O Conde Drácula
Isadora Zeferino


Prólogo


R. Dracul Inima, número 1431, Antiga mansão Malfoy, Transilvânia, Romênia.

Caro Senhor Malfoy,

Ou como tem preferido ser chamado durante os cinco últimos séculos, 'Conde Drácula'.

Nós do Ministério da Magia compreendemos o que de acordo com vossa senhoria se chama 'necessidade de um bom cálice de sangue', mas não podemos deixar de pedir mais uma vez que o senhor tenha cautela sobre o lugar aonde vai para obter sua 'comida',

Não é do nosso interesse 'importuná-lo como o bando de bruxos caducos que somos', e também não tem nada ver com o nosso 'rídiculo intento de manter cada coisinha em sua devida perfeição'. Na verdade, estamos em alerta por termos recebido, somente nesse mês, mais de 19 registros sobre adultos desaparecidos na região de Sighisoara, onde está localizada sua casa, e onde também creio que seja sua área de caça.

O mais curioso foi o padrão dos desaparecidos, todos homens adultos de família, com alturas e pesos consideráveis. E embora os trouxas sejam ignorantes com relação a dados, não vão continuar às cegas por muito tempo, se é que me entende.

Pedimos encarecidamente que volte com seus antigos hábitos de alimentação (O que inclui bovinos de grande porte, aves e um ou dois trouxas, não podemos renegar suas necessidades vitais), ou virá a receber mais uma vez notícias nossas.

Fico agradecida pela sugestão, mas lhe digo logo que não acho divertido 'Arranjar outro uso mais conveniente para minha varinha e parar de ser uma donzela rabugenta' e que minha vida sexual não é algo para se discutir em cartas diplomáticas

Hermione Jane Granger

Chefe do setor de Monitoramento de Criaturas Mágicas, Medibruxa especializada do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos.


A caneta de repetição rápida seguiu a voz da mulher até o último floreio , o tom alterado e indignado fazia o objeto se pressionar sobre o papel pardo com uma força descomunal.

- Se você continuar assim, Mione, vai acabar rasgando seu quarto pergaminho - Alguém entrou no escritório e passou por cima da sua mesa, conjurando um delicioso e enorme copo de Frozen perto de seus dedos tensionados.

Olhando para cima, a moça morena sorriu ao discernir as costas largas e os cabelos desordenados mais que conhecidos.

- Você não existe, Harry - Ela disse docemente, ao vê-lo se virar, deixou a caneta de lado, fazendo-a cair inanimada sobre a madeira, logo, sem dar nenhuma atenção à isso, levantou para ir na direção do amigo.

- O que foi agora? Da última vez que você esteve tão irritada, estávamos sob um massacre de mortalhas-vivas. - Falou, passando os dedos sobre a testa, onde uma notável cicatriz em forma de raio estava marcada - E Deus sabe como espero que aquilo nunca aconteça novamente.

- Ah... Nem venha me falar disso, ainda hoje tenho pesadelos com cobertores pretos. - Sorriu nervosa, tentando claramente evitar a pergunta do homem.

Harry segurou delicadamente no cotovelo dela, puxando-a para fora do seu escritório e andando em passos firmes até o espaço gourmet do setor, se é que podia ser chamado assim, já que os próprios bruxos materializavam comidas do cardápio.

- Não ache que vai ficar nessa, mais cedo ou mais tarde você vai ter que me contar. - Murmurou ao ver Hermione roer o canto das unhas, podia praticamente ouvir o mantra no seu cérebro Tomara que ele não pergunte de novo, Tomara que ele se esqueça.

- Te contar? Nada disso - Abriu as palmas das mãos e as colocou entre ela e Harry, como se estivesse se protegendo de uma torrente de ar em sucção vinda da direção dele - Eu te conheço muito bem e sei que você vai querer se meter no meu caso se eu te contar alguma coisa.

- Ora, Sinal de que estão abusando de você de novo. - Bufou o moreno, esticando a mão para abaixar os pulsos da amiga e encostá-los na mesa - Isso não pode continuar, você dorme menos que eu, que sou o chefe do quartel-general dos aurores, e provavelmente trabalha mais que o próprio Ministro da Magia.

Hermione abriu a boca chocada, completamente pronta, já ia responder que a cama de Harry não via seu dono por quase três semanas, já que ele tinha ficado tão bom em feitiços de relaxamento que conseguia produzir um encantamento equivalente a oito horas de sono em si mesmo sem gastar mais de cinco minutos. Mas parou para olhá-lo materializar sem varinha um grande copo de cerveja amanteigada e dar uma longa golada, ali estava, alto, forte e bronzeado, os cabelos negros brilhavam quase na mesma intensidade que os grandes olhos esverdeados, ele era a imagem da saúde e disposição. E Hermione nem precisava ver seu rosto no espelho para se dar conta de que estava longe de estar como ele.

- Eles precisam de mim nessa seção - Acabou por falar, cansada - Os gigantes estão dando vários problemas sobre territórios, e estamos preocupados com uma mutação de mandrágoras no sul. Você sabe que eu tenho a manhã e o começo da tarde livres no meu trabalho no St. Mungus, dá pra manejar, Harry.

O moreno estudou calmamente as olheiras arroxeadas que vinham em rastro na pele pálida dela, já tinham discutido o emprego duplo de Mione algumas milhares de vezes, por que mesmo sendo uma bruxa inacreditavelmente talentosa, estava ficando louca cuidando de seus pacientes ao mesmo tempo que chefiava uma seção hiper-complicada no ministério.

- Ok - Concordou por hora - Mas isso não vem ao caso agora, pode me dizer pra quem você mandava aquela carta? - Harry, depois de mais um gole, se inclinou sobre os cotovelos na mesa de granito onde tinham sentado.

- Ah Harry... -

- Nada de 'Ah Harry'! Vamos lá, eu confio metade das minhas tarefas a você! - Suplicou, piscando sedutoramente as longas pestanas.

- Nem vem Potter, você me conta por que é um péssimo auror - deu um tapa no cotovelo do menino, fazendo-o quase se desequilibrar e tombar com o rosto direto na mesa. - Não sei como você não foi despedido ainda, conta tudo pra mim e pro Ron. Se fosse pra contar, não seria chamado de confidencial.

- Caramba Mione, eu conto pra vocês por que acredito que são hábeis o suficiente pra me ajudar com algumas etapas. - Fez um biquinho, que não seduziu a morena - Eu só quero te ajudar como você sempre me ajuda - Tentou imitar uma cara de cachorro pidão - Vamos! Eu sei que é algo bem legal, Elfos-da-Bavária? Atacando crianças, não são, são sim.

Hermione se manteve séria.

- Uma quimera destruindo casas de aldeões, elas são perigosas... Quimeras não? 'Tão tá... Infestação de fadas mordentes! -

Dessa vez ela mal piscou.

- Já sei então, um lobisomem, um, um, um... Chupa-cabras, lembrei, eu tinha escutado o Smith falar algo sobre Chupa-cabras enquanto passava no corredor. - Os olhos de Harry praticamente brilhavam de excitação.

- Smith e Diggory já resolveram os problemas do Chupa-cabras - Mione revirou os olhos, entediada, não queria ceder, pois sabia que o amigo era bem persuasivo. - A questão é, mesmo se eu te contar, talvez você nem possa se envolver nessa tarefa. Não entendo todo esse fogo, tem nada pra fazer no QG não?

- Você tem que estar brincando, acho que eu e todo o pessoal vamos ficar loucos se tivermos que continuar fazendo pesquisa de campo. O ministro não autoriza nenhum movimento ofensivo, mesmo que a gente saiba que os comensais estão por aí. - Disse frustrado, tomando mais um longo e enervante gole da sua bebida - Já conheço metade de Londres de cabo a rabo, e também a maior parte da Escócia. As vezes eu nem sei se foi bom ter virado um auror.

A garota abriu a boca diante de tamanho choque, então o eleito estava falando que não devia ser o auror, o menino-que-sobreviveu? Que tinha destruído o maior bruxo das trevas de todos os tempos?

- Não brinca Harry, é claro que foi bom, você tinha vocação pra isso, ainda tem! -

- Talvez tenha sido esse o motivo da minha escolha, eu sou bom nisso. -

- Não é verdade, você sabe que não - Hermione passou a mão carinhosa sobre a do moreno, não sabia lidar muito bem com ele ultimamente, tão chateado e parado, sem poder fazer nada para ajudar ninguém. Ele não tinha nascido pra ser impotente, e depois dos anos malucos que passara em Hogwarts, estivera ainda menos propenso a ter uma vida comum - Você é brilhante, lembra da AD?

- Isso não vem ao caso, é quase a mesma coisa que ser auror. -

Os dois suspiraram juntos, depois da queda de Lord Voldemort, ser auror era quase infrutífero, os bruxos das trevas que antes seguiam o lorde estavam muito bem escondidos, provavelmente planejando alguma coisa. Deviam ter combinado uma reunião secreta, e terem pedido para que nenhum deles deixasse vestígios de sua existência, por que tudo estava a mil maravilhas na londres bruxa.

O pouco de excitante que tinha mantido sua carreira era justamente o trabalho de Hermione, pouco depois de se tornar chefe do quartel general, tivera que lidar pessoalmente com uma revolta de centauros. Depois o grande massacre de mortalhas, lobisomens foragidos, aurores praticamente não lutavam mais contra bruxos, e sim contra criaturas.

E ali estava Harry, com os dedos tremelicando de imaginar o que seria dessa vez, se finalmente ia entrar em ação novamente.

- Ah, você sabe que eu te odeio. - Bufou - É um vampiro.

- O quê? - Um grande sorriso brilhante surgiu nos dentes perfeitos dele.

- O que eu te disse, um vampiro. -

- Então o tal Conde é um vampiro? - Harry coçou o queixo, pensativo, levando um susto quando a amiga levantou e perguntou assustada:

- E como você sabe do Conde? - então olhos pensativa para o lado, e a ficha pareceu cair, pois ela apontou um dedo ameaçador pra Harry e gritou - AH, NÃO ACREDITO, HARRY JAMES POTTER SEU COV---

O moreno também levantou num movimento só, Hermione não entendeu como ele conseguiu ao mesmo tempo tapar sua boca que despejava brados e tirar a varinha da capa, mas em um segundo ele já tinha empunhado a mesma e dito:

- Abaffiato! -

Respirando um pouco mais tranqüilo, e sabendo que seu feitiço impediria que todos ouvissem a discussão, tirou as mãos que tentavam conter os palavrões que deviam estar saindo dos lábios dela, mas isso não melhorou o estado de espírito de Mione.

- Hey, não foi por mal, você sabe. - Harry se adiantou.

- NÃO INTERESSA! QUANTAS MILHARES DE VEZES EU JÁ TE FALEI PRA PARAR DE USAR LEGILIMÊNCIA COMIGO! VOCÊ É UM IRRESPON... -

- Ahm, veja pelo lado bom, Mi, pelo menos eu não consegui descobrir o nome dele, você está melhorando em fechar sua mente. - Tentou sorrir encorajador, mas levou murros sobre o peito e os ombros, era bem mais alto
que a garota, e bem mais forte, por isso a deixou extravasar toda sua fúria irracional até ela voltar a respirar compassadamente.

E quando achou que tinha acabado, viu Mione lançar-lhe um olhar letal e sentenciar, destilando veneno:

- Eu não vou te perdoar se fizer isso de novo -

- Hermione... Me escuta, você não sabe... -

- Finite Incantatem! - Murmurou ela, levantando a varinha na mesma rapidez que Harry tinha feito pouco antes. E agora todos no saguão podiam ouví-los - Então, até mais tarde.

E aquelas eram suas considerações finais, concluiu O Menino que Sobreviveu, ao vê-la virar e se encaminhar de volta para seu escritório, ainda parecendo mancar de tanta irritação. Toda a esperança de entrar naquela sala e resolver o mal-entendido no mesmo dia foi duramente esvaída depois de ouvir a voz dela recitar com precisão sobre a maçaneta.

- Colloportus! -


Aviso já brevemente que não desisti de Je suis Jaloux, somente, ahm, preciso de um bom tempo de reflexão. Espero que achem a história dessa fanfiction tão prazerosa de ler quanto eu acho que ela seja de ser escrita. Afinal, esse plot aí já é fetiche antigo.

Reviews, tá gente? É muito importante.