PROLOGO
Ela observou por um bom tempo, os olhos perdidos na escuridão da noite e o pensamento vagando livremente entre as lembranças que a lua cheia lhe trazia. Era como se ela pudesse ver o rosto dele refletido no grande globo brilhante que iluminava a noite.
Com o passar do tempo o vento decidiu soprar mais frio e Bella sentiu a pele arrepiar antes de fechar a janela, seria péssimo pegar uma gripe agora, pois prejudicaria o bebê, e foi pensando nele que aninhou o ventre já crescido entre as mãos.
Bella, não saia de casa desde que tudo aconteceu, a descoberta da gravidez fora um choque, principalmente para a sociedade. Gravida de um criminoso... as pessoas comentavam quando a viam na janela, nem mesmo seus pais vinham vê-la mais, as coisas apenas pareciam piorar com o tempo ela pensava.
- Queria que você estivesse aqui, para calar a boca dessas pessoas – Bella disse fitando tristemente o retrato sobre o criado mudo, a imagem do homem de pele clara com cabelos acobreados trazia fortes lembranças a ela.
CAPITULO 1°
Não fazia muito tempo, um ano talvez... Bella fazia vinte anos naquele dia, era quinze de março, uma sexta-feira cheia de sonhos para alguns e pesadelos para outros. A família de Bella fez questão de dar uma festa enorme com tudo que a única filha merecia, para eles dinheiro não era problema. Talvez por essa razão essas coisas aconteceram, por que no meio disso tudo, alguém considerava o dinheiro um grande problema. E esse alguém iria mudar a vida de Bella para sempre.
- A senhora deveria descansar, mãe – Edward disse ajudando a mãe a voltar para a cama.
- Quando eu morrer eu descanso, agora eu preciso fazer algo – a velha senhora disse fazendo força para se levantar – não posso ficar parada aqui enquanto...
- Já disse que deve descansar, vou conseguir dinheiro suficiente pro seu tratamento e a senhora vai ficar bem.
Edward estava desempregado a um mês, a mãe doente precisava de tratamento e se ele não conseguisse logo o dinheiro suficiente para interná-la em um bom hospital ela morreria em semanas.
A família de Edward nunca teve dinheiro, por isso ele não terminou a escola, largou os estudos na sexta série para ajudar a mãe a pagar as contas, também não tinha pai, o homem que engravidara sua mãe foi embora antes dele nascer, não dera as caras em momento nenhum e não era agora que ele iria aparecer.
- Conseguir dinheiro como meu filho? Se eu não posso trabalhar e você não arruma emprego em lugar nenhum! - A velha indagou voltando a lavar a louça suja com as mãos enrugadas e tremulas.
- Eu tenho um plano em mente, vai dar tudo certo – Edward disse pensando na arma que comprara mais cedo, não era algo que ele gostaria de fazer, mas algo que ele faria se precisasse.
- Não vá fazer nada que vá se arrepender depois, meu filho... - A velha mulher disse largando a louça lavada pela metade e se segurando na pia para se manter em pé, não levou nem segundos para que ela caísse desacordada no chão.
- Mãe! - Edward gritou correndo para ajoelhar-se ao seu lado, ele sabia que não era um simples desmaio, se ela não estivesse doente ele poderia associar ao chão molhado pelos pingos que vinham da pia molhada, mas ele sabia que era um maldito tumor que vinha corroendo ela por dentro, ele não tinha a quem recorrer, não havia vagas em hospitais e a única maneira era por meio essa razão ele faria o que tinha de fazer essa noite, ele já tinha o alvo escolhido e Emmet e Jasper disseram que iriam ajudar, eles eram como irmãos para ele e fariam tudo para ajudá-lo a salvar a vida da dona Esme que criara os três sozinha, mesmo que dois deles não fossem seus filhos.
O barulho da sirene da ambulância ecoou nos seus ouvidos até que ela desaparecesse na equina, ele usara a desculpa de ter que ir trabalhar para não ir com ela ao hospital, ele planejava conseguir os duzentos mil necessários para o tratamento de Esme ainda naquela semana.
- Jazz, eu acabei de tomar minha decisão...- Edward disse ao telefone.
- O alvo planejado? Por que se for, vai ter que ser hoje – Jasper respondeu, enquanto olhava para os lados, sondando para ver se não havia nenhum policial na rua.
- É esse alvo mesmo, avisa pro Emm, nós vamos invadir às onze, assim que ela entrar no carro, a estrada para o clube de festas passa pelo prédio em construção, lá não passa muitos carros então não vai haver distração. Estejam lá.
Edward entrou no quarto que tomava como seu e pegou a pistola escondida debaixo do colchão, olhou para o crucifixo pendurado na parede sobre a cabeceira que a sua mãe havia posto lá desde que ele era um menino, mais especificamente no dia que ele Jazz e Emm tiveram pneumonia e ficaram internados uma semana no hospital, quando voltaram para casa havia um desses sobre a cabeceira de cada um.
- Deus, eu tentei todos os meios, se o senhor não for lutar por ela, eu vou – Ele disse e se virou para a saída.
Ele estava uma hora adiantado e tinha as mãos tremendo, ele nunca havia feito isso, na verdade mal sabia usar aquela arma, mas Esme estava no hospital, e ele não tinha mais de uma semana antes que o tumor atingisse alguma área perigosa e ela morresse. Escorado em uma das paredes da área que viria a ser a recepção daquele prédio, ele começou a lembrar de tudo o que já havia passado na vida, como o mais novo dos irmãos ele sofreu menos, mas isso não significava que não havia passado por maus bocados, varias vezes foi dormir com fome, tendo comido apenas meio pão ou nada. No meio disso tudo sua mãe procurava emprego nas casas de família, onde quando conseguia ganhava tão pouco que ela trabalhava dobrado para conseguir ganhar um pouco mais.
Ele devia a ela, todos os três deviam, e eles iriam pagar.
- A quanto tempo você esta aí? - Jazz perguntou chegando com Emm ao seu encalço.
- Uma hora mais ou menos, acho que eles não vão demorar a passar aqui, é uma Mercedes negra, vai ser fácil distinguir, não há muitas Mercedes na cidade, vocês bloqueiam o carro, eu pego a garota – Edward explicou o que pretendia fazer em poucas palavras e eles se encostaram na parede do lado de fora, de forma que poderiam ver quando chegasse a hora.
...
Bella estava em seu quarto se maquiando quando sua mãe chamou, é logico que Reneé faria um escândalo caso ela se atrasasse, seria realmente péssimo ter que ouvi-la gritar algo sobre ser horrível se atrasar para a própria festa.
- Já estou descendo mãe! - Bella passou o brilho labial em tempo recorde e desceu as escadas, havia um lindo carro a esperando para levá-la ao clube de festas, se fosse a dois anos ela estaria eufórica, mas no momento tudo o que ela desejava era ir pra bem longe dali.
Ela entrou no carro e fechou os olhos para ver se o tempo passaria mais rápido, podia ouvir os sons da rua, as pessoas conversando em bares, pessoas gritando uma com as outras, carros buzinando e o carro enfim chegou ao seu destino, ela abriu os olhos para descobrir que não haviam chegado, tinha uma arma apontada para a cabeça do motorista e três caras encapuzados cercavam o carro, o medo dominou seu corpo fazendo-a tremer. A porta ao seu lado foi aberta e alguém a puxou para fora.
- Não! Me solta! - Ela gritou enquanto tentava se soltar, não havia como pedir ajuda, a rua estava escura e vazia, não tinha viva alma ali.
- Fica quietinha aí... - O cara que a segurava disse tampando sua boca com um pano, um cheiro estranho atingiu seu nariz e ela apagou.
Edward carregou a garota até o carro enquanto Jasper e Emmet amarravam o motorista para que não pedisse ajuda antes que eles estivessem ido para longe, quando deixou o corpo leve e macio da garota sobre o banco de trás, sentiu falta de sentir ela em seus braços. Isso é ridículo, eu nem ao menos falei com ela. Ele pensou fechando a porta e assumindo o banco do motorista, Emmet e Jasper logo entraram no carro e ele dirigiu para o que viria a ser um cativeiro.
