Olá minhas queridas leitoras!!!

Estou aqui com mais um história, (muito fofa por sinal)espero que gostem!

Bjs

Espero reviews!

CAPÍTULO I

Atrasada e quase sem fôlego, Rin Baxter entrou na pequena confeitaria onde invariavelmente fazia seu desjejum. Droga! Justo naquele dia o rádio-relógio resolvera enguiçar! Agora só teria quinze minutos entre o café da manhã e a ida ao escritório!

Como sempre o Maria's Donut's encontrava-se lotado.

A maioria do pessoal que trabalhava nos escritórios da região o freqüentava, embora Rin achasse que por razões um pouco diferentes da sua. Iam em busca de uma boa dose de cafeína antes de iniciarem mais um dia de trabalho, ao passo que ela o escolhia em virtude de seus pãezinhos e folhados, recheados com diferentes tipos de geléias. Uma verdadeira delícia!

Sem tomar conhecimento dos inúmeros olhares masculinos que atraía, Rin caminhou entre as mesas até atingir a úlTima dos fundos, onde Kanna a aguardava.

- Até que enfim, Rin! - a amiga exclamou ao vê-Ia. - Sabe que tem menos de quinze minutos para tomar o café e chegar ao escritório?

- Sim, eu sei, Kanna. Não precisa me lembrar. - Rin tirou seu casaco de pele. - Meu relógio não tocou, não sei por quê.

- Pensei que nunca precisasse de despertador para acordar.

- É verdade, mas acontece que eu estava exausta ontem à noite. Bankotsu e eu fomos dançar e só cheguei em casa às duas horas da manhã!

A garçonete aproximou-se no instante em que Rin acabava de colocar o casaco no encosto da cadeira.

- Dois croissants recheados com passas e canela e um café, por favor - ela pediu à moça e voltou-se para a amiga: - Nunca me diverti tanto como ontem, Kanna. Bankotsu e eu...

- Espere um pouco. Não está se referindo a Bankotsu Sayer, o pivô do Time de basquete, está?

- Ele mesmo.

- Rin! Como foi que vocês dois se conheceram, garota?

Rin deu de ombros, indiferente ao olhar atônito de Kanna. Antes de responder agradeceu à garçonete que acabava de trazer-lhe o pedido.

- Bem, deixe-me ver... Acho que foi numa das festas em casa de Kouga. Bankotsu devia ser amigo de alguém que estava por lá, e nós demos um encontrão, foi só.

- E você ainda diz só?! Esbarra no gato por acaso e passa uma noite inteira dançando com ele? Oh, Rin... Eu poderia colidir com ele totalmente nua que Bankotsu nem sequer me notaria.

- Kanna! Ele não é tão famoso assim. Não passa de um rapaz como qualquer outro.

- Oh, mas é claro que sim. Apenas é conhecido no país inteiro e provavelmente vai disputar os jogos olímpicos! É dono de um punhado de músculos e... - Os olhos de Kanna se estreitaram. - E por falar nisso, ele não é jovem demais para você?

- Nem tanto. Bankotsu deve ter uns vinte e dois, talvez dois ou três anos a menos que eu. Mas que importância tem isso?

- Que importância tem?

Kanna já completara vinte e oito, era divorciada e trabalhava na mesma companhia de seguros que Rin. Durante dois anos as duas haviam sido datilógrafas no mesmo departamento, até que Kanna fora transferida para a seção dos computadores. Pouco depois Rin tivera a sorte de conseguir um posto bem mais alto, como secretária particular do vice-presidente da firma! Não era justo, Kanna vivia repetindo a si mesma. E, como ela, todas as outras mulheres na firma também não se conformavam com a sorte de Rin.

Não era justo que alguém tivesse cabelos tão castanhos e sedosos. Não era justo que alguém comesse tantos doces e pães e ainda continuasse parando o tráfego com sua silhueta atraente, curvilínea, sem um dedinho sequer de gordura fora do lugar .E havia mais: Rin possuía olhos castanhos maravilhosos, lábios carnudos na medida exata. Perfeitos para o beijo, como diziam todos os rapazes no departamento de Kanna. E um nariz muito lindo e arrebitado junto com um queixo perfeito! Não era para menos que jamais sofria por falta de atenção do sexo oposto!

Mas não eram só os predicados físicos que faziam de Rin uma mulher atraente e insinuante. Kanna não conseguia definir aquele "algo mais" que ela possuía, mas jurara a si mesma que no dia em que descobrisse ficaria milionária como "consultora feminina"!

- Acha que a diferença de idade faz alguma diferença, Kanna? - Rin insistiu.

- Para você, sem dúvida não - Kanna respondeu sem entusiasmo. - Afinal o seu lema sempre foi ame-os e deixe-os, não é mesmo? Ou então, troque-os com tanta freqüência que não terão tempo de se ligarem em você.

- Ora, Kanna - Rin fez um gesto brusco demais, espirrando café em sua gravata nova. - Droga! Só espero que o resto do meu dia não continue assim - disse limpando a mancha com um guardanapo umedecido no copo d'água. - Vamos começar hoje o relatório trimestral e o Sr. Taisho fica impaciente enquanto não o vê terminado.

- Impaciente? - Kanna riu. - Eu diria mais: que o seu "Homem das Neves" vira um leão enjaulado!

- Kanna! O sr. Taisho é um óTimo chefe. Você sabe que ele cuidou pessoalmente para que eu tivesse um aumento este ano.

- É claro que sei. E aposto como as suas minissaias tiveram muito a ver com a história. Talvez ele tivesse ouvido dizer que suas pernas foram seguradas e decidiu ajudá-la a pagar o seguro.

- Se quer saber, o sr. Taisho nunca notou se tenho uma ou duas pernas. Mulherengo é o que ele não é.

- Aquele colarinho engomado como uma mulher? Kanna riu. - Aposto como a única coisa que Taisho leva para a cama são os relatórios da firma.

- O sr. Taisho é muito competente.

- Em que departamento, posso saber?

- Quer parar, Kanna? - Rin perdeu a paciência, levantando-se. - Acho melhor irmos agora ou vamos nos atrasar. Só faltam cinco minutos e eu já deveria estar no escritório.

As duas passaram pelo caixa e antes de sair vestiram os casacos abotoando-os até o alto.

Dezembro em Oklahoma era dos meses mais frios do ano, quando o vento gelado soprava cortante e impiedoso. Rin só esperava que depois de tanto frio pelo menos tivessem neve pelo Natal, que seria dali a duas semanas.

- Lindo o seu casaco. - Kanna olhou com certa inveja para o casaco de pele branco que Rin usava. - É aquele que ganhou de sua mãe no úlTimo aniversário, não?

- Ele mesmo. Minha mãe é um amor, não acha?

- Sim, um amor - Kanna concordou sem entusiasmo. - Nem usando uma maravilha destas eu chamaria a atenção de algum homem. Preciso bem mais que um casaco de peles para que me olhem do jeito que a olham, amiga.

- Não peço a eles que me olhem, Kanna.

- E precisa?

Rin parou, perdendo a paciência.

- O que há com você hoje? Acordou com o pé esquerdo por acaso?

- O que há? Faz três semanas que não sei o que é sair com alguém - Kanna respondeu com uma risada amarga. - E além disso olhar para você todas as manhãs me faz sentir como um sapato velho pelo resto do dia.

- Ora, Kanna. - Rin riu, passando o braço pelos ombros da amiga enquanto caminhavam. - Anime-se, minha cara. O Natal está próximo e logo será um outro ano. Já posso até sentir um cheiro excitante no ar!

Kanna respirou fundo e em seguida deu de ombros.

- O único cheiro que sinto é de chuva de granizo.

- Oh, Kanna! - Rin riu apertando o passo. - Vamos mais rápido senão chegarei atrasada.

Muito antes de Rin chegar à sua sala, Sesshomaru Taisho já ouvira o barulho de seus saltos altos pelo corredor. Esperava-a na porta com um ar de quem se encontrava ali por acaso.

- Bom dia, sr. Taisho. - Rin o cumprimentou sorridente, indo direto ao fundo da sala pendurar o casaco. - Desculpe tê-lo feito esperar.

Sesshomaru ajeitou os óculos de tartaruga sobre o nariz. A chegada de Rin, como sempre, o perturbava. A simples visão da saia leve de lã movimentando-se sobre os quadris enquanto ela andava era o suficiente para deixá-lo completamente atordoado.

- Tudo bem, srta. Baxter. - Sesshomaru caminhou até a mesa dela. - Já comecei a trabalhar nos relatórios. Na verdade quase cheguei a terminar alguns deles ontem à noite.

Rin sentiu complexo de culpa. Pobre sr. Taisho... Trabalhando até tarde enquanto ela estivera dançando com Bankotsu. Bem, mas por outro lado ele até que recebia um bom ordenado. Um excelente ordenado, na verdade! Será que ela teria coragem de desistir de suas noitadas se ganhasse o mesmo que o chefe? Por certo que não. Dinheiro não era tudo, descobrira isso havia muito tempo.

- Tratamos antes da correspondência, sr. Taisho? - indagou, sentando-se. - Suponho que logo depois queira concluir aqueles relatórios que começou, não?

O sr. Taisho concordou enfiando as duas mãos nos bolsos da calça. Kanna o chamara de homem das neves e colarinho engomado, Rin lembrou-se. Engraçado, mas ela nunca havia pensado nele daquela maneira. Sabia que a maioria dos funcionários da Sooner Fidelity tinha a mesma opinião que Kanna, e achava curioso, pois noventa e nove por cento deles mal o conheciam. Aliás, duvidava que alguém conhecesse de fato o sr. Taisho. Durante aqueles dois anos trabalhando para ele nunca o ouvira mencionar o nome de amigos ou parentes. O único assunto que conversavam era trabalho. O homem era obcecado pelo trabalho, nesse ponto Kanna estava certa.

Até mesmo Rin costumava vê-lo apenas como seu chefe e não como um homem. Mas naquele momento, talvez devido aos comentários de Kanna, decidiu examiná-lo mais atentamente. Olhou-o por alguns segundos. E não era que o sr. Taisho tinha boa aparência? constatou. Pena não ser mais descontraído ao se vestir. Se usasse roupas modernas e cuidasse um pouco do visual, sem dúvida seria um executivo bastante atraente. Jamais se tornaria um Bankotsu Sayer, mesmo assim... bem, cada homem tinha seu tipo, não? Uns mais musculosos, outros um pouco menos, o que não significava que não despertassem o interesse das mulheres. Rin sentiu vontade de rir. Imaginava Kanna vendo-a pensar daquele jeito sobre o sr. Taisho! Diria que ela ficara doida!

Colocando os óculos para leitura, Rin pegou a pilha de correspondência e começou a separá-la. Geralmente nessa hora o sr. Taisho ia para a outra sala, onde ficava sua própria mesa, mas naquela manhã estranhou ao vê-lo ali parado, olhando para ela.

- Mais alguma coisa, sr. Taisho?

- Bem, eu... sim! Gostaria de ter uma conversa com você antes de começarmos, srta. Baxter.

Ele lhe parecia tão sério que Rin ficou preocupada. Apesar da vida agitada que levava e dos inúmeros compromissos e encontros com rapazes, costumava ser uma secretária extremamente eficiente e responsável. Na verdade, esforçava-se sempre para ser a melhor dentro da Sooner Fidelity.

- Espero não ter feito nada errado, sr. Taisho.

- Oh não, não. Seu trabalho é excelente, srta. Baxter, não tenho queixas. O assunto que quero lhe falar é... é totalmente diferente.

A surpresa foi maior ainda. E ele parecia tão nervoso que Rin resolveu ajudá-lo.

- Gostaria que eu fosse buscar uma xícara de café, sr. Taisho? Estarei de volta num segundo.

- Aceito, obrigado - o sr. Taisho respondeu prontamente. - Estarei esperando em meu escritório quando voltar, srta. Baxter .

Rin ficou observando enquanto ele se afastava e em seguida dia de fato já começara estranho. Logo cedo o despertador não tocara. Depois havia derrubado café na gravata nova, chegara atrasada e agora o sr. Taisho agindo completamente fora de seus hábitos. Só gostaria de saber o que viria a seguir.

A copa onde serviam café ficava no mesmo andar em que Rin trabalhava, no final do corredor. Pegando rapidamente uma xícara, encheu-a com café colocando dois torrões de açúcar no pires.

Uma voz masculina soou bem atrás dela quando já ia sair.

- Oi, Rin! Você está linda esta manhã. Aliás, como sempre.

Rin se voltou devagar reconhecendo a voz de Kouga, um rapaz lindo com ares de conquistador, que trabalhava no mesmo departamento que Kanna.

- Obrigada, Kouga. - Ela puxou o suspensório dele com a mão livre e soltou-o dando uma risada maliciosa. - Você também está lindo, sabia?

O rapaz riu e olhou a xícara de café.

- Precisando de uma dose extra de cafeína depois da noitada com Bankotsu?

- Não, estou perfeitamente acordada, Kouga. O café é para o sr. Taisho. A propósito, quem lhe contou sobre Bankotsu?

- Querida Rin. Você sabe que este lugar seria tedioso se não tivéssemos a sua vida social agitada como assunto.

- O que foi que fiz para merecer um amigo como você, Kouga?

Ele riu dando um leve tapinha no rosto de Rin.

- Coisinha linda! E por falar nisso, como vai o "Homem das Neves" esta manhã?

- Não o chame assim, Kouga. - Rin saiu para o corredor. - O sr. Taisho é o melhor chefe que já tive.

- Imagino. - Kouga a seguiu. - Aposto como ele é o único que ainda não cantou a bela secretária que tem. E pelo que dizem a respeito do nosso gênio, você não vai precisar se preocupar, amor.

Rin apertou o passo e, quando chegou à porta do escritório, virou-se para ele, irritada.

- Volte para o seu trabalho, Kouga. Você me dá enjôo, sabia?

Kouga soltou uma gargalhada e antes de afastar-se assoprou-lhe um beijo.

Conforme havia dito, o sr. Taisho esperava por ela em seu escritório. Rin bateu de leve na porta e entrou. Encontrou-o distraído olhando para a enorme janela de vidro de onde se viam edifícios modernos cercados pelas nuvens cinzentas de inverno.

- Aqui está o seu café, sr. Taisho. Bem forte, como gosta.

- Obrigado, srta. Baxter. - Ele pegou a xícara sorrindo. - Não é sua obrigação fazer isto, você sabe. Não sou daqueles que acham que a secretária deve ser uma escrava.

- É claro que sei, sr. Taisho. E não me sinto uma escrava só por trazer-lhe uma xícara de café, imagine.

Ele sorriu, indicando a cadeira que Rin costumava usar quando anotava os ditados.

- Sente-se, por favor, srta. Baxter.

A cadeira era de madeira maciça e escura como os demais móveis do escritório. Rin sentou-se, ajeitou a saia e olhou para o chefe do outro lado da escrivaninha. O sr. Taisho tinha cabelos, de fato, bonitos, pensou. Prateados, brilhantes, apenas necessitando de um corte mais moderno. Tinha certeza como Richard, seu cabeleireiro, faria maravilhas com aquela cabeleira farta e sedosa.

Lentamente, ela desviou a atenção dos cabelos para os olhos. Eles lhe pareciam claros, mas não podia afirmar com segurança. Os óculos a impediam de ver com clareza. Mas havia os lábios a considerar. Puxa, que boca tinha o sr. Taisho. Como não havia reparado antes? Se tivesse que apontar algum defeito naquela boca sensual e bem desenhada, seria a de nunca vê-Ia rir. Raras vezes curvava-se num sorriso, mas jamais ria com prazer genuíno.

De repente Rin percebeu que o sr. Taisho a fitava de uma forma estranha. Desviando rapidamente os olhos se deu conta de que o estivera examinando como se ele fosse uma escultura numa galeria de arte.

- Quer que eu pegue meu bloco, sr. Taisho? – indagou rapidamente.

- Não é preciso. - Ele tomou um gole de café. - O assunto é... é pessoal, digamos assim.

Rin começou a ficar nervosa. O sr. Taisho nunca havia discutido nenhum assunto pessoal com ela! Durante aqueles dois anos trabalhando com ele haviam mantido um relacionamento puramente profissional! A ponto de ela muitas vezes se esquecer da existência dele, a não ser quando o via no escritório. A menos que não estivesse se referindo a si próprio mas, sim. a ela. Era possível que quisesse chamar-lhe a atenção devido ao número de telefonemas que recebia de rapazes. Ou às flores que ocasionalmente lhe mandavam ali para o escritório.

Não agüentando mais o clima de suspense, Rin resolveu arriscar.

- Há alguma coisa errada, sr. Taisho? Porque se fiz...

- Não, srta. Baxter - ele a interrompeu. - Quero dizer, há. Isto é, não.

Os olhos de Rin se arregalaram e ela ficou aguardando que ele se decidisse.

- Na verdade não sei bem por onde começar, srta. Baxter. Eu... bem, eu...

- Por que não vai direto à questão? - sugeriu com um sorriso. - Às vezes é mais fácil do que se imagina.

Pela primeira vez o sr. Taisho pareceu relaxar. Sorriu também, e pelo pouco que o conhecia, Rin deduziu que não iria ouvir um sermão.

- Talvez tenha razão, srta. Baxter. - Ele concordou colocando a xícara de café sobre a mesa e levantou-se. Em seguida pôs-se a andar pela sala.

De sua cadeira, Rin limitou-se a observá-lo. O sr. Taisho só tinha trinta anos, sabia disso através de documentos. Então por que diabos se vestia e agia como um velho? Já notara que as roupas dele eram finas e caras, mas sempre tão antiquadas... Aquele terno cinzento que ele estava usando, por exemplo, era de um tecido lindíssimo, possuía um corte impecável, mas dava a impressão de ter pertencido ao avô dele! Ninguém mais andava de calça, colete e paletó. Muito menos com gravata listrada de azul e branco e sapatos sociais pretos! Não se conformava que um homem com tão boa aparência e tão jovem se portasse como um senhor de idade!

- Como sabe, srta. Baxter, - ele finalmente começou a falar - os feriados de fim de ano estão chegando. Teremos festas e reuniões quase todos os dias.

Rin se animou. Agora ele tocava num departamento do qual era grande conhecedora: festas!

- Oh sim, sr. Taisho. É a minha época favorita do ano.

- Fico contente em saber, pois nesse caso vai gostar de me ajudar.

Ajudá-lo? Estaria o sr. Taisho com intenção de dar uma festa e a queria como anfitriã?

- O que tem em mente, sr. Taisho? Sem querer ser convencida, já devo ir adiantando que entendo um bocado de festas.

Sesshomaru examinou satisfeito a expressão radiante de Rin e sorriu consigo mesmo. Sim, ele havia feito a escolha certa. Aliás, sempre se orgulhara de sua capacidade de julgamento não só nos negócios, mas também das pessoas. Anos de experiência o haviam ensinado a avaliar todos os ângulos e tomar decisões com muita frieza e bastante lógica. E daquela vez não fora diferente. O objetivo sem dúvida era um tanto inusitado, mas se tudo corresse como planejara, não havia por que não dar certo.

- Estou certo de que está por dentro do assunto, srta. Baxter - comentou, pensando no número de admiradores que ela possuía. - E é por isso que quero uma... ajuda, digamos assim.

- Ajuda...?

- Algumas dicas, como você diria.

- Dicas?!

Os olhos de Sesshomaru baixaram para as pernas de Rin. Ela havia acabado de cruzá-las e ele não resistiu à tentação de admirar os tornozelos moldados pelas meias de náilon.

- Não sei que outro nome dar ao que desejo de você - disse então, forçando-se a erguer o olhar. Há dois anos, mulher alguma conseguira distraí-lo por um minuto sequer. Mas Rin Baxter vinha fazendo misérias com seu autocontrole.

- Desculpe, sr. Taisho, mas por que não começamos do início? Não sei se estou entendendo bem aonde quer chegar.

- Tem razão, srta. Baxter. Talvez seja melhor começarmos pela festa da véspera do ano-novo.

- Refere-se àquela que a Sooner Fidelity oferece aos executivos da firma todos os anos?

- Essa mesma.

Graças a Deus, Rin pensou. Enfim começavam a chegar a algum entendimento.

- E o que há com a festa do dia trinta e um?

- É que um velho amigo meu de Nova York estará vindo para cá. E vai trazer a irmã, Kagura, com ele.

- Sim, mas onde entro nessa história?

Ele andou até o fim da sala e só então voltou a falar.

- Kagura e eu estudamos juntos na faculdade. Ela era muito bonita, inteligente e bastante popular entre os rapazes. - Sesshomaru limpou a garganta. - Você sabe, eu... Eu tinha uma grande queda por ela. Mas Kagura nem notava a minha existência.

Rin não sabia o que dizer. Era difícil imaginar o sr. Taisho caído por alguma garota. Ao mesmo tempo odiava a idéia de uma esnobezinha qualquer tê-lo maltratado. Ele era tão gentil, merecia muito mais.

- Eu sinto muito, sr. Taisho. Não a tem visto ulTimamente?

Sesshomaru a fitou confuso.

- Quem?

- Kagura. Não a viu mais desde os tempos de faculdade?

- Oh sim, sim, é claro. Mas poucas vezes. Aliás, faz bastante tempo desde a úlTima vez. E é por isso que gostaria que me ajudasse antes que ela chegue, srta. Taisho. Ela e o irmão vão ser meus hóspedes durante o fim de semana da festa, por isso achei que seria uma óTima ocasião para nos conhecermos mais... mais inTimamente. Quem sabe, se Kagura perceber que mudei, vai me dar uma chance.

Rin ergueu as sobrancelhas.

- Quer dizer que continua interessado nessa tal Kagura?!

- Sim, muito interessado. E digo mais. Considero-a a mulher ideal para mim, mesmo sabendo que não temos muito em comum.

Que coisa mais estranha para se dizer, Rin pensou. Não tinham nada em comum mas ela era a mulher ideal para ele?

- Ao que me parece está querendo provar à tal Kagura que pode ser o homem da vida dela?

O rosto de Sesshomaru se iluminou. Pela primeira vez Rin o viu sorrir abertamente e ficou pasma diante dos dentes maravilhosos que ele exibia.

- Isso mesmo, srta. Baxter! Eu sabia que iria me entender.

Na verdade ela não havia compreendido tão bem assim. A começar pelo fato de que não conseguia relacionar o sr. Taisho com qualquer mulher que fosse.

- Se bem entendi, sr. Taisho, gostaria que eu lhe desse algumas dicas sobre como entretê-la, aonde levá-la, certo?

- Exatamente, srta. Baxter. E outras coisas também.

Rin por fim sorriu, mais satisfeita.

- Terei prazer em ajudá-lo, sr. Taisho. Mas, é claro, será preciso que me dê algumas informações sobre Kagura.

Sesshomaru pegou a xícara de café, torcendo para que Rin não notasse seu olhar preocupado.

- Informações sobre Kagura...? Oh sim, sim, é claro. Isso é vital, não é mesmo? - Ele a fitou por cima da xícara. - O que vai fazer esta noite? - indagou rapidamente.

- O que disse?

Sesshomaru sentiu que corava, mas procurou controlar-se.

- Estou querendo dizer que se não tiver um outro compromisso podemos nos encontrar para conversarmos um pouco mais, srta. Baxter.

- Bem, eu...

- Podemos jantar fora, se quiser. Pagar-lhe um jantar é o mínimo que posso fazer para agradecer sua ajuda.

Rin não acreditava no que acabava de ouvir. Ela jantando com o sr. Taisho? Bem podia imaginar o quanto Kouga e Kanna ririam quando soubessem! Só que não saberiam, ela decidiu. E nem Bankotsu, com quem combinara ir a uma lanchonete após o trabalho.

- E por que não, sr. Taisho? - Aceitou com um sorriso. - Eu adoraria jantar fora. Só espero poder ajudá-lo com sua Kagura.

- Pois aposto como vai, srta. Baxter. - Ele sorriu satisfeito. - Não tenho a menor dúvida.

Rin olhou aflita para o relógio.

- Não seria melhor começarmos a trabalhar agora, sr. Taisho?

- Sem dúvida, mas antes quero lhe pedir mais um favor, srta. Baxter.

- Pois não?

- Não quero que comente este assunto com ninguém, está certo? O que quero dizer é que mexericos no escritório são contraproducentes.

- Não tenho o hábito de revelar confidências, sr. Taisho. O que falamos aqui dentro é estritamente confidencial para mim. - Rin sorriu e levantou-se. - Vou pegar minha prancheta, com licença.

Bem, a pior parte estava concluída, Sesshomaru pensou quando ela se retirou. A "fase um" havia saído exatamente como ele planejara. Agora daria inicio à "fase dois".