Disclaimer: Nada na série Supernatural me pertence. Essa fic não tens fins lucrativos.

Título: I'll do what I can!

Casal: Dean X Sam

Beta: No one. A ousadia é toda minha, assim como os erros.

Spoiler: Final do episódio7×13 – The Slice Girls

Summary: Depois dos acontecimentos envolvendo Emma, Dean parece estar perdido, afundado em sofrimento, se afastando cada vez mais de Sam.

Avisos: HOXHO - Sacou? Não? Olha só o casal.

Ops: Two Boys? Yeh!

Tem mais: Oh! Meu Deus! Eles são irmãos?

É isso aí! É o tal do Wincest! Entendeu? Que bom. Se você gosta, divirta-se. Se não conhece e tá a fim de experimentar, fique a vontade...mas lembre-se: eu te avisei. Se não gostar do gênero não vem com mimimi pro meu lado, falou? É só dar no pé.

Outra coisa, se você resolver ficar, saiba que meus homens quando se pegam, se pegam para valer. Não é sexo de novela aqui, nem de filminho romântico. Não tem nada de mãozinhas se entrelaçando. Sem sutilezas. É sexo! De verdade!

Pra quem curti, divirta-se!

SWxDW

_I'll do what I can!

Sam não conseguiu precisar naquele momento o que aquelas palavras o fizeram sentir. Ele não conseguiu responder, chegou a abrir a boca só para tornar a fechá-la e depois abrir novamente e constatar que não, realmente não sabia o que aquelas palavras o fizeram sentir e não sabia o que responder.

Ficou indignado, talvez? Porque sinceramente, quando ele disse, implorou para que Dean não baixasse tanto a guarda, para que não se deixasse apanhar, para que não fosse morto, ele esperava ouvir um "vai se ferrar Sam.!" ou "deixa de ser trouxa, eu não sou assim tão fácil de matar!", mas um " eu faço o que posso"?

Não mesmo.

"Eu faço o que posso!"

Isso era tão...nada! Era quase um pedido de desculpa, quase como se Dean dissesse: _Hei Sam, eu estou tentando, mas você sabe, não é? Nessa vida de caçador uma hora a caça te pega. O que é que se há de fazer?

Sam apenas calou-se, sentindo uma vontade furiosa de socar a cara dele, gritar com ele, e depois socar a cara dele de novo.

Dean estava desistindo, Sam via isso, mas não conseguia falar com ele, porque todas as vezes que tentava, Dean simplesmente desconversava, dava de ombros, o ignorava ou apenas saia batendo a porta para voltar só de madrugada de cara cheia.

Aliás, outro problema. Dean estava bebendo o tempo todo e Sam tentou falar sobre isso também, a resposta de seu irmão foi puxar o frasco de bebida de Bobby do bolso da jaqueta e entornar um longo gole, limpando a boca depois com as costas da mão e lançando um olhar desafiador pra Sam.

Sam não sabia o que fazer, e o desespero era tanto que formava um bolo que subia por sua garganta e fazia sua boca ficar amarga com a vontade de chorar. Firmou as mãos no volante e os olhos na estrada.

Fizeram o resto da viagem num silêncio pesado, desconfortável, que estava se tornando comum entre eles. Cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Dean tão retraído, perdido num mundo de dor e confusão. Sam sentia que ele estava a beira de um precipício, e desde a morte de Castiel, parecia que ele estava caminhando lentamente mas com passos firmes em direção à borda. Perder Castiel foi um golpe duro pra eles, mas foi pior pra Dean. Sam sabia disso porque Cas tinha sido pra Dean uma espécie de guardião, um guardião meio bobo e inocente, mas um guardião.

Dean tinha Cas sempre por perto, fazendo um pouco de besteira às vezes, metendo os pés pelas mãos também, mas ele sempre estava por ali. Deixando claro que seu elo com Dean era o mais forte, ele seria semrpe seu protegido. Sempre que ele precisasse. Dean que sempre cuidava de tudo tinha alguém pra cuidar dele. E depois havia a perda de Bobby.

Bem, essa tinha sido uma facada na alma dos dois.

Dele, Sam, e do irmão, porque Bobby era o mais perto de uma pai que eles tinham. Para Sam mais até do que para Dean porque se Dean tinha aquela admiração e confiança cega no velho John, Sam não sentia o mesmo. Perder Bobby foi um golpe muito duro e eles ainda estavam sofrendo o luto dessa perda.

E como glacê do bolo, com cereja e tuda ainda tinha...Emma.

Emma foi definitivamente a gota d'água para Dean.

Saber da existência de Emma, ser pai de Emma mesmo que por apenas algumas horas tinha levado Dean a um novo patamar de perdas. Ela era de certa forma a representação de tudo que ele poderia ter tido. Da pessoa que ele podia ter se tornado, em toda sua plenitude. Filhos, família, uma vida, ao mesmo tempo que era a prova viva de tudo o que ele era. Um caçador, um condenado, vítima e carrasco. Porque ela era sua filha, e era um mostro também, e ele estava destinado a caçá-la e matá-la, ainda que tivesse hesitado no último momento, pensado por um segundo em deixá-la seguir seu caminho, sabia que não podia. Ela não podia viver, porque era sua filha sim, mas era um monstro também.

Sam esperava que ele pudesse administrar tudo isso, que ele remoesse aquilo tudo por um tempo e acabasse digerindo, chegando a conclusão que aquela era só mais uma situação bizarra, igual a muitas que eles já tinham vivido.

Mas isso não aconteceu, porque os dias foram passando, eles se envolveram em novos casos, em novas caçadas, mas o comportamento auto-destrutivo de Dean só piorava. Muita bebida, mulheres demais, brigas e jogatina. Sam passava o tempo todo preocupado com o irmão, correndo os bares pelas madrugadas atrás dele, arrastando-o das mesas de pôquer e das brigas de bar. Dean só era o mesmo quando caçavam, mas de certa forma nem isso estava certo, porque ele tinha se tornado ainda mais feroz, mais implacável e destemido e Sam não sabia mais o que fazer por que simplesmente não conseguia mais chegar até ele.

Seu irmão parecia um completo estranho, era como se alguém estivesse vestindo as roupas de Dean, andando por aí com a cara de Dean, fazendo as piadas de mal gosto de Dean, mas Dean mesmo, não estava mais lá.

Sam finalmente chegou ao seu próprio limite, depois de passar o dia todo trancado no quarto de motel, assistindo televisão e vendo Dean dormir e roncar por quase o dia inteiro porque tinha passado mais uma noite na farra, na mais pura bebedeira pra falar a verdade, Sam simplesmente não suportava mais. Ele não conseguia mais, porque ele queria falar pra Dean que ele estava ali e estava com medo, porque Dean era quem sempre segurava a barra e ele estava desmoronando e Sam só tinha a ele pra se agarrar.

Mas as palavras estavam presas dentro do seu peito e ele sentia um bolo na garganta, tinha vontade de gritar com ele, de chorar. Ele queria que Dean o visse ali, tão assustado quanto ele, e com medo. Queria que ele dissesse que ia ficar tudo bem, que eles iam dar um jeito como sempre deram. Queria encontrar as palavras para poder dizer o quanto precisava dele e dizer que aquele comportamento de Dean o estava assustando porque era como se ele não se importasse com mais nada, mas não podia ser isso, podia? Por que Dean se importava com ele. E ele se importava com Dean e se fosse preciso ele morreria por Dean também, porque um era tudo o que o outro tinha. Só eles dois.

SWxDW

_Você vai sair de novo?

A pergunta saiu azeda, num tom de cobrança que ele não queria ter usado, porque não queria puxar briga, queria era pedir para Dean não sair, queria era pedir pra Dean ficar ali com ele.

_Não que seja da sua conta, mas eu vou me divertir um pouco, pegar umas gatas, tomar umas biritas! E não adianta você ficar aí fazendo essa sua cara de fralda suja, ouviu pirralho!

A resposta veio arrogante, atravessada, seu humor ácido, provocando, desrespeitando, como que desafiando Sam a contradizê-lo e Sam explodiu com ele como não queria ter explodido, mas simplesmente não dava mais pra agüentar.

_Ah claro! Um pouquinho de diversão né, Dean? Por que você não tem se divertido muito ultimamente, eu sei!

Dean parou no meio do quarto, com a chave do Impala na mão e o olhou com alguma coisa como desprezo, e só aquele olhar foi o suficiente para fazer os olhos de Sam arderem de vontade de chorar.

_Algum problema com isso, Sam? - arrogante como só Dean Winchester sabia ser.

Sam avançou para ele, já completamente descontrolado, gritando na sua cara.

_É! tem problema sim, porque você só sabe beber. É isso que você está se tornando um bêbado inútil. O que você acha que tá fazendo hein, Dean? O que?

_Cala a boca, seu moleque! Ainda sou seu irmão mais velho, te meto uma porrada na cara.

_Você! você não é nada!- Sam estava alucinado de ódio, de desespero e impotência. – Não te conheço mais! Você age como se não tivesse compromisso com nada, como se não tivesse nada a perder. Esqueceu do Dick Roman! Esqueceu que ele matou Bobby! Esqueceu que a corja dele está se espalhando por aí?

Dean botou a mão na cintura e riu, um riso sarcástico, sem nada de humor, um som que soou estranho e amargo aos ouvidos de Sam.

_Você não existe Samuel! Eu não esqueci nada seu moleque, mas não tem o que fazer! – avançou pra cima do irmão e meteu as duas mãos no peito dele o empurrando com força. – Vê se entende isso, seu idiota! Acabou, não tem como a gente vencer! Por mais que a gente tente a gente sempre perde e eu já perdi mais do que podia, entendeu!

Sam recuou alguns passos ante a fúria do irmão. Tentou conciliar.

_Dean... por favor...não tem que ser assim, me escuta...

_Não! Você vai me escutar! você me escuta!

Dean gritava agora e seus olhos estavam injetados e seu rosto torcido de raiva.

_Você acha que pode me convencer de alguma coisa aqui Sam? Sério?Eu estou nessa estrada a muito mais tempo que você, seu moleque arrogante! Você acha que pode me ensinar a viver, a caçar, você acha que pode me dar lição de moral?

Ele andava pelo quarto gesticulando e apontando um dedo acusador para Sam e depois para o próprio peito para ilustrar suas palavras.

_Você acha que pode me ensinar alguma coisa?Hein, Sam? Eu já estava nessa vida enquanto você ainda estava tentando dar o seu primeiro beijo, sabia? EU! EU me ralava e me fodia com o papai pra você poder ter uma vidinha um pouquinho normal. EU passava a noite acordado vigiando a porta pra VOCÊ poder dormir seu soninho de inocente!

Dean andou até a porta, mas não a abriu, virou-se para Sam e completou.

_Eu já dei tudo o que eu podia por esse mundo de merda, Sam!Eu quero é que se foda! – balançou a cabeça e riu de novo aquele seu riso insano – Você sabe da última, Sam? Até uma filha eu ganhei e perdi! Me diz Sam, que porcaria que restou pra mim aqui, hein?Que porcaria que eu ainda tenho que valha a pena?

O silêncio imperou por alguns instantes, antes de Sam dar a resposta que Dean não esperava ouvir.

_Eu, Dean...acho que a única porcaria que te sobrou fui eu...

Dean olhou para Sam finalmente percebendo o estrago que tinha feito, vendo os olhos do irmão encherem-se de lágrimas, que se acumularam grossas nos longos cílios, e escorreram em filetes pelo seu rosto quando ele abaixou a cabeça.

Ver Sam assim teve sobre Dean o poder que todas as palavras gritadas não tiveram, aquela simples frase sussurrada lhe deu a noção do tamanho do erro que estava cometendo

A compreensão de que Sam também estava tão perdido e arrasado quanto ele, de que seu irmão estava se sentindo sozinho e traído o atingiu bem no meio do peito fazendo seu coração se apertar de arrependimento por aquelas, e por outras tantas palavras duras ditas antes destas.

Arrependimento pelo abandono aonde ele vinha jogando Sam desde que toda a situação com Emma acontecera. As coisas já não andavam bem para eles, e aquilo o tinha lançado numa espécie de abismo, ele tinha surtado e estava arrastando seu irmão junto com ele.

Seu irmão que era seu bem mais precioso.

Ainda tinha Sam, e isso era o que mais importava. Como ele podia ter se deixado abater daquela forma? Ter falado aquelas coisas para Sam, quando tudo que Sam queria era chamá-lo à razão.

Como ele podia ter tratado Sam como se ele fosse um peso?

Sam era sua luz! Era o seu querido, era sua razão de viver. Sempre fora!

_Sam! Sammy...eu... não é nada dis...

_Não! ...não fale Dean! Eu não quero ouvir sua voz.

Sam levantou-se e ficou de costas pra ele.

_Sammy por favor...me desculpe... olha, deixa isso pra lá...

_Você não ia sair? ...saia Dean! ou saio eu!

_Sam, vamos conversar por favor!

_Saia Dean!

Sua voz era tão fria que Dean não conseguiu argumentar, apenas caminhou até aporta e saiu sem olhar para trás.

Sam ficou longos minutos olhando sem ver a a paisagem através da janela.

Sentia tanta tristeza como nunca sentira antes na vida, nem quando Jess morreu, se sentiu tão perdido.

Ele sabia o que estava acontecendo com Dean, já vira aquilo antes. Já sabia o que acontecia com aqueles que passavam por coisas demais até achar que não lhes restava mais nada na vida. Eles desistiam.

Desistiam da luta. Desistiam de caçar. Desistiam de viver. Um caçador que desistia de viver, não botava o cano da arma na boca e puxava o gatilho. Nem se deitava na cama com um frasco de pílulas para dormir ou se sentava dentro do carro ligado com a porta da garagem fechada. Não! Eles apenas avançavam pelo lado errado da toca do monstro, ou hesitavam um segundo antes de atirar, ou deixavam a faca cair durante a luta.

Espalhavam gasolina no covil da criatura e ateavam fogo, e se demoravam um pouco além do seguro admirando as labaredas. Demoravam o suficiente para o fogo bloquear a passagem, consumir a rota de fuga. Era assim que as coisas aconteciam quando um caçador desistia de viver. Era sempre assim, pegos naquilo que faziam de melhor, as caçadas.

Hesitavam como Dean tinha hesitado ao confrontar Emma.

Quando isso acontecesse com Dean, Sam não queria estar ali para presenciar, talvez chegar um segundo antes do fim, mas a tempo de ver o brilho de seus olhos se extinguirem, ouvir seu último suspiro, ver o sangue correr do corpo dilacerado, como já vira uma vez. . Se não podia salvá-lo de si mesmo, não seria testemunha de sua entrega porque não suportaria isso.

SWxDW

Em algum lugar na estrada Dean pensava que estava sendo covarde, deixando as coisas como estavam com seu irmão. O dito pelo não dito só serviria para afastá-los ainda mais.

Forçou o volante do Impala fazendo o carro derrapar pelo acostamento enquanto fazia a curva e enfiava o pé fundo no acelerador, disparando em direção ao motel onde havia deixado o irmão arrasado minutos atrás. Se forçaria a falar tudo que ia no seu coração, ia obrigá-lo a ouvi-lo como Sam tinha tentado fazer com ele. Não ia falhar, ia dizer para Sam tudo o que estava sentindo. Ia abrir seu coração, falar da dor de perder os amigos, da dor de perder o pai, perder Bobby, perder Cas.

Do inferno que foi sua vida quando Sam foi arrastado pra jaula de Lúcifer. Em como só sobreviveu por que tinha feito uma promessa a ele.

Ia falar que tinha se perdido por um tempo, mas que se importava sim! É claro que se importava!

Aquela situação toda com os leviatãs, a morte de Bobby, logo em seguida as amazonas e Emma... aquilo era muita loucura para um cara agüentar...tinha criado uma tremenda confusão na sua cabeça. Ele estava se sentindo meio fora do eixo. Acabou descarregando toda a sua raiva em cima do irmão que devia estar pensando que Dean estava de saco cheio dele. Que ele era um peso ou algo assim, quando não era nada disso. Sam era a coisa mais importante que ele tinha na vida, Sam era sua vida.

Ao invés de esconder as coisas de Sam ele deveria era se abrir com ele, confiar nele.

Ele ia falar isso para Sam, ia esclarecer toda aquela merda, porque o irmão era importante demais para ele. Não ia mais deixar que as coisas não ditas ficassem entre eles, os afastando.

Nunca mais.

Estacionou o carro e disparou pelo estacionamento, abriu a porta do quarto chamando pelo irmão.

SWxDW

_Sammy...

Sam estava curvado sobre a cama, jogando suas coisas com raiva dentro da mochila. Se quer levantou a cabeça quando Dean entrou.

_Sam, o que você está fazendo?

Dean caminhou até ele e tocou seu ombro de leve, recebendo um safanão em resposta.

_Sam ,o que você tá fazendo pelo amor de Deus?

Sam olhou-o com fúria, os olhos vermelhos denunciando que ele tinha chorado.

_É bem óbvio, não? Eu vou embora Dean.

Por um momento Dean não soube o que fazer, até lembrar-se da resolução que tomara de se entender com o irmão, não podia deixá-lo ir embora. Nada nunca dera certo para nenhum dos dois quando ficavam separados, aquele nunca era uma solução.

_Não Sam. Não precisa disso! Vai ficar tudo bem, por favor...me escuta.

Sam continuava a socar as coisas dentro da mochila, e Dean percebeu alarmado que as lágrimas voltavam a escorrer grossas de seus olhos.

_Não quero saber Dean! Não quero, você já disse tudo...eu sei o que você quer...eu já vi isso, você não liga mais...você não se importa, eu sei...eu não vou ficar a-aqui vendo... –Sam não estava conseguindo se controlar, sem encarar o irmão voltou a socar as roupas dentro da mochila.

_Sammy, Sammy. O que foi? O que você tá falando Sam? – Dean tentou se aproximar novamente do irmão mas Sam o empurrou, esfregando as costas da mão com força sobre os olhos, fechou o zíper da mochila e avançou para a porta.

_Ela ia te ma-matar! Você ia deixar ela te matar, se eu não chegasse , vo-você ia morrer!

_Emma! Você tá falando da Emma?

Sam não respondeu, só balançou a cabeça e limpou o rosto na manga da jaqueta.

_Não Sammy, não...porque você acha...

_Eu vou ficar sozinho...e-eu sei...você vai me deixar...você não liga se você morrer... ma-mas eu ligo!

Sam respirou fundo várias vezes num esforço para controlar-se. Depois de alguns minutos de silêncio pesado, ele finalmente conseguiu falar sem engasgar como próprio choro.

_Porra Dean, você não liga mais pra nada!- Sam gritou - você não liga mais... pra mim... desculpa mais eu não posso...essa merda toda... eu não agüento isso...eu já vi você morrer uma vez...foda-se ...eu não agüento isso...

Dean demorou alguns segundos para entender o que Sam estava dizendo, o que ele estava pensando. Quando finalmente a compreensão se fez , Sam já estava com a mão na maçaneta pronto para partir para sempre. Dean correu e o puxou pelo braço, arrastando-o para o centro do quarto. Sam puxava de volta, gritando para que ele o soltasse, até conseguir desvencilhar-se, mas Dean enganchou a mão na alça da sua mochila e puxou com força, fazendo o zíper abrir e todo o conteúdo se esparramar pelo chão.

Sam ajoelhou-se no chão do quarto tateando, tentando juntar os objetos espalhados.

_Olha o que você fez, seu filho da puta! Olha o que você fez! – ele balbuciava entre lágrimas que voltaram a rolar abundantes. Dean abaixou-se ao seu lado e envolveu seu corpo com os braços, puxando-o pra si.

_Shiii...shiii...Sammy, eu tô aqui...tá tudo bem... tá tudo bem Sammy...

_Me solta seu desgraçado, me solta...-Sam xingava e se contorcia tentando se soltar.

_Eu tô avisando... eu vou te bater... seu puto...desgraçado...me solta seu fodido...seu filho da puta desgraçado...

Sam chorava de raiva e impotência, xingando sem parar, empurrando e socando Dean, acertando um ou dois murros certeiros no irmão, mas Dean não o largou, apenas continuou sussurrando e estreitou ainda mais os braços em volta do seu corpo ignorando os socos e as palavras raivosas. Depois de longos minutos, Sam finalmente foi relaxando e acabou se deixando embalar, curvando o corpo e encostando a cabeça no peito de Dean.

Ele arfava, as costelas subindo e descendo no esforço de respirar. Dean o apertava com força, sussurrando palavras de conforto, promessas de cuidados e pedidos de desculpas com o rosto enterrado em seus cabelos, tentando controlar a própria respiração que saia carregada, exausto que estava. Suas costelas doíam onde Sam o tinha atingido com os punhos.

_Tudo bem Sam, tudo bem... eu não vou te deixar! Sam... eu prometo. Você tem razão, mas eu prometo que tudo vai mudar...confia em mim, Sammy!

Dean embalava seu irmão e sussurrava em seu ouvido, acalentava seu corpo crescido demais, como fazia quando ele era pequeno. Sentou-se melhor no chão envolvendo-o com as pernas e aconchegando-o mais contra si, puxou seu rosto delicadamente, fazendo-o erguer a cabeça e encará-lo. Tirou os cabelos grudados da testa suarenta, limpou seus olhos com as pontas dos dedos, beijou sua testa, acariciou seu rosto.

_Eu sei que as coisas ficaram difíceis... eu te deixei sozinho, mas tudo vai ficar bem agora, Sam. Eu prometo, vai ficar tudo bem...eu não vou te deixar, Sam...eu te amo...você é meu irmãozinho...você é tudo que eu tenho...me perdoa, me perdoa...você é tudo que eu tenho...

Dean não estava acostumado a falar assim com Sam, raramente o tocava, e podia contar nos dedos as vezes em que tinham se abraçado depois de adultos. Mas naquele momento se lembrou de Sam criança, mirrado, sempre parecendo muito pequeno para idade que tinha, sempre assustado, sempre com os olhos arregalados, em constante estado de alerta desde que teve idade para entender a vida e os perigos que corriam, esperto demais para se deixar enganar pelas desculpas que Dean inventava para o que viam e viviam, pequeno demais para se defender sozinho. Lembrou dos pesadelos, de quando ele acordava gritando e chorando, chamando por Dean.

Na emoção do momento, na confusão da briga, Dean se perdeu entre a realidade e o passado. O choro e as lágrimas de Sam fazendo Dean reviver aquelas lembranças, lembranças terríveis de noites de pesadelos sem fim, quando ficavam sozinhos e Sam chorava apavorado. Quando ele também estava apavorado mas não podia se entregar porque não tinham ninguém para cuidar deles.

Ninguém para cuidar de Sam, só ele.

Lembranças se confundindo.

Sam crescera. Era muito maior do que ele, mas alto e mais forte, mas quando ele era criança Dean acariciava seu rosto, beijava sua testa e secava suas lágrimas. Era isso que ele fazia quando seu irmãozinho chorava sentido e foi isso o que ele fez porque era o certo a fazer.

Era seu irmãozinho, Dean o amava desde sempre. Sempre fora louco por ele, desde que era um bebê, mesmo quando brigavam e trocavam socos e pontapés. Mesmo quando Sam fez um monte de bobagens com a cadela da Ruby e ele cogitou deixá-lo a própria sorte, não deixou de amá-lo. Amava-o e vê-lo sofrer doía como o diabo...

Afagou seus cabelos, acariciou a sua face, beijou sua testa suada. Dean ninou e consolou Sam, secando as lágrimas que ainda corriam.

Como ele não viu o mar de desespero em que Sam estava se afogando? Como ele não viu que Sam precisava dele,. Ele estava tão preso na sua dor que deixou o irmão abandonado ao próprio sofrimento.

Não tinham mais nada no mundo, nem ninguém. Sam era a medida de sua existência, sem Sam seria como se ele não existisse. Quem saberia dele? Quem sentiria sua falta? Quem se importaria? O mundo se resumia a Sam e ele o amava desde sempre e faria qualquer coisa por ele.

_Ah Sammy, Sammy! Me desculpa por favor...me desculpa Sammy...

Dean matinha o rosto de Sam preso entre as mãos, tão próximo que podia ver-se refletido nos olhos dele. Queria apagar aquela dor do seu olhar. Beijou-lhe as pálpebras, beijou-lhe a testa, sem parar de sussurrar suas desculpas e sua devoção. Sam não mais chorava e enquanto Dean sussurrava suas promessas contra sua face Sam virou o rosto muito lentamente, deixando sua boca aberta sobre a boca dele, chamando-o.

_Dean...Dean...

Dean afastou o rosto devagar, meio tomado pela surpresa, meio perdido, seu olhar preso na boca que suplicava. Sam aproximou o rosto, sua boca novamente contra a dele, aberta, sussurrante.

_Não quero que você morra Dean! Não quero...

Ficaram assim, respirando juntos, a boca de Sam meio aberta sobre os lábios cerrados de Dean.

SWxDW

Não foi por querer, não foi pensado, não foi por desejo.

Foi por necessidade, foi por medo perdê-lo, foi por impotência.

Necessidade de sentir que Dean estava ali com ele, de fazê-lo entender o quanto precisava dele, foi por que não tinha as palavras certas para explicar o quanto estava com medo por sentir que Dean estava escapando por entre seus dedos. Foi porque não podia viver sem a presença dele, foi por que não era ninguém sem ele, foi por que tinha medo de não sentir mais sua presença, não ouvir mais a sua voz, não sentir mais o seu cheiro e seu calor.

Foi para poder sentir que ele estava ali, de carne e osso. Foi para sentir que não o tinha perdido, para ter certeza que quando abrisse os olhos, ainda poderia sentir o seu calor e a sua força. Foi por isso que ele ficou ali, quieto, assustado, sem pensar e sem entender bem o que estava fazendo, com a boca meio aberta tocando de leve a boca de Dean, sentindo a respiração dele contra seus lábios.

Ficou assim quieto e ficaria apenas assim, mas precisou sentir também o seu gosto, o seu cheiro e só por isso Sam fechou a boca envolvendo os lábios de Dean entre os seus, num roçar que era um beijo, mas não era. Encostou o rosto contra o dele, esfregou a face na dele, esfregou seus lábios nos dele, esfregou o nariz na sua pele e sentiu o seu cheiro.

_Não quero que você morra... preciso de você!

Não pensava, só sentia que a pessoa mais importante da sua vida estava ali com ele e ele queria tocá-lo, porque ele era quem mais importava. O único que importava.

Seu hálito soprando no rosto de Dean, e Dean virando o rosto para sentir aquele toque sutil contra seus lábios mais uma vez.

_Sammy...

Por necessidade ainda Sam tocou o seu rosto, deslizou a mão pela sua face, apertou sua nuca e o puxou para si colando suas bocas num beijo que era finalmente um beijo.

Foi Sam que esmagou os lábios de Dean com força e urgência, que enfiou a língua entre eles, que gemeu e insistiu até Dean entreabri-los e aceitar. Foi Sam quem invadiu sua boca, lambeu, mordeu e chupou. Foi Sam quem o puxou sobre seu corpo e o prendeu entre as pernas. Foi Sam quem chamou seu nome e implorou:

_Me beija!

Continua...

SWxDW

N.A: a fic já está toda escrita, então é só esperar que a segunda parte já vem.

Para quem está esperando a continuação de Lembraças? Não, obrigado! e também E agora? Oque que eu faço?, não desamine por favor, pois elas vêem, é só que essa história não saia da minha cabeça então eu tive que escrever. Ela não estava me deixando, ficava voltando e voltando toda hora. O resultado é isso aí que vocês viram. Espero que gostem.

Eu adorei escrevê-la.

Não vou pedir por reviews...

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Mentira!

Vou pedir sim! Por favor!por favor! por favor! Review!