Disclaimer: One Piece pertence à Shueisha e Eiichiro Oda.
Para o primeiro (que eu me lembre) Challenge de Angst do Twitter. Prompt: "One half of your OTP finds a Christmas present from their beloved, now two weeks gone, hidden in the back of a closet". Previsivelmente, rola menção à morte de personagens.
Título retirado da música Wicked Game, de Chris Isaak.
Law gira a caixa de madeira em suas mãos, incerto do que fazer com ela, ou com si mesmo.
Ainda podia ver o sorriso de Luffy quando este colocara a caixa em suas mãos e dissera que ele só podia abrir no Natal. Questionara-o no dia, querendo saber que tática o outro sugeria para descobrir se o Natal já tinha chegado ou não - afinal, estavam no Novo Mundo, se orientando apenas com bússolas de funcionamento misterioso e um bocado de sorte. Quanto mais perto de Raftel chegavam, mais imprevisíveis elas ficavam e mais a percepção de tempo se alterava. Luffy apenas sorrira para ele e respondera que ele saberia quando o dia de abri-la chegasse.
Law se lembra daquele sorriso, de sol desimpedido pelas nuvens, e o compara com o sorriso desafiador da batalha final, que não se apagara mesmo depois que o golpe final da Marinha - que já havia matado Zoro - o acertara. Law se lembra de Nico Robin escapando da destruição apenas para avisá-lo, se lembra de Eustass Kid lutando ao seu lado, se lembra do barulho infernal e do fogo.
E se lembra dos Chapéus de Palha deitados na areia, juntos até na morte, e do silêncio ensurdecedor quebrado apenas por seu grito de ódio.
Ele brinca com o fecho da caixa, estranhamente trabalhado para algo vindo de Luffy - talvez a navegadora ou o cozinheiro o tivessem instruído a escolher aquela. Talvez ele tivesse pedido ajuda e outra pessoa tivesse escolhido o que quer que estivesse ali dentro.
Sua garganta ainda dói e arranha, mas sente vontade de gritar de novo. De fazer a caixa em pedaços, de jogá-la no mar e nunca mais pensar naquilo.
Os olhos e o sorriso de Luffy o encaram em suas memórias.
"Quando for o dia certo de abrir você vai saber, shishishi~."
Por fim, acaba devolvendo a caixa ao lugar onde a encontrou, debaixo das roupas amontoadas no baú perto de sua pequena cama. Não consegue imaginar o que pode encontrar ali dentro, mas seja lá o que for, é algo que chega tarde demais para ajudá-lo.
Talvez o dia certo nunca mais chegue.
