N/A:
Subitamente inspirada por Álvares de Azevedo. o/ Meu poema favorito dele: "Por mim?" sz
E, gente... Só o Kishimoto mesmo pra saber o que vem dando em mim esses dias... UAHAUHAUAHAUHAUA Aliás, acho que nem ele.
A certeza sobre estar passando pra vocês as minhas intenções não é mais tão certa assim, mas vamos lá. O importante é participar. UAHAUHAUAHAU
Admiração
sf (lat admiratione)
1 Ato de admirar.
2 Assombro, espanto, estranheza, pasmo, surpresa.
3 Afeição.
4 Respeito.
Não era uma palavra que invocava proximidade, essa tal de "admiração"... Quando Juugo pensava sobre isso, acabava se colocando em uma posição distante diante de seu objeto de contemplação: aquele leve gesto de ajeitar os óculos pela lateral da armação com os dedos indicador e médio.
De todo o resto, isso era o que o prendia mais.
Mas era impossível se aproximar. Nunca tentara fisicamente. Não! Era improvável até pensar sobre algo assim. Permanecia taciturno durante o inevitável vagar de sua mente quando via Karin ajeitar a armação em seu rosto (geralmente, quando estava alterada de alguma forma). Travava, desarmava.
No início, ele apenas regurgitava as milhares de possibilidades para explicar o porquê de aquele gesto lhe botar tão facilmente em transe. Como um estalar de dedos, ou, nesse caso, um ajeitar deles. Depois, quando conseguiu entender (apesar de o ato explicar propriamente dizendo permanecesse muito além de sua capacidade), se abstinha em um silêncio maior ainda.
Admirada Karin! De longe, certamente. Mas sempre com muita atenção.
Certa vez, em uma pausa que fizeram, Juugo notou algo naqueles olhos carmim. Uma luz, um brilho. E estavam olhando para ele! Permaneceu parado, impassível, olhando-a de volta. Por trás do peito batimentos cardíacos interrompidos. Por que? Viu um sorriso contido dançar naqueles lábios finos, e a habitual face severa da ruiva se dissolveu em algo mais... Feminino. Delicado. Doce. Ele assistiu, ainda imóvel, um suspiro elevar ao que pareceram as nuvens o corpo pequeno dela e depois morrer gloriosamente em sua boca.
Ela estava suspirando por quê? O admirava também? Assim, de longe?
Uma faísca nova apareceu naquele olhar rubi. Esperança. Mas antes que Juugo pudesse sequer tentar juntar as peças, sentiu alguém se aproximando por trás. Sasuke passou por ele, em passos muito calmos (como sempre) e com uma expressão vazia. Depois passou direto por Karin igualmente... Atenta, a esperança carmim o seguiu. Outro suspiro: a angústia da incessante procura por algum assunto... Alguma desculpa para puxar uma conversa!
Juugo observou de longe Karin dar-lhe as costas. Admirou o jeito como o cabelo dela caía naquela cascata vermelha... Dali, após esse minuto de distração, viu a mão dela se erguer para ajeitar os óculos, os ombros ficando tensos à medida que Sasuke continuava a ignorá-la.
É claro...
O coração dele voltou a bater normalmente. Vazio. Familiar.
Deu as costas e voltou para seus passarinhos.
Admiração por admiração, aborto sentimental.
