Disclaimer: Harry Potter, personagens e lugares, são propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros., Scholastic, Bloomsbury e Rocco. Esta história não tem fins lucrativos. Plágio é crime. Não copie sem autorização do autor.
Título: Sinestesia
Sinopse: Ela tinha cheiro de azul, e isto era ridículo.
Ship: Draco/Hermione
Gênero: Geral / Romance.
Classificação: K
Spoilers: 5.
Observação: Realidade Alternativa
Projeto: Winter AS
N/A: Fic para o Winter AS da seção mais linda e megalomaníaca do seisvê! xD Minha amiga secreta é a jeeh black! Eu usei três dos quatro itens da lista: trechos de Agoraphobia, do Incubus, o item cores, e a situação "Draco e Hermione juntos pela primeira vez". Eu espero que tenha ficado ao menos próximo do que você queria, Jeeh!
Sinestesia
Ela tinha cheiro de azul, e isto era ridículo.
Todo mundo naquela maldita Ordem da Fênix tinha perfumes absolutamente normais, de coisas concretas e palpáveis: Potter tinha cheiro de grama e algodão; Weasley, de sabonete barato. Tonks cheirava a violetas rudes, e a menina Weasley de nome estranho, a flores do campo doces e enjoadas. Mas ela, não; ela tinha que ser diferente e ter logo cheiro de cor, de algo abstrato e inútil. E logo azul, uma cor tão ordinária e vulgar, sem qualquer graça.
Draco cruzou os braços sobre o peito, determinado a ignorar aquela tentativa de distração. Mas ele podia sentir o azul a metros de distância; Granger estava sentada contra a janela aberta, lendo um livro grosso e estúpido enquanto o vento se ocupava em bagunçar ainda mais seus cabelos já tão embaraçados, espalhando o cheiro azul pela pequena biblioteca da Mansão Black e fazendo Draco se lembrar de oceanos e campos de lavanda imaginários.
but the better part of me knows that waiting in the throws
is on par with reading with my eyes closed
-Ei. –Draco rosnou, olhando fixamente para o livro em seu colo, aberto na mesma página há mais de vinte minutos. –Fecha a janela.
Granger não se importou com a rudeza da ordem de Draco – cinco meses de trabalhos em conjunto para a Ordem da Fênix com certeza a fizeram se acostumar com isso – e terminou de ler a página de seu livro antes de levantar-se e ir até a janela para fechá-la. Mas não conseguiu mover um único centímetro do vidro.
-Acho que emperrou. –ela disse, depois de dois minutos de tentativas frustradas.
-Você é mesmo uma bruxa medíocre.
"what can I do", you say, "it's just another day
in the life of Apes with ego trips"
Granger fez questão de fingir que não o ouvira. Draco fechou o próprio livro com força e se levantou da poltrona com um ar de mártir incompreendido.
-Uma bruxa estúpida que não merece a posição que tem.
Granger continuou ignorando-o, estudando a janela emperrada. Draco grunhiu mais ofensas mentalmente, e passou pela garota com a respiração presa – a última coisa de que precisava era ficar com aquele monte de azul grudado em seu nariz. Com a varinha em punho, Draco disse algumas palavras bem escolhidas e viu, satisfeito, a janela se fechar obedientemente. Cheio de orgulho, ele voltou-se novamente para Granger:
-É por isso que eu digo: "nunca mande um sangue-ruim fazer o trabalho de um bruxo decente".
Nenhuma reação. Nem um franzir de sobrancelhas ou um rosnado irritado, nenhuma resposta arisca ou um olhar mordaz. Nada. Granger simplesmente deu-lhe as costas, tencionando voltar à leitura mais que tediosa daquele livro gigante de letras miúdas. E nada poderia irritá-lo mais.
put down your hollow tips...
-Não ouse dar as costas pra mim, Granger!
Ele agarrou-lhe o braço e forçou a garota a voltar a olhar para si.
Azul marinho salgado de neve derretendo no horizonte queimou as narinas de Draco e fez seus músculos travarem. Azul pulsante de primavera na praia, de nuvens brancas e bebês rosados, azul do sangue puro que corria mais rápido em suas veias, azul do gosto de ferro que fez sua língua secar e seus lábios desejarem a maciez molhada de um tom de azul de água fria doce que era tão absurdo quanto... Quanto beijá-la.
E, no entanto, foi isto o que ele fez.
…and kiss your lover's lips
Os lábios azulados de frio ficaram avermelhados, e os olhos que antes o ignoravam agora encaravam Draco com muitas perguntas e nenhuma resposta coerente. E ele fez o que qualquer rapaz na sua idade faria em uma situação como essa.
Ele correu.
Ele correu e se trancou no banheiro, para tentar se livrar do azul que grudara em suas roupas, seus cabelos, em cada centímetro de pele e músculos e ossos. E, quando ele finalmente voltou a sentir apenas seu próprio cheiro de perfume caro, pensou que talvez azul não fosse uma cor tão ruim assim.
and know that fate is what we make of it
Nota do Autor:
Oi, meu nome é Innis, e eu não penso em nada azul há trinta segundos! *palmas calorosas*
...
Feliz final de inverno pra você, Jeeh!!! Espero que goste dessa fic!^^
