Muito bom estar aqui, finalmente consegui abrir uma conta nessa coisa complicadinha.
Essa é a minha primeira fic, em qualquer sentido, seja slash, Harry Potter ou sei lá o que. É a primeira vez que me empenho pra escrever alguma coisa que preste.
Ainda não tenho beta ;( mas se alguém gostar, por favor, contate-me. Reviews são bem vindas, tanto pra xingamentos quanto pra elogios. Espero fazer o melhor. Quanto à atualização dos capítulos, eu espero que seja semanal. Chega de blablabla e divirtam-se.
- Universo não tão paralelo assim. Harry está no 7º ano, mas nada do que aconteceu em HBP aconteceu aqui, muito menos o que acontece em DH. -
OBS: se não gosta de slash, simplesmente não leia, obrigada!
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Acordou para o que seria um dos dias mais importantes de sua vida. Lutava contra tudo e todos, até mesmo contra sua própria consciência, que latejava implorando para que ele desistisse de tudo que conquistara até aquele momento. Levantou-se, lavou o rosto na pia de pedra e vestiu-se. "É o certo..." – pensava. Ergueu-se e saiu, fingindo confiança, enquanto suas pernas, bem como o resto do corpo, tremiam em descompasso. Agora não havia como voltar atrás.
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CAPÍTULO 1
TÍTULO: O regresso a Hogwarts
Harry Potter abriu os olhos, sonolento, olhou em volta e percebeu que aquela não era sua cama. Alguns segundos se passaram até que percebeu que não estava em casa. Não havia tio Valter para acordá-lo, nem tia Petúnia para chamá-lo obrigando-o a descer para preparar o café. Logo, virou-se, socou o travesseiro, a fim de conseguir um maior conforto, e ia voltar a dormir, quando alguém esmurrou a porta.
- Harry, abra logo a porta! Mamãe está lá embaixo, doida da vida por você ainda não ter almoçado. Desça logo! – berrou seu melhor amigo, Ronald Weasley, ou simplesmente, Rony.
- Sim, fale para ela que eu já vou – respondeu Harry, ainda grogue, enquanto se levantava da cama macia.
Trocou de roupa, calçou os sapatos e tentou, sem sucesso, dar uma ajeitada nos cabelos. Olhando-se no espelho próximo à cama, analisou a própria imagem. Com recém feitos 17 anos, o garoto ainda conservava os cabelos espetados e negros, olhos verdes indefinidos quanto à tonalidade e tão misteriosos quanto sempre foram, emoldurados por óculos redondos. Já não era tão magricela, devido ao delicioso esporte que praticava desde que entrou na escola, o quadribol. Estava alto, com ombros largos, pele branca, abdômen "de tanquinho", como as meninas costumavam dizer. E a cicatriz finíssima, em forma de raio, lembrança do dia da morte de seus pais, Lílian e Tiago Potter, que jamais chegou a conhecer.
Deu uma respirada longa e profunda, e desceu, já sentindo o cheirinho gostoso que ainda exalava da cozinha. Degrau por degrau, Harry chegou à sala de estar, cumprimentou Arthur Weasley, patriarca da família, que lia seu jornal enquanto discutia agradavelmente com Gui Weasley, irmão mais velho de Rony. Chegou à cozinha e um enorme prato com arroz, frango, saladas e todas aquelas iguarias saborosas que Molly Weasley, mãe de Rony, sabia fazer. Sentados à mesa, se encontravam os outros Weasley, irmãos de Rony: Percy, Jorge, Fred e Gina. A mãe de Rony estava à frente do fogão, retirando a torta de legumes do forno.
- Bom dia, Harry querido. Dormiu bem, espero? – perguntou amavelmente a Sra. Weasley, enquanto colocava a torta em cima da mesa.
- Sim, senhora. – respondeu Harry, servindo-se de um pedaço de empada.
- Ela quase me bateu por não ter te acordado mais cedo. Não queria que você comesse o seu almoço frio. Se fosse comigo, ela me obrigaria a comer as sobras – reclamou Rony.
Harry riu, mas a Sra. Weasley ralhou com o filho.
- Vou obrigar você realmente a comer as sobras, se continuar a falar besteiras como essas, Ronald.
O clima na casa, como sempre, era de divertimento. Harry adorava aquela família, ainda mais passar boa parte das férias de verão com eles. Deixou a casa dos Dursley no começo da segunda semana de férias. Ficou felicíssimo com o convite e partiu na mesma hora. Nada melhor do que deixar o ambiente desagradável da Rua do Alfeneiros e ir para A Toca. Comemorara sua festa de 17º aniversário junto dos Weasley, e foi, com certeza absoluta, a melhor de sua vida. Até porque, fora a única que tivera até então. Mas nem isso estragou a alegria de Harry. Hermione, Lupin, Tonks, Sirius e até mesmo Dumbledore, que passou para dar um alô, estiveram na noite da festa. E isso bastava. Não precisava do exemplar de "1000 dicas úteis para Quadribol" que Hermione lhe dera, muito menos do kit "Defesa Contra Artes Realmente das Trevas", que Sirius comprara e menos ainda da surpresa de Lupin, que depois de muita insistência de Dumbledore, voltara a lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts.
- Snape deve estar possesso! – alegrava-se Rony.
- Esse é o melhor presente que você pode me dar, professor. – sorria Harry, enquanto abraçava Lupin.
Na verdade, era muito bom estar de volta À Toca. E mesmo sabendo que teria que deixá-la do outro dia pela manhã, a perspectiva de mais um dia feliz o fez comer com gosto a última coxinha de galinha em seu prato. Enquanto saíam da mesa, planejavam o que fariam durante aquela tarde, até que a Sra. Weasley convocou-os para uma ida até o Beco Diagonal.
- Para comprar seus materiais escolares. Harry, seu padrinho me deixou uma quantia em dinheiro, assim você não precisa sacar do seu cofre. – comentou a Sra. Weasley.
- Por que o meu padrinho não me deixa nenhuma quantia em dinheiro? – Rony perguntou, irritado - Por que tudo o que eu tenho é de segunda mão? E, aliás, quem é meu padrinho?
- Tiburcio Filon é seu padrinho, morreu antes que você completasse dois anos, por isso ele não manda dinheiro para você, seu interesseiro! – brigou a mãe.
Harry divertia-se, e talvez por esse fato tenha levado um soco no braço do amigo. O grupo apressou-se para chegar à lareira. Somente quando Harry, Rony, Hermione e Gina estavam agrupados na sala, a Sra. Weasley estendeu o pote repleto de Pó de Flu. Harry pegou um punhado e, desta vez, falou corretamente.
- Beco Diagonal.
Sentiu-se tonto, enquanto rodopiava nas chamas esverdeadas por entre lareiras, até que parou escorregando, sujo de cinzas, no chão do Caldeirão Furado. Esperou confortavelmente sentado em uma das cadeiras do bar bruxo, cumprimentou Tom, o dono desdentado do pub, até que todos os Weasley chegassem. Em poucos minutos, Harry se viu na multidão que enchia o pequeno beco.
Harry, Rony e Hermione começariam o seu último ano em Hogwarts e Gina, o 6º. Por isso a mãe acompanhou a garota por entre as lojas, permitindo que os três pudessem comprar suas coisas sozinhos. Já conheciam o lugar como a palma de sua mão, assim, os garotos foram direto à Botica comprar o estoque de ingredientes para a aula de Poções. Depois, a Animais Mágicos, afinal Hermione precisava de ração para Bichento. Por fim, eles dirigiram-se a Floreios e Borrões para comprar os livros necessários – haviam recebido a carta de Hogwarts dois dias antes. Com as sacas em mãos, pararam na sorveteria Fortescue e refrescaram-se com os novos sabores de morango com chocolate, caramelo e menta azul. Assim que avistaram Gina e a Sra. Weasley, foram direto para o Caldeirão Furado e voltaram para casa.
Ao chegarem À Toca, a Sra. Weasley foi preparar o jantar. Harry, Rony e Hermione subiram para guardar seus pertences e arrumar as malas para a manhã seguinte, que seria agitada. Gina foi tomar banho. Depois das devidas arrumações, foram para o quarto de Rony.
- Que bom que o professor Lupin retornará a Hogwarts. Antes ele que o Snape. – comentou Hermione
- É mesmo, eu realmente não agüentaria se o Snape desse mais uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. – disse Rony - É realmente terrível o modo como ele dá aula. Parece que quer que matemos uns aos outros assim que o sino tocar.
- E eu acho que é isso o que ele quer. – concluiu Harry – Se pelo menos nós três nos matarmos, eu acho que ele já vai ficar feliz.
Risadas.
- Eu mataria Draco Malfoy! – exclamou Rony.
- Eu não. – disse Harry – Gosto de viver, e acho que se eu matasse Malfoy, pelo menos três pessoas iriam me matar: Crabbe, Goyle e Parkinson.
Mais risadas.
Hermione, que estivera refletindo sobre algo, finalmente perguntou:
- Se o professor Slughorn dava aula de Poções e Snape de Defesa Contra as Artes das Trevas, agora com a chegada do professor Lupin, quem dará Poções?
- Eu realmente desejo que seja o Slughorn. – admitiu Harry
- Eu poderia matar Snape com um dos feitiços que ele nos passou em uma das aulas, -sugeriu Rony - o que vocês acham?
- Se você tivesse prestado atenção em alguma aula dele, Rony, eu poderia temer pela vida do Snape. – cortou Hermione, fazendo Rony corar.
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Harry dormiu bem durante a noite que antecedeu a volta para Hogwarts. Acordou cedinho, despertado pelo cheirinho de café, que invadia suas cobertas. Arrumou-se e desceu com seu malão. Encontrou a Sra. Weasley preparando uma cobertura de bolo, que parecia ser delicioso. À mesa, somente o Sr. Weasley, com seu jornal de domingo.
- Bom dia, Harry! – cumprimentou a Sra. Weasley – Sente-se, coma uma torrada. Eu ia chamá-los daqui a pouco. Vou acordar os outros. – E saiu da cozinha.
Harry obedeceu, e comeu, não só uma torrada, mas bem umas quatro, com geléias, e vários pedaços dos diversos sabores de torta que a Sra. Weasley fazia magicamente, no sentido mais literal da palavra.
Não pôde deixar a curiosidade de lado e perguntou ao Sr. Weasley:
- Como iremos a King's Cross, senhor?
- Um amigo meu do trabalho estava me devendo uns favores, – começou o homem - desfiz um feitiço de coceira que lançaram contra ele. O coitado estava todo vermelho e quase não conseguia falar. Enfim, ele trabalha na garagem do Ministério e vai conseguir um carro para levá-los à estação. Antigamente, precisaríamos de uns três, mas como a maioria aqui já se formou, não é mesmo?
- Ah sim, com certeza – assentiu Harry, lembrando-se do episódio em que, no seu 3º ano, dois carros do Ministério os levaram para a estação. Os carros eram ampliados internamente por meio de magia.
Perdido em seus devaneios, nem percebera os garotos ruivos e a garota de cabelos enormes que se sentaram junto a ele.
- Sempre levantamos com as galinhas, mas damos um jeito de chegarmos em cima da hora a King's Cross. – falou Rony, enquanto se servia de bolachas – Espero que esse ano, pelo menos, o meu sono desperdiçado seja recompensado com um adiantamento na hora de embarcar.
- Bom dia pra você também, Ron – desejou Harry, acostumado demais ao mau humor matinal do amigo para se preocupar.
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O sono de Rony não foi recompensado, e, como de costume, houve uma correria para conseguir chegar ao local de embarque a tempo. Corujas piando, Bichento miando e a Sra. Weasley berrando para que corressem. Por pouco, a passagem não se fechou. Alcançaram o Expresso de Hogwarts no momento em que ele apitava para sair, despediram-se muito rapidamente da Sra. Weasley e embarcaram quando o trem já estava em movimento.
- Vou procurar meus amigos. – informou Gina
- Você vai é procurar o Dino, isso sim! – afirmou Rony
- E se for? Não é você que vai me impedir, não é? – propôs Gina, desafiadora.
- Eu posso te impedir sim! – respondeu, enfurecido – Sou seu irmão mais velho.
- Ok, irmão mais velho, posso ir procurar meus amigos agora? – E saiu, sem olhar para trás.
- Se ela acha que pode me desrespeitar assim...
-...ela está certa! – terminou Hermione – Vamos, senão não pegamos uma cabine vazia.
Realmente estava difícil encontrar um lugar vazio. Os aluninhos do segundo ano voando para e para cá não ajudavam muito. Rodaram o trem umas duas vezes até que encontraram um, bem no finalzinho do quarto vagão. Acomodaram-se e logo estavam comprando sapos de chocolate, feijõezinhos de todos os sabores, bolos e outras delícias da bruxa do carrinho.
Conversavam animadamente sobre o fato de Gui ter se casado com Fleur, quando escutaram uma voz arrogante e arrastada, tão conhecida.
-...e ele fechou um acordo com o ministro. É claro que o ministro não recusaria um pedido de Lúcio Malfoy. Mas agora já está tudo acertado: assim que sair de Hogwarts, trabalharei no Ministério como assessor de Rufo Scrimgeour.
- Que bom, Draquinho! – exclamou falsamente outra voz conhecida, dessa vez, feminina.
A conversa cessou. Draco Malfoy estava parado do lado de fora observando Harry, Rony e Hermione com cara do mais profundo nojo.
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13h45m. O despertador de Draco Malfoy soou alta e escandalosamente. Não, ele não levantaria de sua cama assim tão cedo. Nem sabia o porquê de ter ajustado para tocar tão de madrugada. Como não conseguiria voltar a dormir, desligou o despertador que ainda estremecia violentamente ao seu lado e levantou-se. Foi até a janela e abriu a cortina. De repente, lembrou-se que hoje era o dia de sua viagem para os Alpes Suíços com seus pais. Não que estivesse muito animado para viajar com seus pais, mas adoraria esquiar nos Alpes e quem sabe conhecer algumas garotas suíças. Vestiu-se e em alguns minutos já estava na cozinha, esperando pelo café. A mãe, Narcisa, estava numa das extremidades da mesa.
- Mãe, é hoje que nós vamos pra Suíça, não é?
- Não sei, Draco. Seu pai estava meio ocupado com alguns problemas no Ministério. Talvez tenhamos que adiá-la para o Natal.
- Que bosta, mãe! Nós já tínhamos programado isso há muito tempo. Eu até acordei cedo pra isso e agora você me diz que a gente não vai! Que merda! – E saiu sem nem ao menos notar o pequeno elfo doméstico lhe estendendo a bandeja de café.
Não podia acreditar! Pela incapacidade de seu pai de resolver meia dúzia de coisinhas inúteis em um Ministério idiota, ele ficaria preso durante as férias inteiras na maldita mansão. Não que isso fosse entediante, afinal coisas para fazer não faltavam. Mas a possibilidade de esquiar não se comparava a praticar equitação. Simplesmente definharia se não saísse daquele lugar.
Ele, Draco Malfoy, não se renderia aos problemas de seu pai. Fez as malas rapidamente, olhou-se no espelho e seu olhar estacou. Ali estava um garoto de 17 anos, loiro, olhos cinzentos e frios, pele pálida e rosto pontudo. Ajeitou o cabelo, e fez uma careta sexy, deu umas piscadelas para o seu reflexo e jurou que namoraria a si mesmo, se pudesse. Malfoy era rico, bonito, arrogante e nada inteligente. Não seria um bom namorado nem para si próprio. Alisou uma dobra na camiseta preta, que realçava seu olhar, pegou as chaves do carro e saiu. Mal despediu-se da mãe, que, desesperada, tentava arrancar alguma informação do filho.
- Já que papai é um incompetente, vou sozinho. – disse rapidamente - Nem tentem me procurar. Passarei o resto do verão aonde quer que eu vá. Voltarei apenas para ir à escola estúpida de sangues-ruins. Afinal é o meu último ano, e não agüentei esse tempo todo enfurnado naquele antro pra simplesmente sair sem completar os anos letivos. – E foi embora.
Draco realmente se escondeu durante o verão. Passou uma parte das férias em um lugar distante, próximo à Turquia. Lá, fez alguns amigos que o apresentaram ao absinto em chamas, mais potente do que qualquer uísque de fogo. Rodou pela Grécia, chegou à França, onde bebeu do melhor vinho francês, conheceu lindas bruxas e voltou para casa no sábado que antecedeu a volta para Hogwarts. Encontrou seus materiais dispostos em cima da sua escrivaninha, seus uniformes lavados e passados e seu malão pronto para ser preenchido. Organizou calmamente sua mala e alguns minutos depois estava deitado de boca aberta, babando em seu travesseiro.
Acordou com seu despertador gritando a seu lado, e ao tomar o café, recebeu uma notícia de seu pai que o fez perceber que esse seria um dia daqueles em que não devia ter levantado da cama.
- Estamos falindo, e a menos que você arrume um emprego como subordinado do ministro no ano que vem, estaremos completamente falidos. Ele ainda conseguiu fechar esse acordo comigo, entreguei-lhe o seu carro como garantia de que o cargo seria seu, Draco. Não me decepcione.
Malfoy não sabia o que falar. Ao abrir a boca, fechava-a, por pura falta do que dizer. Ele, trabalhando? Como se não tivessem bastado os anos que passou naquele formigueiro de sangues-ruins, agora teria que ser um mero... subordinado? Ele se beliscou à procura de um vestígio de sonho, mas, pavorosamente, aquilo era real. Teria que trabalhar para não sujar o nome da família.
Abismado, dirigiu-se à plataforma 9¾ com meia hora de adiantamento no carro de seu pai, atravessou lentamente o portal, e deu de cara com seus dois "guarda-costas", Vicente Crabbe e Gregório Goyle, e com sua "namoradinha" Pansy Parkinson. Entraram no trem e acharam uma cabine vazia que logo foi sendo preenchida por admiradores dos sonserinos. Não demorou muito até Malfoy querer dar uma volta. Crabbe, Goyle e Pansy o acompanharam. Conversavam – na verdade "monologavam" Draco e ele mesmo, enquanto os outros simplesmente assentiam com a cabeça ou soltavam alguma exclamação de admiração. Para dar uma desculpa sobre o seu futuro trabalho, foi logo comentando.
- Meu pai quer que eu tenha experiências sobre diversos cargos, por isso vou trabalhar no Ministério da Magia. E ele fechou um acordo com o ministro. É claro que o ministro não recusaria um pedido de Lúcio Malfoy. Mas agora já está tudo acertado: assim que sair de Hogwarts, trabalharei no Ministério como assessor de Rufo Scrimgeour.
- Que bom, Draquinho! – Pansy exclamou com sua voz apática e falsa.
Malfoy estacou. Ao olhar para o lado, "Santo Potter" o encarava com uma expressão de dar dó: uma tentativa – frustrada – de uma careta malvada. O que conseguiu foi simplesmente uma careta. Fez cara de nojo ao olhar os acompanhantes do Cicatriz.
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- Você já sabe o que deve fazer, Malfoy. Se manda! – obrigou Harry.
- E quem é você pra me dizer o que fazer, Potter? – continuou Malfoy.
- Todo ano é a mesma idiotice! Malfoy perturba, Harry retruca. Que tal a gente variar esse ano, hein? – sugeriu Hermione.
- Sua opinião é tão válida quanto a de um rato de esgoto sarnento, sua sangue-ruim. – ofendeu Malfoy. – Não se meta no que não é da sua conta! – e virando-se para Harry – Tenho avisado a você, todos esses anos, Potter. Você poderia ter se unido a mim, mas preferiu a companhia de uma trouxa nojenta e de um pobretão ruivo com sardas.
- E ter me tornado um Goyle ou Crabbe da vida? – começou Harry - Não mesmo! Prefiro ser amigo de pessoas verdadeiras com defeitos a ser servo de um arrogante e cínico que nem você, Malfoy! – e fechou a porta da cabine.
Draco Malfoy amarrou a cara, ordenou que o seguissem e pôs-se a tramar uma vingança contra Harry Potter. Ele não ia deixar barato, afinal ele insultou seus... servos.
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- Obrigada por nos chamar de pessoas defeituosas, Harry. – agradecia Rony, atirando uma figurinha de Merlim no colo do amigo.
- De nada, mas vocês sabem o que eu penso sobre vocês. – respondeu Harry.
- Eu acho que foi bem-feito para eles. Vocês viram a cara do Goyle quando você o chamou de servo? – animava-se Rony.
- Sim, Rony, todos nós vimos, agora nós devemos nos trocar, devemos estar quase chegando. – anunciou Hermione.
Eles vestiram os uniformes, enquanto aguardavam ansiosamente pela chegada ao castelo. Harry sempre esperou pelo seu sétimo na escola, que sempre fora mais do que isso: fora seu lar. Onde foi mais feliz, onde venceu seus medos, onde aprendeu e onde fez amigos. Onde deu seu primeiro beijo e conheceu seu padrinho. Onde conhecera mais sobre seus pais e passou a odiar alguns professores. Onde fez inimigos. E aí parou para pensar em Malfoy.
O garoto riquinho e mimado sempre o perturbara, simplesmente porque no primeiro ano recusou-se a ser amigo dele. Desde então, tudo se tornava motivo de xingamentos, brigas e até um tapa de Hermione. O sentimento que nutria por Malfoy não era ódio, era desprezo. Simplesmente ignorava o loiro o máximo que pudesse, embora o sonserino não pensasse dessa maneira. Sempre que Harry passava por algum lugar onde Malfoy estivesse, era perturbado por ele. E Harry retrucava, não podia deixar barato. Se ignorasse, Malfoy o irritaria a ponto de fazê-lo perder a cabeça e quem sabe isso pudesse lhe render uma expulsão. Afinal, socaria Malfoy até que não restasse nada, além de dentes e pedaços de cabelo. Tudo bem, talvez odiasse um pouco Malfoy, mas nada que se comparasse ao que Malfoy sentia por ele. E Harry nem sabia que o outro sentia. Sabia somente que não era nada agradável ter que sustentar os comentários infantis de Malfoy. Mas esse era o último ano. Teria que fazê-lo valer a pena. Mesmo se isso incluísse bater no loiro até ele ter sua língua engolida.
Ao enxergarem as luzes da aldeia de Hogsmeade, o estômago de Harry deu uma tremida: percebeu que estava com fome. E aparentemente não era o único.
- Cara, to doido pra chegar e comer. Tomara que a seleção não demore muito. – desejou Rony.
Enquanto saíam do trem, procuraram pela conhecida voz.
- Alunos do primeiro ano, por aqui. Sigam-me.
Harry sorriu.
- Olá Hagrid! Encontramos você no banquete. – avisou ao homenzarrão que se encontrava segurando um lampião.
Rúbeo Hagrid, o enorme guardião das chaves de Hogwarts e atual professor de Trato das Criaturas Mágicas acenava para eles com sua mão do tamanho de uma raquete. Hagrid era metade gigante, o que explicava sua estatura. Apesar da aparência assustadora, Harry, Rony e Hermione tiveram a oportunidade de conhecer um homem leal e companheiro por detrás do emaranhado de barba e cabelo.
Enquanto Hagrid lutava para levar os calouros para sua travessia no lago, Harry e os outros foram em direção às carruagens, agora com cavalos – que na verdade são trestálios. Sentiram o desconfortável odor de mofo e palha e sacolejaram durante o caminho todo. Ao se aproximarem do portão ladeado por javalis alados e avistarem o castelo repleto de luzinhas vindas das janelas iluminadas, Harry se sentiu mais confortável. Não teria se sentido assim se soubesse o que o aguardava do outro lado dos portões bem seguros da escola.
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Malfoy permaneceu calado durante todo o resto da viagem. Trocou suas roupas de trouxa pelo uniforme bem recortado, mas continuou sem dizer palavra. Pansy Parkinson tentava de todas as formas agradá-lo: tentou beijinhos molhados na orelha, uma mordida no pescoço, até um apertão no bumbum do garoto, mas nada parecia adiantar. Deu-se por vencida quando Malfoy, ao perceber a tentativa de um beijo, desviou de sua boca.
- Garota, agora não! Cai fora! – exigiu Malfoy, deixando a menina com cara de espanto.
- Está bem então, Draquinho. – ameaçou Parkinson – Não me peça mais nada, ok? Nem beijos, nem abraços, muito menos amassos. Cansei de ser seu brinquedinho!
- Nunca te pedi nada, garota! Tá doida? – e saiu da cabine.
Harry Potter tinha o dom de deixá-lo irritado. E não era a primeira vez. "Santo Potter" tinha o dom de se passar por inocente, coisa que Malfoy sabia que ele não era. Desde pequeno era avisado sobre esse tal de "Menino-que-Sobreviveu" e foi alertado para fazer amizade com ele no ano que entrassem em Hogwarts. Malfoy bem que tentou, mas Potter era humilde demais para aceitar um posto como esse. A guerra estava travada desde então. Malfoy adorava ver a cara de desgosto de Potter toda vez que xingava o moreno. Não se imaginava num mesmo cômodo com o grifinório sem ter vontade de cuspir nas vestes dele. Era um sentimento pior que ódio. Era raiva, fúria. Inveja? Do que? Nada em Potter é invejável, nem mesmo os olhos que todos falam tão bem a respeito. Estava muito contente com os seus e não via motivo algum para idolatrar aquelas duas bagas verdes sem vida. E foi com elas que Malfoy cruzou o olhar ao descer do trem. Revirou os olhos para não despejar dúzias de palavrões em direção ao dono das tais bagas, afinal, havia um "professor" por perto.
Não suportava Hagrid e sua profunda burrice. Quase morrera na primeira aula do gigante e compartilhava o meso tipo que sentimento que sentia por Harry. Fúria.
Entrou na carruagem, acompanhado por Crabbe, Goyle e Pansy, que parecia estar mais calma, mas mesmo assim não tentava nenhum tipo de aproximação com ele. Não que ele quisesse também, mas era estranho não ter a menina pendurada em seu pescoço.
Atravessaram os portões, o estômago gritando de fome. E quando recebesse a notícia que o aguardava após do jantar, não somente seu estômago gritaria.
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O banquete os aguardava. A mistura agradável de aromas só fazia a fome aumentar. Adentraram o Salão Principal e encontraram o diretor já sentado em sua cadeira de espaldar reto. Ao seu lado direito estava o professor Flitwick. Lupin estava a dois assentos à esquerda de Dumbledore. E, para o mais profundo desespero de muitos... Snape. Os cabelos sebosos na frente do nariz exageradamente grande e oleoso.
- Parece que o professor Slughorn foi demitido. – disse Hermione, enquanto sentavam-se em seus lugares de costume.
- E colocaram a praga do Snape de novo! – indignou-se Rony.
Assim que dissera isso, a porta do Salão se abriu, e a professora Minerva McGonagall entrou no salão segurando um banquinho de três pernas e um chapéu marrom e velho. Logo atrás dela, uma fila de calouros um tanto quanto assustados e pasmos. Harry se lembrou de sua cerimônia de seleção e imaginou como aqueles aluninhos deveriam estar se sentindo. Quando Natália Zahara foi selecionada para Lufa-Lufa, o professor Dumbledore se levantou e eles se calaram.
- Bem vindos a mais um ano letivo! – discursou Dumbledore. – Que esse ano seja agradável e de muito estudo. Um aviso será dado, portanto peço que fiquem sentados após o banquete. Agora ordeno que se deliciem com este esplêndido jantar!
Assim, como nos seis anos anteriores, os pratos se encheram de comida magicamente e durante vários minutos, o que se ouvia eram somente os barulhos dos talheres, entre um gole de bebida e outro. Os tilintares e as conversas foram cessando e quando o diretor se ergueu, os sussurros pararam instantaneamente.
- Devo avisá-los, primeiramente, que a lista de objetos proibidos está na porta da sala do Sr. Filch. Segundo, a entrada na Floresta Proibida é terminantemente proibida a qualquer aluno que não esteja acompanhado de um professor ou funcionário responsável. Terceiro, temos a honra de contar novamente com o professor Remo Lupin como mestre de Defesa Contra as Artes das Trevas. Com isso, Severo Snape torna-se novamente professor de Poções. E por último, mas não menos importante, gostaria de avisá-los do projeto interescolar que Hogwarts se propôs a participar, juntamente com Durmstrang e Beauxbatons. Vou lhes explicar o que é. – disse Dumbledore, já que vários cochichos de dúvida e curiosidade surgiram em meio às mesas. – É um trabalho que deverá ser desenvolvido pelos melhores alunos de cada casa, baseados nas notas e comportamento dos anos anteriores. Em conjunto, esses quatro aluno trabalharão em cima de um projeto em comum, que fica a critério dos mesmos escolherem qual matéria ou tema irão abordar. Sejam criativos. Terão um ano para desenvolverem o trabalho e os escolhidos serão abdicados das provas finais. Vou anunciá-los agora. Peço que os escolhidos me esperem no Saguão, para discutirmos algumas questões.
- Será você, Hermione. – adiantou Harry.
- Trabalhar com Sonserina, hein? Boa sorte ao "sortudo". – desejou Rony.
- E o escolhido de Lufa-Lufa é... Ana Abbot!
Palmas e assobios para a garota morena, que exibia um sorriso de dar a volta no pescoço. Enquanto ela se afastava em direção às portas do salão, as palmas foram cessando e Dumbledore falou mais uma vez.
- O escolhido de Corvinal é... Cho Chang. – e o estômago de Harry deu uma revirada.
Mais palmas.
"Que eu não seja o escolhido, que eu não seja o escolhido", Harry repetia a si mesmo em pensamento.
- O escolhido de Sonserina é... Draco Malfoy!
O loiro levantou-se espantado e seguiu até o Saguão. Nunca teria se candidatado a uma atividade dessas, e agora estavam obrigando-o a participar.
- Só falta o da Grifinória. E que seja você, Mione. – pediu Rony.
- Por fim, o escolhido de Grifinória é...
