Sem grandes acontecimentos no primeiro capítulo... Acho que as coisas começaram a ficar realmente interessantes a partir do segundo. Preciso avisar também que ainda não organizei bem meu calendário então ainda não sei como será o sistema de atualizações, mas tentarei não demorar muito para fazê-las.

Boa leitura. :)


CAPÍTULO UM

"Cocaine and cigarettes gets me through the day, it seems like the only way. Take me to the closest bar. Buy me a shot, the strongest shot you got…"

A música tocava alta no cômodo espaçoso. As janelas e a porta do quarto estavam fechadas e o ar era denso graças à nuvem de fumaça que crescia mais a cada sopro sem vida dado por um dos adolescentes bêbados jogados no chão.

Aquela era apenas uma das poucas noites em que Demi, Miley, Joe e Nick se juntavam para beber e fumar até esquecerem os próprios nomes.

-Even though I cry, you know I still smile sometimes. –Demi acompanhou o vocalista com a voz rouca.

Mais uma garrafa de vodka foi detonada antes de Demi se levantar meio cambaleante e ir até a janela, a abrindo para expulsar a fumaça do quarto.

-Cristo, isso está parecendo uma maloca. –Resmungou ao ver o estado do cômodo. Os amigos deram um riso retardado.

Garrafas de bebidas estavam espalhadas pelo chão junto a algumas cartas de baralho e maços de cigarro.

-Eu te ajudo a arrumar. –Miley se ofereceu. –Estes dois bêbados não servem pra nada. –Completou cutucando os meninos com o pé.

-Eu aceito a ajuda, mas podemos fazer isso amanhã. E vocês, já está na hora de darem o fora daqui. Daqui a pouco meus pais chegam. –Disse para os rapazes. Deu uma última tragada em seu cigarro, soprando a fumaça para além da janela aberta.

Eles não discutiram, afinal era sempre assim. Eles sempre voltavam para suas casas antes que os pais de Demi chegassem.

Bom, pelo menos nos dias em que estavam bêbados.

Mas não era como se caso os pais de Demi os encontrasse naquele estado eles iriam surtar, ou qualquer coisa parecida. O pai, ocupado demais com o trabalho, quase nunca estava em casa, e quando estava, sempre saía com a esposa para curtir o dia.

Resultado: na grande maioria das vezes chegavam tarde da noite, bêbados, e iam direto para o quarto.

Demi sempre tivera toda a liberdade possível pra fazer o que bem entendesse, e sabia aproveitar muito bem. Era o tipo de garota que fazia as coisas "por debaixo do pano", mantendo sempre a boa imagem de menininha. Orgulho da família, que vivia da imagem.

-Nos vemos na festa de amanhã? –Nick perguntou já do lado de fora da residência da Lovato.

-Estarei lá às oito. –Garantiu antes de acenar para o garoto e fechar a porta.

Ao contrário do que alguns pudessem pensar, o quarteto não se reunia somente para festas e bebedeiras. Por baixo do véu de pessoas que não se importavam com nada e ninguém que os cobria, havia um sentimento sincero de amizade e companheirismo.

-Preciso de um banho. –Disse enquanto subia as escadas de volta pra seu quarto junto com Miley.

-E eu de uma aspirina. Já sinto a ressaca vindo.

-Vou arranjar isso pra você. Só não esteja derrubada demais pra festa de amanhã. –Brincou. – Essa merda vai ser louca. –Completou com um sorriso malicioso.

Saiu do banheiro com um frasquinho de plástico na mão e o atirou na cama, ao lado de Miley. Percebeu que a garota nem se mexeu e se aproximou.

-Miles, acorda. –Chamou balançando-a levemente. – Não dificulta, garota. –Reclamou quando a loira se virou de costas para ela e agarrou o travesseiro. –Tudo bem... Não posso com gente bêbada. –Desistiu indo apagar a luz.

Depois de apagar a luz e se juntar a garota já adormecida na cama, Demi ouviu o barulho de passos na escada, seguido de risadas altas e revirou os olhos sentindo a irritação conhecida lhe consumir. Tateou o criado mudo em busca de seu celular e quando o pegou agradeceu pelo fone já estar plugado em seu lugar.

Apertou os olhos com a claridade repentina vinda do aparelho e respirou fundo antes de colocar os fones, dar o play em sua playlist mais calma, e deixar que a música lhe embalasse o sono.

-x-

Acordou com alguns fios de luz em seu rosto e xingou-se por ter esquecido de fechar as cortinas.

Suspirou rendida ao se sentar na beirada da cama e colocou o celular no dock para que ele pudesse recarregar a bateria. Passou a mão pelo cabelo revolto e se levantou, tomando cuidado para não fazer barulho.

Quando passou pela porta de seus pais viu que ela estava entreaberta e não se atreveu em dar uma espiada.

Desceu as escadas ainda um pouco sonolenta, e em determinado degrau precisou se apoiar na parede para não perder o equilíbrio e cair. Sentiu sua cabeça latejar com força e respirou fundo, massageando a têmpora direita com os dedos médio e indicador.

Já na cozinha, preparou um café forte e colocou alguns cookies de chocolate em um prato. Colocou o café da manhã numa bandeja e voltou para o quarto.

Deu outro suspiro ao colocar a bandeja na mesa, perto do computador, e se aproximou da cama.

-Miles... –Chamou baixinho, balançando a garota. –Acorda.

Dessa vez a outra não demonstrou muita resistência e piscou algumas vezes antes de se sentar.

-Bom dia. –Coçou os olhos preguiçosamente.

-Bom dia. Café? –Perguntou apontando pra bandeja.

-Vou tomar banho primeiro.

-Te espero então...

Esperou pacientemente pela amiga até que ela terminasse seu banho, ignorando os ruídos que vez ou outra vinham de seu estômago.

-Ontem eu estava tão bêbada que posso ter matado quinhentas pessoas e nem lembro. –Disse ao abrir a porta do banheiro, fazendo a amiga dar um riso curto. –Viu a hora que seus pais chegaram?

-Sim... –Respondeu simples, dando de ombros.

-Estavam bebendo? –Perguntou com cuidado, sabendo que Demi não gostava de falar sobre o assunto.

-Provavelmente.

-x-

Respirou fundo e tentou parecer indiferente antes dar duas batidas hesitantes na porta.

-Pode abrir. –Ouviu a voz abafada dizer.

-Estou indo na casa da Miley... –Avisou colocando apenas a cabeça para dentro do quarto.

Sua mãe estava deitada na cama, completamente coberta e assistia a um programa de culinária qualquer que passava na televisão.

-Ela não dormiu aqui ontem? Vai fazer o que lá?

-Vamos ao cinema.

-Hum...

-E eu vou dormir na casa dela, okay?

-Você é quem sabe. –Respondeu sem dar muita atenção.

Tão fácil...

-Cadê meu pai? –Perguntou já imaginando a resposta.

-Trabalho.

-Volta quando?

-Depois de amanhã.

Murmurou alguma coisa inteligível antes de fechar a porta e checou o relógio em seu pulso mais uma vez. Sete e meia.

"Já está pronta? –D".

"Estou. Você já está vindo? –M".

"Saindo de casa agora... 5 minutos. –D".

Guardou o celular no bolso da calça e tentou não pensar no fato de que passaria mais alguns dias sem ver o pai. As coisas eram assim desde que ela podia se lembrar, mas ainda a irritava saber que o homem passava mais tempo no trabalho do que em casa. Perguntava-se se todos os filhos de militares se sentiam como ela.

Achava muita falta de consideração ter um pai que vive para arriscar a própria vida para proteger os outros e não ter o direito de vê-lo com a mínima frequência.

"Eu posso perder meu pai a qualquer hora e tudo que eu vou ter de lembrança dele são coisas puramente materiais e sem valor algum. Não sei nem se vou conseguir me lembrar de como ele é, porque pelo tempo que a gente passa junto acho isso muito difícil." Era seu pensamento mais frequente. Sentia seu corpo tremer com a raiva só de pensar no assunto.

Em seus poucos, e raros, dias de folga, Patrick aproveitava para sair com Dianna e ir visitar a família, ou qualquer outro programinha de casal. Até certo ponto, Demi o entendia. Ele também tinha o direito de ter um pouco de diversão. Ele não era uma maquina que vivia para trabalho. Mas ela sentia falta do pai, e por mais que tentasse esconder, isso a machucava. Machucava muito.

Ainda se lembrava de quando tinha seus lindos e maravilhosos nove anos de idade. Não era uma criança como todas as outras, mas pelo menos tinha muito menos problemas do que atualmente.

Seu pai tinha chegado do quartel naquela noite, e ela foi correndo para seus braços, chorando.

"Me diz que você vai ficar mais tempo em casa agora." Pediu aos soluços.

O homem pareceu tão preocupado na hora.

"Eu vou tentar, minha filha. Vou tentar." Foi tudo o que ele disse antes de carregar a menininha aos prantos e abraçá-la.

Na manhã seguinte, quando acordou, seu pai não estava mais em casa.

-Okay... Para de pensar nisso, caralho. –Reclamou com a voz quebrada, apertando o volante com força.

Agradeceu mentalmente quando chegou à casa de Miley.

Com toda certeza ela tiraria todo o proveito possível daquela festa. Não queria pensar nas consequências que certamente viriam depois. Ela só queria parar de pensar por algumas horas, pelo menos.


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