Eu caí.

(...)

A dor aos poucos foi amenizada. Estava partindo para um outro mundo – tamanha indiferença que sentia. Não que não fosse sentir falta de seu mundo – o próprio mundo que construíra e se inserira, e não ao que era exterior a si.

Ao menos podia agradecer pela lucidez de seus últimos pensamentos.

(...)

A dor voltara. Mas de outra forma – não era mais seu corpo que exigia por descanso. Era uma dor mais intensa, o peso de uma traição que, aos poucos, tentava explicar. Por que aceitara a oferta? Sabia que não era pela vida eterna, afinal, não acreditava nisso.

Era simplesmente o desejo de voltar e de lutar? A vingança já havia sido consagrada, apesar do alto preço. Nunca se apegara a fatores menores. Então, porque aceitar?

A única resposta que obtivera – e não tão satisfatória quanto desejava – era simplesmente pelo fato de... Não haver um porque de recusar. Simples, não? Aceitar porque recusar parecia desfavorável no momento.

(...)

Respirou fundo. O ar entrava-lhe pelos pulmões, que enchiam, como se temessem que a qualquer momento não conseguiria respirar novamente. Era uma sensação tão antiga – mas, de certa forma, tão nova! Não havia ideia de quanto tempo havia se passado, quem estaria vivo ou morto.