Lust
Disclaimer - Os personagens de Saint Seiya não me pertencem.
Olhos azuis observavam o cenário a sua volta, as longas mechas douradas pendiam sobre seu ombro direito. O quarto iluminado apenas pela luz dos trovões que soavam do lado de fora. As roupas espalhadas pelo chão. Franziu o cenho para esse detalhe, detestava coisas fora do lugar. Estranho como não tinha reparado nisso antes.
Outro trovão soou, mais alto e perto do que os outros, acompanhado por uma rajada de vento que atirou as pesadas gotas de chuva contra a janela de vidro. A figura na cama se moveu, atraindo sua atenção. Sim, ela era a razão de sua falta de atenção a 'pequenos' detalhes como aquele. Era sempre assim, um encontro 'casual' que invariavelmente terminava daquele modo.
Um relâmpago iluminou o quarto, intenso e passageiro como aquilo que desfrutavam, mas longo o suficiente para que pudesse ter um vislumbre do que deixara há poucos minutos. Curvas tornando-se mais pronunciadas, o lençol preto escorregando pela pele clara do mesmo modo que suas mãos haviam feito há poucas horas atrás. A única diferença era que dessa vez, não haviam gemidos escapando dos lábios femininos. Ou seu nome sendo murmurado de maneira a fazê-lo perder todo o controle que orgulhava-se tanto em possuir.
Levantou-se lentamente de seu assento, aproximando-se da cama com passos felinos. Os olhos percorrendo a garota adormecida, a maneira como lençol cobria apenas partes do corpo bem feito. Sua expressão suavizou quando percebeu o modo quase infantil como ela abraçava seu travesseiro. Sorriu consigo mesmo, o olhar fixo nas curvas que a cada pequeno movimento ficavam mais visíveis. Aquele pequeno gesto era a única coisa infantil nela.
Sentou-se na cama, mantendo-se afastado da garota adormecida, ainda observando cada traço com atenção. Coisa que não se dera ao luxo antes, naquela ou nas outras noites em que haviam se encontrado.
Seus olhos, acostumados com a escuridão e os breves momentos em que podiam completar o que sua memória era incapaz de reproduzir, observavam com atenção cada pequeno detalhe. Não era como se nunca a tivesse visto antes ou perdido alguns minutos admirando os longos cabelos escuros que agora jaziam espalhados sobre o lençol e que naquela pouca luminosidade pareciam ser da mesma tonalidade. Olhos escuros, que contrastavam com a pele alva e quando o encaravam pareciam transmitir toda a profundidade da noite. Não se importava de perder-se neles quantas vezes fosse possível.
Piscou, observando sua mão pairando sobre o rosto de traços delicados. Não sabia dizer quando seu corpo tinha cedido a tentação de aproximar-se dela, mesmo que fosse em um simples afastar de cabelos. Inclinou-se sobre a garota adormecida, aspirando o perfume inebriante, seus dedos afundando na massa sedosa de cabelos. Mentalmente dizia que estava apenas deixando-a mais confortável ao afastar aquela mecha teimosa que manchava a pele tão clara quanto a sua, e não cedendo ao desejo de tocá-la mais uma vez.
Abriu os olhos, ouvindo-a murmurar seu nome novamente. O mesmo tom rouco que ouvira antes naquela noite. A mesma necessidade e desejo de tê-lo o mais perto possível. Voltou à atenção para as pálpebras cerradas, a expressão serena continuava a mesma indicando que ela continuava adormecida. Não era algo racional feito só para agradá-lo, pela primeira vez começava a acreditar que ela realmente sentia algo mais do desejava.
Deslizou o polegar pela maçã do rosto dela, sentindo-a estremecer a seu lado. Não sabia ao certo se por seu toque ou pelos constantes sons que a tempestade lá fora infringia ao quarto. Emoções verdadeiras eram algo raro de ver em alguém. Conseguir uma companheira não era o problema, a frivolidade com que encaravam tal ato sim era algo que o incomodava profundamente. Mesmo ela, tão fugaz quanto um sonho, lhe passava essa impressão vez ou outra. Mas havia algo diferente naquela noite, sutil demais para que pudesse nomear, mas forte o suficiente para que conseguisse ignorar.
Observou as pálpebras delicadas estremecerem antes de abrirem-se lentamente. Os orbes negros demonstrando medo e confusão. 'Emoções genuínas', pensou mais uma vez, a expressão impassível descendo sobre seu rosto inconscientemente. Permaneceram assim por algum tempo, o silêncio quebrado apenas pelo som da chuva contra as vidraças e suas respirações.
Sentiu a mão delicada deixar seu peito, mesmo que não tivesse notado quando ela o tocara. Parecia tão natural estar perto dela, sentir seu toque e tê-la a seu lado, que perder esse breve contato era quase doloroso. Viu a expressão da garota endurecer, quase uma cópia de sua própria reação e o corpo quente afastar-se do seu. Impulsionado por algo que não podia, ou queria, nomear, baixou os lábios sobre os dela. Suas mãos deslizando pelas costas nuas, puxando-a contra si.
Ao contrário do que pensara a princípio, ela não ofereceu resistência. O toque delicado em seu peito ao invés de afastá-lo transformou-se em um abraço quando os braços dela enlaçaram seu pescoço. O beijo, delicado a princípio, tornando-se cada vez mais exigente enquanto os corpos moldavam-se, quase como se derretessem lentamente para encaixarem-se melhor um ao outro.
Pensar era algo desnecessário quando as ações falavam mais alto. Racionalizar aquilo era impossível quando suas mãos tomavam vida própria, afastando o lençol do corpo delicado, colado ao seu. Gemidos e murmúrios roucos ecoavam pelo quarto, murmurando seu nome ou surpreendendo-o ao reconhecer a própria voz chamando por ela. Encorajando-a à tocá-lo e corresponder suas caricias.
Uma vida de organização e disciplina parecia desnecessária quando os instintos falavam mais alto. Quando tudo o que precisava era ter aquela pessoa em seus braços, qualquer outra coisa parecia apenas uma grande bobagem. Lábios devorando os seus em resposta a suas provocações. O perfume feminino parecendo penetrar em seu corpo a cada vez que inspirava buscando por ar. O corpo dela circundando o seu e os gemidos que pareciam ecoar em sintonia. Aquilo era tudo o que precisava no momento.
Suas mãos deslizavam pelo corpo feminino como se procurasse decorar cada curva, cada ponto delicado que a fazia suspirar de prazer e murmurar seu nome como uma suave melodia. Algo conhecido e misterioso, que o incentivava a continuar com sua exploração apenas pelo prazer de ouvi-la por mais algum tempo.
Seu próprio corpo, estremecendo com o prazer dos movimentos suaves que tornavam-se mais urgentes a cada segundo. O toque suave em sua pele transformando-se em pequenos arranhões em suas costas, puxando-o contra o corpo delicado que correspondia ao seu com a mesma urgência do desejo que percorria suas veias.
A suave promessa do êxtase, tornando-os puro instinto a medida que se aproximavam dele. Seus lábios deslizando pelo pescoço delicado, mordendo-a vez por outra e beijando o local em um pedido de desculpas quando sentia as unhas afundarem em suas costas. Uma pequena represália contra seus atos descontrolados.
Sorriu satisfeito quando os gemidos aumentaram de intensidade transformando-se em pedidos murmurados que ele não conseguia compreender. Podia senti-la perder o controle, pequenos gritos deixarem seus lábios, o corpo contorcendo-se sob o seu em busca da mesma sensação inebriante. Suas mãos apertaram os quadris femininos, puxando-a contra si enquanto seu próprio corpo afundava-se no dela uma ultima vez.
Fechou os olhos, os lábios procurando pelos dela. Os corpos trêmulos fundindo-se plenamente enquanto desfrutavam do prazer intenso que tanto ansiavam. Milhares de estrelas brilharam à sua frente, apagando qualquer pensamento que ainda persistisse em existir. Afundou o rosto no pescoço delicado, aspirando o perfume inebriante que nunca cansaria de sentir.
As mãos macias escorregaram por suas costas úmidas de suor, a voz feminina ainda rouca pelo desejo, murmurando seu nome de forma falhada. Podia ouvir a respiração ofegante dela, misturando-se a sua, enquanto seus corpos recuperavam-se do esforço.
Levantou a cabeça, observando a expressão relaxada e satisfeita no rosto dela. Beijou os lábios inchados uma última vez antes de rolar para o lado, puxando-a contra si. Permaneceram assim, os corpos ainda enroscados um ao outro, os lençóis cobrindo-os parcialmente enquanto a chuva continuava a cair, mais brandamente do lado de fora.
Encarou o teto, observando as sombras movendo-se sobre a superfície lisa. Formando desenhos sem definição que eram apenas mais uma forma de lembrá-lo do pouco tempo que dispunham. Cerrou as pálpebras, repentinamente pesadas demais para que continuasse a lutar. Podia ouvir a respiração relaxada da garota em seus braços, sabia que ela havia adormecido novamente, cansada demais para tentar fugir ou protestar. Suas mãos continuavam a acariciar as costas macias em um ato instintivo e desnecessário. Apenas queria desfrutar daquele contato o máximo possível.
Abraçou-a mais forte contra si, sentindo-a estremecer com a suave brisa da noite. Seu corpo relaxado e confortável demais junto ao dela para que pensasse que uma coberta teria mais efeito em protegê-la do frio. Os braços delicados contornaram sua cintura, o corpo curvilíneo aninhando-se contra o seu, enquanto um murmúrio satisfeito escapava dos lábios femininos.
Tocou o rosto adormecido, tentando se lembrar o que o havia feito se afastar dela da primeira vez. Algum pensamento perdido em meio às sensações tempestuosas que ainda percorriam seu corpo, destruindo sua capacidade de raciocínio.
Sorriu, abraçando-a mais forte. Não precisava saber disso no momento. Assim como não precisava pensar na bagunça em seu quarto sempre organizado e os efeitos que aquela única noite teria em sua vida sempre disciplinada. Aquela sensação de plenitude, como se após uma longa jornada houvesse finalmente encontrado o que lhe faltava, era tudo o que precisava. Estar no controle ou preocupar com sua rotina quebrada parecia completamente sem sentido para ele. Ao menos até que aquela euforia passasse.
Deixaria para se preocupar pela manhã, quando a garota em seus braços desaparecesse, deixando-o apenas no completo e escuro vazio novamente. Pensaria nas conseqüências quando essas se apresentassem a sua frente. Deixando-o apenas em sua velha e conhecida rotina.
N.A. - Uma das poucas tentativas que eu faço de escrever algo fora de InuYasha, mas aàs vezes é bom variar um pouco. Fic feito para o desafio do fórum Mundo dos Fics, tendo como tema um dos pecados capitais ( neste caso, a luxúria )
Eu sei,
nenhum nome é citado durante o texto, mas acreditem ou não o homem aqui
é Shaka de Virgem. Talvez, quando eu tiver um tempinho, volte e
transforme isto em capítulos.
Kissus e ja ne,
Naru
