LILY
por mrs. dellicourt. ©


"Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno..."
Shakespeare.


Lily... se a perfeição de fato existisse e possuísse um nome, ele com certeza soaria menos melodioso e melífluo que o seu.

Lily: o nome que me escapa a boca, devaneando nos meus lábios frios, deliciando-os com o sabor da tão melancólica verdade. Lily — o que vai transbordar em vaidade de todo modo pronunciado, derramando sua luxúria sobre os meus pecados mais ilícitos e lúcidos. Lily; a ursupadora da minha sanidade, mesmo que eu ainda consiga me manter pragmático, sendo você o meu objetivo, sempre focado com avidez.

Na fantasia de me perder no cheiro de lírios que você emana, decapitaram a vontade que corria e corroía as minhas veias.

Poderia ter sido só Lily, mais uma que aos meus encantos caiu, apenas outra nos meus braços, mas escolheu ser Lily — a beleza incandescente moradora dos meus sonhos e ilusões. Tão infantil, o sorriso indolente pintado em aquarela vívida, as suas cores tão vibrantes que tingiam seu tange, seu timbre, tão incalcançável...

Talvez o orgulho daquele que a tem, ou a perdição dos enganados, quem sabe a fantasia de quem esqueceu e não amou.

E eu aposto que você se sentia muito bem ali — oscilando entre a perfeição impossível e a divindade incontestável, as meias tão coloridas quanto pueris cobrindo só metade seus pés emoldurados que chacoalhavam para frente e para trás num ritmo perturbador que sabe-se lá como conseguiu manter meus olhos quietos.

E quando mais tarde eu lhe confessasse tudo isso, teria eu o direito de fazer transbordar amor de seus olhos?

Lily... se a perfeição de fato existisse, aposto minha vida que ela seria igual a você.


N/a: de 2008. A bit Lolita, se não se importam.