"As paixões passam e as ilusões desaparecem, mas o verdadeiro amor jamais morre."
Ele um dia foi tudo. Ele deu-me alegria. Deu-me risos. Fez-me chorar lágrimas sem fim e rir sem conseguir parar. Palavras bonitas são desnecessárias porque descrever a nossa relação seria aborrecido para a maior parte das pessoas. Na verdade nós parecíamos bem normais. Nós éramos como todos os casais. Ele ia buscar-me a casa todas as manhãs e íamos juntos para o trabalho. Deixava-me com um beijo doce nos lábios e cada um ia para o seu departamento. Por vezes, aparecia lá com alguma desculpa, roubava-me uns beijos e deixava-me flores. Passava á minha porta ao meio dia em ponto para me levar a almoçar. Almoçávamos sozinhos ou por vezes com amigos. Andávamos de mãos dadas e sorriamos. Depois do trabalho íamos de carro e ele deixava-me em casa. Era uma rotina semanal e ao fim-de-semana tudo era ainda mais perfeito. Ele vinha buscar-me depois do almoço de sábado, íamos passear ou fazer algo que gostássemos. Andávamos por jardins, parques de mãos dadas ou ás cavalitas. Por vezes jantávamos fora outras vezes na minha casa ou na dele. Ele tentava sempre cozinhar sozinho mas eu acabava sempre por o ajudar. Jantávamos, falávamos e riamos. E depois á noite… bom, era bom passá-la com ele.
O domingo era fantástico. Almoçávamos em casa dos meus pais e o jantar era sempre na Toca.
Por vezes discutíamos, como qualquer casal, mas fazíamos sempre as pazes e bem… as pazes eram sempre boas.
Esta era a nossa rotina. E era bom. Era bom viver essa rotina, era bom ter uma vida calma, era bom ser igual a outras pessoas.
Mas eu esqueci-me que o passado não pode ser enterrado. Julguei esquecidas todas as dores e fantasmas que me assombravam. E quando eu menos esperava, eles voltaram. Talvez tenha sido a mente, que se tenha cansado da rotina e da vida simples e tenha protestado. E foi assim que tudo voltou…
Os fantasmas, os gritos, as maldições… tudo passava e repassava na minha mente como um flashback. Eu sofria e não sabia porquê.
Lentamente isolei-me no meu mundo, esqueci-me que ele também lhe pertencia. E ele sofria… apenas por me ver sofrer.
Deixei de comer, deixei de viver… esqueci-me da felicidade que ele me causava e foquei-me na tristeza e nos horrores do meu passado. Nos horrores das lutas, das mortes, dos amigos perdidos pelo caminho, da guerra…
Então, um dia eu desisti de viver… Eu não me lembrava do que estava lá fora. Vivia o passado…
E houve um dia… apenas num dia, eu subitamente acordei. Quando eu o vi chorar. Chorou por mim, chorou por não me conseguir tirar do buraco onde eu me tinha metido. Ele apenas chorava. E eu, estava ali no quarto, atrás da porta, depois de ele me ter cuidadosamente dado banho e colocado na cama, depois de mais uma vez eu ter tentado por um fim á minha vida.
Ele chorava e o som das suas lágrimas perfurava-me o coração. Acho que foi aí que acordei e vi o que estava a perder. Perguntei-me o porquê? O porquê de me ter esquecido dele, de ter chegado àquela fase da minha vida.
Sai sorrateiramente do quarto e sentei-me ao seu lado no sofá. Agarrei as suas mãos e abracei-o. Deixei-o chorar nos meus braços como uma criança.
- Eu amo-te meu amor, eu amo-te tanto! – disse ele com a voz embargada.
Eu não disse nada… Poderia pedir desculpas?? Sim poderia. E mais tarde eu viria a fazê-lo mas agora do que valeria afinal? Naquela altura eu sabia que havia apenas uma coisa a dizer:
- Eu também te amo Ron!
FIM
Espero que tenham gostado.
Dedicado a todos os amantes deste casal tradicional :D
Continuem lendo
DanielaMPotter
