De tarde quero descansar
chegar até a praia e ver, se o vento ainda está forte vai, ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer, eu deixo a onda me acertar, e o vento vai levando tudo embora...
Agora está tão longe, ver a linha do horizonte me distrai,
Dos nossos planos é que tenho mais saudade...
Quando olhávamos juntos, na mesma direção...
Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?
Vento no Litoral - Legião Urbana.
Enquanto o sol do entardecer pintava a casa de praia de tons dourados, o mar ia e vinha tranquilamente, produzindo um som calmante, uma linda mulher olhava sozinha o poente. Seus cabelos lilás voavam com o vento, e não havendo ninguém consigo naquele momento de contemplação, permitia que as lágrimas escorressem de seus olhos enquanto as lembranças teimavam em acompanha-la.
Já faziam dez anos desde que ele desaparecera na escuridão para salvar a vida dela e de seu filho, que já completara seus onze anos e a cada dia se tornava um rapaz mais rebelde e irreverente, e milagrosamente, se parecia uma cópia fiel dele na infância.
Exatamente hoje marcava-se uma década de que ele havia desaparecido frente aos seus olhos, sem que ela pudesse fazer nada, e desde então, não sentira mais seu cosmo... de que adiantava ser uma deusa, se não pode impedir que o ser mais caro de sua alma fosse tragado pelas trevas frente aos seus olhos?
As lágrimas agora caíam mais copiosas – nem o tempo tinha sido capaz de diminuir a dor que sentia e as saudades. Ela se apoiava em sua bengala em formato de Pégaso, tudo lhe lembrava ele, e era de propósito: ela se negava a esquecê-lo, ou permitir que ele deixasse de fazer parte da essência dela... em sua concepção, não existia Saori sem Seiya... não foi à toa que Athena, desde as eras mitológicas, sempre encarnou com seu fiel e amado Pégaso.
Saori tinha certeza que não foi a última vez que se viram, não foi o último capítulo de sua história, sentia em seu coração que Seiya não havia morrido naquela noite, entretanto, seu choro constante, não denotava falta de fé nisto, mas na tortura que a saudade se lhe configurava.
Achava tão injusto que ele não pudesse ver Kouga crescer, ela e seus amigos mais íntimos, eram testemunha de quanto ele amava também aquele bebê... queria que o menino correspondesse a este amor, mas seu amado "Pégaso Dourado", para o menino, não passava de uma lenda.
Os acontecimentos haviam sido demais para o coração sensível de Saori, se havia pegado o bebê aos seus cuidados, e aos de Seiya que seria o pai amoroso dele ao seu lado... todos seus sonhos de família feliz se derreteram naquele dia fatídico. Algo quebrara dentro dela, além dos ferimentos que a tornaram uma sombra da mulher que um dia já foi, a tristeza tirava a graça de sua vida.
Kouga era a parte feliz de seu cotidiano prosaico, mas tinha certeza que se Seiya estivesse com ela, seria uma mãe sorridente, amorosa, a mulher feliz e vigorosa que já foi, e mais presente... não apenas "Senhorita Kido" com seu amor um quê distante e intocável, que era tudo que tinha a oferecer agora, ao pequeno menino.
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Queridos leitores, estou assistindo Saint Seiya Omega, e apesar de todas críticas que podem ser feitas, a história de Seiya e Saori foi desenvolvida com carinho. O primeiro episódio, em que Seiya desaparece para salvar Saori e Kouga, os olhares cúmplices entre ele e a moça, o jeito paterno e íntimo com o bebê, além da Saori melancólica que surge e isolada que vemos, com a bengala de Pégaso, me inspirou a pensar, no que aconteceu entre seus 18 anos e 26, até que Marte surgiu e Kouga apareceu na vida deles, em muitos aspectos, parecem um casal feliz, normal, o que me leva a especular que já tinham um relacionamento, quando ele aparece para defender sua família.
Tenho mais ou menos uma noção de aonde chegar com esta história, as primeiras imagens surgiram em minha cabeça, quando vi a cena que Saori pega o bebezinho para seus cuidados, e Seiya vem todo paterno olhar para ele, fiquei imaginando como foi o primeiro ano do bebê, ainda com os dois, além da cena de relance, que aparece quando Seiya é libertado, e Kouga está possuído por Apsu, e vemos ele bebê nos ombros do cavaleiro de Sagitário, olhando a constelação de Pégaso. Gostaria de preencher as lacunas da intimidade que não pudemos assistir... aceito sugestões. Coloquei a classificação "M", pois penso em escrever sobre quando consumaram seu amor, como nunca escrevi estas cenas, só postarei se ficar bem escrito.
