Aviso1: Os personagens Castiel, Dean, Sam, John, Mary – e todos da série Supernatural – não me pertencem; eu não lucro nada com isso, só me divirto com os reviews que recebo!
Aviso2: A fic terá cenas de violência e de sexo. Não gosta não leia!
Capítulo 1.
O jovem de dezoito anos sabia que se tratava de um dia atípico para si. Nunca saíra de casa por um tempo tão longo, mas considerava, tanto quanto a mãe – que lhe expusera vários argumentos favoráveis dias atrás –, um bom modo de recomeçar. Longe da terra natal, do pai e dos tios, que o atormentavam sempre que podiam, ele poderia ter uma educação segura e tranqüila. O ambiente novo, porém, o assustava. Era outro estado, outra cidade. Embora o Kansas não fosse muito diferente de Illinois, não conhecia uma criatura sequer por ali. Sabia apenas o destino que teria de seguir. E foi o que falou ao motorista do táxi que encontrou, assim que deixou o aeroporto. Rumaria para uma das melhores instituições de ensino do estado americano.
– Você é novo por aqui, não é? – perguntou o motorista, enquanto acomodava as bagagens do garoto no porta-malas. O menino, por sua vez, se limitou a assentir em um leve movimento de cabeça.
– De onde você vem? – tornou a questionar, ao mesmo tempo em que dava a partida no automóvel.
– Pontiac, Illinois – respondeu, um tanto tímido com a receptividade do homem.
– Nossa... Veio de tão longe... Somente para estudar? – ele tornou a acenar positivamente; estava atento às ruas que passavam velozes.
O taxista resolveu, por bem, cessar as perguntas; notou que, de algum jeito, aborrecia o passageiro. Logo chegou ao lugar pedido pelo rapaz. E, enquanto o auxiliava a tirar as bagagens do carro, lhe recomendava alguns restaurantes bons e baratos por ali e, despedindo-se gentilmente logo depois, tornou a guiar o veículo.
O jovem, de cabelos escuros e de belos olhos azuis, hesitou um pouco antes de entrar no colégio. Um aperto no peito o fazia continuar imóvel em frente ao portão. Mas era preciso transpô-lo. A mãe pagaria, com o esforço do trabalho em uma loja de roupas de marca, um local saudável para que ele estudasse e para que crescesse com o objetivo de chegar a uma faculdade de respeito. Era por isso, afinal de contas, que ela trabalhava; porque gostava de proporcionar, ainda que por poucos instantes, alegria ao único filho que tinha.
Decidiu-se, por fim, adentrar a escola. Não imaginava como o receberiam, somente rezava para que não fosse xingado pelos novos colegas, exatamente como ocorria nos anos anteriores, nos diversos locais que tentou estudar. Dirigiu-se à sala do diretor, que lhe explicou tudo: em qual turma ficaria, em qual quarto permaneceria durante a noite e no decorrer das horas vagas, e falou, também, a respeito das regras que norteavam a instituição. Tudo estava posto e devidamente esclarecido. E, naquele fim de tarde nublado, tudo que o recém-chegado queria era subir ao cômodo que lhe reservaram e poder descansar um pouco.
Saiu da sala do diretor e esperou; a secretária lhe indicaria um outro funcionário para guiá-lo ao setor dos dormitórios masculinos.
- Castiel Novak? – disse um homem baixo e gordo, mas extremamente simpático. – Sou Richard Johnson. Vou conduzi-lo ao quarto.
- Obrigado, senhor. – balbuciou o garoto.
Eles não demoraram muito para chegar ao corredor. O sujeito lhe entregou as chaves e apontou a porta que deveria abrir.
- Tem um rapaz que será seu companheiro durante a semana, ok? – o moreno assentiu. – Ótimo. Se precisar de algo, chame; cuido de tudo nesse turno – esclareceu.
Ao ficar só, um medo o invadiu por completo. Tentou afastá-lo balançando a cabeça para os lados; não era uma boa hora para ser fraco – como dizia seu pai. Resolveu, então, bater à porta. Um jovem loiro, pouco mais alto do que ele, a abriu.
– Ah... Você deve ser o novo colega, não é? Fui avisado de que teria companhia a partir de hoje. – o menino fez um gesto positivo com a mão. – Entre então. Seja bem-vindo. – Disse, dando espaço para que o outro passasse. – De onde você vem? – perguntou, em uma tentativa de puxar assunto.
– Pontiac, Illinois. – o rapaz loiro arregalou os olhos. Nunca soube de alguém que viera de tão longe. – E você, é de Lawrence, mesmo?
– Sou. Meu irmão e eu ficamos por aqui apenas durante a semana. Como os nossos pais trabalham fora da cidade às vezes, eles nos deixam aqui. Meu nome é Dean Winchester, prazer em conhecê-lo – estendeu-lhe a mão, que o moreno apertou suavemente.
– Meu nome é Castiel Novak, o prazer é todo meu. – retrucou. Sentiu-se totalmente à vontade com a companhia do novo colega. Começou, aos poucos, a arrumar algumas roupas em um armário vazio do cômodo. – Será que você e eu estudamos na mesma turma? A minha é a 257, e a sua, qual é?
– Hum... A minha turma é essa também! – respondeu, o tom comemorativo. Não sabia bem o que era, mas havia algo no recém-chegado que o fazia confiar nele. – Ei... Quantos anos você tem? – quis saber, curioso. – Já não era pra você estar no último ano do colegial, se preparando pra ir pra faculdade?
– Sim, só que tive inúmeros problemas em casa... – o menor se lembrou do pai e dos tios, do inferno que era viver com eles. – Por isso vim pra cá... Pra tentar terminar os estudos. Na verdade já era pra eu estar na faculdade, eu tenho dezoito anos. E você?
– Ahn... Sei... Entendo. – o loiro percebeu a expressão tristonha do rapaz e decidiu não tocar mais no assunto. – Tenho dezesseis.
– E você... Como são os seus pais? – perguntou, interessado em conhecer mais do outro.
– Eles são bem legais. Gostam do Sam e de mim e fazem de tudo pra que tenhamos uma ótima educação – respondeu. – Por que quer saber?
– Ahn... Por nada, me desculpe. Só mera curiosidade, mesmo – falou, enquanto fechava o armário. – Nós acabamos de nos conhecer e eu já venho com perguntas do tipo... Foi mal.
– Ei, nem se estressa com isso! Tá tudo certo. – Dean consultou o relógio. – Vamos descer pra comer alguma coisa? Tá na hora do jantar – o garoto fez que sim com a cabeça, ao mesmo tempo em que seguia o Winchester, que, por sua vez, o observava com o canto dos verdes olhos.
Caminharam depressa, devido à fome. Dean foi logo falar com o irmão mais novo. Por mais que Sam tivesse um grupo de amigos que o acompanhava para todos os lados possíveis, sempre tinha tempo para conversar com o loiro – o relacionamento entre os irmãos era tranqüilo, o que alegrava os pais, John e Mary.
O Winchester mais velho se aproximou devagar, fazendo um sinal com a mão para que o mais novo o seguisse. O garoto – de apenas doze anos –, correu atrás do mais velho com o olhar curioso.
– O que foi, mano? – perguntou. – O que quer me mostrar?
– Não é o que, é quem. Tenho um novo colega agora. Não vou mais ficar sozinho.
– É... Que bom! Fico contente! E onde ele está?
– Vem comigo... Eu o apresento pra você – o mais velho o puxava pela mão. – Lá... Lá está ele! – aproximou-se do rapaz, que saboreava um sanduíche de queijo. – Castiel, esse é o meu irmão, Sam.
– Olá – o moreno dos olhos azuis estendeu a mão para o menino. – Prazer em conhecer você, cara.
– O prazer é meu... Você tem jeito de ser legal! É bom ver que vai acompanhar o mano... Espero encontrar você mais vezes – comentou, enquanto pegava um sanduíche para si. – Ei mano, vou indo; nos vemos depois.
– Ok Sammy. Se precisar é só chamar – o mais novo assentiu e saiu correndo.
– Ele parece ser bem legal – comentou Novak. – Obrigado por ficar aqui, por me fazer companhia...
– Que é isso cara, eu não sou do tipo popular. Claro que conheço algumas meninas legais e tal, mas tem gente aqui que não vale a pena conviver.
– Sei, entendo – Castiel acabou de comer o sanduíche e disse ao loiro que subiria ao quarto. – Estou cansado da viagem. Nos vemos lá em cima... Ok?
– Certo! – respondeu, após morder seu sanduíche com vontade.
O moreno saiu do refeitório e decidiu passar no banheiro que ficava próximo do setor dos dormitórios masculinos. Sentiu, em um dado momento, que era seguido por alguém. Mesmo assim, continuou o caminho que se propôs. Foi na saída, contudo, que o atacaram:
– Pelo jeito temos gente nova no pedaço, não é? – disse Edgar, um dos valentões da escola. – Qual é seu nome, belezinha?
– Ahn... É Castiel – o rapaz percebeu o tom ameaçador do outro. E, em seguida, sentiu que era prensado contra a parede do banheiro.
– Então... Chegou hoje, não foi? – o garoto assentiu. Olhos arregalados, apavorado com tamanha agressividade. – Ótimo. Então tem que ficar ligado em algumas das regras por aqui... – deu um violento soco em Castiel.
– Ei, largue ele, Edgar Stanley! – gritou Dean. O valentão se virou para encarar o outro, mas logo desviou os olhos; nunca se dava bem quando brigava com o Winchester. – Cai fora! – rosnou, os punhos cerrados.
Edgar saiu pisando forte, revoltado e frustrado por ter sido interrompido. Não era a primeira vez que o jovem – tido como perigoso até mesmo pela direção da escola –, escolhia alguém para descontar sua raiva. Mas, como seus pais eram ricos e poderosos, a expulsão do adolescente sequer fora cogitada.
– Vamos... Deixa eu ajudar você – o loiro passou o braço pelos ombros do novo colega, a fim de lhe dar apoio. – Vamos subir, lá faço um curativo, ok?
– Tá bem... Obrigado.
Dean conduziu o colega ao quarto e, rapidamente, estancou o sangue que escorria de sua boca, antes de colocar um curativo no local machucado. Logo depois, sentou ao lado de Novak e perguntou:
– Tá tudo ok, agora? Se estiver doendo, podemos ir à enfermaria.
– Não, tá tudo certo, valeu – o moreno foi até sua cama e deitou. – Vou descansar um pouco, ok? – o loiro fez que sim com a cabeça.
Castiel fechou os olhos para tentar dominar o medo. Não queria transparecer que estava aflito, que passaria por situações semelhantes a de outras instituições de ensino. Devagar, abriu as orbes azuladas para observar o companheiro de quarto, que estava sem camisa.
– Ah... Desculpe – iniciou. – Achei que você estivesse dormindo.
– Tá tudo bem – focou os olhos no corpo do maior, para desviá-los rapidamente. Já se envolvera com outros garotos antes, mas não pretendia levar a relação deles para esse lado, porque, afinal de contas, Dean devia ser heterossexual, com diversas garotas dando em cima dele.
Preferiu ignorar tais pensamentos e tornar a fechar os olhos. Precisava dormir, para encarar o primeiro dia de aula. Mas, até que o sono o vencesse, não tirava a bela imagem de Dean Winchester da cabeça.
