Capítulo 1

Primeiro dia na faculdade. Pra completar, a bendita festa que prometera ir também seria naquela noite. Nada podia deixá-lo mais nervoso. Por um lado, Tom estaria lá, e Chad prometera fielmente que iria. Por outro lado, era um calouro que estava indo para uma festa cheia de estranhos.

Pensando bem, mataria Tom Welling depois de torturá-lo bem lentamente.

Por que, diabos, ele havia aceitado ir à bendita festa mesmo? Ah, sim, Tom prometera que não fariam trotes com ele se fosse. Certo, talvez um trote não fosse uma má idéia, se pudesse desistir da tal festa.

Aonde havia parado mesmo? Ah, certo, vestir a jaqueta, terminar de ajeitar os cabelos castanhos, pegar as chaves da moto, sair de casa, trancar a porta, subir na moto antiga, que com certeza, pedia um bom concerto há um bom tempo, ligar o motor e ir até a casa de Tom, não tão longe da sua.

– Jare! – o moreno se aproximou e deu alguns tapinhas no ombro do mais novo após ele desligar a moto. – Cara, é sério, você vai adorar aquela festa.

– Certo – disse, sem tanta convicção assim. – Sobe aí e vamos.

Jared religou o motor assim que Tom subiu, se ajeitando e se segurando no banco. Logo o mais novo acelerou e dirigiu até o local da festa. Era exatamente como havia imaginado. Uma casa grande, com muito barulho e carros caros no estacionamento.

Come on, Jare, se anime! – pediu Tom, animado, enquanto se dirigiam para a entrada da casa.

– Eu só vim por causa do que combinamos – disse Jared, desgostoso.

– Hey, Jare-boy, você tem que se divertir de vez em quando.

Jared suspirou, derrotado, e seguiu Tom. A primeira impressão que teve da festa foi a de que não deveria ter saído da cama de manhã. O som alto demais começava a deixá-lo com dor de cabeça, e aquele monte de pessoas o olhando o deixava desconfortável.

– Relaxa, Jare – Tom lhe deu mais alguns tapinhas nas costas. – Vamos dar uma volta, conhecer umas gatinhas...

– Er, eu acho que vou ficar melhor no bar, Tom – disse Jared.

All right, Jare, eu te vejo depois.

Pensando melhor, talvez matasse Tom bem lentamente também.

Suspirou e se dirigiu até o bar. Por um momento, agradeceu a todas as entidades religiosas por sua altura elevada, que o permitia passar por entre as pessoas sem problema, algumas delas já caindo de bêbadas.

– Me vê uma cerveja, por favor – pediu ao garçom, que lhe estendeu uma garrafa. A aceitou e a abriu. – Obrigado.

– Novato? – indagou o garçom ruivo, provavelmente uns dois ou três anos mais velho, enquanto secava a mão num pano de prato.

– Yep – concordou Jared, dando um gole em sua cerveja.

– Com essa carinha bonitinha, é bom tomar cuidado – avisou o ruivo.

– Bonitinha? – o mais novo deu um meio sorriso.

– Já se olhou no espelho, amigo? – o garçom sorriu também. – Você não é de se jogar fora, nem mesmo pra um homem.

– Assim você me faz me sentir mais desejado do que eu realmente sou – brincou o moreno, sorrindo, mostrando as covinhas.

– Só digo a verdade – o ruivo jogou o pano molhado por cima do ombro e estendeu a mão para Jared. – Natan Miller.

– Jared Padalecki – o moreno aceitou o cumprimento e sorriu levemente.

– Então, Jared – o ruivo soltou sua mão e voltou a enxugar uns copos distraidamente. – Como eu disse, é bom tomar cuidado. Os veteranos daqui não são muito... amigáveis, eu diria. Apenas alguns se salvam.

– Tipo você – sorriu Jared.

– Tipo eu – Natan sorriu também. – Aqui é como lá fora. Tem que se conhecer as pessoas certas.

– E que lugar não é? – comentou Jared, dando mais um gole longo em sua cerveja.

– Você tem razão – o ruivo sorriu.

– Bem, acho que vou dar uma volta, não é? Valeu mesmo, Natan.

– Nate, cara – sorriu ele.

– Oh, certo, Nate – Jared sorriu. – Até mais.

O moreno se desencostou do balcão, dando outro gole em sua cerveja, e se dirigiu a uma das varandas da casa, aparentemente vazia. Distraído, se debruçou no parapeito, suspirando levemente, cansado.

– Perdeu a namorada?

Jared quase teve um ataque cardíaco. Desencostou-se do parapeito e fitou o rapaz ao seu lado, assustado. Ele era, provavelmente, uns três ou quatro anos mais velho, embora fosse um pouco mais baixo. Os cabelos curtos, loiro escuro, estavam arrepiados e meio bagunçados. Era, também, um pouco mais moreno, mas aparentava ser tão forte quanto Jared. Fumava distraidamente, alheio à confusão e o susto do mais novo.

– Desculpa – finalmente Jared recuperou a fala. – Achei que...

– Certo – interrompeu o loiro. O mais novo notou que, em nenhum momento, o cara havia o olhado. Parecia bem mais interessado no cigarro que terminava de tragar. – Calouro?

– Isso mesmo – Jared voltou a se debruçar no parapeito. – Jared Padalecki.

– Jensen Ackles.

– Han... – aparentemente o loiro não queria manter uma conversa. – É daqui?

– Texas.

– Eu também – Jared animou-se um pouco. – Que parte?

– Dallas – Jensen apagou o resto do cigarro no cinzeiro, que Jared percebeu ter uns três ou quatro tocos de cigarro, e puxar um maço e um isqueiro do bolso do jeans. Puxou um cigarro com os lábios e o acendeu, guardando o maço e o isqueiro logo em seguida, voltando a fumar distraidamente.

– Sou de San Antonio – informou Jared, entornando sua cerveja. – Sua família mora aqui?

– Não.

Aquele monólogo já estava irritando Jared. Será que Jensen não conseguia manter uma conversa decente por mais de cinco segundos?

– Minha família ficou em Dallas – o moreno se espantou quando o mais velho recomeçou a falar. – Eu vim pra cá com o meu irmão mais velho. De vez em quando eu ligo, quando tenho tempo, e faço uma visita nas férias.

– Faz algum tempo que eu não vejo a minha família – disse Jared. – Tive uma briga feia com o meu pai, então peguei minhas coisas e me mandei. Não tinha mais clima pra mim naquele lugar.

– Aquela moto é sua? – indagou Jensen, e, pela primeira vez, ele fitou Jared, parecendo sinceramente interessado.

– Aquela coisa velha? – indagou o moreno. – É sim.

– Posso dar uma olhada nela?

All right – concordou Jared.

Os dois saíram sorrateiramente da festa, embora metade das pessoas já estivesse bêbada demais para notar, e se dirigiram ao estacionamento. Jared se constrangeu um pouco. Sua moto realmente precisava de um bom conserto. Escorou-se na lataria de um Volvo, que estava ao lado de sua moto, com cuidado, enquanto Jensen a observava, visivelmente interessado agora.

– Cara, você tem uma clássica aqui! Não vejo uma dessas há anos! – Jensen parecia tão animado quanto uma criança em dia de Natal. – Uma AJS Matchless G3LS ano 58 – Jared arqueou uma sobrancelha. – 350cc – o moreno entreabriu a boca. Como o cara conseguia descobrir tudo isso só olhando? – Motor original... wow, cara, você realmente tem uma relíquia aqui! Com um bom conserto e uma ajeitada na pintura, essa garota fica novinha.

– O problema é a grana – comentou Jared. – Curta demais.

– Sem problemas – Jensen se ergueu e fitou o moreno, que arqueou uma sobrancelha novamente, intrigado. – Você não precisa me pagar.

Como é? – Jared pensou não ter ouvido direito, mas o sorriso do loiro o denunciava. Não tinha ouvido errado.

– Eu sou mecânico também – informou o mais velho. – Minha oficina não fica longe. Se deixar essa garota aqui – ele deu um tapinha leve no banco de couro. – Hoje, me dá uns três dias que ela vai deixar qualquer outra moto nova no chinelo.

– Sei não, Jensen... – murmurou Jared. – Eu não tenho dinheiro pra isso...

– E eu disse que você não precisa me pagar – repetiu o loiro. – Come on, Jay, uma beleza como essa eu conserto com gosto.

– Tá tirando um sarro de mim, não é?

– Tô não – o mais velho meneou a cabeça e sorriu.

– Ei, Ackles! – os dois se viraram a tempo de ver um homem, uns três anos mais velho que Jensen, cabelos castanhos e curtos e olhos extremamente azuis se aproximou, sorrindo, e passou o braço pelos ombros de Jensen. – Son of a bitch¹, eu te procurei em todo o lugar! Fala aí, Jenny, já tá convencendo o calouro a sair com você?

Jensen riu, mas Jared engoliu em seco.

– Você é um tremendo idiota, Collins – disse o loiro.

– E é exatamente por isso que você me ama, Jensen Ross Ackles – riu o outro.

– Misha Collins, você é horrível – Jensen se desvencilhou do amigo.

– Obrigado, eu tento, Jenny.

– É Jensen – corrigiu o loiro.

– E então – Misha se voltou para Jared, que deu um sorriso meio forçado. – Você é o Padalecki, não é?

– Eu mesmo – disse Jared, seu nervosismo querendo começar a voltar.

– Ah, o Tom falou de você – Misha estendeu a mão para o moreno, que aceitou o cumprimento. – Jared, não é? Misha Collins.

– Virou "Collins" porque ele não conseguia soletrar o próprio nome antes – Jensen recebeu do mais velho um forte tapa na nuca pela piada. – Cretino desgraçado!

– Relaxa aí, Jenny.

Jared sorriu levemente enquanto enfiava as mãos no fundo dos bolsos da jaqueta. Pelo visto, Jensen e Misha eram daqueles "veteranos que se salvavam", como dissera Natan.

– Então, Jay – o moreno piscou e voltou a fitar Jensen. – Eu não tava te zoando.

– Tá falando sério? Mesmo?

– Mesmo – Jensen sorriu diante da descrença do novato. – Fala aí, Misha, eu não conserto essa garota aqui? – apontou para a moto de Jared.

– Três dias e essa coisa deixa qualquer outra pra trás – concordou o outro.

– Eu falei – sorriu Jensen.

– Wow, cara, você vai restaurar essa coisa aí? – indagou Misha.

– Yep – sorriu o loiro. – Mas o dono precisa deixar. E aí, dono? – ele voltou a fitar Jared, sorrindo marotamente. – Vai deixar?

– Er... – Jared mordeu o lábio inferior, em dúvida. Havia acabado de conhecer o cara. Mas ele não parecia estar brincando. Aliás, parecia animado só de pensar na possibilidade de restaurar a moto do moreno. – Certo.

Jensen sorriu, e deveria ter parecido mais uma criança em dia de Natal, porque Misha gargalhou da cara que ele fez. Levou um soco no ombro, de leve, em recompensa, mas logo se refez de seu ataque de risos.

– Jen, por Deus, você é pior que criança em Natal quando pega uma coisa dessas pra consertar – gracejou Misha.

– Me deixa ser feliz, Misha, seu bastardo idiota – Jensen piscou, ainda sorrindo. – Vai ficar mais um pouco?

– Yep, senão a Cassidy me mata – o moreno passou o dedo pela garganta, num gesto bem claro do que aconteceria se não ficasse.

– Boa sorte, então – riu Jensen. – E aí, Jay – o mais novo voltou a fitar o loiro. – Vamos?

– Han, e pra onde, exatamente? – indagou Jared.

Come on – Jensen piscou, sorrindo. – Não vou violentar você. Só tô querendo cair fora desse lugar.

– Bem-vindo ao clube – Jared sorriu levemente.

– Então, vai dirigir ou ficar dando em cima de mim? – indagou Jensen, rindo.

– Com certeza eu fico com a primeira opção – o mais novo riu.

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– Então – Jared desligou a moto e desceu. – Essa é a sua casa?

Come on – Jensen sorriu e puxou um molho de chaves do bolso. Aproximou-se do portão da garagem e o destrancou, o empurrando para cima com certo esforço. – Lar, doce lar – sorriu levemente. – Entra aí, Jay.

– Certo.

Jared empurrou a moto até a garagem de Jensen, que acendeu as luzes. Quando o mais novo entrou, puxou o portão para baixo e o trancou, depois se virou para encarar o moreno, sorrindo levemente.

All right – Jared passou os olhos pelo lugar. – Essa é a sua oficina? No duro?

– É sim – sorriu Jensen.

– Parece mais um dos quartos da Casa Branca!

– Não exagera – o loiro gargalhou. – Pode deixar ela aí. Vou cuidar bem da sua garota. Aceita uma cerveja?

– Com certeza – Jared sorriu.

Seguiu Jensen até a cozinha. Apesar de a casa ser um pouco maior que a sua, era extremamente desorganizada, com roupas e objetos espalhados por todo o canto. Jensen parecia ser do tipo que não ligava para organização.

– Aqui – o loiro estendeu uma das garrafas de cerveja aberta para o mais novo, que aceitou e sorriu. Por brincadeira, brindaram rapidamente. – Então, Jay – ele deu um gole em sua cerveja, se recostando no balcão da pia enquanto Jared se recostava na pequena mesa. – O que o fez vir para Lawrence?

– Oportunidade – o moreno deu um gole em sua cerveja também. – De começar uma vida nova. De ser alguém, realmente. E você?

– Digamos que tirou as palavras da minha boca, meu amigo – disse Jensen. – Além dos problemas familiares, minha vida anda um verdadeiro caos.

– Deu pra notar – o mais novo passou os olhos pela cozinha bagunçada, e, por um momento, pensou ter visto Jensen corar. – Desculpa.

– Não, você tem razão – o mais velho sorriu levemente. – Você absoluta tem razão. Eu não tenho tido muito tempo para arrumar as coisas por aqui, sabe? A faculdade e a oficina ocupam a metade do meu tempo...

– E a outra metade?

– Bem...

Pai!

Jared engoliu em seco e virou o rosto para observar a porta da cozinha, mas o pequeno garoto, de aparentemente uns quatro anos, já havia se pendurado no pescoço de Jensen, que havia deixado a cerveja em cima da pia para pegar o garoto no colo.

– Ei, amigão, você devia estar na cama – disse o loiro, sorrindo.

– Tia Lauren disse que eu podia esperar você chegar!

Jared observou o menino. Era, basicamente, a versão de Jensen com quatro anos, embora os cabelos fossem loiros bem claros e cortados na altura dos ombros. O moreno sorriu levemente e cruzou os braços após deixar a cerveja em cima da mesa.

– Ei, amigão, aquele ali – Jared arqueou uma sobrancelha quando Jensen apontou para si, fazendo o menino olhá-lo. – É o novo amigo do pai, Jared.

– Oi, tio Jared – o menino acenou para Jared, que sorriu e acenou de volta.

– Jensen Ross Ackles! – até Jared se encolheu um pouco com o tom de voz da mulher loira que havia entrado na cozinha, de braços cruzados e, visivelmente furiosa.

– O-oi, Lauren – Jensen gaguejou levemente. – Tudo bem?

– Você tem noção do horário?!

– Han... – Jensen olhou para o relógio e mordeu o lábio inferior. – "Estou no horário do toque de recolher, mãe?"

– Seu...! – Lauren pensou se era uma boa idéia xingar Jensen de todos os nomes possíveis que conhecia na frente do filho dele. Decidiu-se que não. – Amanhã vamos ter uma bela conversa, Ackles.

– Certo... – Jensen fechou os olhos por um momento quando Lauren saiu, batendo a porta com força extrema. – Eu juro que quero morrer amigo dessa mulher. E você, senhor Leo, deveria estar na cama.

– Oh, papai, só mais um pouquinho – Leo se agarrou mais no pescoço do pai, que revirou os olhos, sorrindo meio constrangido para Jared.

– Se importa de esperar um pouco?

– Claro que não – garantiu Jared. – Vou ficar legal. Não vou tentar cortar os pulsos, pode deixar.

– Acho bom – Jensen riu levemente e ajeitou o filho no colo, saindo da cozinha.

Jared sorriu. De tudo o que havia imaginado sobre Jensen até ali (se é que conseguira), não havia nem passado por sua mente que ele tivesse um filho. Na verdade, ele, nem de longe, se parecia com aquele cara que vira fumando na varanda. Aquilo, com certeza, provava a tão aclamada frase "nem tudo é o que parece".

All right, frases filosóficas não cabiam muito no momento.

Suspirou levemente e recuperou sua cerveja, dando um longo gole. Depois de uns dez minutos, Jensen voltou, sorrindo levemente, e recuperou sua cerveja.

– Desculpa por isso, cara – pediu.

– Tudo bem – Jared sorriu levemente e pousou a garrafa vazia de cerveja em cima da mesa, cruzando os braços em seguida. – Entendi agora o porquê da falta de tempo pra dar um jeito nessa zona... opa! Foi mal, cara – o moreno sentiu o rosto esquentar.

– Que é isso, até eu acho que isso aqui tá uma zona – Jensen riu, pegando mais duas cervejas. Aquela noite seria longa, provavelmente. – E então, cara, você tem mais alguma relíquia guardada em casa?

– Se você chama assim... – o mais novo sorriu levemente, mostrando as covinhas. – Eu tô com um Impala 67 parado na minha garagem.

– Tá de brincadeira.

– Não mesmo.

– Cara, um Impala 67? – o loiro cruzou os braços, mordendo o lábio inferior levemente. – Não vejo um desses desde que sai de Dallas. Então, Jay – Jared sorriu levemente. – Oh, come on, não vamos passar a noite toda na cozinha, pelo amor de Deus. Vem. E sinta-se em casa, ouviu bem? – avisou, saindo da cozinha.

Jared seguiu Jensen. A sala do loiro era, se possível, ainda mais desorganizada. Jensen sorriu, meio constrangido, e empurrou algumas coisas de cima do sofá para o chão, arrumando espaço suficiente para os dois se sentarem.

– Desculpa mesmo pela zona – pediu o mais velho. – É que faz tempo que não vem nenhum amigo aqui, então... – ele balançou os ombros.

– E a Lauren, é o que sua? – indagou Jared. – Namorada... esposa...?

– Oh, não, não – Jensen meneou a cabeça. – Ela é minha melhor amiga. É quem cuida do Leo quando eu não tenho tempo.

– Você é...

– Pai solteiro – completou Jensen. – Isso mesmo.

– Posso perguntar o que houve? – indagou Jared.

– Caso antigo, sabe? – o mais velho suspirou, dando um gole em sua cerveja. – De algumas semanas. Uma coisa boba. Aí eu fiquei sabendo que ela tava grávida. Ela queria abortar, mas eu não. Acabou que ela aceitou a gravidez, se eu cuidasse da criança.

– E você...?

– Cara, eu não sei – Jensen sorriu levemente. – Sabe, era uma pessoa a mais na minha vida, alguém que eu tinha que cuidar... fez eu me lembrar de casa... e, realmente, se eu pudesse voltar atrás, faria a mesma coisa.

– Você deve ser bem feliz, não é? – indagou Jared.

– Com algumas restrições, mas é, acho que eu posso dizer que sou um cara sortudo – disse Jensen. – E você? Não tem família por aqui mesmo?

– Não – o mais novo meneou a cabeça. – Tom disse que tinha uma bela oportunidade pra mim aqui. E, depois do que houve com o meu pai, eu... eu sei lá... – Jared observou a garrafa de cerveja em suas mãos. – Eu só queria recomeçar... pra bater a real mesmo, eu fugi... sei lá... eu acho que não sou aquela pessoa – ele suspirou e fitou algum canto a esmo na parede pintada de azul. – Que eu realmente gostaria que eu fosse.

– Nunca somos – disse Jensen. – Eu acho que sempre vai existir aquela coisa que não gostamos em nós mesmos.

– Pra um cara que mal queria conversar comigo, você até que tá mandando umas frases bem filosóficas, Jen – Jared sorriu.

– Hábito, Jay – o mais velho sorriu. – E você é um novato legal.

– E você um veterano legal – o moreno sorriu e deu um gole em sua cerveja. – Me diz aí, os caras da faculdade são tão ruins quanto me falaram?

– Andou se informando nos lugares certos, meu amigo – Jensen também deu um gole em sua cerveja.

– Obrigado por me animar – ironizou Jared.

Come on! – Jensen riu. – Não vai ser tão ruim assim, baby.

– Pode parar de dar em cima de mim um minuto? – riu o mais novo.

– Ah, não, você é sexy demais – Jensen gargalhou, passando a mão insinuosamente pelas costas largas do mais novo. – Ter esperança não é crime.

Shut up, idiota – sorriu o moreno, afastando o braço de Jensen.

Ficaram conversando por coisas banais por horas a fio. Jared jamais imaginara que, embora Jensen fosse introvertido e até meio antipático no começo, podia falar por horas, sempre engraçado e animado. O mais novo não ficava para trás. Ambos tinham seus momentos de lançar piadinhas ácidas contra o outro, mas nada demais. Por um momento, Jared pensou que já conhecia aquele cara há anos.

– Caralho – Jared arregalou os olhos levemente ao observar o relógio de pulso. – Tá quase amanhecendo!

– Eu notei – Jensen bocejou. – Dorme aí, cara.

– Han?

Come on, até parece que eu ia deixar você sair de casa no meio da madrugada – o mais velho fez uma pose ridiculamente excessiva de mãe coruja. – Na-na-ni-na-não, mocinho, você vai cochilar aqui.

– Jen, é sério, não precisa.

– Sem discussão, gigante – Jensen sorriu. – Vem, Jay, eu te mostro o quarto de hóspedes.

– Okay...

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– Bom-dia – Jared bocejou e se espreguiçou levemente, sorrindo para Jensen em seguida, que sorriu levemente. – Cheiro de café...

– Dia de sorte, boneca, eu estou bem-humorado – o loiro estendeu um copo de café para Jared, que aceitou e sorriu, tomando um gole. – E aí? Passei no teste?

– Cara, eu vou tomar café aqui todo dia! – sorriu o mais novo, bebendo mais um gole. – Isso está ótimo, Jen!

– Valeu – o mais velho sorriu levemente. – Só não abusa.

– Vou tentar, eu prometo – riu Jared, mas olhou para o relógio em cima da pia. – Cara, eu ainda tenho que passar em casa pra pegar minhas coisas!

– Então eu te vejo na faculdade – sorriu Jensen.

– Valeu mesmo, Jen – Jared terminou de beber o café. – Tem problema de eu pegar a moto? Só pra eu não me atrasar?

– Que é isso, cara? – Jensen riu. – A moto é sua.

– Valeu mesmo, Jen, eu deixo ela aqui quando sair.

Jared saiu e tirou a moto da garagem com a ajuda de Jensen. Conversaram por uns poucos minutos até o mais novo se lembrar do horário e voltar para casa. Juntou suas coisas rapidamente, jogando tudo dentro da mochila velha, e saiu correndo, trocando de roupa com a mesma rapidez.

Ajeitou a mochila nas costas e subiu na moto, rumando para a faculdade. Estacionou a moto perto de outras, com certeza em melhor estado que a sua, mas não se importou, saiu correndo para a faculdade. Por sorte, não esbarrou em ninguém no caminho e, incrivelmente, não estava atrasado.

– Ei, Jare-boy!

Ele parou e se virou, sorrindo levemente para Tom, que se aproximou e lhe deu uns tapinhas fracos no ombro, sorrindo.

– E aí, Jare, conheceu alguém especial na festa? – indagou o mais velho. – Não encontrei mais você.

– Eu fui embora antes, se é isso o que quer saber, Tom, e não fui com uma garota – garantiu Jared. – E você?

– Cara, a noite foi ótima! – Tom fez questão de frisar a última palavra, fazendo o mais novo revirar os olhos esverdeados. – Mas, fala aí, além de garotas, conheceu alguém? Sabe, pra ajudar por aqui?

– É, eu acho que sim. O cara é legal.

– Ei, Jay! – Jensen se aproximou, sorrindo, e largou a mochila nos pés, pousando os olhos em Tom. – Wow, Welling, eu não sabia que o gigante tinha dono.

– Jensen Ackles conversando com um novato? – Tom arqueou uma sobrancelha. – O Apocalipse se aproxima! Corram e salvem suas vidas!

– Não enche, Welling – o loiro revirou os olhos. – Ei, Jay – o moreno o fitou. – Ainda vai me deixar restaurar aquela garota, não é?

– Com certeza – sorriu Jared.

– Certo – Jensen jogou a mochila por cima do ombro e sorriu levemente. – Te vejo mais tarde, Jay.

– Jared Padalecki – Tom pareceu chocado após Jensen sumir numa sala. – Eu não acredito que você fez amizade com Jensen Ackles!

– Qual é o problema? – indagou o mais novo, arqueando uma sobrancelha.

– Digamos que ele é o cara fodão que faz parte do clube exclusivo de caras fodões que controla o resto dos veteranos – Jared arqueou uma sobrancelha.

– Tá de sacanagem comigo – disse o mais novo, acompanhando o amigo.

– Não mesmo – Tom parou na porta de uma sala. – Então, te cuida, amigo. Tá na minha hora. Eu te vejo depois.

– Falou.

Jared rumou para sua sala, ainda pensando no que Tom havia falado. Sentou-se numa das cadeiras vagas no fundo da sala e descansou a mochila no pé da mesa. Suspirou e apoiou os cotovelos na madeira da mesa, descansando o rosto nas mãos.

– Algum problema?

Ele ergueu os olhos e sorriu levemente. Uma mulher, de sua idade, os longos cabelos, loiros claros, presos num rabo-de-cavalo perfeito, olhos azuis feito água e corpo escultural, o que faria qualquer homem babar, se sentou na beira de sua mesa, o fazendo sorrir levemente.

– Cansaço – disse Jared. – Dormi pouco.

– Nervosismo? – indagou ela.

– Quem dera – o moreno sorriu. – Fiquei conversando quase a noite toda.

– Só "conversando"? – ela sorriu também.

– Só – Jared riu. – Com o meu amigo.

– Ah, sim, agora eu entendi – ela lhe estendeu a mão. – Barbara Rolari, mas pode me chamar de Barbie.

– Jared Padalecki – o moreno aceitou o cumprimento.

– Muito prazer, Jared – ela se sentou na cadeira vazia em frente à sua carteira e se virou para fitá-lo.

– Então, Barbie – o moreno sorriu. – Acha que vai ser difícil?

– Sempre é difícil pra gente, não acha? – ela sorriu também.

– Nem me fala.

– Já tem companhia pro almoço hoje? – indagou Barbie.

– Han, na verdade não, eu acho – o moreno coçou a nuca.

– Aceita uma?

– Claro – a loira sorriu, o fazendo sorrir também.

Logo a aula começou. Até a hora do almoço, foi tudo extremamente calmo, e era exatamente isso que deixava Jared mais apreensivo. Arrumou as coisas rapidamente na mochila e esperou Barbie arrumar as suas coisas, que eram, na maioria, cor-de-rosa, para saírem da sala. Encontraram Tom e Chad no meio do caminho para a cafeteria e conversaram bastante. Jared gargalhou de uma piada de Chad, mas parou assim que viu Jensen num canto afastado da cafeteria, ouvindo algo que uma Lauren furiosa fazia esforço para não berrar.

– Han, licença – pediu, se levantando.

Aproximou-se de Jensen no exato momento em que Lauren saía furiosa. O loiro abaixou a cabeça, constrangido, e coçou a nuca, fazendo o mais novo segurar seu ombro. Jensen ergueu os olhos esverdeados e sorriu tristemente.

– Ei, tudo bem? – indagou Jared.

– Levei uma comida de rabo daquelas – suspirou Jensen. – Mas de boa, eu tava merecendo essa mesmo... então, como está indo o primeiro dia?

– Ainda está bem – Jared sorriu e soltou o ombro do mais velho. – Parece que o seu não anda bem.

– Esquece – pediu Jensen. – Já vi que arrumou companhia pro almoço – ele lançou um olhar à mesa onde Jared estava antes.

– Vem ficar com a gente – convidou o moreno.

– Ah, valeu, mas não – disse Jensen.

Come on, Jen – insistiu Jared.

– Não, Jay – repetiu o mais velho, um pouco mais alto e mais frio. – Depois a gente se fala, okay? Você me dá uma carona?

– Claro – disse Jared, suspirando meio derrotado.

O mais novo esperou Jensen sair da cafeteria para voltar para a mesa, se sentando, alheio ao que os outros conversavam. Só acordou de seu devaneio quando Chad estralou os dedos bem perto do seu rosto, o fazendo piscar algumas vezes.

– Eita, Jare, o que foi? – indagou Tom.

– Nada – ele roubou algumas batatas fritas do prato de Chad, ignorando as reclamações do loiro.

– Então, o Tom disse que você fez amizade com o Ackles – o loiro quis puxar conversa, fazendo Jared fitá-lo, ainda roubando suas batatinhas.

– Algum problema, Chad? Não sou ciumento, sabe?

– Vá à merda, Padalecki – riu Chad. – Só achei estranho. Aliás, todo mundo achou. Ackles mal fala. Acho que eu só o vi conversar com duas pessoas desde que está aqui, o tal Collins e a gostosa da Lauren.

– E?

– Qual é, vai dizer que isso não é estranho?

– Só porque você é um pervertido que fala com qualquer coisa que encontra, nem todo mundo tem que ser assim, Chad – disse Jared.

– Não baixa o nível, Jare-boy – pediu Tom.

– Posso tentar – riu o moreno.

– Calma aí, meninos... olha a pressão – comentou Barbie, sorrindo.

– Tudo bem, Barbie – Jared sorriu.

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– Ei, Jay – Jared passou a mão pelos cabelos castanhos, os empurrando para trás, e sorriu para Jensen, que correu um pouco para alcançá-lo. – Achei que ia me deixar aqui.

– Que é isso – o moreno sorriu e tirou a mochila do ombro. – Leva pra mim?

– Claro – Jensen aceitou a mochila do mais novo e a jogou em cima da sua, segurando firmemente para não cair. – Ei, Jay.

– Que é? – indagou Jared, observando Jensen por cima do ombro enquanto virava a chave, ligando o motor da moto.

– Vamos tomar uma cerveja comigo – convidou o mais velho.

– Você não tem que ir pra casa? – o moreno arqueou uma sobrancelha.

– Não – o loiro meneou a cabeça. – O Leo tá na escolinha e eu não tô muito a fim de ficar em casa brisando. Só abro a oficina daqui umas duas horas, então...

– Okay – Jared revirou os olhos e sorriu. – Sobe aí.

– Valeu.

Jensen subiu e se ajeitou atrás de Jared, segurando a cintura do moreno com um pouco de firmeza, e Jared xingou até o sétimo inferno por corar levemente com aquele toque. Ainda bem que Jensen não podia vê-lo.

– Tudo bem, né? – indagou o loiro.

– De boa – disse Jared. – Pode se segurar melhor, se quiser. Não vou molestar você depois, pode confiar – riu baixinho, fazendo Jensen rir.

O loiro passou o braço por sua cintura, fazendo a distância entre eles diminuir e Jared corou um pouco mais ao sentir Jensen descansar a cabeça em suas costas. Mandou aquela maldita vergonha pra bem longe e acelerou. Seguiu para o barzinho atrás da faculdade que o mais velho havia indicado e estacionou, sentindo um leve arrepio e desapontamento por Jensen descer da moto, o soltando.

– Tudo okay, Jay?

– Han? Ah, tá – o moreno sorriu levemente e desligou a moto, enfiando a chave no bolso e aceitando sua mochila de volta. – Vamos?

All right.

Entraram no barzinho pouco movimentado e com ares de bom lugar. Jensen indicou uma mesinha perto da janela, e Jared o acompanhou, deixando a mochila de qualquer jeito junto com a do loiro, no espaço vazio que restara no banco. Uma garçonete com ares de adolescente veio anotar os pedidos.

– Duas cervejas – pediu Jensen, logo voltando a fitar Jared assim que a ruiva anotou o pedido e voltou ao balcão. – Dia bom?

– Por enquanto – Jared sorriu. – Me diz uma coisa?

– Claro – antes, o mais velho fitou a garçonete, que voltou com duas garrafas de cerveja abertas, as entregando para cada rapaz. – Muito obrigada, minha flor.

– Você é impressionante – comentou Jared, observando a menina se afastar, rindo baixinho e corando.

– Eu tento – Jensen deu um gole em sua cerveja. – E aí? O que você ia me perguntar?

– Ah – Jared deu um gole em sua cerveja antes. – Tom e Chad me falaram que você é um pouco... bem, digamos que eles me falaram que você não conversa com ninguém, e, de repente, fez amizade comigo.

– E? – o mais velho arqueou uma sobrancelha.

– Eles acharam estranho, só isso – disse o moreno.

– Tudo o que eles acham de mim é estranho, Jay – Jensen deu outro gole em sua cerveja, observando a rua pela janela.

– Eu só... – Jared coçou a nuca, meio constrangido. – Me desculpa, Jen, eu não queria... eu acho você um cara bacana, mesmo. Não tem nada de estranho. A não ser conversar com alguém como eu.

– Um calouro gigante de quase dois metros de altura? – o mais velho voltou a fitá-lo, sorrindo marotamente. – Fujam todos, rápido, o céu vai desabar sobre nossas cabeças!

Shut up – Jared jogou alguns palitinhos que roubara do recipiente em Jensen, que riu, se esquivando de alguns.

– Só faço amizade com gente que merece, Jay – disse o loiro.

– Eu mereço?

– Merece.

Jared sorriu e brindou levemente com Jensen, que sorriu também.

– Não, é que – o loiro pousou a garrafa na mesa. – Eu sou assim mesmo. Reservado, sabe? Eu não sei, acho que nasci assim... às vezes eu... – ele sorriu tristemente e baixou os olhos, fazendo Jared franzir o cenho levemente. – Esquece.

– Fala – pediu o mais novo.

– Você vai rir.

– Eu prometo que não – disse Jared. – Se eu rir, pode me dar um soco.

– Certo... – Jensen ergueu os olhos, meio constrangido. – Às vezes, eu acho que meio que "sinto", sabe? Se a pessoa é boa ou não... – o loiro baixou os olhos novamente. – Fala aí. Sou um idiota, não é?

– Não – Jared deu mais um gole em sua cerveja enquanto Jensen erguia os olhos para fitá-lo, de cenho franzido. – Sério. – pousou a garrafa na mesa também e cruzou os braços em cima da mesa. – Achou mesmo que eu ia rir duma coisa dessas?

– Vai saber – o mais velho sorriu e balançou os ombros. – Não acha idiota?

– Eu acho bom – disse Jared. – Não é idiota.

– Tá estudando pra ser psicólogo, é? – Jensen riu.

– Não – o mais novo sorriu, mostrando as covinhas. – Quer mesmo saber o que eu acho?

– Manda.

– Eu acho que você tem uma sensibilidade extraordinária – disse Jared, brincando com a garrafa na metade. – Não de fragilidade – completou quando o loiro iria abrir a boca para retrucar. – De conhecer uma pessoa só de ficar perto dela por alguns momentos, saber se ela tem interesses bons ou ruins. Empatia. E não é uma coisa pra rir. Minha avó – ele entornou o resto do líquido, voltando a brincar com a garrafa. – Era assim. Uma vez eu cheguei em casa... eu era moleque... minha – ele sorriu. – Primeira namorada tinha terminado comigo... eu tava bem pra baixo. Tipo, eu passei perto dela e ela disse "não se preocupa que ela não é a única", e eu quase fiquei em choque, mas... isso me animou, sabe?

– Bom pra você – Jensen sorriu e entornou a garrafa também. – Eu acho que você é um cara bacana, Jay. Você é um cara bacana.

– Certo – Jared sorriu. – Posso saber o motivo da comida de rabo de hoje?

– Ah, umas coisas que eu andei fazendo esses dias, sabe? – disse Jensen. – A Lauren é quase uma mãe pra mim, sabe? E ela exagera de vez em quando, mas nada que eu não mereça, realmente. Quando eu me envolvi com gente que eu não devia, foi ela que me alertou e me puxou de volta pro mundo real.

– E parou?

– Parei – disse Jensen. – Pro meu próprio bem, e pro do Leo também. Eu tava numa fase bem ruim, bem no fundo do poço. Só tinha a Lauren pra me apoiar, e o molequinho – o loiro sorriu levemente. – Acordei bem a tempo de não fazer nenhuma besteira.

– Que bom, não é? – indagou Jared, sorrindo.

– Com certeza – disse Jensen. – E você, Jay?

– Eu? Como assim?

– Você sabe.

– Ah, não – o moreno se tocou do que Jensen queria dizer. – Não, não... nunca fiz parte desses grupos... eu preferia ficar no meu canto.

– Bom garoto – sorriu o mais velho. – Isso é bom mesmo. Não vale a pena. Acredite, eu sei disso – ele suspirou. – Mas... todo mundo já errou alguma vez, não é?

– Isso aí – Jared sorriu.

– Tem trabalho por aqui?

– Han... não... – o mais novo coçou a nuca, meio constrangido.

– Tá a fim de um? – indagou Jensen. – E nem vai precisar fazer quase nada.

– E o que seria, Jen?

– Ser meu aprendiz.