Culpada.

Isso era um fato.

Ela não gostava do homem. Outro fato.

Mas não era assim que ela esperava que isso fosse acabar. Não era assim que ela esperava que ele fosse acabar.

Tudo o que ela queria era vê-lo atrás das grades. Cadeia, esse era um lugar apropriado para um psicopata.

Ela adorou ver aquele bastardo arrogante sendo pego em seu próprio joguinho. Foi brilhante. Pelo menos até a hora em que ele fugiu com seu parceiro.

Aquilo realmente não importava agora. A verdade fora revelada. Aquele arrogante estúpido não era nada além de uma fraude.

Mas não era pra ele ter morrido.

Olhando o caixão encostando-se a terra lá embaixo, ela não pode evitar o sentimento de culpa. De sentir como se ela tivesse sido uma das mãos que o empurraram para o nada do ar.

"Não foi sua culpa. Ele trouxe isso pra si mesmo." Isso também era um fato, mas não fazia nada melhorar.

Não era racional. Ela foi uma das causas do suicídio daquele homem e, culpa dela ou não, esse tipo de coisa deixa uma marca. Uma que ia atormentá-la pra sempre.

Ela não chorou. Aquilo ia ser hipocrisia, pra dizer o mínimo, e ela não tinha vontade nenhuma, realmente. O que ela sentia... Era mais próximo da raiva. Raiva da covardia dele, raiva de seus joguinhos estúpidos, raiva de não poder esfregar a desgraça na cara dele, raiva. Foi o único sentimento que aquele homem causou nela. Mesmo em sua morte.

Ela se virou para deixar o cemitério, mas não antes de encontrar o olhar acusatório de John Watson.

Mais uma coisa para adicionar em seus pesadelos.

Pesadelos.

Teria por um bom tempo agora. Ela sabia.

Melhor lidar com coisas mais úteis do que a fraude que foi aquele homem.

Sherlock Holmes estava morto.

Isso era um fato.

Mas o mundo e o crime continuavam.

E esse era o maior de todos os fatos.