Is it over now?

Ela bateu na cabeça dele, mas certamente não tinha machucado a ele tanto quanto aquilo machucava a ela. Estava a matando, cada segundo: seus belos olhos castanhos e jovens que nada sabiam sobre ela – sobre eles. Aqueles olhos, que ainda tinham esperança, que nunca tinham fugido de seu destino.

Aqueles olhos jovens e castanhos que amavam tanto outra mulher que dariam a ela o que havia de melhor nele – como nunca faria com River, já que ela jamais seria capaz de aceitar –, mas que arrancaria seu coração fora apesar dele saber que estava fazendo a coisa certa. River sabia sobre isso, como sabia sobre Donna Noble e a dor insuportável de perder sua melhor amiga, uma parte de si mesmo. Ela sabia sobre Rose e sobre desistir do amor de suas vidas para "si mesmo" pela felicidade da pessoa que amava. Ela sabia de tudo.

Mas, antes desse dia, tinham sido apenas histórias. História fantásticas, incríveis, emocionantes, mas, ainda assim, apenas histórias. Ela sabia, mas ela não sentia. Agora, pela primeira vez, ela podia realmente entendê-lo, completamente. Ela podia sentir, em sua pele, em seus olhos, em seu coração.

E não era difícil escolhe-lo acima de si mesma. Nunca teria sido, mas era ainda mais fácil agora, porque ela finalmente tinha compreendido tudo. Sua pele lhe contava sobre o motivo pelo qual Donna tinha precisado esquecer tudo, que a dor e o conhecimento de um Senhor do Tempo eram um peso grande demais para se carregar. E ela não iria, não poderia, não tinha direito a ter e nenhuma vida fora o Doutor ou após o Doutor. A própria ideia a matava antes que o computador o fizesse.

Há muito tempo atrás ela tinha dito a Rory que ela acreditava que aquele momento, quanto ela olhasse nos olhos dele e ele não a reconhecesse, iria matá-la, e agora ela sabia que tinha estado certa. Estava matando-a, e era a escolha dela, como sempre teria sido.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas não temia a morte – ela a abraçaria como uma velha amiga, como eram. Ela chorava pela tristeza e pela dor de ter encontrado o pior dia de sua vida, e parecia que nem mesmo a morte curaria as cicatrizes desse dia, que elas nunca, jamais se apagariam.

Ele parecia bonito, um garoto bonito, como ela tinha o chamado antes. Ele parecia intenso. Ele queria salvá-la sem nem saber nada a respeito dela, porque essa era a essência do Doutor. Ele queria virar o universo ao contrário pela vida dela, para que ela tivesse a chance de viver, mas que tipo de vida ela teria sem ele? Ou como poderia tudo ser reescrito?

Não valia a pena. Ela preferia morrer a desfazer tudo que ainda viria para ele, que já acontecera há tanto tempo para ela. Primeiros beijos e últimos encontros, todos misturados em um adeus agridoce. Ela estava pronta para fechar os olhos quando murmurou suas últimas palavras, as primeiras palavras dele para ela.

"Shh. Spoilers."

E ela não teria estragado aquilo por motivo nenhum. A canção deles estava terminando para ela enquanto começava para ele, como era para ser. E, ainda assim, para a música das esferas no universo acima e em volta deles, ela nunca, nunca, acabaria.

Agora tinha acabado.

Ela queria ir.