o que ele iria pedir, dando um pequeno sorriso ao velo confuso.

- Er… bem… eu estou sem fome, pode-se retirar, obrigado – desviando o olhar vendo o sorriso no rosto de Milo, que se aproximou do ouvido falando sorrateiramente.

- Depois dou-te um pouco para provares, não te preocupes. – Camus cora um pouco, desviando o rosto para a TV como se não se importasse.

Uma mulher sai do balcão a correr desenfreadamente com um saco a abarrotar de pães para a saída. As suas roupas um pouco sujas e rasgadas de tons escuros, com um gorro na cabeça cobrindo o cabelo e parte do rosto.

Camus tenta-se levantar para segurar a pequena ladra, enquanto os berros dos empregados ecoavam bastante alto por toda a padaria, porém na sua tentativa Milo colocava disfarçadamente a mão sobre a coxa o impedindo de prosseguir.

- Milo, o que? – Apenas respondeu com um aceno negativo com a cabeça para ele não o fazer.

Depois de uma empregada ter no seu intento saído para capturar a ladra, mas nada conseguiu, ela era demasiado rápida, de tenra idade. Continuou a atender os clientes, tentando os acalmar com a exaltação dos ânimos.

- Porque? – Pergunta quase enfurecido – estás metido com este tipo de actos que têm vigorado pelas Zona desta classe média? – Ficando sério, bastante frio como se o acusasse das milhares de suspeitas que lhe passavam pela cabeça, onde Milo lhe responde com um olhar mortal como se aquilo o tivesse ferido. Segura na tosta mista com um guardanapo de papel com o símbolo da padaria gravado, dando-lhe um pouco na boca que foi recebido a contra gosto, mas saboreando aquele pedaço de pau deliciado.

- Humm isto é gostoso. – Não se apercebendo acaba por roubar mais uma porção, enquanto Milo atenciosamente colocava mais uma palheta no suco para ele também poder beber.

- Eu sei, eu tenho muito bom gosto, a respeito da tua conclusão impetuosa, quando sairmos daqui responder-te-ei à tua pergunta.

- Depende, eu tenho de estar em casa, hum – olhando o Rolex que se encontrava no seu pulso.

- Sempre podes telefonar para a tua casa, afinal o seu namorado não se deve importar com isso não é verdade?

- Er…bem na realidade não é bem… – o celular de Camus toca – posso?

- Esteja à vontade – sorrindo olhando a TV e comendo o resto do seu pedido.

- Sim, Saga? ... Não, porquê? ... Mas está aí tanto barulho que tipo de reunião é essa? Hum…sim …desculpe… então até mais tarde... - Olha Milo e pensa na proposta – Ah Saga?! Saga?!..."tu…tu…tu" – e o telemóvel acaba se por desligar – bem acho que afinal posso ir, espero que valha a pena não gosto de lugares estranhos.

Mas nada afinal nada era como Camus esperava que fosse, não com Milo ao seu lado… saíram ainda mais do centro da civilização imperial, descendo até ruelas decadentes, criaturas com alguns trapos tentando fugir do gelo que se encontrava nos seus olhos. Degredo era a única palavra que estava na cabeça de Camus.

- Onde me levas? – Camus não estava nem um pouco seguro onde iria vendo uma grande mansão velha, assim como todas as espécies de casas que se encontravam há volta, só depois notou as pequenas criaturas de vários tamanhos e idades perto do portão sorrindo euforicamente, saltitando. – Não me digas que…

- Chegamos – sorrindo saindo do carro, trancando-o, aproxima-se do portão subindo até meio onde em um pequeno buraco na parede estava a pequena chave, o barulho feito pelas crianças era cada vez maior, consoante o espaço e tempo delas e Milo. – Finalmente casa novamente, Camus, vou apresentar-te umas pessoas.

- Pessoas? – Os olhando de alto a baixo, não sabia o que pensar, aquelas vitimas do seu próprio leito não poderiam estar naquele estado, mas a sua indiferença por algo tão sentimental era simplesmente imprópria, não queria voltar a sentir aquilo, não iria sucumbir novamente e por breves instante se perdeu em pensamentos.

- Mi quem é este senhor? Ele tem olhos maus. – A criança de menor tamanho no meio da multidão agarra-se às pernas de Milo não lhe ultrapassando da zona do joelho.

- Não tem não – sobe o pequeno corpo para o seu colo – Hyoga, ele não é mau – dá-lhe um beijo no rosto bem estalado fazendo um barulhinho gostoso – Kyu é o nome dele – Camus dá um leve sorriso e a criança começa-se a inclinar sobre o corpo do outro, onde foi acolhido com um abraço trémulo, Milo sorriu – vamos entrar?

- Er…sim – sente os lábios cálidos da criança sobre sua bochecha gélida e pálida, sorriu e corou sentindo um pequeno afecto por uma pessoa que nem conhecia. Uma criança inocente e pura que até à pouco tinha receio dele agora acarinhava-o como nunca havia sentido ao longo da vida, realmente esse tal de Milo talvez pudesse ter alguma razão. Sentindo o rosto rosado, tenta assim afastar o pequeno, mas os seus olhos ternos dilaceraram as suas forças no preciso momento que encontraram os seus.

Entraram para o casarão do SEC. XVIII que estava em muito mal estado, parecia que o tecto e as paredes poderiam desabar a qualquer momento, alguns brinquedos no estavam espalhados no chão aleatoriamente, bastante bem conservados para miúdos daquelas idades, pois estes sabiam que haveriam muito pouco s para substituírem os que existiam. Uma sala bastante grande um antigo salão de festas e dança onde a lareira ainda tinha alguns jornais apagados pois lenha era inexistente, num lugar onde o eco e o frio sistematicamente se encontravam até à alma nas noites mais frias do amo.

A dona da casa estava sentada perto da lareira com algumas crianças mais pequenas, nela fazia-se notar as marcas do tempo e da fome traçados na pele envelhecida.

- Leonor? – Milo senta-se no chão perto da pessoa mais idosa beijando-lhe a testa e a mão como sinal de respeito e afecto.

- Meu querido Milo, como estás a minha criança? – O olhando como a ternura de uma mãe que muitos dos que estavam no colocar apenas encontraram isso nela. - Como estás? Deixaste-nos preocupados há três dias que não nos dizes nada meu pequeno anjo – o corpo de Milo foi puxado com delicadeza, assim como foi afagado, o rosto do loiro mesmo sendo maior que a senhora encaixo-se perfeitamente no ombro que tinha o peso da idade.

- Consegui um emprego Leonor, vocês nunca mais vão passar fome, pelo menos isso eu garanto – Milo falava e seus cabelos eram enrolados se o inferno que estava naquela terra amaldiçoada era mesmo verdadeiro Leonor sem dúvida que era o porto de abrigo do loiro.

- Vais tirar da tua boca para nos dar, criança louca, nunca irás crescer Milo? – Sorrindo calidamente olhando Camus, que presenciava o acto com alguma inveja, não por ser uma figura materna, isso para ele era completamente indiferente, mas pela tranquilidade de Milo e a harmonia dos dois, era tudo ali simplesmente tão invejável.

A multidão aumentou e se enfureceu de alegria, correndo euforicamente para o local, quando uma mulher entrou com um saco de pão nas mãos e toda a atenção foi desviada para si.

- Mas é a ladra…crianças fujam…! – Camus fala alto e assustado um sentimento de proteger tudo aquilo que estava há sua volta subiu pelo seu interior, mas ninguém se afastou dela, muito pelo contrário, ela quase parecia alguém como Leonor mas com vitalidade de jovem.

- Calma pequeno, Elisabeth é da casa – disse Leonor com o seu ar calmo, colocando mais papeis de jornal para a lareira para aquecer as crianças que começavam a abrir os cobertores e colocando as almofadas em volta.

- E eu não sou uma ladra comum – diz quase ríspido porém não conseguindo manter esse timbre, dando uma pequena rizada – roubar seria tirar algo para meu próprio proveito, mas não é para mim – entregando um pão a cada criança, fazendo uma pequena carícia nos cabelos de cada uma, não se importando se estavam doentes ou sujas.

- Mas … isso é roubar… é lei…- Olhando-os bravos, olhando Milo também, mas ele pensava exactamente da mesma maneira.

- Kyu, as leis foram feitas, não para serem quebradas, mas sim rondadas, quando olhas para estas crianças a comer, achas mesmo que seriamos mais culpados se roubássemos ou se deixássemos estas crianças a morrerem de fome?

- Não! Claro que não, que trabalhem! – Os olhos do convidado ficaram furiosos, revoltados, desprezando as pessoas que se encontravam naquele local, um forte tapa foi sentido no seu rosto, era Milo. – COMO OUSASTE?!

- Como ousaste TU proferir algo assim, elas são crianças Camus, não podem trabalhar, têm de estudar, de crescer, estudar, tem de viver, fantasiar Camus não te lembras quando eras pequeno? E Achas que o teu amado Saga deixa alguém que não seja os SEUS viverem! Eu respondo-te NÃO! Achas que estamos aqui porque? Acha que eu gosto de ver os meus "irmãos" a dormir no chão porque nem camas têm? De ter de roubar para poderem comer?

O coração de Camus parou por breves momentos, a nostalgia de um passado distante lhe veio há memória, mas não apenas o distante mas sim o actual, as bocas que poderia ter alimentado se não seguisse as ordens sempre de Saga, pensava que Saga tinha mudado, mas afinal ele continuava o mesmo, o mesmo podre da humanidade, uma lágrima passiva acabou por escorrer pelo rosto do ruivo, que estava no chão pelo tapa.

Hyoga, o pequeno rapaz que tivera medo de Camus na entrada aproxima-se dele colocando o dedo na sua lágrima não deixando essa cair pelo rosto de pedra, afinal até mesmo no mais árido deserto se pode encontrar um belo oásis.

- Não chora, não sozinho, isso dói muito – abraçando-o com carinho – agora podes chorar porque estás seguro na nossa família, não estás sozinho, confia no Milo. – E finalmente Camus sentiu um calor puro no seu corpo retribuindo o abraço

- A sabedoria das crianças é algo quase divino, não achas Camus?! – Disse Leonor com a sua típica ternura fechando os olhos com carinho depois de ver Milo e Elisabeth carregarem as compras que estavam no carro de Milo, fitando o filho mais velho – gastas-te todo o teu dinheiro não foi?

- Isso não é importante mãe, o único que importa é que eles fiquem bem – esticou a mão para erguer Camus, dando-lhe um beijo na mão como sinal de paz, levantou-o segurando-o pela cintura com firmeza – tu és uma criança ainda, uma criança que cresceu rápido demais e esqueceu o que é viver.

- Eu não sou nada disso, eu não preciso de ninguém – virando o rosto tentando sair do tumulto que estavam os seus sentimentos, não poderia admitir fraqueza, o seu coração tinha que se manter como o deserto de cimento e gelo que sempre fora, as muralhas que nunca caíram e graças a elas seu corpo não colidiu, mesmo que sua alma se tenha perdido para um abismos que não queria voltar.

Leonor animadamente por ter como há muito tempo não tinha, a comida necessária para alimentar os pequenos da casa, preparou uma boa mesa, sem quaisquer desperdícios de comida, a bebida era água, a alegria era reflectida nos olhos, rosto das crianças que estavam em volta da mesa que foi finalmente colocada com todos.

Depois do Jantar foram onde realmente Milo o queria levar, na zona mais pobre da cidade, que Camus levou horas para aceitar entrar, na realidade não queria admitir, mas não queria sair do orfanato que estava a cair aos pedaços e não havia dinheiro para o construir e mesmo que houvesse Saga estava a fazer um grande projecto que tinha como objectivo o deitar abaixo, não deixando assim ninguém ajudar a instituição muito pelo contrario.

- Essa gentinha não é confiável, o que eles podem ter para me mostrar aquilo que dizes? – Resmunga o ruivo dentro do carro, observando pela janela meia aberta as pessoas.

- Vais aprender mais nestas duas horas, como nunca aprendeste na miséria de festinhas em toda a tua vida.

- Não acredito nessa ínfima possibilidade…

- … Mas vais tentar, se eu tiver errado, eu aprendo a dançar valsa…

- … E se eu por ventura, me agradar, numa escassa possibilidade claro

- Terás de vir comigo várias noites – sorriu olhando-o colocando uma música mais latina, com os seus ritmos quentes, batidas descompassadas, tambores, saxofone.

- Que aberração é esta? – Fala admirado, espantado, como se tivesse um fantasma, um bolo, um monstro.

- Música! Boa música… – remexe-se um pouco no banco cantando, sentindo a música a batida imitando-a com os dedos da mão esquerda que seguravam o volante, enquanto a outra ia do lado de fora com o vidro completamente aberto, demonstrando a liberdade que possuía.

- Só podes estar a brincar, isto não é música nem na China, põem algo mais verdadeiro… tenta Chopin… Verdi… Mozart – fazendo uma cara piedosa, mas que em resposta conteve a cara de desaprovação do outro, Camus apenas se lamentava não ter cotonetes perto enfiava-os pelos ouvidos e seria um santuário de paz.

Mas nem tudo seria paz naquele carro, Camus abriu mais a janela também para sentir a brisa da noite no seu rosto, eram raros momentos como aqueles se perdendo em pensamentos. O seu corpo começa-se a mexer inconscientemente a deixar-se ser levado pelo ritmo exótico, da música…

- De facto não podemos julgar as coisas sem antes a experimentarmos. – Diz Milo com um sorriso divertido na boca, nem olhando para ele, procurando um lugar para estacionar o carro.

- Eu não estou nem estava a gostar da música, à pára de ser chato! – Fala virando o rosto enquanto o outro consegue estacionar.

- Veremos isso no lugar próprio – sorrindo saindo do carro seguido pelo amigo, que parecia de muito mau humor.

Caminharam pesadamente por uns cinco minutos, pelas ruas de pedra ainda… o único sinal de uma civilização mais avançada era a electricidade oferecida pelos candeeiros da rua, iluminando escassamente as vivas almas do local.

Chegaram a um edifício apenas de madeira, com um andar alem do rés-do-chão. A madeira escura, o barulho ensurdecedor como aquele presenciado no automóvel. Pessoas a entrarem entusiasmadas, levava Camus a pensar que tipo de bar seria aquele… uma mistura de discoteca e salão de baile fechado dos anos 70 em Havana Casais estranhos, com roupas curtas de todo o tipo de idades faziam fila na porta, esperando ansiosamente sua passagem.

- Eu não vou entrar ali – dizia Camus pensando que aquilo era demasiado parecido com um bar de prostituição. – Que tipo de instituição é esta?

- É simplesmente um bar, com pista de dança – aproximando-se de uma porta mais pequena que não tinha pessoas, segurando-o fortemente pelo braço para não se perderem um do outro.

- Me solta! Sei muito bem o que pretende – dá um empurrão no braço de Milo fazendo este o soltar – Você quer abusar de mim, né? – Começando a andar para trás assustado.

- Camus o que pensa que eu sou?... Alguma gentalha que apenas por ver um homem bonito quer ir para a cama com ele ou outros afins? – Olhava seriamente para o outro, que parou de andar momentaneamente. – Eu não sou desse tipo que você possa estar habituado, se eu quisesse alguém para algo, o que não faltam ai são garotos de programa. Agora quer ser gentil e me acompanhar?

Camus realmente estava estranho, qual o flash que lhe tinha passado pela cabeça? Tinha de parar urgentemente de ver filmes na televisão, a sua insegurança pelo ocorrido á uns dias atrás se mantinha. Se até seu amado o tratava como um puto qual a diferença de outros de fora não o tratarem assim ou até mesmo pior.

- Ahm – balbuciou algo antes de seus pensamentos serem cortados, fazendo o outro suspirar e repetir-se – Oui, pardon, je ne compris pas c'est que se passe ultimement avec moi.

- Desculpa?

- Esquece, sim vamos, quanto mais rápidos formos, mais rápido voltamos! – O escorpiano apenas responde com um sorriso que se formava no quanto dos seus lábios satisfatoriamente.

Entraram no bar, poucas pessoas estavam nessa zona de bebida, onde uma decoração cubana dos anos 70 se encontrava pelas paredes do bar, fotografias a preto e branco com posturas de danças, cores alegres onde o amarelo vivo porém não muito garrido. Um balão comprido com cadeiras como usualmente, mesas de madeira assim como as cadeiras, palmeiras e plantas tropicais espalhados pelo local. Uma cortina de cores escuras dava para uma divisão onde a música se ouvia bastante alta, mesmo não dando para perceber o que realmente era, por cima dessa cortina uma imagem de um casal de bailarinos cubanos agarrados muito fogosamente dava a entender o que se passaria pelo lado de dentro daquela zona, mas as suas atenções foram logo desviadas para quem os chamava.

- Milo, seja bem aparecido meu rapaz! – Um velho de cabelo grisalho, roupas de poucas economias, um ar simpático e "pesado" pela ideias nas marcas que o rosto mantinha, assim como suas mãos e frágil corpo.

- Como vai velho Smith? – Milo aproximou-se da mesa onde se encontrava o outro mais idoso sentando-se na cadeira do mesmo plano horizontal.

- Optimamente, não te via por aqui a umas semanas desde do que passou. – O encara com um ar passivo e um pouco preocupado esticando-lhe a mão para o cumprimentar encostando os ombros em algo mais afectivo. – E tu, meu jovem, como estás?

- Eu estou bem como sempre, não se preocupe, agora estou com um novo emprego como bolsista.

- A sério? Não posso querer, como o nosso rapazola cresceu tão rápido? – fala-lhe apertando uma bochecha como um sinal de infantilidade que Milo sorria mesmo reclamando com alguns ais.

- Sim, estou a trabalhar com o senhor Big Boss, mas depois conto-te os pormenores de tudo avozinho – Milo dá uma pequena piscadela que o outro entendeu perfeitamente. – e deixa-me apresentar o meu amigo – apontando para Camus que se havia sentado ao seu lado e nada dito apenas observava atentamente todos os movimentos e paisagens em seu redor.

- Teu novo par? – Falava ao apreciar o outro de alto abaixo a pessoa que o acompanhava.

- Eu acho que não – sorrindo, olhando para Camus em seguida, realmente aquilo já lhe tinha passado pela ideia…e talvez não fosse assim tão medíocre quanto isso

- Mas espera – o velho aproxima mais o rosto sobre o parceiro de Milo, fixando o olhar no dele – esse não é o baby sitter do big boss ? Camus? – O companheiro estremece com medo do reconhecimento.

- Ele não é, nem sei se conhece o Big boss, ele chama-se Kyu – pisca para Camus depois de ter passado as mãos pelos cabelos os desviando do seu rosto para não dar tanta bandeira.

O outro entende perfeitamente, cruza a perna para demonstrar a vontade, se encostando mais em Milo como se o conhece há muito tempo, mas esse pormenor só teve um efeito contrário pois seus músculos ficaram tesos com o toque.

- Oui, eu chamo-me Kyu de Lioncourt, cheguei à pouco tempo de Nice, France. – Dando um pequeno sorriso, pensando se teria se saído realmente bem, ficando mais aliviado com o toque mais relaxado de Milo no seu ombro.

- Se és amigo do Milo, então já és nosso também! Três caipirinhas dona Mónica! – Fala alegremente para a mulher que estava no bar, com os seus cabelos loiros caindo para os fartos seios que respondeu com um aceno ousado de um beijo começando a preparar.

- Começamos a beber cedo – Milo dá uma gargalhada sonora, se desenhou nos lábios de Camus um sorriso mais aberto, achando o calor daquelas pessoas um tanto ao quanto esquisito, porém ainda mais estranho.

As bebidas são servidas pela rapariga passado pouco tempo, a mini-saia que usava fazia disparar as atenções de qualquer homem ali presente, pelo desejo que de querer tentar ver ainda mais do que era possível, se é que era possível. Mónica senta-se na perna de Milo que estava ligeiramente afastada da mesa, cruzando as pernas demonstrando a bela e insinuante coxa.

- Uxo querido que carinha mais fofa – passando as mãos pelo peito do outro, sempre com o olhar atento de Camus se espantando ainda mais quando Milo passa as mãos pelos cabelos dela cheirando-os.

- Como sempre um perfume inesquecível Nini – sorriu ao receber um super beijo estalo da rapariga com uma animação sincera.

- Bem esta bebida é por conta da casa se me apresentares o bonitão que veio contigo… – sorrindo mais ainda, se virando com as pernas para "dentro" das de Milo. – É o teu novo par?

- Hum já que isso é uma chantagem tão grande e ameaçadora, eu realmente conto-te… ele chama-se Kyu e é isso que eu vou ver, se ele quer ou não ser o meu novo par.

- Como assim par? – Completamente estarrecido com o que Milo respondera – eu não vou dançar aquela música de baixo nível, mas mesmo assim aquilo nem deve haver maneira de se dançar, nem muitas pessoas a querem o fazer. – Vira o rosto deixando peso da gravidade pousar o queixo na mão.

- Eu acho que lhe devias de mostrar o porquê de ser único… e bem que ele não podia ser o teu par… que arrogante, incapacitado de sentir música não devia de ter nem a honra de ser chamado companheiro do grande Milo Scorpiu! – Mónica levanta-se do colo de Milo bastante aborrecida gesticulando com as mãos toda a sua indignação, acalmando-se sentindo o calor da mão de Milo na sua.

- Tudo bem, eu vim aqui para lhe mostrar o que realmente é dançar. E se bem me lembro hoje o meu antigo parceiro vem cá dançar com o outro. – Milo acaba de beber toda a sua bebida colocando o copo na mesa, se levantando.

- Sim é verdade – fala com a voz visivelmente entristecida – depois dá-me a honra de uma dança?

- Claro que sim querida – Milo aproveita a mão que segurava a da menina, levando-a até seus lábios, dando um beijo delicado – a honra será minha, se me permite donzela eu vou mostrar o que é dançar a este senhor – pisca-lhe o olho, fitando Camus pelo canto do olho.

Camus estava atónito quem seria afinal Milo, porquê aquele calor tão humano destas pessoas, qual a razão de ele não a ter. Seria demasiado fraco? O ser especial e vulgar de Milo o tornava aquilo? Aquele jeito criança e despreocupado. Poderia ser isso considerado fascinante ou simplesmente imaturidade?

Varrido em pensamentos, Milo o chama, assim se levantando pedindo desculpa a Mónica com um aceno de cabeça que não foi bem retribuído por parte da rapariga de vinte e poucos anos.

Foram directamente para a zona de dança, Camus ia na frente enquanto Milo o guiava com a palma da mão nas costas o orientando. A música era idêntica à do carro, não acreditava no que vira no momento que os seus olhos caíram sobre os humanos naquele espaço tão reduzido e abafado.

Os corpos suados entranhavam-se não apenas com os tecidos, mas também com o ritmo do parceiro. Peles com pele se misturavam numa complementaridade única deixando o ruivo estupefacto com tanta expressão corporal.

- Nunca tinhas visto o que era realmente dançar, não é verdade Camus?

- Isto pode ser muita coisa, mas dançar não o é… – fala o outro ainda estupefacto com o ambiente.

- Então o que seria?

- Eles parecem que estão a fazer "reproduzir" na pista isso sim!

- E existe algo mais puro, livre e magnifico do que fazer a "reprodução"?

Novamente as palavras fluidas do moreno atingiram o coração de Camus, como fazer aquilo podia ser puro… como é que a dança libertava algo? Se sexo apenas era uma obediência. A dança também era, sempre foi o que Saga lhe ensinará passadas tantas lições, todavia os seus não encontravam nada dessa submissão tão desumana.

Acordando dos pensamentos revoltos, apercebe-se que estava sozinho, o seu companheiro estava neste exacto momento com uma mulher nos braços, sorria espontaneamente, segura e guiava-a como se eles fossem apenas um corpo se movendo em perfeito ritmo com a música.

Ele pára de dançar, chamando-o com um dedo entre um olhar felino e sedutor. Se Milo fosse um deus ele sem duvida nenhuma seria o da dança e luxúria, é seria inexplicável como alguém consegue hipnotizar e seduzir com pouco movimentos, com um olhar mais forte apenas.

Os dois ficam juntos, Milo estica a mão para o chamar para dançar assim como se fazia a uma donzela delicada, obtendo como resposta um sorriso com a cabeça baixa e um cruzar de perna por trás, perfeito de uma dama.

- Nunca pensas-te em… – uma porta bate chamando a atenção de Milo

- Em quê? - O olhar de Camus segue o de todas as pessoas inclusive de Milo.

Realmente o ruivo não estava à espera de algo assim, dois homens se apresentaram como dançarinos profissionais de dança. Todas as pessoas daquele pequeno espaço, fizeram uma roda de honra aos dançarinos.

Um robusto homem moreno, alto, de corpo definido, tinha os cabelos espetados numa tonalidade preta com reflexos violeta, os olhos frios e escuros contrastando com o seu parceiro bastante delicado e afeminado. A sua pele clara, olhos grandes num azul branco deixando hipnotizando com um olhar de anjo calejado pelo pecado do corpo; seu rosto e corpo frágeis como de uma mulher, era marcado por uma marca ligeiramente em baixo do olho esquerdo realçando mais o tão luxurioso olhar.

E o casal dançou, exibindo seu par, suas técnicas e formas superiores. A sua forma de dançar chegava a ser demasiada técnica e robótica para ser sentida, passos ensaiados devidamente coordenados numa mistura de "sabedoria" e obrigação, as palmas foram bastantes pela exibição pois mesmo não sendo do agrado de muitos aquilo também é dançar.

Milo tinha desviado o olhar vendo o ex-parceiro chegando ao ridículo para ter poder e reconhecimento, o seu sorrisinho irónico e de supremacia irritava-o solenemente. Camus notou a variação repentina de humor do loiro.

- O que se passa? – Perguntou Camus a Milo que nem lhe respondeu… apenas lhe virou o rosto com o um nojento saindo do salão de dança…o ruivo foi atrás segurou-o pelo pulso – O que foi?

- Olhar para o teu ex-parceiro de dança e ver o degredo que ele se tornou é bastante deprimente, sabias?

- O que interessa isso? Eu vim aqui porque alguém ia-me ensinar algo… ia-me mostrar algo, não é verdade? – Camus olhou seriamente, Milo suspirou depois das palavras proferidas, segurou a mão que estava no seu pulso a colocando no seu pescoço, prensando as cinturas com uma das mãos nelas, um carinho leve foi depositado.

- Vou-te ensinar, como é sentires-te vivo e isto é uma promessa – murmurou no seu ouvido, devido há altura da música.

…continua…

Yuki Saiko

24 de Dezembro de 2007

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Caligae Sandálias de fivelas usadas pelos gregos e romanos

Pequeno-almoço Café da manhã

Tenho todo o tempo do mundo para estar aqui é um verso de uma música do Rui Veloso, porém não é para estar aqui, mas sim para ti (na versão original)

Oui, pardon, je ne compris pas c'est que se passe ultimement ave moi : sim, perdão, eu não sei o que se passa ultimamente comigo

Baby sitter : pessoa que coisa das crianças

Big boss: Grande chefe traduzido á letra

Kyu: Camyu Kyu (by Anoska e Ília-chan)

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Espero que tenham gostado esta fic foi postada neste dia como presente de Natal, não apenas para a pessoa que amo muito e ela sabe bem quem é Amo-te Beh, um beijo especial há minha betadora Tassy Riddel que sempre me deu insentivo para publicar esta fic (se não gostaram matem-na a ela não a mim xD) mas para o vovô de todos nós que sempre vai estar pressente nas nossas vidas… Uxa espero que este ano a vovó e tu tenham um ano bem melhor… vocês merecem… um ano depois vocês conseguiram ser fortes o suficiente e afinal ele nunca deixou de estar com vocês pois está no vosso coração e enquanto se lembrarem dele ele será eterno nas vossas vidas…

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Yuki Saiko deixando de melancolia, espero que tenham gostado da fic mesmo eu preciso mesmo de review's para saber as opiniões de todos… e para me incentivarem a escrever, acreditem ou não eu sempre acho que não deixam review's porque está tão ruim que nem se dão ao trabalho n//n. Espero que esta esteja melhor…feliz natal a todos e um próspero ano Novo!!!!

Beijos a todos,

Yuki Saiko