Payphone
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I. Ao no Exorcist, bem como qualquer informação relacionada, pertence a Katou Kazue e associados. Logo, esta fanfic não possui fins lucrativos.
II. Kamiki Izumo. Incomplete.
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Ela tem poucas moedas na carteira.
Não é algo de que se orgulhe, mas a tão-orgulhosa Kamiki não se importa com isso agora. Abre a porta do telefone público que range antes de contorcer-se para deixá-la passar.
E o calor vai derretê-la.
O sol brilha em algum lugar por trás de todos os prédios antigos e novos, como montes de caixas cheias de gente. Ela mesma está dentro de uma caixa, mas de vidro; e é uma boneca em edição limitada nas prateleiras de um colecionador.
Encosta a bolsa num canto e ouve todas as coisas lá dentro protestarem. Por que está fazendo isso conosco, Kamiki? Não servimos você bem o bastante, ahn? Abre o zíper e vê tanta coisa espalhada que mais parece a mochila de um viajante preparado para sol e chuva do que a bolsa de uma mulher prestes a fazer uma ligação.
Por que mesmo está carregando um revólver? Segura a arma pelo cano e acha que tem a ver com Yukio e Rin e a Ordem, mas não tem certeza. Já os montes de papéis riscados à pressa são explicáveis. Mas não quer nada disso agora. Não vai exterminar demônios, nem salvar a humanidade, nem salvar ninguém; só quer ligar para casa. Se ainda houver uma casa para a qual ligar.
Tira o fone do gancho, faz as moedas deslizarem com um som de engolir. Disca os números que sabe de cor. As unhas são coloridas e compridas e ela mais olha para elas do que digita. Sente vontade de parar o que está fazendo. De sair dali, de fugir do calor infernal. Voltar ao hotel. Colocar suas coisas todas dentro de uma mala e sumir no mundo — não pela primeira vez. E está sendo repetitiva. Está usando os velhos truques de sempre.
Encara o fone zunindo e é infantil, porque deveria estar usando o celular. Mas não quer que ninguém saiba. Quer que atendam e não quer se lembrar. Encosta a testa no vidro fervente e suspira, porque o telefone continua ecoando e zunindo, ecoando e zunindo e agora é exatamente o tipo de pessoa que mais odeia.
Fraca.
Fraca, cheia de barreiras furadas e tão a ponto de quebrar.
Está errado, porque essa não é a vida que planejou. Mas é ali que permanece, com o telefone zunindo e ecoando, zunindo e ecoando todas as verdades e mentiras que ela insistiu em recitar.
Ninguém atende para ouvi-las outra vez.
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N/A:
Sem vontade de terminar isto.
Deveria?
