Nome: Vouloir et Pouvoir

Ship: Loki e Sif

Rate: M

Tipo: "Romance"


Nota da Autora: Fic escrita para o I Challenge de Casais Amor/Ódio do fórum Papéis Avulsos. Caso queiram dar uma olhada no fórum, o link está no meu perfil. Tem um bom tempo que eu queria escrever essa fanfic, o challenge me empurrou para isso.


Observação: Se existisse uma classificação maior que M, essa fic certamente a teria.

Obervação II: Vouloir e Pouvoir significam respectivamente Querer e Poder, em francês.

Observação III: Tanto na mitologia nórdica como nos HQ's de Thor, Loki invade o quarto de Sif uma noite e corta o cabelo claro dela, transformando-o em cabelo negro. Nos quadrinhos, Loki faz isso por ciúme da união de Sif com Thor, na mitologia nórdica eu desconheço o motivo. Vocês verão citações dessa história na fic.

Observação IV: A descrição de Loki segue a descrição física do ator Tom Hiddleston, que para mim, é o Loki perfeito. Portanto, meu Loki tem olhos azuis, e não verdes como no HQ. Entre outras coisas.

Observação V: Chega de observação.


Vouloir et Pouvoir

Parte I

Vouloir

Os olhos azuis profundos de Sif fitavam seu próprio reflexo no espelho grande que estava diante de si. Estava sentada, a postura era perfeita, as costas retas e as mãos tensas em cima do colo. A pele das mãos estava em contato com a seda do vestido prateado que estava usando. O cabelo negro como a noite estava preso em um emaranhado proposital de fios, algumas rosas também prateadas adornando e destacando-se na cor escura.

Ela respirou fundo, sentindo o coração martelar dentro do peito. Mesmo que estivesse bela, não se sentia à vontade dentro daquele vestido. Parecia uma princesa. E queria sair correndo daquele quarto extremamente luxuoso. Como poderiam tê-la oferecido como se ela fosse um pedaço de carne sem vontade e opinião própria?

Sua busca pela resposta foi interrompida quando a porta se abriu lentamente. Uma criada de Asgard entrou no cômodo, trazendo consigo um copo de água. Pousou a bandeja dourada em cima de uma mesa e olhou para a mulher que estava sentada com admiração.

- Você está linda, Lady Sif.

Sif não respondeu de imediato, apenas fitou o reflexo da criada pelo espelho, um sorriso triste percorrendo seu rosto perfeito.

- Obrigada.

Os olhos azuis abaixaram-se para as mãos tensas, percebendo que elas estavam tremendo um pouco. Sif só não sabia se estavam daquele modo por nervosismo, ou por raiva. Raiva por ele ter voltado, trazendo consigo uma carga enorme de problemas.

Poderia ter a imagem em sua mente perfeitamente, como se aquilo tudo tivesse passado no dia anterior. Thor chegando com um tubo azul que continha um cubo com uma força incomum. Loki ao seu lado, amordaçado com uma espécie de máquina, o rosto machucado, o cabelo um pouco bagunçado. Parecia um criminoso. E era.

Dizer que Sif ficou surpresa ao ver o Deus da Trapaça ali seria eufemismo. Todos o julgavam como morto. Estava quieto, até quando Odin e Frigga foram em sua direção, sendo seguidos por Volstagg, Fandral e Hogun. Sif ficara para trás, um pouco desconfiada de como Loki olhava para todos. Ele parecia... furioso. Não havia nem mesmo uma sombra de carinho e saudade nos olhos azuis gélidos quando ele fitou o pai e a mãe, muito menos calor quando viu os antigos companheiros.

Ela se lembrava muito bem também do julgamento. Loki seria punido de alguma forma, mas apenas Odin e Thor decidiriam isso. Um julgamento privado, algo que nunca acontecera em Asgard. Ninguém daquele reino ficou sabendo do que consistia a punição de Loki.

Até o dia em que a mãe de Sif entrou em seu quarto, avisando que a mão da guerreira seria dada ao irmão de Thor.

Sif voltou a fitar seu reflexo no espelho. O silêncio do quarto foi quebrado quando a criada demonstrou sua curiosidade.

- Você está bem, Lady Sif? Parece triste...

E estava. Ela ainda não conseguia acreditar que se casaria com ele. Loki, o Deus da Trapaça, língua de prata e mentiroso de Asgard. Alguém que não tinha pudor, não pensava duas vezes em fazer mal a alguém para alcançar seus objetivos. Não tinha princípios e tentara usurpar o trono do próprio irmão.

Loki era tudo o que Sif abominava e sentia repulsa.

Mas ela não demonstrou isso de forma nenhuma. Apenas meneou a cabeça com cuidado, fazendo as ondas negras do cabelo balançarem ao leve movimento. Olhou para a criada com atenção.

- Só estou nervosa.

A mulher pareceu satisfeita com a resposta. Aproximou-se um pouco de Sif e colocou uma mexa do cabelo escuro no ombro dela, fazendo um contraste perfeito com a pele branca e o vestido prateado.

- Não fique nervosa. Tenho certeza de que Loki será perfeito como marido.

Sif quase exclamou em descrença. Quase. Mas conteve-se. Ela apenas olhou a criada, esboçando um sorriso falso, o mesmo sorriso que sempre esboçava quando as pessoas se aproximavam para conversar sobre o casamento do ano em Asgard.

A criada pediu licença e se retirou do aposento. No momento em que ela fechou a porta, Sif respirou fundo, tentando manter a calma. O rancor que guardava começou a inundar seu corpo, e ela tentou repeli-lo. Mas não conseguia. Seus pais sabiam que o objetivo dela era se tornar uma guerreira em Asgard, e não uma mulher casada. Sif fora prometida para Thor em uma época remota de sua vida, mas a sensação de ser dele passou a ser companheirismo, e depois disso, amizade.

Agora ela não conseguia olhar mais o Deus do Trovão com outros olhos. Então Odin sugeriu que Sif se casasse com Loki. Em tese, os dois lados ganhariam. O filho do rei teria uma companheira, algo que evitara a todo custo a sua vida toda, e Sif poderia ocupar um lugar real.

Infelizmente, ninguém sabia o ódio que os dois sentiam em reciprocidade.

Nunca gostara de Loki. Desde que aquele maldito havia cortado seu belo cabelo claro, fazendo-o ficar negro como a noite, percebeu o quanto de maldade o trapaceiro carregava dentro dele, e pensou em como ele poderia descarregar essa maldade nela no momento em que se casassem.

Saiu daquele rumo de pensamentos quando Frigga entrou no quarto. Vestia um longo vestido azul como o céu. Como os olhos dos filhos. O cabelo estava preso em um coque frouxo, deixando uma mexa grande e dourada cair pelo ombro direito. Estava maravilhosa. Fazia jus ao título de rainha de Asgard.

- Sif? Todos já estão em seus lugares.

A voz dela era um som confortável de se ouvir. Sif assentiu, se levantando. A seda prateada caiu no chão, fazendo o tecido se ajustar mais ao corpo esbelto e perfeito dela. Frigga olhou para a mulher com admiração. Estavam acostumados a vê-la com armaduras e roupas pesadas, não com aquela roupa feminina e delicada.

Ela caminhou lentamente em direção à rainha, saindo pela porta do quarto, sendo seguida por Frigga. O vento gelado da noite bateu na sua pele exposta, costas e braços. Sif respirou fundo, vendo a rainha olhá-la com atenção e gesticular. Ela caminhou para uma porta grande e dourada, onde dois guardas estavam esperando para abri-la no momento em que a noiva se sentisse à vontade para entrar.

Frigga foi pelo lado direito, desaparecendo no corredor. Sif sabia que ela entraria por outra porta e voltaria ao seu lugar. Era costume os pais do noivo estarem ao lado dele no casamento, assim como os pais da noiva estariam a esperando, todos em um patamar superior. Thor e os outros da guarda principal estariam em frente ao patamar. E o resto da população de Asgard estaria atrás do sucessor ao trono e os três guerreiros.

As mãos de Sif pegaram o vestido para que ela caminhasse melhor. Ela se postou em frente à porta, gesticulando com a cabeça para que os guardas a abrisse, e no momento que eles o fizeram, Sif percebeu que o salão de casamento estava mais cheio do que ela esperava.

Uma música clássica e harmoniosa soou pelo local quando ela entrou, evitando a todo custo olhar diretamente nos olhos de qualquer um que estava ali. Por mais que as pessoas estivessem com uma fisionomia feliz e de expectativa, Sif não compartilhava de tais sentimentos.

Não segurava nada, apenas seu vestido. Caminhou sempre olhando para frente, vez ou outra deixou seu olhar triste vagar pelos pais, que estavam com sorrisos estampados nos rostos. Frigga e Odin não estavam diferentes. Não olhou para Thor. O local estava coberto de flores verdes, a cor preferida do noivo. Ela odiou aquilo. Preferia a cor lilás. Um tapete escuro estava sob seus pés, abafando o som de seus passos quando os saltos altos encontravam o solo.

Depois do que pareciam séculos, ela estava no último patamar do salão de casamento, os olhos azuis fixos no chão. O mentor do casamento gesticulou para todos e um silêncio desconfortável se instalou no grande salão. O homem abriu um livro dourado, começando a dizer as palavras que tornariam Loki o seu marido. E ela a mulher dele. Ela conteve as lágrimas. Lágrimas de raiva.

A vontade de gritar para que não fizessem isso com sua vida se tornou quase sufocante. Ela começou a sentir um calor estranho, as mãos estavam pousadas ao lado do corpo e ela se esforçou para não fechá-las em punho. Sabia que tal gesto não passaria despercebido. Principalmente por ele.

Mesmo que não estivesse o fitando diretamente nos olhos, conseguia senti-los grudados no corpo dela, queimando-a, observando cada movimento dos músculos, cada desvio que suas orbes faziam pelo chão, cada respiração descompassada, mas discreta.

Loki estava a observando atentamente, um pouco curioso com a raiva reprimida de Sif. Achou que a mulher faria uma cena no momento em que soubera que iria se casar com ele. Mas não, ela apenas estava contida. Parecia uma flor selvagem de Midgard que havia murchado quando deixou de ter contato com o sol. Ou algum pássaro exótico e bonito que já não possuía asas.

Estava apagada.

O mentor falou as palavras finais e fechou com delicadeza o livro dourado, olhando para os noivos. Era o momento. Sif conseguia sentir a expectativa de todos ali presentes, mas ela estava tensa, não queria que aquele momento chegasse.

Loki estava com as duas mãos para trás, as costas retas e a postura perfeita, fazendo a sua altura aparecer com facilidade. Pela primeira vez naquela noite, Sif olhou-o nos olhos, e se arrependeu amargamente quando o fez.

As frias orbes a fitavam com intensidade, e a mulher conseguia discernir no azul dos olhos dele tudo o que ela temia: raiva, compreensão por aquela situação ridícula e improvável, maldade, curiosidade... e desejo.

Sentiu a pele arrepiar no momento em que Loki descruzou as mãos atrás do corpo, o braço direito estendendo-se e a mão longa passando levemente pelo rosto dela. O toque dele era frio. E Sif se perguntou o motivo de estar arrepiada. Não entendia porque seu corpo lhe pregava peças com aquele tipo de sensação, e antes que pudesse achar algum motivo para aquilo, sentiu os lábios finos roçarem levemente os seus, fazendo uma pressão mínima logo depois.

E antes que ela pudesse raciocinar de que estava beijando Loki Odinson, ele havia se afastado. Uma multidão gritava e Sif estava com o coração martelando dentro do peito. Tentou olhá-lo, mas o Deus da Trapaça já não a fitava mais, seus olhos azuis estavam focados nos inúmeros asgardianos que lhe acenavam. Mas ele não retribuía. Loki parecia tão distante daquele local como Sif estava.

A sineta tocou e todos começaram a sair do salão de casamento, caminhando para o grande pátio do palácio real, onde iria ter a valsa dos noivos.

E Sif perguntou-se se aguentaria estar tão próxima de Loki por mais de dez minutos.


Sentiu a mão de Frigga tocar levemente suas costas. Era a hora. Sif caminhou em direção ao centro do pátio do palácio, em direção a ele. Loki estava a esperando como um cavalheiro, as mãos atrás do corpo e a postura perfeita, mas logo quando ela se postou a sua frente, soltando o vestido prateado, ele capturou a mão dela com a sua direita, fazendo a esquerda pousar delicadamente na cintura fina e de uma curva perfeita.

Sif engoliu em seco, evitando olhá-lo nos olhos quando a música melodiosa e lenta começou. Seu olhar vagou pelo local, onde os asgardianos estavam mexendo-se em harmonia com a música, alguns esperando os dez minutos iniciais passarem para irem eles mesmos dançar, outros fitando o casal de noivo supostamente feliz.

O pátio estava decorado com flores verdes, seguindo a decoração do salão de casamento. Mas Sif conseguia ver algumas flores de um tom delicado dourado, um tipo de flor que só tinha em Asgard. Raras. Assim como uma união como aquela era.

Como duas criaturas que se odiavam tanto podiam se casar?

Os dez minutos se passaram e os dedos frágeis de Sif desapertaram um pouco a mão forte de Loki, a outra que estava pousada no ombro largo desceu lentamente. Mas ele não parecia apto a parar a dança. Pelo contrário, continuou conduzindo-a com maestria, afastando-se propositalmente dos casais que já haviam começado a dançar. Sif começou a ficar nervosa.

Ela não queria olhá-lo nos olhos, mas se sentiu obrigada a fazê-lo quando percebeu a insistência de Loki por continuar com aquela loucura.

- Preciso descansar.

Ela disse em um sussurro, mas ele ignorou aquilo. Os olhos azuis continuavam a fitá-la com atenção e ela se sentiu um pouco tonta. Tinha a leve impressão de que ele planejava o que fazer com ela no momento em que supostamente teriam uma noite apenas para eles. Isso vindo de uma pessoa que tinha caráter dúbio era horrível.

- Precisa descansar de que, especificamente?

Ele perguntou. Sif havia se esquecido de como a voz de Loki era bonita. Uma voz carregada, severa e um pouco rouca. Ele estava um pouco diferente desde a última vez em que conversaram. A começar que Loki não estava no trono real e ela não estava ajoelhada pedindo pela volta de Thor. Ainda não tinha conversado com ele depois que ele retornara. Seu cabelo estava maior, batendo quase no ombro, e seus olhos carregavam uma mágoa que Sif ainda não conseguia entender. Como se o Deus da Trapaça estivesse mantendo para ele um segredo doloroso.

- De tudo. De tudo isso.

Ela respondeu e ele sorriu minimamente. Aquele sorriso estranho que ele sempre dava quando não queria demonstrar sua opinião sobre o assunto discorrido. A mão dele apertou a dela levemente, e segundos depois ele a deixou.

Sif ficou parada, sem conseguir entender muito as ações daquele homem. Ele não era de falar muito. Loki caminhou para onde Thor estava, junto de Odin e Frigga. Abaixou-se e disse algo no ouvido do irmão, que sorriu abertamente e chamou um criado com um gesto afável. Depois de alguns minutos, ele voltou para a mulher, ainda com o rosto sério, mas sendo seguido pelo criado que Thor chamara. Ela começou a ficar nervosa.

- Os cavalos os esperam.

Sif teve vontade de se atirar da Ponte do Arco-Íris quando ouviu a fala do criado. Estava cansada de tudo aquilo sim, mas não pedira exatamente a Loki por isso. Não queria isso de jeito nenhum. O trapaceiro apenas antecipou a suposta lua-de-mel. Mas infelizmente ela estava em uma espécie de jaula invisível, uma jaula onde não poderia dizer o que estava sentindo. Então apenas sorriu para o criado e viu Loki estender a mão, praticamente obrigando-a a dar a dela para que ele a puxasse.

Saíram de uma forma privada. Apenas Odin e Thor olhavam para o casal quando deixaram o pátio, entrando em uma carruagem negra. Sif preferia assim, e pela primeira vez achou bom algo que Loki fez. A carruagem por dentro era de um estofado verde escuro, e ela sabia que não teria que ficar ali por muito tempo até chegarem à entrada do palácio real.

Ele estava em frente a ela. Evitou olhá-lo, mesmo que as pernas compridas de Loki estivessem tocando levemente seu vestido de seda, e mesmo assim Sif soube que ele estava a olhando. Sentia-se aberta e transparente toda vez que isso acontecia.

Depois do que parecera segundos, a carruagem parou. Ele desceu primeiro, sendo seguido por ela. O homem que conduzia a carruagem deu um puxão nas rédeas prateadas, fazendo os cavalos saírem.

Loki virou-se de repente para Sif e ela finalmente o fitou nos olhos, surpresa com o gesto dele.

- Eu odeio subir escadas.

A mão dele pousou delicadamente no ombro dela, e antes que Sif pudesse dizer algo, sentiu-se tonta. Fechou os olhos, e quando os abriu, sentindo os saltos em solo firme, percebeu que estava em um quarto. O quarto dele.

O quarto de Loki não era nada do que ela imaginava que seria. Era enorme, sim. Mas não lúgubre. Uma cama no centro com a cabeceira maciça e dourada era coberta com lençóis negros. O piso era escuro também. Uma lareira estava acesa no canto esquerdo, iluminando-o um pouco, mas não o suficiente para o quarto estar claro. Não havia uma parede no quarto, apenas uma varanda enorme que cobria esse espaço todo. A vista de Asgard era linda dali, as diversas luzes de fogueiras e tochas acesas indicavam que as pessoas ainda estavam acordadas. Sif conseguia ver as luzes onde ficava o pátio em que estivera dançando com ele. Tão distante...

- Eu odeio você. Sempre odiarei.

Loki sorriu minimamente. Ela estava de costas para ele. Era alta. O vestido prateado ficava lindo em sua pele branca, o cabelo negro jogado pelo ombro deixando a pele das costas visível.

Ele se aproximou dela, ficando atrás da mulher. Discretamente inalou o aroma adocicado que ela tinha.

- Eu sei disso.

As mãos dele correram pelos braços desnudos da mulher, fazendo um arrepio teimoso percorrer o corpo dela. Ela fechou os olhos ao contato, mas não se virou, nem ao menos se mexeu. Até sentir as mãos dele pousarem nos ombros dela, e virá-la com um pouco de violência. Os olhos azuis estavam com um brilho malicioso quando ele falou.

- Mas agora você é minha. Minha mulher. E será completamente minha essa noite.


Nota da Autora: Por favor, me deixem reviews me dizendo o que acharam para eu poder postar a segunda parte! ^^