N/A- Ok... estou aqui apenas para avisar que esta é minha primeira fic Fruit Basket, o que significa que estou apavorada! Realmente espero que gostem e que me comentem (para me acalmar, vai) dizendo o que acharam!!! Como essa fic vai ter uns 3 capítulos (o q significa q para algumas pessoas vai ser curta, para outras muuiiito longa e para mim... está em um tamanho ótimo!) dá para mudar uma coisa ou outra se não gostarem. Então, boa leitura! E comentem!!!! Por favor...

Neve Sobre as Flores

Capítulo 1

O acidente

De onde vem a calma daquele cara?

Ele não sabe ser melhor, viu?

Como não entende de ser valente ele não saber ser mais viril.

Ele não sabe não, viu?

O dia estava ensolarado e fresco, as pessoas andavam ocupadas pelas ruas, indo para cima e para baixo em direção ao seus respectivos empregos. Observando de longe, um homem bonito suspirou. Usava um paletó cinza, levava uma pasta de médico, e tinha um dos olhos, o da esquerda, coberto pelo cabelo. Várias garotas e mulheres o olhavam com interesse, conforme passavam, mas silencioso e sombrio, ele não olhou nenhuma.

Sua mente estava ocupada, pensando na primavera que finalmente chegara. Mais um inverno que havia passado, mais um ano completo. Despertando de seu devaneio se levantou do banco, e andando pela calçada mais vazia e tomando cuidado para não trombar com ninguém, começou a procurar com os olhos o lugar onde desejava ir.

Akito estava novamente doente, mesmo com a melhora do clima. Akito sempre estava doente. E, como seu médico particular, ele assumira a responsabilidade de comprar os devidos remédios. Não confiava em mais ninguém para isso. E, de qualquer forma, era bom sair um pouco de casa e respirar o ar puro, ver as árvores e as flores que desprendiam de seus galhos e caiam no chão, como flocos de neve.

Flocos de neve... primavera... O inverno que sempre aguardava a primavera, que sempre esquecida, o deixava para trás... Parou de repente, estarrecido.

Estaria vendo coisas? Será que via mesmo o que acreditava estar vendo? Ou seria só porquê pensava nela com mais freqüencia naqueles dias, achava que ela realmente estava ali? Aqueles olhos castanhos, olhando-o como costumavam o olhar à tantos anos atrás... a mesma expressão... o mesmo amor... a mesma sensação de felicidade... Kana!

-Cuidado!- o som o despertou bem à tempo de ver a jovem pular da calçada, em sua direção, com as mãos estendidas.

Surpreso, sentiu-se empurrado para o chão, o barulho de pneus de carro derrapando e uma buzina muito alta, e um segundo depois, o terrível som de um corpo sendo atingido.

-Kana!- ele gritou, se levantando e correndo para o meio da rua, onde segundos atrás estivera paralizado pelo olhar da jovem, que agora se encontrava estirada no chão.- Kana!

Ele se ajoelhou do lado dela, as mãos trêmulas como todo o seu corpo. Nunca sentira tanta dor, nunca lhe faltara tanto o ar.

-Se afastem, eu sou médico!- as palavras saíram de sua boca automaticamente, sem ter a intenção de falar. Naquele momento ele se sentia incapacitado de fazer qualquer coisa, ou de pensar em outra coisa, senão naquela terrível sensação aterrorizante de perda. - Alguém chame uma ambulância!

Tentou manter-se inteiro, pois ela precisava dele calmo e controlado. Logo ele que sempre fora frio, até mesmo comparado com a neve, por Akito. Sentia-se desesperado e perdido. Algo assim ter acontecido com ela, logo com ela, a única capaz de derreter toda aquela frieza.

Primeiro checou se ela respirava, em seguida a pulsação, ao mesmo tempo olhando no asfalto à procura de algum sinal de sangue. Nada. Ela tinha, porém, alguns arranhões e seu pulso esquerdo parecia torcido ou quebrado. O que o preocupava ainda era a grande chance de uma hemorragia interna. Em sua mente mil situações terríveis se formavam, um pulmão perfurado, uma lesão no fígado ou no baço, a forte pancada na cabeça...

-Ela está acordando!- a voz de um homem, no meio do círculo de pessoas que rodeava a cena, despertou a atenção de todos, que prenderam a respiração e se aproximaram.

-Acalme-se...- ele falou prentendendo soar calmo e confortador para ela, mas ao invés, soando tenso e apavorado. - Você sofreu um acidente... não tente se mover, qualquer movimento pode lesar...

-Hatori...- ela murmurou, e ele surpreso se calou ao ouvir a voz dela pronunciando seu nome, mais uma vez.- Você se machucou? Aquele carro veio de lugar nenhum.

Ele não sabia o que fazer ou falar. Era exatamente como na última vez! Até o fim, até mesmo sendo a vítima, ela sempre se preocupava primeiro com ele. Seus olhos se encheram de lágrimas, enquanto sua mão tocava cuidadosamente a dela.

-Kana...- murmurou, ao mesmo tempo que via os olhos dela saírem de foco lentamente, enquanto ela desmaiava.- Não! Kana fique acordada! Fale comigo!

Mas, os olhos dela se fecharam e ele sentiu a mão dela pender molemente. Nem o som da ambulância que chegara o despertou do terror que o dominava.

-Senhor, abra caminho!- um paramédico ordenou, depositando a maca no chão, enquanto o outro já colocava o colar para imobilizar o pescoço de Kana.

-Para onde a estão levando?- Hatori perguntou.

-Hospital Central. O senhor é da família?

-Sim, somos da mesma família. - ele concordou, seguindo os paramédicos com Kana, até a ambulância.

-Então, pode vir conosco.

Sem prencisar esperar um segundo convite, Hatori se instalou na ambulância, que mal foram fechadas as portas trazeiras, começou a correr pela cidade com as sirenes ligadas. No compartimento de trás, Hatori fiscalizava o trabalho dos paramédicos, o corpo todo ainda trêmulo.

'Kana, o que foi que eu fiz? O que eu fiz com você?'

XXX

Às vezes dá como um frio.

É o mundo que anda hostil

O mundo todo é hostil

Anos atrás... aquela noite estava fria e chuvosa. Kana e eu ficamos até tarde na minha casa, terminando de preencher alguns papéis da clínica. Mas, a cada momento parávamos por qualquer motivo, preparar um chá, conversar, rir... foi ficando tarde e a chuva mais pesada. E quando terminamos, não dava para enxergar nada do lado de fora, nem nuvens, nem estrelas.

-Ainda bem que trouxe meu guarda-chuva!- ela sorriu, como se fosse a pessoa mais sortuda do mundo. Mas, apenas ouvindo a chuva lá fora, eu sabia que aquele guarda-chuva ou um jornal velho, daria no mesmo.

-Está escuro lá fora e a chuva está muito forte. - murmurei. Com um tempo daqueles algo ruim poderia acontecer com ela, eu sabia, desde uma gripe à um acidente mais sério.

-Tenho certeza de que não está tão ruim quanto parece.- ela sorriu ainda mais. Como ela conseguia sempre estar sorrindo? Como ela conseguia me dar tanta vontade de sorrir também, por pior que fosse a situação?

Um raio riscou o céu e pudermos ver pela janela que, sim, o tempo estava tão ruim quanto parecia estar. Talvez, até pior. Kana já estava com a mão na maçaneta da porta, quando a idéia que vinha me rodeando, desde o início da chuva, escapou de minha boca antes que eu pudesse me controlar.

-Por que não passa esta noite aqui?

Ela ficou imóvel, e eu me arrependi imediatamente daquela idéia. Como pedir para ela ficar? E se ela estivesse se sentido ofendida? Estávamos juntos à um mês, que para mim parecia tempo suficiente para pedir que ela ficasse. Mas, talvez Kana não sentisse o mesmo.

-Ficar?- ela murmurou, ainda de costas para mim, sem se mover, de forma que eu não pudesse ver seu rosto para descobrir o que ela pensava.

-Não, foi apenas uma idéia estúpida.

-Eu fico.- ela respondeu, finalmente se virando com uma expressão levemente tensa.- Mas, Hatori-kun... eu só quero avisar que nada vai... acontecer entre nós.

Ao dizer tais palavras, as faces dela coraram, e senti-me corar também. Eu não havia realmente pensado naquilo. Talvez por ter tido poucas mulheres, devido à minha maldição, e estar sempre tenso junto delas, tão diferente de quando estava com Kana, aquilo soava mais embaraçoso do que realmente era. Tudo o que eu queria era protege-la da chuva e do perigo, mais nada.

Acenei levemente com a cabeça, ainda corado sem coragem de olha-la diretamente, e pelo canto do olho pude vê-la acenando de volta. Após um momento, lentamente, ela colocou sua bolsa no chão e eu fui até meu armário procurar algo mais quente para ela vestir. Dei-lhe minha maior e mais nova camisa, e as calças de moletom que ganhara de Shigure, e nunca usara. Ainda me lembro dela vestida daquele jeito, um sorriso tímido e carinhoso no rosto quando abriu a portra do quarto, depois de se trocar. Tão delicada, tão suave e... tão bonita. Até mesmo naquelas roupas ela era bonita.

-Muito obrigada, Tori-kun!- ela sorriu, mexendo na calça larga como se esta fosse um vestido- Está bem mais confortável e quente!

-Você pode ficar na minha cama e eu...- comecei a dizer, mas surpreso, fui rapidamente interrompido.

-Não, não, não! Não posso tira-lo de sua cama, seria incomoda-lo demais!

-Não é incomodo algum.- respondi, e realmente fui sincero, mas ela sacudia teimosamente a cabeça em negativa.- Eu não posso deixa-la dormir no chão!- afirmei por fim.

-Oh, eu não tenho problemas com o chão! Já acampei várias vezes, tenho certeza de que o chão de Hatori é muito confortável. Sua casa sempre me deu essa boa sensação de conforto. Há! Mas, talvez seja só porque Hatori mora nela.

Olhando-a sorrir, eu também sabia que ela era sincera. Ainda assim, não podia deixa-la dormir sem conforto nenhum no chão duro.

-Podemos dividir a cama.- respondi.

-Oh, não!- ela exclamou, soando apavorada.

-Não, não pretendo coisa alguma!- me apressei a explicar, com medo de tê-la ofendido novamente.- Eu disse que não faria nada e não pretendo fazer.

-Não é isso!- ela sorriu.- Tenho total confiança em você Hatori-san. Apenas não quero correr o risco de nos abraçarmos durante o sono, e eu sem querer rolar por cima de você, na sua forma Juunishi! Você é um cavalo marinho tão pequeno, fofo e frágil!- ela sorriu, corada.

E minha surpresa se transformou em carinho, ao mesmo tempo em que eu me aproximava, e tocava os cabelos macios dela antes de a beijar.

Sempre em mim... era o que Kana pensava antes de qualquer coisa... sempre em mim.

E naquela noite, realmente, nada aconteceu. Dividimos a cama, e já quase adormecido, senti os dedos dela se enroscarem nos meus. Nunca tive e nunca terei outra noite como aquela, de uma alegria tão imensa e uma paz inexplicável. E um amor tão grande que nos completou. Durante toda a noite estivemos juntos um do outro, de uma forma mais forte e completa, do que se algo mais tivesse acontecido.

XXX

Aquele homem no hospital era a perfeita imagem do desespero. Sentado em um banco no meio do corredor, estava com a cabeça baixa apoiada nas mãos, os cotovelos nos joelhos, e gotas de lágrimas eram visíveis escorrendo livremente por seu rosto, até o queixo, e dali até o chão. Todos que passavam por ele sentiam-se comovidos, desejosos que o que quer que fosse, se curasse rapidamente. E, os mais sábios e mais experiente, entendiam um pouco da dor dele também. O sofrimento pela dor de alguém, que dói mais que a própria dor. O terror em que a coragem não basta, pois não pode controlar o medo sentido pela outra pessoa. Um coração que já não batia mais por si mesmo, mas pelo outro que se encontrava doente. O medo por alguém que se ama mais do que a si mesmo.

Hatori ouviu passos apressados no corredor, e ergueu rapidamente a cabeça. Seus úmidos olhos verdes se fixaram no médico que se aproximava, esperando sem coragem de perguntar... e ao mesmo tempo, desesperado para saber.

-Ela está melhor, não corre risco de vida. - o médico se apressou a falar, os olhos de Hatori se fecharam quando ele se sentiu respirando pela primeira vez desde o acidente. - Ela está dormindo devido aos tranqüilizantes e remédios para o choque. Os resultados mostraram que não há nenhum órgão lesionado, a pancada foi relativamente leve, ela teve sorte. Porém sofreu alguns pequenos cortes, contusões e fraturou o pulso esquerdo. Resultados mais detalhados chegarão em breve, mas são apenas rotina. Logo ela ficará completamente restabelecida. Terá alta amanhã mesmo, depois das 24 horas de observação.

-E eu... eu posso vê-la? - Hatori perguntou, olhando para o rosto confiante do médico.

-Ela está dormindo...- o médico começou a dizer sério, mas logo sorriu.- Sim, pode vê-la. Diga à enfermeira que tem minha permissão.

Como o médico poderia dizer não? O rapaz parecia tão preocupado. E, se ouvira bem, a jovem pulara na frente do carro para salva-lo. Compreendia a aflição do outro. Ou pelo menos, achava compreender, não sabia o quão forte era o sentimento que o rapaz sentia pela jovem.

Hatori andou rapidamente até o quarto de Kana, mas parou na porta assim que a viu. Ainda não podia acreditar que era mesmo ela, com o cabelo mais comprido, mas indiscutivelmente ela. Se seus olhos não podiam confirmar o fato, seu coração descompassado e saudoso o fazia.

-O que deseja?- a enfermeira perguntou simpática, acabando de ajeitar o soro com medicamento, e se aproximando.

-Eu tenho autorização...- ele murmurou.

-É claro. - a enfermeira sorriu, se retirando rapidamente, comovida pela aflição dele. Que mal faria deixa-lo um pouco junto com a garota?

Hatori então se viu pela primeira vez, em muitos anos, sozinho com Kana.

N/A- Aqui está, o primeiro capítulo! Espero que tenham gostado, ainda tem dois pela frente (estou otimista demais?)!!! Comentem, por favor! Eu adoro esses dois, mesmo não sendo meu casal favorito. O Kyo é lindo demais! Pretendo escrever mais pela frente, e acredito que vá ser Kyo x Tohru! Me aguardem!!!! E comentem!!! Bjaooo

Ah, para quem ficou curioso, a música da fic é 'De Onde Vem a Calma- Los Hermanos'. Eu adoro essa música, e ela me lembra demais o Hatori. Se puderem, escutem! Se não puderem, façam um esforço, vale a pena! Love-Souma