Musica: Por Enquanto, Legião Urbana
Mudaram as estações
E nada mudou
Mentira. Ouvindo a antiga musica no rádio, Remus não pôde deixar de contradizer. Sim, as estações tinham mudado. Para ele. Era impossível que ele estivesse com tanto frio no começo de julho. Mas, depois daquele acontecimento...
Mas eu sei
Que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Muito diferente. Diferente demais. Lágrimas escorriam do resto do lobisomem enquanto ele se ajoelhava perto do tumulo de seu amado. Ouvia a musica ao longe, se lembrando do dia em que tinham revelado seu amor um para o outro.
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba...
Flash back
Era Natal. Lá fora, a neve caía em pequenos flocos. O frio era cortante, mas não havia vento. Remus olhava distraidamente para fora da janela. Estava pensando naquele sorriso. Na boca que tanto queria tomar para si, mas não tinha coragem para tal ato. Só de pensar, ele já começava a corar.
-alô, alô, Terra chamando Aluado!
-Anh? Que? – disse Lupin, despertando de seus devaneios
-Vamos Remus, o banquete já começou faz tempo!-respondeu Sirius, sorrindo carinhosamente e estendendo a mão, para puxar o lobisomem.
Hesitou. E então aceitou a ajuda para se levantar. Assim que tocou a mão, um estremecimento percorreu sua coluna, e, ele pode perceber, a de Black também.
Mas então, quando estavam quase chegando a porta, Sirius parou. Empurrou Remus até a janela e o encurralou, perguntando:
-Afinal, você gosta, ou não de mim?
Lupin não olhou para Sirius. Ficou observando o tanto durante uns segundos , quando percebeu que alguma coisa estava crescendo de lá. E conforme foi reconhecendo a planta, seus olhos foram se esbugalhando. Almofadinhas então seguiu seu olhar.
Foi com um sorrisinho maroto que olhou de novo para Remus:
-Azevinho!
-Sim- respondeu Lupin retribuindo o sorriso – sim, eu gosto de você.
-Então que o amor dure para sempre- sussurrou Sirius, antes de beijar Aluado.
Fim do Flash Back
Mas Sirius estava errado. Nada é para sempre. Nem o amor, nem a vida.
Mas nada vai
Conseguir mudar o que ficou
Sim, isso ele era obrigado a concordar. As lembranças continuavam gravadas como que a ferro em sua mente...
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem...
...Só que ele não estava bem. Cada vez que uma memória vinha, Lupin tentava, em vão, afasta-la. E então desabava a chorar, até os olhos ficarem tão secos que tinha que jogar água neles.
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...
Mas teria de parar de vagar em pensamentos. Tudo acabava. Tinha vindo aqui para poder recomeçar. Mesmo que nada fosse como antes, tão feliz, tão emocionante, a vida andava. Um dia seu coração pararia de bater, assim como a música tinha acabado. E então poderia se encontrar de novo com seu amado. Enquanto isso, teria de cortar as amarras que o prendiam a ele. E por isso, veio lhe trazer uma, lembrançinha, para que Sirius Black não se esquecesse dele. Para avisar que um dia voltaria, e que era para ele não se preocupar.
Depositou então um buquê, todo de azevinho.
