Confusões amorosas.

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"Certo! Tá tudo arrumado!" pensou Aihara Kotoko olhando em volta do pequeno apartamento novo. "O chato agora vai ser aprender a cozinhar, mas ainda bem que esse apartamento é perto do restaurante do papai!".

Finalmente, depois de duas semanas, Kotoko terminara de arrumar definitivamente o apartamento que comprará e agora já tinha tudo pronto pra ela morar ali e tocar a vida pra frente. Ela só conseguirá mudar pra ali depois de varias choradeiras do pai e da senhora Irie. "Nossa, acho que vou ficar com muita saudade dela, principalmente da comida dela!". É, sentiria saudade de tudo: do senhor e a senhora Irie, da comida, do Yuuki, do seu quarto exageradamente decorado pela senhora Irie e ... do Naoki. Desolada, Kotoko se senta na poltrona e fecha os olhos. Irie Naoki. Ele foi o principal motivo para ela querer se mudar da casa dos Irie. Não podia mais agüentar aquela tensão entre os dois. Pra ela, já chega de se humilhar por um garoto idiota como ele. "Não quero ficar mais pra escanteio. Chega. Já é hora de acordar pra vida e esquecer ele." Pensou com lagrimas nos olhos. Fizera uma boa escolha. Esquecer. Do que adianta se declarar, humilhar, fazer loucuras (e pagar vergonhosos micos) se a pessoa que você ama te der um pé na bunda sem levar em conta seus sentimentos?! "Egoísta! Isso o que ele é! Um egoísta, um insensível, um canalha! Pra que eu vou gastar minhas lágrimas com ele?! Ele que se dane!" pensou decidida. Olhou pro relógio. 18:30 da noite. "Caramba! Nem me liguei que eu ainda tenho que tomar um banho! Daqui á pouco a Jinko e a Satomi tão aí e nem me arrumei!" pensou correndo para o banheiro. Toca a campainha. "Ué, será que já são elas? Aquelas duas não são de chegar cedo!". Confusa, Kotoko abre a porta e dá de cara com a pessoa que ela queria menos ver nesse momento.

-Oi. – disse Irie Naoki.

-Oi. – respondeu assustada.

-Não vai me convidar pra entrar?

-Ah, sim. – disse se afastando da porta.

Naoki entrou no apartamento e olhou ao redor.

-Lugar legal. – disse ele sem emoção.

-O que você veio fazer aqui? – perguntou Kotoko desconfiada e um tanto nervosa.

Ele ergue o embrulho que estava segurando.

-A minha mãe fez um lanche e você tinha esquecido umas roupas no seu quarto.

-Ah, é. Valeu. Não precisava se incomodar.

-Não, não precisava. Mas você sabe como é a minha mãe.

"Estúpido!" pensou Kotoko com raiva. Hora de dar um fim naquilo.

-Bom, se me der licença...

-Ué, mal me deixa entrar e já me colocar pra fora?

-É que eu preciso tomar um banho e minhas amigas vão chegar.

-E o que tem? As suas amigas iam lá em casa e você não me expulsava.

-Aquela é sua casa. Essa é minha casa.

Naoki encarou Kotoko surpreso:

-Não precisava me responder assim. E desse jeito que você trata as visitas?

-Você também nunca foi amável comigo lá na sua casa!

-É. Não fui.

Os dois ficaram em silêncio por alguns estantes.

-É verdade que você pediu transferência pra outro hospital?

-É uma clinica. Especializada em ginecologia.

-Hum. Olha, eu acho que você só está fazendo essas coisas só pra deixar de me ver...

-Nossa, o grande gênio número 1 do Japão chegou só agora nessa conclusão?! Tou abismada! Agora pode indo fazer o favor de sair da minha casa?!

-Deixa de ser idiota! Eu só tava brincando!

-Então chega de brincar comigo! Principalmente com meus sentimentos!

Naoki abriu a boca para responder quando o telefone tocou e Kotoko atendeu.

-Alô? Ah, oi Satomi. O que? Vocês não vem logo pra cá? Tão me esperando no bar?! Pensei que vocês viriam aqui primeiro! Vão depois? Tudo bem, já vou aí! Beijo!

Kotoko desligou e se virou pra Naoki.

-Olha, vou ter que sair.

-Tá bom. Amanhã a gente se vê no hospital. Tchau. – e saiu.

Suspirando de alivio. Kotoko se arruma e sai para se encontrar com as amigas.