- Se o policial realmente ama o cara da pizza, por que ele continua dando tapas na bunda dele? – perguntou Castiel, seus olhos vidrados na televisão à sua frente, sua testa enrugada como se ele estivesse resolvendo um puzzle – Talvez ele tenha feito algo errado...

Dean Winchester largou sua arma sobre a mesa, ainda segurando o pano com que a limpava, e olhou incrédulo para o anjo sentado no sofá, levemente curvado para frente, enquanto assistia a programação da TV.

- Você está assistindo pornô?

- Por quê? Estava ali... – respondeu o anjo, dando de ombros.

- Não se assiste pornô em um quarto cheio de caras! Muito menos se assiste um pornô gay em um quarto cheio de caras! E não...se fala sobre isso – retrucou Dean, incrédulo com a situação – Apenas desligue!

O anjo olhou para baixo, confuso.

- Ótimo, agora ele teve uma ereção.

- Acho que deveríamos sair. Agora. Ir matar Crowley – disse Sam, alheio ao acontecimento recente.

- Você quer simplesmente entrar pela porta da frente? – perguntou Dean, voltando a sua atenção para o irmão sentado à sua frente, enquanto o anjo continuava olhando preocupado para suas calças, a televisão agora desligada.

- Tem alguma idéia melhor?

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- Ótimo, aqui estamos, e nada do douchebag do Crowley aparecer – disse Dean, enquanto ele, Sam e Castiel andavam por um corredor comprido, com inúmeras portas ao redor, algumas vazias, e outras trancadas com possíveis monstros aprisionados.

- Shiu – fez Castiel, levando seu indicador até a boca, olhando atentamente para o corredor atrás de si.

- Não me mande calar a boca!

- Dean! Hellhounds! – exclamou o anjo, agarrando a manga da jaqueta de Dean e puxando-o ao longo do corredor, aos atropelos, Sam em seu encalço.

Conseguiam ouvir os cães do inferno se aproximando, o piso do corredor sendo pisoteado por inúmeras patas, enquanto os três corriam a todo fôlego, dobrando uma esquina e finalmente encontrando uma porta que pudessem fechar.

A porta chacoalhava enquanto os cães se debatiam contra ela, tentando a todo custo vencê-la e matá-los. Os três ficaram em silêncio por um instante, recuperando o fôlego, olhando para a vibração, e imaginando quanto tempo a tranca agüentaria.

- Quanto tempo você acha que dura? – perguntou Sam, seus olhos indo de seu irmão, para o anjo, e então para a porta que continuava tremendo.

- Não muito – respondeu o anjo.

- Sam, dê-me sua faca – pediu Dean, estendendo sua mão direita. Sam permaneceu imóvel – Dê-me a maldita faca!

Sam deu de ombros e alcançou a arma em seu bolso da jaqueta, estendendo-a para seu irmão.

- Ótimo, vocês vão à frente, eu fico e atraso esses pinschers – disse Dean, erguendo a faca para o alto e curvando-se, pronto para atingir qualquer coisa que passasse.

- Você pretende ficar acertando o ar?

- O quê? O Robocop está preocupado comigo?

- É a nossa melhor chance, Sam – interveio Castiel.

- Finalmente. Obrigado, Cas. Agora, vão logo! – exclamou Dean, empurrando as costas de seu irmão, forçando-o a se movimentar, enquanto o anjo permaneceu parado, encarando-o – O que foi, Cas? Perdeu alguma coisa?

- Não pretendo perder. Dean, eu tenho certeza de duas coisas. Uma: Bert e Ernie são gays. Dois: eu não vou deixar você morrer virgem.

- Cas, eu não sou vir-

Mas o anjo não permitiu que ele completasse sua resposta. Castiel se aproximou de Dean, forçando-o a ir para trás a ponto de suas costas ficarem pressionadas contra a parede do corredor, enquanto o anjo forçou seus lábios a tocarem os do Winchester, sua língua movimentando-se com o ritmo do coração em seu peito, e o ar faltando em seus pulmões.

Depois de alguns segundos aproveitando aquele momento, Castiel desgrudou seus lábios e deu um passo para trás, contemplando a feição de Dean.

- O que foi isso? – perguntou Dean, sua voz saindo fraca.

- Aprendi com o cara da pizza.