Wailing Shinigami
Por: KatiKat
Tradução: Aryam
Avisos: Pós-EW, romance, humor
Classificação: Livre
Casal: 1x2
O Lamento do Deus da Morte
— Duo, sai!
— De jeito nenhum!
— DUO! SAI DAÍ!
— Não!
Heero Yuy, ex-piloto Gundam e namorado de um louco Duo Maxwell, estava no corredor do apartamento que ele e o tagarela de trança dividiam, mãos nos quadris, pé direito batendo impaciente, cenho franzido. Isso estava ficando ridículo. Pelos últimos vinte minutos, tivera uma competição de gritaria com o parceiro, que estava neste momento trancado no banheiro se recusando a sair, não importando quantos argumentos ele usava ou quanto aumentasse a voz.
— Duo...
— Não —a resposta amuada soou por trás da porta e Heero desejou, pela milésima vez, que pudesse chutar a porta. Infelizmente, ela abria para fora e não para dentro, então ele precisaria se contentar em gritar e andar de cima para baixo no curto corredor que ligava a sala, na direita, com a cozinha, na esquerda, e com a porta de entrada no meio, bem na frente da irritante porta do banheiro.
— Não será tão ruim, prometo! — Heero suplicou.
— Você não sabe.
O ex-piloto 01 se irritou, mas tentou manter a voz calma.
— Sei sim. Eu também passei por isso, lembra?
— Mas não foi igual.
Heero mordeu o lábio para evitar gritar frustrado. Talvez pudesse ligar para a polícia e dizer que tinha um louco trancado em seu banheiro. E depois que eles arrombassem a porta, diria que havia sido um engano. Ou podia deixar que prendessem Duo. Ele bem que merecia. Acusação? Atormentar o próprio namorado!
— Vai doer — a voz infeliz passou pela porta.
— Não vai, não.
— Ele vai enfiar coisas e mim e vai doer. Eu sei.
Heero respirou fundo.
— Talvez ele enfie alguma coisa, mas não vai doer. Ele só vai dar uma olhada, cutucar um pouco para achar onde dói, só isso.
Um choramingo se fez ouvir no banheiro. Como o miado de um gato.
— Amor, você que estava reclamando de dor. Deixa o homem te ajudar — Heero tentou persuadi-lo a sair do esconderijo.
Ouviu algumas fungadas.
— Você vai ficar comigo? O tempo todo?
Finalmente chegavam a algum lugar.
— Claro que sim. Vou segurar a sua mão. E quando acabar, vamos para o novo Game Center que abriu no shopping.
Uma curta pausa foi seguida de alguns ruídos. Enfim, a chave girou e um Deus da Morte muito contrariado apareceu. Seu cabelo estava desarrumado fora da trança, as roupas amassadas e fazia um beicinho irresistível. Segurava um lenço em sua bochecha direita inchada.
— Não vai doer? — Perguntou de novo, precisando de reafirmação.
— Não, não vai — Heero balançou a cabeça e sorriu. — O doutor MacGee é um ótimo dentista. Você sabe. E ele vai te dar um pirulito.
— Ele vai? — aquilo pareceu melhorar o humor de Duo consideravelmente.
— Vai. Vou falar para ele te dar um — Heero puxou o rapaz relutante para a porta.
— E ele vai me deixar escolher o sabor?
— Claro que vai. Ele gosta de você.
Duo bufou.
— Por que ele não gostaria de mim? Ele conseguiria se sustentar só com as minhas cáries — o jovem de trança parou no batente da porta de entrada que o namorado segurava aberta. — Talvez... Acho que eu preciso ir ao banheiro antes de ir... — comentou, esperança evidente em sua voz enquanto olhava para o exterior do apartamento.
— Oooooooh, não. Neeeeem pensar! — Heero recusou de imediato, puxando o jovem agora se debatendo, para fora. — Não vai entrar em lugares com trancas até terminarmos no dentista!
— Mas Heeeeeeeero — choramingou pateticamente.
— NÃO MESMO. E agora, FORA!
A porta se fechou com um alto baque e, então, apenas lamentos de um jovem se distanciando podiam ser ouvidos pelo apartamento.
FIM
