Agora somos família

Complemento

Os dois já se conheciam há muito tempo. Tempo suficiente para terem notado que havia algo de especial na presença um do outro, o que não aconteceu tão cedo. Na verdade, demorou, e demorou muito. Kakashi e Anko: ninguém soube quando, ou como, exatamente.

Aparentemente, a história começou com pequenos confrontos. Veja bem, Kakashi era um provocador nato, e Anko, a garota que não gostava de levar desaforos pra casa. As implicâncias do copy nin eram apenas por esporte, mas Anko as levava realmente a sério, transformando brincadeiras em verdadeiras guerras. Desnecessário dizer que Kakashi não ligava a mínima para os berreiros da "esquentadinha".

Vale a pena lembrar do episódio do Exame Chuunin, no ano em que a turma do Uzumaki fora inscrita. Anko tentava convencer o Sandaime Hokage a retirar o Uchiha das partidas eliminatórias devido à possibilidade de o Selo Amaldiçoado ser reativado. Pois bem... Com aquele típico sorriso, aparentemente inocente, mas, carregado de deboche, o Hatake se atrevera a discordar dela na frente de todos: "Ele não vai dar ouvidos a você. Esqueceu que ele é do clã Uchiha?" Claro que a Mitarashi explodiu com o retruque.¹

Era visível que a combinação Hatake Kakashi e Mitarashi Anko era explosiva. Não apenas por conta das brigas mas, ficava cada vez mais evidente que ali havia algo a mais. Kurenai sempre dizia que podia-se cortar a tensão sexual com uma faca. Claro, fora sempre desmentida. Mas quem os conhecia, ao menos um pouco, sabia que eles tinham química.

Um bom tempo depois, incentivados pelos amigos, vieram os pequenos flertes e insinuações. Hatake Kakashi era um mistério cobiçado por qualquer mulher, não só de Konoha, mas de todos os lugares por onde passara. Porém, apenas com a curiosidade que é peculiar a ninja de cabelos roxo, seria possível desvendá-lo. Olhares lascívos, pequenos contatos de pele. Sorrisos pervertidos. Os corpos carregados de desejo, misturados a um magnetismo incontestável. Ele era um homem envolvente, e ela uma mulher perigosa. Não deveria passar de um joguinho, uma brincadeira... Até acabarem na cama.

Fato comprovado: Kakashi e Anko eram, realmente, uma explosão. Eles se compreendiam muito bem, e não tinham pudores quando se tratava de satisfazer os desejos um do outro. E com isso vieram periódicos encontros às escondidas. Não dariam o braço a torcer para os amigos que viviam a importuná-los com piadinhas infames sobre os tapas que virariam beijos. Entre as boas horas de sexo, vinha sempre algum aperitivo, uma brincadeira e boas risadas. Era sempre muito divertido.

E era assim que eles vinham lidando com a situação, até os encontros tornarem-se cada vez mais frequentes. A necessidade de estarem juntos crescia com o passar dos dias. Não mais, simplesmente, pelo sexo, e sim pela companhia. Eles realmente sentiam-se bem na presença um do outro, sentiam-se à vontade, além de terem sempre bons momentos. Algo de diferente estava acontecendo, e nenhum dos dois sabia exatamente o que era.

Isso, até aquele dia...


- E ai, o que acha? – Anko perguntou divertida.

A kunoichi trajava apenas um moleton do uniforme jounin, este, pelo menos cinco vezes maior que o seu tamanho. Usava também uma máscara azul marinho que cobria metade de seu rosto.

- Você fica bem melhor sem isso tudo – respondeu no mesmo tom.

Kakashi encontrava-se deitado na cama, desnudo, coberto apenas por um lençol, divertindo-se em ver Anko fantasiar-se com suas roupas.

- E você também... – debochou. – Cadê o hitaiate? – seus olhos percorriam por todos os cantos do quarto, procurando por qualquer sinal da pequena veste.

- Não sei – começou a vasculhar pela cama. – Nem vi quando ele saiu do meu rosto!

- Aquiii! – exclamou, enquanto recolhia a bandana debaixo da cama.

Ela amarrou o hitaiate na cabeça e sentou-se na frente de Kakashi:

- Ah, ficou legal, não ficou? – sorriu.

- Qual o seu objetivo com isso?

- Humm... Yo! – ela fez um pequeno aceno - Eu sou Hatake Kakashi, e tudo o que os outros fazem precisa uma explicação lógica pra que eu não considere loucura.

- Ah, eu falo assim? – queixou-se.

- Yare, você fala sim! – continuou a imitação.

- Era pra isso? Pra zombar de mim? – Anko riu.

- Também. Na verdade, eu queria saber mesmo é como você respira com isso.

- E então?

- Concluí que você deve ser um peixe.

- Um peixe?

- É! Você deve ter brânquias escondidas por aqui,- cutucava-o no abdômen definido, provocando-lhe cócegas. - ou aqui, ou quem sabe aqui!

- Para, para...! – tentava conter os risos enquanto segurava as mãos que lhe causavam sensações desconfortáveis. Confortavelmente desconfortáveis.

- E ainda por cima, você tem cara de peixe!

- Eu?

- Sim!

- Mas... Peixes são tão... Estranhos – disse, fingindo-se decepcionado.

- Nããão! – tentou rapidamente corrigir a má impressão - Eu gosto de peixes! Eles tem uma cara engraçada, me fazem rir.

- Hum... – ele fez biquinho, arrancando risadas de Anko.

- Viu? – ela abaixou a máscara para dar-lhe um beijo. – Peixes me fazem rir!

Kakashi sorriu e a beijou novamente. Anko envolveu o pescoço do Hatake em seus braços enquanto ele a deitava lentamente, na cama.

- Anko...

- Hum?

Ela sorri. Kakashi pensou ter visto aquele único olho castanho-claro aparente brilhar. De súbito, reconheceu o doce e suave perfume vindo dos cabelos de cor púrpura, que estavam esparramados pelo colchão. Ela ficava tão bonita de cabelo solto. Tão feminina e delicada. Céus, como ela estava linda naquele instante! Sentiu um frio na barriga e um arrepio percorreu-lhe a espinha.

- Tem algo que eu quero lhe pergunt...

Kakashi calou-se ao ouvir batidas nervosas vindas da porta:

- Ué, quem será? – perguntou Anko.

- Provavelmente algum desavisado que não sabe que estou em missão.

- Vou lá ver – ela deu uma cambalhota para trás e levantou-se.

- Não faça barulho.

Anko deixa o quarto, assistida por Kakashi que, começa a repensar no que estava prestes a dizer à ela. Graças a Deus, fora interrompido! Queria dizer-lhe tantas coisas... Mas as palavras não lhe vinham à mente. Por pouco não falara alguma bobagem. Ele estava nervoso, inseguro. Imagine, logo ele, sentindo-se inseguro! Mas não era uma situação fácil, nunca havia passado por algo parecido antes. Como dizer a ela, que gostaria de poder passar mais tempo juntos? Que apreciava a sua companhia e que se sentia só, quando ela não estava por perto. E como explicar a vontade de exibi-la para Konoha inteira, e dizer a todos o quanto gostava dela? Ele precisava das palavras certas. Ah, mas como estava ansioso. O medo de não ter seu sentimento correspondido e de ser rejeitado por ela, invadia-lhe o peito, causando uma sensação terrível, inexplicável. Não seria exagero dizer que lhe causava dor.

Teve suas reflexões interrompidas por passos apressados vindos na direção do quarto:

- A Godaime está aqui! – sussurrou Anko, desesperada, enquanto se livrava do moleton de Kakashi.

- NANI? –o Hatake levantou-se da cama num pulo.

Anko despia-se das roupas e Kakashi as vestia.

- Minhas calças, onde estão minhas calças? – perguntou, olhando para todos os lados atrapalhadamente.

- Não sei, eu não coloquei as calças! – Anko retrucou. Agora, ela vestia apenas suas roupas íntimas.

Kakashi foi correndo até a sala, fazendo o mínimo de barulho possível. Lá, ele encontrou as benditas calças. Após vestí-las, atendeu a porta, enquanto Anko escondia-se no corredor.

- Domo, Tsunade-sama! – gritou nervoso.

A Godaime entrou na casa sem a menor cerimônia:

- Onde ela está?

- E-ela, quem?

- Você sabe de quem eu estou falando.

- Desculpe, Tsunade-sama, mas eu...

- Anko! Onde ela está?

- Ahhh, a Anko? – fingiu finalmente entender o assunto da Godaime. – Ela saiu faz tempo, nós estávamos discutindo algumas estratégias de...

- MITARASHI ANKO, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ, SAIA IMEDIATAMENTE!

Kakashi soltou um suspiro pesaroso e foi para o quarto. Tsunade arqueou a sobrancelha, desconfiada do que estava por vir. Eis que, ela vê uma peça de roupa atravessando o corredor a "pleno voo". Kakashi volta para a sala e Anko surge logo em seguida, vestindo apenas sua costumeira capa, peça de roupa arremessada poucos segundos atrás, e um hitaiate torto, cobrindo seu olho esquerdo. Ela faz uma pequena reverência e sorri sem jeito.

- Ai, - suspirou a Hokage, enquanto meneava a cabeça negativamente - é pior do que eu pensava...

Kakashi apontava para o próprio olho, tentando sinalizar para a Mitarashi de que ela ainda estava com o hitaiate no rosto. Ela imediatamente entende o recado e atira a bandana para longe.

Ambos encaravam a Godaime com um sorriso amarelo, aguardando pelo sermão:

- Muito bem – ela os fitava seriamente. - Vim para dizer que não me oponho. Apenas parem com esses encontros às escondias, isso está atrapalhando o desempenho de vocês. Assumam, ou terminem!

Determinada a sentença, a Godaime retirou-se, e um silêncio estranho instalou-se na sala.

- Como será que ela...

- Você quer namorar comigo?

- NANI? – a kunoichi arregalou os olhos diante da pergunta mais do que repentina.

- Você, quer, namorar, comigo? – repetiu lentamente.

- N-namorar você? Quer dizer, passear por aí de mãos dadas, ir ao cinema, colocar apelidinhos idiotas um no outro e fazer todas aquelas outras baboseiras, juntos?

- Isso! – sorriu.

- Ah... Eu... Eu... – as bochechas ganharam um tom avermelhado – Eu quero.

- Eh? – um sorriso abobalhado surgiu no rosto do Hatake.

- Eu quero! – desviou o olhar para os próprios indicadores que estavam encostados um no outro. Um gesto típico de Hyuuga Hinata.

- Ahmm... Tá! – exclamou, ainda muito surpreso e aliviado por seu impulso não ter estragado tudo. - Escuta, eu nunca fiz isso antes, existe algum procedimento padrão?

- Procedimento padrão?

- É.

- Sei lá, eu nunca fui pedida em namoro antes – ambos ficam pensativos. – Eu já vi em alguns filmes o homem pedir a mão da moça para o pai dela... Mas eu não tenho pai.

- Então, pra quem eu devo pedir?

Anko mais uma vez fica pensativa, até que seu rosto parece se iluminar com uma brilhante ideia:

- Ibiki!

Morino Ibiki, claro! O melhor amigo de Anko. Na verdade, muito mais do que isso, praticamente um irmão mais velho. Naquele mesmo dia, Kakashi falaria com Ibiki. Ele não sabia ainda mas seria mais uma vítima das intimidações de Morino, algo bastante próprio do Chefe do Esquadrão de Torturas da ANBU.

- Er, Kakashi...

- Hum?

- Você...

- Eu...?

- Você...

Ao ver os olhos do Hatake a encarando tão profundamente, Anko recuou. Ela pôs a mão atrás da cabeça, tentando parecer o mais natural possível.

- Aaah, deixa pra lá! – riu nervosamente.

- Fala, agora você me deixou curioso.

- Você... – balbuciou, enquanto procurava pelas palvras. - O que você... Sabe... O que você está sentindo?

- O que eu estou sentindo?

A Mitarashi franziu o cenho ao passo que seu rosto ficava completamente vermelho. Impossível dizer naquele instante se era por causa do constrangimento ou da irritação. Maldita mania de responder uma pergunta com outra!

- É... Por mim.

- Ah, sim... – ele fez uma cara pensativa enquanto fitava o teto. – Bom, eu não sei ao certo mas, eu acho que é isso que dizem que é estar apaixonado.

Anko sentiu seu rosto arder de uma maneira absurda, além de um estranho rebuliço no estômago.

- J-jura? Porque é o que eu estou sentindo também! – deu uma leve coçadinha no nariz, timidamente.

- Isso é ótimo! – sorriu. – Vamos, vista-se. Nós vamos sair – disse, empurrando-a de volta para o quarto.

- Sair pra onde? – perguntou surpresa.

- Vamos comer dangos. – os olhos de Anko brilharam, ao ouvir aquela palavra mágica.

- Uuuuh, dangos! – deu uns poucos passos apressados na direção do quarto, quando então voltou. - Aaah, espera, esqueci uma coisa!

- O que?

Ela roubou-lhe um beijo que, apesar da surpresa, foi prontamente correspondido. Um beijo apaixonado. Um beijo de namorados.


A surpresa na vila foi geral. Sakura ficara de queixo caído. Nunca havia pensado que Kakashi realmente tivesse uma vida amorosa, excluindo, é claro, seu estranho caso com Icha-Icha Paradise. E agora, vê-lo com uma namorada parecia surreal. Mas a Haruno ficou extremamente contente pelo Kakashi-sensei que finalmente parecia ter encontrado alguém para ele. Já o escandaloso Naruto, por outro lado, armou um escarcéu, tentando alertar de todas as formas possíveis que a professora esquisitona estava só à espera de uma boa oportunidade para matar o sensei e depois roubar todo o seu sangue – todas as suas tentativas foram frustradas por uma kunai prensada contra o seu pescoço. Os colegas jounin, como previsto, não pouparam o casal de piadas e comentários irônicos.

A Quinta, pelo visto, era a única quem estava a par da situação o tempo todo. Como, eles não sabiam. Mas talvez não fosse difícil adivinhar, afinal, Tsunade era uma mulher experiente. O olhar perdido de ambos os jounins, o sorriso abobalhado em suas faces, além da total falta de atenção no trabalho, eram claros sinais de "paixonite aguda". A Godaime era muito atenta aos seus soldados e, obviamente, não deixaria que detalhes como estes lhe passassem despercebidos.

A relação deles era algo preenchedor para os dois. Anko sentia-se acolhida quando estava junto de Kakashi. Ele lhe enchia de carinhos e parecia ser a única pessoa que lhe dava atenção. Sem contar a sua, tão particular, paciência com ela. Ele era perfeito. Aliás, o significado da palavra perfeição parecia insuficiente para exprimi-lo. E Kakashi gostava de ter alguém para cuidar. Perto dela, era como se tivesse alguma real utilidade. A Mitarashi parecia ter uma espécie de instinto autodestrutivo, estavanada. Algo que Kakashi considerava arriscado e, ao mesmo tempo, encantador. Ela poderia ser a mais devastadora ou a mais doce das mulheres. Anko era feita de nuances. Uma mulher forte e decidida, porém, inconstante e cheia de distúrbios. Queria poder esmerá-la para sempre, tornar-se seu porto seguro.

Um ano se passou. O amor e o forte instinto protetor do Hatake o levaram a tomar uma importante decisão.


- Ankooo, que demora... Eu quero apagar a luz! – Kakashi reclamou, o travesseiro socado no rosto.

- Calma, seu chato, eu já estou indo!

Anko terminava de escovar os cabelos em frente ao espelho. Isso depois de ter passado milhões de cremes, nas pernas, no rosto, nos braços...

- Porque você está se arrumando tanto pra ir dormir?

Um certo azedume tomou conta do rosto de Anko.

- Sabe, Kakashi, - começou irônica- algumas pessoas não tem a sorte de terem nascido naturalmente encantadoras como você, nem a cara-de-pau de esconder ¾ do rosto durante 24 horas por dia.

- Yare, yare...

Anko estava estranhando toda aquela impaciência de Kakashi. Todos os dias, religiosamente, ela realizava seu sagrado ritual de beleza e ele nunca reclamara uma vez sequer. Aliás, a essa hora, ele já estaria dormindo, com a luz acesa mesmo. Aquilo só poderia significar uma coisa:

- Ahh, já sei o que você quer... Você quer brincar comigo no escurinho – engatinhou lentamente pelo colchão, com um sorriso traquinas pairando-lhe os lábios.

- Humm... - olhou para o teto, pensativo - Não.

- Argh! - bufou irritada. Kakashi só estava sendo chato, como de costume.

Kakashi esperou que Anko deitasse e se cobrisse para, então, desligar o interruptor que ficava ao seu lado.

Ao apagar a luz, Anko solta uma gargalhada sonora. A kunoichi mal podia acreditar no que estava vendo. O teto estava... brilhando! Corações e dangos feitos em tinta fluorescente, rodeavam a mais encantadora frase: "Quer casar comigo?".

- Eu não acredito! – ela não conseguia disfarçar a surpresa. - Você é mesmo um idiota! – disse sem jeito, com um sorriso rasgado no rosto.

Kakashi sorriu.

- Isso é um sim?

Anko continuava estática, sorrindo, olhando para o teto.

- Sim! – gritou de repente. - Sim, sim, sim!

Imediatamente, ela sobe em cima do Hatake para abraçá-lo e cobrir-lhe de beijos, para depois terem mais uma longa noite de amor.

- Te amo, seu idiota...

- Eu também te amo.

(...)

Na manhã seguinte, Anko acordou sozinha na cama. Olhou ao redor, nenhum sinal de Kakashi. Bom, geralmente era ela quem se levantava primeiro, mas não era motivo de surpresa ele levantar-se antes. Colocava a cabeça novamente no travesseiro quando notou um bilhete na mesinha de cabeceira.

Fui buscar pão e leite.

Ps:. Talvez eu me atrase.

Ps2:. Aproveite o anel.

A Mitarashi arqueou a sobrancelha para o pequeno pedaço de papel:

- Anel?

Anko estendeu o braço para remexer nos objetos que estavam em cima da mesinha quando encontrou o anel... Na própria mão. Não conseguiu evitar a risada. Primeiro, por ser tão boba de não tê-lo percebido ali antes. Segundo, por Kakashi ser fofo o suficiente para colocar o anel em sua mão enquanto ela dormia.

- Quer dizer que o Hatake 'Mão-de-vaca' resolveu abrir a mão pra comprar um anel...? – ria enquanto jogava a cabeça no travesseiro.

Ficou por um bom tempo admirando a bela jóia. Era tão bonita, tão delicada. O brilhante era discreto mas ainda assim marcante aos olhos de quem o via.

- Te amo, 'Mão-de-vaca'! – deu um beijo na aliança e voltou a dormir com um sorriso congelado em seu rosto.


Sem sombra de dúvidas, o Hatake era um cara romântico. Sempre daquele jeito: fala e faz as coisas como quem não quer nada, com total despretensão. Fingidamente, é claro. Kakashi era o tipo de homem que calculava meticulosamente suas ações, e gostava de tudo muito bem feito. Várias ideias haviam passado por sua cabeça, como, fazer o pedido durante uma caminhada na praia ou, depois de um jantar romântico ou, colocar o anel dentro de um dango (na certa, Anko o engoliria sem sequer perceber), talvez declarar-se para ela na frente de toda a Konoha... Mas não. Clichê, clichê, perigoso e clichê. Além do mais, aquilo combinava muito mais com o 'cara-de-peixe'.

Há quem desdenhe as pinturas no teto. As más linguas dizem que não foi o Hatake quem pintou as figuras. Calúnia! Kakashi, muito sabiamente, recorreu ao companheiro de time, Sai, que, gentilmente, desenhou alguns modelos para ele. E o copy nin fez, o que o copy nin faz: copiou! Ok, talvez não haja grandes méritos em copiar... Mas quem pintou o teto e depois ficou parecendo um vagalume, foi ele.

Anko sempre sentia-se uma estúpida por não conseguir disfarçar o efeito que Kakashi tinha sobre ela. Ela não podia evitar, bastava olhar para ele para sentir aquela enorme e estranha vontade de sorrir. Ele era o seu maior vício. Maior até do que dangos, para se ter noção do tamanho. Ela adorava tudo o que ele dizia, tudo o que ele fazia... As coisas pareciam sempre perfeitas, quando partiam dele. Ele era o máximo! Kakashi lhe causava uma sensação incrível, algo que ela jamais pôde definir com palavras. E quando tentava, nada saia, além do "Ah, eu te amo, idiota!".


Já estavam há mais de hora naquele joguinho de gato e rato. E agora, ela estava encurralada. Kakashi chupava os lábios de Anko com loucura, como se quisesse arrancá-los. Sua coxa grossa roçava o sexo feminino de uma maneira estimulante. As mãos percorriam por todo o corpo curvilíneo de uma maneira voraz, sedentas por sentir cada pedaço de maneira integral. Ele, que costumava fazê-la enlouquecer com suas preliminares intermináveis, suas carícias excitantes e delicadas, com tudo muito bem planejado, agora demonstrava completamente o oposto. Anko nunca o vira tão... irracional.

Nenhum dos dois conseguia respirar naturalmente, estavam ofegantes, e cheios de tremeliques de tanto desejo. No meio de todo aquele frenesi, Kakashi rasga as roupas de Anko, como se fossem simples pedaços de papel. Aquele momento de selvageria do Hatake a deixava cada vez mais excitada.

- Ahhh...! Kakashi, é só uma semaninha, pelo amor de Deus... – implorou a Mitarashi, enquanto era sufocada pelos beijos de Kakashi. Ela estava disposta a ceder, só queria ver até onde ele poderia chegar.

Kakashi suspendeu Anko pelo quadril, apoiando as costas dela na parede. Com uma mão ele a segurava e com a outra ele acariciáva seu seio esquerdo, enquanto dava leves mordiscadas no direito.

- Uma semana é muito tempo!

- Não, não é... – retrucou vacilante.

Kakashi e Anko vinham mantendo um sofrido regime de sexo. Isso porque, segundo Anko, a noite de núpcias ficaria mais "divertida". Iniciaram esse "exercício de conservação" um mês antes do casamento, e agora eles entravam na última semana. Com alguns chocolates, o Hatake estava levando numa boa. O problema era continuar convivendo com Anko, já que estavam praticamente morando na mesma casa.

- Você é má comigo, Anko-chan. Me provoca o tempo inteiro – ele a atirou no sofá, e abaixou suas calças. Anko delirava em sentir aquele corpo grande e quente por cima do seu.

- Hmmm... Mentira...

Verdade. Anko era realmente cruel com Kakashi. Quando não o fazia sofrer com as dores físicas, o torturava psicologicamente. Vestia roupas curtas e decotadas. Todas as suas ações eram realizadas na mais pura sensualidade, desde beber um simples copo d'água, até sentar no colo do Hatake, maliciosamente. E fazia tudo isso para depois... Esnobá-lo! Ela adorava maltratá-lo, vê-lo implorar, vê-lo sofrer.

- Você não pode desperdiçar todo o seu esforço assim...- ela mal conseguia proferir as palavras.

Kakashi prendeu o corpo feminino contra o dele, agora fortemente, e quando preparava-se para penetrá-lo, sussurrou aos ouvidos de Anko:

- Você não devia tratar um homem assim, Anko-chan. É muito fácil pra nós arranjarmos motivos pra procurar o que não temos em casa.

Anko zangou-se com aquele comentário estúpido e explodiu:

- Ah, é? Pois se você conseguir me arranjar um motivo desses, não tem casamento porra nenhuma!

Dito isso, ela deu uma joelhada por entre as pernas do Hatake que caiu do sofá gemendo de dor como se fosse uma garotinha de cinco anos. Poxa, ele só estava tentando ser ousado! Uma áurea negra e maligna pairava sobre Anko.

Ela o pegou pelos cabelos e sussurrou em seu ouvido:

- Escuta aqui, seu idiota! Ou é do meu jeito, ou você não encosta um dedo em mim! E a dor que você vai sentir, será mil vezes pior do que essa.

- Você vai achar muito abuso se eu disser que estou curtindo um pouco esse momento? - provocou.

Anko sentiu-se frustrada com o comentário. O desgraçado gostava de sentir dor. Não era à toa que davam tão certo.

Após recompor-se daquele impulso arrebatador do noivo, Anko preparava-se para sair de casa quando Kakashi a chamou:

- O-onde... Onde você vai?

A cena era realmente hilária: Kakashi com as mãos entre as pernas, sem saber se massageava a área dolorida, ou se acalmava o "ponteiro". O palpite inicial de Anko de que ele não era do tipo de cara que gostava de dores nos testículos, fora comprovado. Com certeza ele fizera aquilo para provocá-la. Sentiu uma vontade enorme de gargalhar e mostrar toda a sua soberania, mas considerou que a indiferença fosse gerar melhor o efeito desejado e não provocaria uma nova ereção.

- Pra minha casa – respondeu ríspida, abotoando a capa. Não poderia sair com aquelas roupas rasgadas à mostra.

- Não! Fica, por favor! – Kakashi implorou enquanto tentava se levantar.

- Nem pensar.

- Fica, Anko, eu juro que me comporto.

- Kakashi, eu sei que você não vai se comportar, você sabe que não vai se comportar, todo mundo sabe que você não vai se comportar.

Antes de atravessar a soleira da porta, ela sorriu malevolamente:

- Uma semaninha, peixinho, uma semaninha! – deu uma piscadela sacana e enviou um beijo pelo ar, antes de bater a porta com toda a força.

E assim, naquele período de sete dias, Kakashi e Anko encontraram-se apenas uma vez. Anko ameaçou o copy nin, advertindo-o para que ele não se atrasasse para o casamento, ou então, ela iria espancá-lo, e não seria da maneira agradável com a qual ele estava acostumado. Kakashi prometeu: ele não se atrasaria.

(...)

- ONDE ESTÁ AQUELE DESGRAÇADO?

- Calma, Anko! É o seu casamento, você não devia estar com essa carranca.

Ibiki estava incerto sobre qual atitude tomar. Ele tentava a todo o custo acalmar Anko mas, no momento, aquilo parecia impossível. Mas ele tinha que tentar, afinal, essa era uma das responsabilidades de se levar uma noiva até o altar.

- CALA A BOCA, IBIKI, CALA A BOCA!- revidou nervosa. - AAAH, QUE ÓÓÓDIO! EU VOU TRUCIDAR AQUELE RETARDADO!

- Você acreditou MESMO que ele não se atrasaria? – falou irônico.

- CLARO QUE ACREDITEI! – ela ficou indignada com a pergunta do amigo.

Anko respirou fundo. O oxigênio que circulava em seu sangue pareceu finalmente chegar até o cérebro, clareando algumas ideias. Realmente, como ela pode pensar que Kakashi não se atrasaria? Ela deveria ter posto alguém para vigiá-lo ou qualquer coisa do tipo. "Anko, como você é ingênua" pensou.

E nisso, um ser de cabelos prateados e passos apressados entra na igreja.² Finalmente Kakashi havia chegado.

- Ela vai me matar – murmurou Kakashi, ao chegar ao altar.

- Ah, Kakashi, esteja certo disso – disse Kurenai com um sorriso irônico no rosto.

Kurenai deu uma boa olhada no noivo. Com a corrida, Kakashi havia ficado completamente desarrumado. Sem tempo a perder, tratou de arrumá-lo. Cabelo despenteado, gravata torta, bainha da calça pra dentro... O Hatake parecia mesmo querer morrer. Mas Kurenai era habilidosa, e em pouquíssimo tempo, o noivo estava impecável. Por fim, a Yuühi tirou o hitaiate do rosto de Kakashi e colocou uma flor cor de marfim no bolso do paletó preto.

Quando Kakashi finalmente pensou que teria algum tempo para respirar, a música de entrada começara a tocar. Ao voltar os olhos para a porta da igreja, ele teve a mais bela visão: Anko usava um vestido cor de marfim, tomara-que-caia, feito de cetim; o cabelo estava todo para trás, preso em um coque, com a ajuda de gel e laque. Maravilhosa. Sublime. Ele estava tão hipnotizado com aquela beleza, que não percebeu que o caminhar gracioso da noiva, era na verdade uma corrida enfurecida de uma mulher possuída de raiva.

- Anko, vá mais devagar! – Ibiki implorou enquanto andava aos tropeços, arrastado por Anko.

- Anda, Ibiki, seu molenga! Eu preciso espancar alguém!

Ao chegarem na frente do altar, Ibiki deu um pequeno aceno para Kakashi que estava sendo segurado pelo colarinho.

- Boa sorte, Kakashi! – o Morino saiu apressadamente e sentou-se na primeira fileira de bancos.

- Eu disse pra você não se atrasar, - Anko sussurrou - mas NÃÃÃÃÃÃÃO! Você não deu a menor bola! Tem ideia do tempo que todos estão esperando, do tempo que EU estou esperando?

- Você está linda.

Anko arregalou os olhos. E só então percebeu o quão bonito Kakashi estava. O meio-fraque combinava perfeitamente com os cabelos prateados do shinobi e seu olho cinza, além da máscara na cor grafíte. E aquela carinha de pateta, totalmente inocente? Oh, ele estava lindo, lindo, lindo!

- Hunf! – Anko o largou fazendo com que ele caísse no chão – Devidamente observado!

Os convidados tentavam ao máximo conter o riso. Qualquer respiração exagerada poderia fazer Anko se enfurecer. Ao contrário dela, todos já previam o atraso de Kakashi, e por isso, muitos levaram alguns objetos de distração: vídeo games, alguns sacos de batatinhas, material de tricô, prancheta de desenhos... Realmente, todos estavam cansados de esperar. Mas o momento mais aguardado por todos, impedia qualquer um de deixar o lugar.

- Pode beijar a noiva!

Enfim! Era agora, a hora do beijo! Kakashi não teria escapatória, ele deveria beijar a noiva. Todos arregalaram os olhos, com medo de piscar e perder qualquer movimento. Naruto e Sakura, em especial, deram passos instintivos à frente, na ânsia de ver o rosto do sensei. Kakashi coloca a mão sobre a máscara...

Silêncio.

Tensão.

Expectativa.

Tudo em vão.

Em um rápido movimento, Anko rouba um selinho de Kakashi por cima da máscara, para logo depois sorrir triunfante para toda aquela platéia, que quase caiu pra trás. Enganaram-se se pensaram que ela daria esse gostinho a eles. A imagem do rosto de Kakashi pertencia somente a ela – ignorando todos os outros que o viram por acidente.

Depois disso veio a festa. Músicas de todos os tipos e gostos pra que ninguém ficasse parado. Extremamente divertida! O mais engraçado, foi quando o atrapalhado Rock Lee resolveu fazer um discurso em homenagem aos noivos. Claro, o sobrancelhudo estava bebado.

A pista de dança cheia, todos dançando, bebendo... Discretamente, Kakashi puxa Anko para si, e a leva ao banheiro masculino.

- Para, Kakashi, para! – pediu em meio à risos, ao mesmo tempo que o Hatake lhe enchia de abraços e beijos.

- Já casamos, agora podemos! - ele se afastou um pouco para observá-la. - Você está maravilhosa...

As bochechas de Anko ficaram vermelhas. Kakashi aproximou-se novamente e, enquanto a beijava, tentava levantar a barra do vestido.

- Não, eu disse não! – Anko gritou, se afastando do shinobi - Você vai amarrotar o meu vestido! E já amarrotou, olha aí! – disse chorosa, enquanto passava a mão sobre o imaculado vestido.

- Mas, Anko...

- NÃO! Em casa nós conversamos.

(...)

- Finalmente! – Kakashi suspirou num tom de alívio.

Anko e Kakashi haviam comprado uma casa nova há algum tempo. Uma casa bem espaçosa e bonita. Mas decidiram inaugurá-la somente depois do casamento.

- Ei, aonde você vai? – Anko o puxou antes que ele pudesse entrar.

- Hum?

- Você tem que me carregar!

- Carregar?

- Sim!

- Por que, você se machucou? – disse o Hatake, levantando a barra do vestido.

- Não, idiota! – deu um tapa na cabeça prateada - É uma tradição. O noivo sempre carrega a noiva na hora de entrar em casa.

- Por quê? – perguntou enquanto massageava a nuca dolorida.

- Sei lá! Pra dar sorte, eu acho. Anda, me carrega! – bradou autoritariamente.

- Ah, Anko, tem certeza? – queixou-se ao som de palavras arrastadas.

- Eu não vou abrir mão disso! – sorriu sarcástica.

Rendido, Kakashi tratou logo de pegar a esposa no colo.

- Isso é divertido! – Anko balançava as pernas e ria divertida.

- E agora? Onde eu te coloco? – Kakashi olhava para todos os lados da sala, procurando respostas para sua própria pergunta.

- Pode ser aqui mesmo – Anko deu de ombros.

Kakashi a colocou no chão e se atirou preguiçosamente no sofá.

- Você quer transar agora? – Anko colocou as mãos sobre a cintura, esperando por uma resposta.

- Ah, não. – disse Kakashi, se espreguiçando - Estou podre de cansaço e carregar você acabou comigo.

- Ha-ha-ha, muito engraçado! – disse, entediada. – Não deite aí nesse sofá, vai entortar mais ainda essa sua coluna! – repreendeu - Deita na cama. Eu vou tomar banho... Depois nós comemos alguma coisa e aí transamos, o que acha?

- Yoooosh! – Kakashi sorriu, fazendo a pose 'Nice Guy'.

- Ok, então me ajude a tirar isso... - Anko virou-se de costas para Kakashi, que arregalou os olhos.

O copy nin deu mais um de seus típicos suspiros cansados. Aquele vestido tinha muitos botões...

(...)

A água quente escorria por todo o seu corpo provocando-lhe uma sensação agradável. Relaxante. Já tinha se banhado há tempos, mas estava com preguiça de sair dali. Estava tão bom. Seus olhos estavam fechados quando, de sobressalto, sentiu duas mãos pegando em seus braços.

- Que susto!

- Desculpa.

- O que você está fazendo aqui?

- Você estava demorando muito, fiquei preocupado e vim ver se você não tinha desmaiado.

- Assim, pelado? – perguntou irônica. Kakashi aproximou-se.

- Oh, você não quer fazer amor com o seu marido, Senhora Hatake? – Kakashi prensava o seu corpo contra o de Anko, enquanto lambia sensualmente a água que escorria pelo pescoço da kunoichi.

- Hmmm... Fala de novo. – Anko alucinava, afagando os cabelos prateados. Kakashi obedeceu, e sussurrou novamente em seu ouvido.

- Senhora Hatake...

- De novo...

- Se-nho-ra Ha-ta-ke...

- Ahhh, adorei!

(...)

Era manhã do dia seguinte ao casamento. As cortinas das janelas estavam fechadas, obstruíndo a passagem da luz do sol, deixando o quarto escuro como se ainda fosse noite. Kakashi e Anko ainda estavam acordados. Depois do sexo, era costume ficarem conversando.

- JOKENPO!

Nem sempre o papo era dos mais produtivos.

- Cansei! – Anko resmungou deitando-se sobre o peito de Kakashi.

- Só porque pedra amassa tesoura, An-chan? – retrucou o Hatake. – Engraçado, quando você ganha, o jogo é o mais divertido do mundo, né...

- Né? – revidou a ironia.

Ficaram em silêncio. Kakashi hora acariciáva o pescoço de Anko, hora entrelaçava seus dedos aos fios de cabelo roxo umedecidos. Estava quase pegando no sono quando o grito da kunoichi o assustou:

- AAAAH, JÁ SEI!

Sempre quando Kakashi pensa que Anko vai sossegar, ela se mostra ainda mais energética.

- Você diz a coisa que você mais gosta no meu corpo, e eu digo o que mais gosto no seu...

- Hum... – murmurou de olhos fechados.

- Ah, mas... Tem duas coisas que eu mais gosto... Pode ser duas?

- Você quem inventou a brincadeira, você quem sabe.

- Tá! – abriu um sorriso - Eu gosto dos seus olhos caídos e das suas orelhas - levantou a cabeça para fitá-lo.

- Olhos e orelhas? – Kakashi abriu os olhos, surpreso.

- É! Os seus olhos porque parecem olhos de peixinho. E eles são caidinhos assim... Aw, muito kawaii! – falava como se estivesse conversando com uma criança – E as orelhas porque essa parte aqui ó, da bolinha... – puxou levemente a orelha dele - Ela é grudadinha... Como se chama isso mesmo? Aaa... Aaaa...

- Aderente?

- Isso! É tão bonitinha!

- Olhos e orelhas... – pensou o copy nin, em voz alta.

- E você? – Kakashi ficou vermelho.

- Eu? Ah, eu gosto de tudo! – Anko franziu o cenho para a resposta esquiva.

E logo em seguida, um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

- Aaahhhh... Eu se-ei, o que é-é... – cantarolou. Kakashi desviou o olhar para o teto, ficando cada vez mais vermelho – São duas coisas também, não são? – perguntou divertida. O shinobi enterrou o rosto no travesseiro.

Aquela era a resposta que Anko esperava para começar a cantarolar novamente.

- Você gosta dos meus sei-ios, lálálálá-lá-lá!

- Não fale assim, eu me sinto um tarado – disse a voz abafada pelo travesseiro.

- Mas você é um tarado! Oh, meu Deus! – Anko fingiu drama - Um marido que gosta dos seios da esposa! Tsc, tsc, tsc... Feio, Kakashi, muito feio! – brincou – Deixa de ser bobo!

- Mas você falou olhos e orelhas! Como eu posso falar seios?

- Ah, Kakashi, para! - arrancou o travesseiro do rosto do marido. - Se é o que você gosta, é o que você gosta! – sorriu - Eu também gosto das suas coxinhas, da sua bundinha e do seu abdômen.

- Ainda assim, posso trocar?

- Não, não pode, você já disse! - interrompeu.

- Na verdade, eu não...

- Ah, peixinho, relaxa! - riu - Eu também gosto muito deles! - deitou-se novamente sobre o peito do marido.

Assim que concluiu a frase de maneira divertida, Anko pôs-se pensativa por alguns segundos. Nada de sons ou ruídos. Em sua face, uma expressão apreensiva, invisível para Kakashi.

- Kakashi... – chamou-o baixinho.

- Hum?

- E se eu... – começou sem firmeza. - E se um dia eu ficar feia?

- Eu fico míope.

A simplicidade, a rapidez da resposta e a serenidade da voz masculina a surpreenderam.

- Bom, e se eu ficar gorda!

- Eu quebro todos os espelhos de Konoha.

Indignada e incrédula com as respostas tão singelas, tão naturais, Anko ajoelhava-se sobre a cama:

- Mas, mas e se eu começar ficar chata? – perguntou desesperada.

Um cenhoso Hatake agora sentava-se sobre a cama, encarando a mulher à sua frente muito seriamente, fazendo até com que ela recuasse um pouco.

- Eu te faço... – aproximou-se da kunoichi - CÓCEGAS!

Anko dava gargalhadas e seu corpo se contorcia todo ao sentir os toques do Hatake.

- AAAAI, TÁ, TÁ, TÁ BOM!

As cócegas cessaram e ela deixou-se cair sobre o colchão, buscando por fôlego.

- Né, só mais uma? – sorriu.

- Hum...

- E quando eu ficar – ela hesitou um pouco em concluir - velha?

Kakashi deitou-se ao seu lado e segurou a sua mão:

- Eu envelheço junto com você.

Pequenas conchinhas vermelhas formaram-se sobre o rosto da mulher que dava mais um de seus sorrisos rasgados.

E olhando pra ela, naquele instante, ele não pode evitar dizer...

- Te amo, An-chan – com um sorriso abobalhado no rosto, olhava fixamente nos olhos de Anko, fazendo com que ela ficasse em condições de competir com um pimentão.

- Ahhh, seu idiota! – disse, enterrando o rosto no colchão, fazendo Kakashi rir – Eu também!

- O que você disse? Não deu pra ouvir direito! – disse, fazendo graça.

- Eu disse que te amo!

- Eu não ouço, Anko, você poderia falar direito? – ela ergueu o rosto.

- Amo você. – sua voz era melodiosa e seu sorriso o mais doce.

Agora foi a vez do Hatake ficar corado.


Quem pensou que Kakashi e Anko tratava-se apenas de uma boa transa, viu-se redondamente enganado. Eles eram muito, muito mais do que isso. Ainda assim, há quem pense que não dará certo... "Eles não combinam!" Se combinam, ou não, são muitas as divergências...

Eles não são iguais pois tem suas diferenças.

Ele era preciso, meticuloso. Ela, uma desleixada.

Disciplina X Bagunça.

Ela só comia doces. Ele vivia de dieta.

Ela era egoísta, ele, generoso.

Anko nunca se rendia. Kakashi cedia o tempo inteiro.

Anko vivia adiantada, e Kakashi... Bem, Kakashi sempre aparecia na hora certa.

Não são opostos pois, nas próprias diferenças, tem coisas em comum.

Kakashi era um manipulador. Anko, uma dominadora.

Ele gostava de dizer verdades nas entrelinhas, quase que imperceptíveis. Ela era brutalmente sincera.

Ele era preguiçoso o dia inteiro. Ela, só pela manhã.

Sarcasmo para todos os lados. Ele implicava, ela retrucava.

Um dia, ele foi só. Ela continuava independente.

Anko era esquisita, Kakashi era idiota.

Ela se perguntava todos os dias, como ele podia amá-la. Ele tinha a impressão de que seu amor por ela crescia cada dia mais.

Ele achou que o amor fosse uma ilusão. Ela pensou que o amor só trouxesse desilusões.

Anko queria Kakashi todos os dias. Kakashi queria Anko para sempre.

Eles eram, simplesmente, complementares.

Eles viviam o mais puro e sincero amor. Algo que, nenhum dos dois, um dia, imaginou que fosse encontrar – ainda mais um no outro.

Mas e quem disse que para amar, tem que combinar?

Continua!


¹ - Gente... Eu tinha separado o vídeo no youtube com essa cena, e tiraram do ar. Procurei de novo e encontrei em inglês. Separei de novo... Tiraram do ar de novo. ¬¬ Tudo bem... Quem estiver curioso, essa cena tá logo no início do episódio 38 do Naruto clássico. :D~ É super cute, pintou altos clima! :D AUEHAEIUAHEAU

² - Ok, eu sei que casamentos japoneses não são feitos na igreja mas, ah! Acabei optando por fazer um porque além de ser mais seguro, pois é algo que eu conheço, casamentos na igreja são tão legaaais! *-* AUHEAIUEHAUIEHAUI


Sobre o capítulo:

Três palavras me vem a cabeça quando falamos de KakaAnko: sexo, amor e comédia – não necessariamente nessa ordem. Quem já acompanha o meu tipo de escrita sabe que eu adoro uma comédia e um romance.

O que eu gostei de trabalhar nesse capítulo foi a praticidade e até a inocência dos personagens em alguns aspectos... Já tá enraizado em mim que em KakaAnko a transa é boa, então resolvi explorar só esse lado romântico que ninguém, nem mesmo os cidadãos de Konoha veem. Sei lá, eu espero que ninguém esteja achando OOC. Como não vimos nenhum dos dois em um relacionamento, estou tentando adaptar as personalidades deles combinadas e colocando como eu acho que seria. Por favor, espero muito que comentem sobre isso pra que eu possa ir moldando a fic. xD

YEEEY, babies, é isso ai!

Muito obrigada,

Beijones, beijinhos e beijocas para todos!