Disclaimer: O mundo e personagens de Harry Potter não me pertencem; eles são da propriedade de J. K. Rowling. A história a seguir foi feita sem fins lucrativos; de fã para fã.
Notas do Autor: Essa ideia apareceu de repente, mas pareceu-me suficientemente boa para escrever sobre.
Deve-se ler com calma e imaginar os diálogos casualmente; fiz o melhor que pude para transformá-los em falas reais.
Notem que Hermione fala em "tu" apenas quando está com Draco Malfoy, que também fala em "tu," ao contrário dos outros personagens que se tratam por "você."
— I'M A FOOL TO WANT YOU —
Nós de dedos bateram à porta.
— Hermione!
—... Sim?
— O café!
— Eu já vou! — exclamou para a porta.
Aqueles orbes acastanhados logo voltaram ao objeto que a Granger estivera segurando: uma pequena caixinha de jóias negra de detalhes em bronze, muito velha, muito apagada. Todos os dias, quando acordava de seus sonos malsofridos, vinha a Granger olhar o fundo do caixa; quase sempre o encontrava negro e natural. Mas, ah!, quando havia naquela superfície inscrições de bronze indicando o costumeiro lugar, o horário e a senha, era um calor, um desejo que lhe subia de repente!
Era dia de encontrar Draco Malfoy.
Foi logo vestir-se, e, como era um dia especial, aprontar-se com mais atenção: tomou o banho quente; escolheu a saia, o sapato, a camisa de decote acentuado, o perfume, borrifando-o nos pulsos, atrás das orelhas, no pescoço, na ponta dos seios...; escolheu um simples penteado para o cabelo — até porque de nada adiantava trabalhar nele por demasiado tempo.
Desceu para o pequeno-almoço muito confiante, muito otimista na sua camiseta branca de rendinhas no corte do peito, na sua saia bordô que não chegava aos joelhos e no seu calçado marrom de cano um pouco alto. Na cozinha, veio encontrar a Sra. Weasley e Ginny: a primeira enfeitiçando a prataria; a última comendo ovos mexidos; ambas tinham os sobrolhos arqueados e os olhos muito abertos.
— Onde vai? — quis saber a Sra. Weasley.
Ah... Ela ia ao Ministério... Pedir permissão para aparatar à Austrália... Para salvar os pais.
Seguiu-se um longo silêncio na cozinha, entrecortado apenas pelo som da água a encharcar os pratos e talheres e o raspar dos garfos em fundo de pratos.
Lá fora os pássaros chilreavam, passando, velozes, pelas vidraças d'A Toca. Era uma apaziguante manhã de outono, onde as folhas que verdejavam e botavam A Toca em frescor secavam e avermelhavam. Lá fora se estendia um sol tímido, um pouco translúcido pela maciez das nuvens fartas e níveas que corriam numa preguiça contagiante; mesmo assim, um friozinho vindo do ártico dizia que era melhor buscar um casaco.
Hermione, apenas terminou o seu café, foi-se adiantando para a porta, apressada, afagando madeixas do cabelo frisado.
— Hermione! — chamou Ginny, engolindo os ovos. — Não quer me esperar? Também vou ao Ministério...
Hermione, voltando-se, vasculhando a sua mente por uma desculpa, para findar, foi logo dizendo:
— É de urgência!
E abalou.
Gina, um pouco surpresa pela exaltação da garota, voltou-se para a mãe:
— Hermione não bate bem, não bate bem!
— Ô, Gina... Ainda está abalada, filha; passou o ano inteiro longe de Ron, em Hogwarts, e, quando voltou, ele estava numa missão com Harry. E ainda tem os pais...
— Não, mãe! — exclamou Gina, pousando agilmente a colher. — Como se vai ao Ministério com roupas trouxas?...
Molly abafou, dando muxoxos e mandando Gina cuidar da sua vida; Hermione tinha muitos problemas: era a falta de dinheiro; a guerra; a preocupação com Ron; os seus pais perdidos num país estrangeiro...
Mas Gina, convicta, dizia baixinho consigo:
— Aí tem!
~ I ~
I'm a fool to Want you
Hermione enterrou a face corada na cova do pescoço de Draco, enlaçando a sua nuca num abraço apertado quando ele a fez úmida. Perdido no seu delírio, ele a abraçou mais forte, voraz, beijando os seus lábios fervorosamente.
Passada a fugaz insânia, Draco desenlaçou-se, o seu corpo nu suando, o peito níveo aos arquejos, subindo e descendo enquanto um sorriso desavergonhado veio lhe enfeitar o rosto; Hermione, ainda perdida naqueles olhos, avançou para sentir o hálito frio de menta mais uma vez, antes do Malfoy se retirar para fumar o seu cigarette.
Hermione, ofegante, acompanhou o loiro enquanto ele andava pelo quarto, apanhando o maço na mesa-de-cabeceira e estirando-se numa poltrona à quina da cama, muito lânguido, mas ainda elegante com as pernas abertas apoiadas no colchão enquanto inspirava e expirava a jovial fumaça.
— Não tens mesmo o mínimo respeito pelos meus pulmões, não é mesmo? — indagou Hermione, lutando contra o seu coração que pulava batidas.
— Fatal o dia no qual eu terei algum apreço por sua pessoa que não seja pelas suas formas, Granger — sentenciou, lançando fumaça e embaçando a visão de ambos.
Provavelmente ela o pararia de amar quando esse dia chegasse.
Aquilo começara durante Hogwarts: Ron não voltara para terminar os estudos, como Hermione, preferindo partir junto com o seu fiel amigo Harry Potter para as aventuras que seriam a vida de um auror. Hermione bem sabia o que acontecia: para Ron, ficar em Hogwarts quando Harry estava desafiando Bruxos das Trevas era um atraso, um insulto; tentou convencê-lo: era melhor vir! Terminar o curso! Seria um auror muito melhor!... Mas não; era querer a ação imediata.
E qual não foi o desfruto de Draco perante aquela situação! Ron! O seu maior obstáculo morrendo por aí! Os prazeres sorriam: houve casos, beijos, roupas de baixo, mas não passara disso: era a maldita culpa da fiel namorada! Que tolice! E ela achava que ele, Draco Malfoy, viria um dia falar ao Weasley que lhe daria um filho loiro? A começar, ele jamais admitiria para alguém que estava a sair com Hermione Granger — a Sangue-Ruim; a Insuportável Sabe-Tudo; a Sangue-de-Lama.
De uma forma ou de outra, para ambas as partes, era melhor assim: esporádicos encontros no Endell Hotel. Draco era forçado a admitir que a garota lhe atraía desde o terceiro ano, quando passou a notar que havia algo mais nas mulheres do que burrice e ti ti ti; Pansy Parkinson lhe mostrara isso. Mas hei! Havia a questão do sangue! Porém, quando a guerra estava acabada, quando os encontros eram secretos e não havia um bando de fofoqueiras a espreitar pelo castelo, quem haveria de se interessar?, quem haveria de saber? Ainda mais, liberar todo um amor reprimido por anos combinado com o doce júbilo de ser amante, de fazer trair, para o Malfoy era a melhor das combinações!
Mas se era todo esse Paraíso para o Malfoy, para a Granger era um pesadelo: Draco a intrigava, ele era o oposto de Ron, o Herói Byroniano, o aproveitador, o esperto; ela provara daquela lábia, daquele porte tentador, e fora terrível: delicioso nos primeiros minutos, mas viciava e prendia, e ainda tinha a sombra do Weasley a espreitar por ali, murmurar baixinho que era uma traidora, que a jogaria para os porcos: ela!, que estava sendo acolhida por sua família enquanto não tinha casa, comendo de graça a trair o filho da anfitriã!
Hermione buscou os lençóis, puxando-os sobre o corpo desvestido. Pôs-se sentada, de costas à cabeceira de madeira, e disse, num tom de voz cuidadoso:
— Draco, não se é sensato vir assim sempre... Acho que a Gina...
— Ah! Aquela—
—... Começa a suspeitar — forçou Hermione. — Acabam-se as desculpas! Hoje repeti o pretexto dos meus pais...
Draco, soprando uma densa nuvem de fumaça para o outro lado, foi dizer na sua voz arrastada:
— Se não quiseres, é escusado vir.
Mentir nunca fora um problema para Draco; ele próprio vinha notando que tentava encaixar nas suas folgas, nas suas sestas, a Granger. Deixara de ver a Parkinson com tanta frequência e incontáveis outras para deixar vir a Sangue-Ruim. A verdade é que se divertia com ela, com os seus modos comportados, as suas respostas aguçadas e acirrantes, quando dizia baixinho o seu nome. Não o bastante, sabia muito bem que tinha grande efeito psicológico tudo aquilo: ele a botava louca e indecisa. Quantas vezes ela deixara de vir e quantas vezes ela mandava cartas desejando-o ver?
E queria deixar mais claro, como que se para convencer:
— Eu mando com um feitiço quando posso encontrar-te; vir ou não é decisão tua. És, a mim, apenas a sobremesa, e sobremesas enjoam além de poderem ser substituídas.
Hermione, perante aquilo, calou-se, encarando os seus dedos que brincavam nervosamente com a roupa de cama. Já não era a primeira vez que vinha ele com aquelas grosserias. Idiota.
Draco levantou-se, enfastiado, e jogou o que restara do cigarro pela janela.
— Achas mesmo que sou assim tão dependente de ti como tu és de mim? — perguntou Hermione, aprumando-se.
O Malfoy, virando-se, subiu à cama, gatinhando com velocidade até a Granger, enlaçando o seu pescoço com uma mão enquanto com a outra levantava uma das pernas femininas, deixando os dedos resvalarem, descerem, acariciando a coxa; diminuiu subitamente a distância entre rostos e foi dizer em tom tentador, baixo e rouco:
— Se não fosses dependente de mim não ias vir, não é mesmo?
Hermione saiu, fechando a porta com cuidado, já tomado o seu banho, muito formosa naquelas roupas.
— Mais ainda sem elas — dissera o Malfoy antes que ela saísse.
E partiu, sem dizer tchau ou adeus. Eram sempre assim os encontros: não havia saudações, não havia despedidas; apenas beijos e troca de farpas que levavam a mais beijos.
Draco ficou ali, sentado na sua grande poltrona, com uma esmagadora preguiça de ir para sua casa. Há! Casa! A imagem era tão arranjada quanto o seu casamento com a Greengrass. Pedira-a em casamento mal sabia o seu prenome! Patético; sim, mas não uma perda total: ela era de formas, bonita e altiva, como sempre imaginara a sua esposa quando se pensava em casar. Desposara-a logo depois que ela completou seus estudos, e desde então viviam na Mansão: Lúcio tinha morrido, e Narcissa vagava por aí, como sempre.
Tinha muita liberdade, o casal, e talvez isso fosse o melhor. Na "Lua de Mel" logo se declararam: não se amavam, seria estupidez fingir isso entre eles; muito melhor se deixar! Isso!, se deixa! E viviam, felizes, cada um com o seu amante; mas tinham de ter filhos, para a prova. Afora isso, coitada, Narcissa vivia, ainda bela, ainda forte, imaginando que romance perfeito era aquele, toda esquecida do seu falecido Lúcio. Por toda a sociedade bruxa, o casal era o mais feliz, o mais requintado, o mais perfeito; ouvia-se: "Amam-se tanto!" E eram chamados para festas, soirées, casamentos e noivados, todo o casal pomposo e sorridente. "Os Malfoy" de repente não se referia ao desastre e ruína na qual caíra a família.
Draco gostava de pensar que eram amigos, conhecidos, apenas, que transavam. Era chegar em casa e partiam as perguntas, proferidas em tom alto para que a Narcissa — a Velha! — pudesse ouvir: Como fora no trabalho? Como correu o dia? Sentira tantas saudades! Era uma falta, uma seca, aquela casa sem ele! Ah, mas também ele enfastiava-se quando longe dela: até se atrapalhava de tão presente nos pensamentos que ela se fazia!... E quando se afastavam, cada um com os seus amantes, com a sua vida, os seus amores.
— Agora entendo — dizia Draco, sorridente, para ela. — O casamento é uma total farsa, Astoria; só se sobrevive desse modo sujo no qual nós vivemos.
Ela rira, concordando, muito certa, enquanto rezava para os sete Merlins que se engravidasse logo para a Velha calar a boca.
~ I ~
I'm a fool to Want you
Hermione entrou na cozinha d'A Toca já com aquela sua costumeira face pós-encontro de morta.
— Ô, Hermione! — foi acudir a Sra. Weasley, preocupada, limpando as mãos gordas num pano surrado. — Que acontece, filha?... São os seus pais?...
Os pais! Austrália! Oh Merlin! Esquecera!
—... Sim — disse ela, depois de hesitar um pouco. — Consegui a autorização, mas só para daqui a um mês!...
A Sra. Weasley afagou o ombro da moça, toda emocionada, os olhos leitosos brilhando, a gorda face um pouco deformada pelo seu sorriso matriarcal e santo.
— Fique calma, querida — ela disse, com o seu tique de esfregar as mãos no avental sujo. — Há de se ter razão. Antes que você possa imaginar estará pegando uma Chave de Portal para lá!
Houve um tique no relógio. Ambas as mulheres viraram-se para ver os ponteiros de Gina e de Arthur movendo-se para: "Viajando," e depois "Casa." Apenas isso se deu, a porta foi aberta, deixando entrar o Sr. Weasley com os seus cabelos rasos e o seu sorriso dilatado; atrás dele vinha Gina, inexpressiva.
— Molly! — exclamou Arthur, beijando a face da esposa e depois se virando: — Boa noite, Hermione.
— 'Noite, senhor Weasley.
E como fora no Ministério?... Ah, dera quase tudo certo. Mas era esperar!, não tinha jeito...
Os dias passaram-se assim, n'A Toca ficava a Sra. Weasley, trabalhando com os animais, enfeitiçando os gnomos, lavando pratos, quartos, banheiros, toda sorridente no seu dever de dona-de-casa preocupada e mãe de todos. O Sr. Weasley saía, todo rotineiro, todos os dias no mesmo horário para o trabalho; e voltava, satisfeito, nada suado, mas feliz, contando as suas "aventuras" com os Trouxas e chamando Hermione para comentar sobre os seus trabalhos no galpão. Hermione saía às vezes, não trabalhava... "Demasiado fraca, deixa vir os pais, deixa vir Ron..." dizia Molly; e depois saía todos os dias, toda arrumada: era comprar livros de História, Ética, para o seu futuro-trabalho no Ministério; arrumar uma casinha só para ela; pesquisar sobre os pais na "internet," com a qual o Sr. Weasley se demonstrou muitíssimo interessado. E Gina, no seu trabalho de jornalista, todos os dias muito fatigada, toda quebrada.
Num dia desses, quando a Sra. Weasley pensou ter ouvido choro pelo quarto de Hermione, foi dizer à Gina:
— Ô Gina, vai falar com ela... Estou preocupada!
— Ô mãe!... Mamãe! A senhora se estressa por bobagem... Pode-se estar segura de que a vida dela vai bem, se vai! Não se podia estar melhor, minha mãe!
~ I ~
Hello.
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