Quando você voltou, tudo tinha mudado. E assim como já te ouvi falar anteriormente, não queria saber o motivo.
Era o mesmo lugar de sempre. O mesmo banco.
Eu sempre pensei que poderia ser o motivo que te fizesse ficar, mas não sou sonhadora o bastante para achar que seria a razão por que você voltaria. Sei que não fui.
Mas ainda assim, você sorriu.
E te olhando assim, sorrindo, saudável – ferido mas ainda saudável, na minha frente, eu não me senti do lado da moeda que fica. Eu estava do mesmo lado que você, uma única vez na vida.
Já disse que seguiria você por todos os infernos possíveis, mas pela primeira vez, quis ficar. Ficar observando sua figura perfeita, de volta pra mim, mesmo que não fosse por mim.
A tantos lugares eu gostaria de ir com você, tantos lugares pra você visitar, rever, mas eu me sentia imóvel.
E você suspirou. Provavelmente alguns minutos tinham passado e nenhuma palavra tinha sido dita.
Todos os meus pensamentos foram interrompidos por um toque. Você tinha encostado o dedo na minha testa, de uma forma singela, mas que me fez estremecer, e sorriu de novo.
– Vou sentir saudades daqui quando resolverem me expulsar – murmurou, quase inaudível.
Claro. Konoha não aceitaria Sasuke de volta facilmente. Não como eu sempre aceitei. E isso só significava uma coisa.
– Você vai embora de novo? – perguntei, sabendo da resposta.
E pela primeira vez, ele tirou os olhos de mim e olhou tristemente para a vila, atrás de mim. Não precisou responder. Porém, eu precisava perguntar.
– Posso ir com você?
Ele demorou alguns instantes para abaixar a cabeça e me mostrar um sorriso de canto.
– Desculpe, Sakura. Talvez na próxima vez. – e se virou.
E dessa vez, não tinha uma moeda. Eu não esperava enquanto você decidia se voltava. Ainda estaríamos sob o mesmo céu. Eu sabia que você voltaria.
– Sasuke!
Ele deu meia volta, me fitando com curiosidade. Pela primeira vez em tempos, um olhar sereno. Um olhar que me trazia paz, que mandava para longe as preocupações.
– Obrigada. – foi só o que consegui balbuciar.
E foi o suficiente para ele sorrir mais uma vez. Sorri junto, sentando no banco e observando enquanto ele se afastava, ainda sentindo seu toque em minha testa.
E dessa vez, eu estava acordada para lembrar desse sonho.
