Ato I – Proposta inicial
- Talvez você realmente devesse vir, sabe? O negócio é tranquilo. Suave mesmo, cara. E outra, tenho certeza que você vai gostar, ponho até minha mão direita no fogo se você não voltar lá. E sabe como eu ficaria fodido se eu perdesse minha mão direita...
Christian Kane riu por entre a espessa fumaça do seu cigarro, fazendo um gesto obsceno com a mesma mão em que o cilindro de filtro marrom e branco descansava entre seus dedos. Estava tentando convencer o amigo, mas Jensen parecia irredutível e realmente a fim de ser um idiota que fazia um papel de ator na frente dos pais. E antes que o rapaz pudesse responder, Christian interferiu novamente com sua voz rouca:
- Para de ser trouxa, cara. O que são duas horinhas fora de casa? Sua mãe vai parir ou algo assim, é?
Um estalido de metal foi ouvido no telhado e um garoto de touca preta apareceu por de trás da porta de incêndio. Os olhos deste eram azuis tais como de um gato sorrateiro e estavam avermelhados acompanhando um hematoma que parecia pousar sutilmente na magra maçã do rosto. Logo um sorriso vinha aflorar nos lábios magros ao ver Jensen e Christian sentados debaixo da luz quente e agradável do sol matutino.
- Porra, eu tendo uma aula de física e vocês dois aqui curtindo um sol, fumando...
Christian mandou um olhar cúmplice para Jensen e deu atenção ao longo abismo esverdeado abaixo de si. E Jensen tomou a direção da conversa com o outro, e continuou sentado na batente do prédio que separava o chão da queda livre. Era uma sensação incrível estar de frente para o perigo ao longo de sabe-se lá quantos metros de altura. Christian imaginava como seu corpo se arrebentaria se desse um pequeno impulso, se a sua cabeça abriria em duas ou ficaria tal como uma melancia em pedaços ou, ainda, será que o cérebro respiraria fora da caixa craniana?
- Chris? Para de ficar olhando pro chão igual um idiota, cara... Sua cabeça vai virar carne moída se você cair daqui, é como a gravidade vai reagir com o seu corpo, entendeu?
E o intruso no momento de paz de Jensen e Christian parecia ler mentes algumas vezes.
- Cala a boca e senta aí Lennon. Aliás, aonde você conseguiu essa merda roxa aí? Comeu a menina de outro?
O que se chamava Lennon sentou ao lado de Jensen e pediu um cigarro com os dedos. Logo o isqueiro fabricava uma chama e incendiava o papel e tabaco. Lennon deu atenção a Chris enquanto tragava a fumaça com prazer.
- Antes fosse. Eu só levei uma surra mesmo. Lembra daquele barman do casarão? Um de jaqueta de couro e cabelão? O cara me bateu porque eu vomitei em cima dele. – Lennon continuou fumando e cutucando com o próprio pé, o pé de Jensen. - Mas quer saber, que se foda. A marguerita que ele preparou 'tava uma merda mesmo.
Jensen riu. Lennon era um completo idiota sem noção do que fazia, e este detalhe era o que mais lhe entregava uma autenticidade. Por vezes falava coisas reais demais, expunha as palavras na cara do outro sem pudor nenhum. Outras vezes, essa sinceridade era intolerável, o que fazia com que Lennon, diferente de outro Lennon, tivesse uma corja de não seguidores.
- Que é isso, o barman só ficou morrendo de vontade de te comer, Lennon. E quando ele soube do seu nome... Já pensou? Gozar com o nome de um falecido na boca? Ah Lennon, Lennon, Ah!
Chris ergueu uma gargalhada insana com o que Jensen havia dito. Tinha uma graça imensa em ver a cara de Lennon se contorcer e Jensen abrir um sorriso completamente cúmplice e sacana. No entanto, Lennon não disse nada e acabou por levantar os ombros e abaixá-los em rendição. Ele tinha orgulho do próprio nome.
Depois que a graça havia passado e Christian recuperasse a voz, ele retornou ao ponto inicial da conversa. Ele não estava cabulando a aula de artes com a professora mais gostosa do planeta, se não fosse algo de extrema importância. E justamente hoje, ele precisava de um vocalista para a banda. A sua banda.
- E aí Jen? Vai comigo no Cabaret ou não?
- Cabaret? Aquele lugar perdido na puta que o pariu? O Jensen não vai.
- Pensei que eu estava falando com o Jensen, Lennon. Ou por acaso você 'tá trocando de nome?
- Chris... Parece que você não conhece o Jen. – Lennon acendeu um novo cigarro com a maior calma deste mundo e intercalou um olhar entre o céu e o gramado distante e bem cuidado da escola, parecia totalmente certo do que falava de forma que enervava Jensen e Christian.
- E por acaso você me conhece Lennon?
Jensen tinha um ar irritado nos olhos. Parara de fumar e esfregava a ponta do cigarro no chão de concreto do telhado; detestava quando o taxavam de idiota ou qualquer adjetivo semelhante. Realmente detestava.
- Não completamente. Mas conheço o que você deixa transpassar. Qual é, você nunca vai desobedecer seus pais pra ir tocar num barzinho no cu do mundo.
Jensen se levantou deixando que uma irritação incomum transpirasse por seus poros. Chris quis segurar a mão do amigo de infância, mas parecia que sua atitude fora lenta demais, Jensen já estava na porta de incêndio enviando um olhar de desafio para os dois que ficaram no batente do prédio da escola.
- Às onze horas da noite eu te espero na esquina de casa, Chris.
E saiu como se um Lennon realmente não existisse ou estivesse morto.
Continua...
Nota do Autor: Não vou dizer que sou um principiante com fanfictions, na verdade já escrevi outras e outras histórias em outros fandoms, fiz até mesmo algumas wincest no livejournal. Dizer que nunca fiz uma Padackles também seria mentira, comecei inúmeras e por falta de inspiração, não sei, nunca terminei uma. Mas desta vez eu tenho o sonho de terminar ao menos uma história universo alternativo com Jensen e Jared como personagens... O enredo dessa fanfiction, de Mudança, vem rodeando minha cabeça por dias e dias, e se não a escrevesse talvez meus miolos fossem dar um nó. Assim que dei início nela, eu quis, aliás, eu precisava de opinião ou de que alguém a lesse e por isso a posto aqui. Espero que quem for ler tenha um bom divertimento e se quiser deixar um agrado, crítica ou queira pedir/impedir que seja continuada, deixe uma review!
